quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Voltando pra casa

Depois de um tempo a gente retorna à família. Mais velha, com os dedos amarelos e o cabelo loiro, curto, mais penduricalhos na cara e rabiscos pelo corpo. Com o tempo aprenderam a me respeitar. Com o tempo aprendi a ama-los de um outro modo. As rusgas da mãe e o cansaço da avó derretem as armaduras dos últimos anos. Nos olhamos quietas, acho que compreendemos o peso do tempo. As falas parecem de outra época. Rimos de imbecilidades familiares, ficamos em silêncio quando o assunto é política.... Vez ou outra é melhor manter a neutralidade. Pararam de zuar minhas roupas, meus colares, minhas escolhas. Acho que eles entenderam que sou assim mesmo, devolvo o elogia às mulheres da casa, os homens ainda me dão uma certa náusea. Nossas mãos se parecem tanto! Tem também um certo jeito no sorriso, no canto dos olhos, no movimento dos braços. Eles não me conhecem! Também não sei muito dessas personalidades que ressoam passado e vínculos de sangue. As memórias retornam feito fantasmas. Depois que todos se deitam caminho pé a pé pelos corredores da casa, pela varanda e cozinha. Éramos bestas mulheres e meninas tentando dar conta do inesperado, do incompreensível, do não se sabe. Hoje a gente reconhece a semelhança nas curvas das mãos e no canto dos olhos, em silêncio a gente se respeita. É.... O tempo da cabo de uma porrada de dor!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Corrupto ou covarde?

Ou

13 de dezembro de 2016

Aprovaram a PEC. As pessoas continuam apanhando e sendo presas. A PM reprime as manifestações, em São Paulo é pior. Mataram o filho da Tati Quebra Barraco, mais um, esse (e esses) sem bala de borracha. Assisti o documentário da Janis e pensei que seria melhor que as pessoas fossem assim, intensas e apaixonadas. Acho que a força do capitalismo mundial integrado endureceu os corpos, sofremos de desejo. Chove bastante. As pessoas continuam morrendo nas favelas, apanhando nas ocupações e sendo silenciadas em qualquer máquina de poder. O desespero aumenta quando vejo o poder que a Globo ainda tem, e ainda terá. É tudo uma grande farsa, vivemos um roteiro de cinema, o céu se desmancha e a gente chora a morte do ator. Já quis ser uma grande artista, hoje acho que isso não faz sentido algum, depois de Mariana qualquer tentativa de arte é merda. Prefiro o silêncio, o carinho, o tesão e o amor entre os pulmões. Afetos revolucionários. Deixar-se contaminar por si mesmo, me parece ser essa a grande revolução. O mundo vibra deslocamentos diários, sinto que é melhor escutar a chuva e deixar correr o tempo das coisas. Não imaginei que veria o mundo ruir na minha frente, enquanto os alarmes disparam seus alertas o coração só pede pausa. Calma. Afago. Arrego. Fiz um chá de camomila e lembrei da Janis, da Amy, da Camille... Penso que o mundo é um lugar onde você pode ouvir a voz por detrás do espelho, feitos os livros do LGA (o policial morto pelos excessos de hipócritas). Ouvir o grito de dentro e deixar que do lado de fora respingue pulsões. O mundo escancara podridões, o falso é verdadeiro e o verdadeiro é falso. Não acredito mais na história, nos heróis, nos conceitos fudidos que me fizeram engolir. Tô querendo dar um rolê por aí... Deixar a banda dos contornos mais leve. Enfim... Acendo outro cigarro e coloco Janis.

domingo, 11 de dezembro de 2016

sábado, 10 de dezembro de 2016

Pelas inconstâncias

Eu sou do tipo que se perde fácil. Deixo as intensidades guiarem o caminho, um pedaço de pão e um copo de rum. No meio da rua caminho absorta de dentro dos sonhos. Sonho um bocado. Sem Democracia, pós-golpe, mídia golpista, era do trauma.... A gente segue desejando o amor, mas de longe, do outro lado. O amor tem dessas coisas, vai cavando buraquinhos e quando a gente menos espera, pá! Retardada de carteirinha perco o rumo do fio, o início da fila, a promoção do supermercado. Perdi o prumo, e do amor exijo somente cuidado, já que de longe a vida segue ferindo e de dentro a gente se perde um bocado....