domingo, 25 de outubro de 2015

Nós.

Vivemos tempos de secura!!!

Ele

Vive de lacunas.

Ela

Eu vivo de pequenos contornos embrutecidos.

Domingo

...para se ler ao som de Caetano, Mora na Filosofia


Eu queria falar sobre esse buraco imenso que a gente carrega no peito. Dessas coisas que passam, e a gente nem percebe o quanto foi bom. Mas são tantas coisas. Eu esqueci de fazer poesia, de deixar guardado até envelhecer. Envelheceu um tanto que secou. Os pedaços vão saindo e vão caindo, pelos cantos, pelo chão, até mesmo na sala. E eles deixam imensos buracos la dentro, imensas crateras, imensos contornos. Queria fazer uma peça de teatro que falasse sobre a solidão e a morte, mas eu não sei falar dessas coisas. Tenho gostado de permanecer em silêncio, por isso que na convivência obrigatória eu só falo bobagens, o mico de circo que todo mundo gosta. Seria mais fácil se a gente pudesse ser completamente sincero, mas ninguém aguentaria, nem quem fala, nem quem recebe. Eu fui secando aos poucos. Só um pouco mais de carinho, só isso, e logo logo as flores crescem. A gente passa tanto tempo acostumado com a secura, que quando acontece de não ser a gente nem vê.

domingo, 18 de outubro de 2015

os desajustados

Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que derrubam coisas.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que tateiam sem ver.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que saem e não se preocupam em voltar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que perdem o sono e mesmo assim continuam.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que se derretem em levezas breves, brutas, abruptas, pequenos socos no estomago e uma vontade incessante de não parar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que morrem de amor por uma barata, que se deixam levar pelo cheiro, pelo tato, pelas papilas gustativas tão bem enfeitiçadas, pelo gosto que se sente quando não se explica, não se espera, não se sabe.
Eu amo pessoas desajustadas, aquelas que que perdem as estribeiras e não desistem da mania absurda de errar e errar e errar e errar e errar e errar mais um pouco e continuar percebendo que mesmo naquele pequeno fracasso do depois o milésimos de segundos que haviam sido infestados pelas remotas histerias das quais ela sofria.   Ela é a desajustada.
Eu nem consigo falar mais... eu só queria explicar, explicar um pouco, mas não da.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

DOR

Sem saber o limite vou indo, errando aqui e ali, um jeito absurdo de ser, um jeito que. Não me interesso por nada, e quando me interesso perco o sono. Não sei me relacionar, definitivamente. Não sei os limites. Não sou do tipo fácil, do tipo que se compreende instantaneamente, muito menos depois. Tenho complexos, problemas, traumas, medos, essas coisas que a gente tateia, mas quando toca se assusta. Sou do tipo insuportável, mas do tipo que ama. E eu amo tanto!!!Isso me acaba. Uma dor de pensar em como ser. Eu sempre penso:: como? Não tenho respostas, nenhuma, nada, absolutamente nada. Durmo porque amanha, quem sabe, eu esqueço. Durmo. Um dia depois de amanhã, um sopro de vida. A insustentável leveza do ser. 
Nem sei ate quando eu aguento...