quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Outra vez

 Dessas coisas estranhas que não da pra saber direito de onde vem, mas vem... sempre vem!

Bate confusão e saudade, milhões de coisas paradoxais e invertidas. Não dá pra saber direito o sentido, muito menos pra onde vai, mas a alma sente, e sente muito. Eu sinto muito, sinto por tudo que saiu errado, por tudo que se desfez, por todas as falhas ingênuas, por cada milímetro de amor que não foi cuidado... Uma noite gelada e vazia, não era assim... A muito tempo deixou de ser o contrário, em um tempo onde a esperança era calçada, e o desejo um asfalto quente e movimentado, sem engarrafamentos. Uma caixa de grandes surpresas, é dessa maneira que a vida se apresenta, meio lenta, um pouco torta, por hora... fria, fria demais. Do outro lado tento me desviar do escuro, cobrindo a cara, chorando escondido, me embriagando subitamente, pra ver se passa. Mas quem disse que passa? Será sempre a mesma história, nos encontramos nesse medo bobo de inquietação e insatisfação crônica, tomamos um cappuccino e fumamos um cigarro, os três, cada um desviando-se do verdadeiro fato, da verdadeira falta, encontrando nas palavras não-ditas o cheiro podre de comida estragada, mas exibindo a olho nu, a falta de brilho, a mão que treme, o olhar vago no volante sem rumo.  Caminhamos pelas calçadas que construímos, aquelas nas quais depositamos a fé plena de seguir adiante. Se vale a pena ou não, não importa, nos reconhecemos no silêncio de nossas dores irrequietas e desconcertantes. Seguimos na indiferença falsa do “não nos importamos”, porque no fundo importa, importa muito, por isso o silêncio de um café inteiro, de uma manhã completa, uma tarde cinzenta e uma noite completamente vazia. Não tem importância, porque isso tudo que me preenche agora é uma coisa estranha, uma coisa sem nome...Bem ou mal eu sinto, e disso ninguém sabe direito, nem mesmo eu que vejo o centro do coração fervendo, que sinto o cheiro da alma fritando, do corpo caindo, da gota caindo na pia, o gosto do cigarro amargo ocupando lugares indiscretos e demasiadamente humanos. 

Pausa

Sabe.... Tem uma coisa que me engasga sempre, essa capacidade que o mundo tem de abandonar o passado. Essa capacidade que as pessoas tem de presença e ausência simultânea. Essa capacidade de se fazer chuva enquanto o peito morre de melancolia e de tédio. Essa capacidade que uns tem de doer e outros de amar. Essa capacidade de abandono. Todas essas em uma só, me engasga. Me engasga o peito a vida de todo dia. Esse cais que atormenta o sono e não deixa seguir simples uma certa forma de existir.

Engasgada permaneço. Errando aqui e ali, mas pra onde eu sigo levo um imenso amor em mim.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Família

Eles não sabem nada de mim..absolutamente nada.
Eles não sabem quem eu sou.
Quando volto pra casa deles é que eu entendo um pouco da minha tristeza.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Silêncio

As palavras secaram. As explicações perderam toda lógica, tudo tem dois lados. Quando penso na conclusão decido pelo seu contrário e logo depois aposto no seu oposto. Meu corpo seco, meu sexo triste. Adormeci em um lugar quieto e silencioso, não aguento minha voz, minhas justificativas, meus medos, minhas histórias idiotas, meu peso sem lugar. Por que eu contei sobre os cortes? Sobre a gravidez? Sobre o álcool? Sobre todas aquelas palavras.... Elas não me traduziram, não me traduzem. Silêncio. Eu só quero ficar em silêncio, eternamente em silêncio.

O que sei de mim hoje

Eu não sei o que penso da vida, não sei o que penso mais. Minha melancolia é maior que minha verdade, essas pequenas mentiras me salvam. Eu só queria ser mais agradável, dar aquele sorriso doce e dizer coisas que não assustam.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Vazia

Eu vivo fazendo planos, preparando o dia seguinte. Tento organizar as tarefas, definir os rumos, desenvolver uma espécie de preenchimento dos vazios. Não suporto ficar vazia, mesmo sozinha arrumo motivos, as vezes eles bastam, as vezes não. Tenho medo de dormir, e não é pelo sono, mas pelo dia seguinte. Inventar tarefas me cansa, inevitavelmente. Fico acordada alimentando ansiedades, recordando problemas, cheirando vazios e faltas. Sempre falta. Então eu bebo, bebo um pouco além da conta, cigarros, milhares de cigarros, uma invenção de atividades inúteis e frágeis. O silêncio perdura enquanto escrevo na agenda as desculpas do dia seguinte, enquanto escrevo o silêncio aumenta, outro cigarro, outra taça de vinho, e o silêncio ali, me provando que não existem tarefas capazes de aniquilar o vazio. Me sinto tão imbecil. Prendo os olhos nas coisas, desejo que a noite nunca acabe, que o sono não tome conta, para que outro dia não comece.... Tudo de novo, tudo outra vez. Amanhã vou arrumar as coisas do quarto, da sala, lavar a louça, limpar o piso, tirar a sujeira do banheiro. Depois vejo um filme, leio um livro, vou ao teatro, volto pra casa.... e então outro dia, outras tarefas, e depois novamente, e depois outra vez. O silêncio do vazio grita. Essa falta de sentido em tudo, absolutamente tudo. Comprei uma agenda nova!Canetas novas! Um quadro e uma caixa de giz! Preciso preparar os dias de janeiro...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cagando e chorando

Cansada!
Do que mais eu consigo falar?
Meu estômago tem queimado e doído. Azia. Refluxo. Gordura entre os dentes, no meio dos ossos, entre as coxas, caindo enquanto falo. Passei no mestrado!E agora? Perdi completamente o desejo e a vontade. Freud explica! Acho que funciono na falta e na vontade de. To lendo Kundera, Derrida e Damásio!Tudo ao mesmo tempo. Não consigo!Não consigo!Não consigo!Cansei!Meu cérebro queimou de tanta droga, vou ser expulsa do mestrado antes de começar, enquanto sonho com meu amor na França. Meu Deus, a lua ta tão linda, e eu vejo ela imensa daqui de dentro, tão imensa...
Ando quieta demais. Deitada pelos cantos, bagunçando o quarto, esquecendo a louça suja e o lixo transbordando no banheiro. Ela encheu a casa de rosas, tão linda!Mas, eu continuo cansada!

Meu silêncio enquadrado pelo medo. Andei me apaixonando pela solidão. Observações entrecortadas por pontos, vírgulas, estômago podre e vista cansada. Meu barraco, meu abrigo. O álcool é meu melhor herói. Meus problemas épicos derramados de pura ansiedade. Cansei!Cansei de tudo!Manuel Bandeira e Silvia Plath azedando minha esperança, meu útero necrosado, meu desejo morto. Essa gordura aumentando o espaço entre meus dentes, sinto nojo quando uso o fio dental, as coisas sangram e a azia não cessa. Meu dente dói! Desmarquei a limpeza! Engordei 5kg! Perdi a vontade de chorar! Engoli seco! Tomei rivotril pra insônia! Assisti todas as temporadas de Hause! Fragmentos. Observações. Pequenas anotações diárias. Continuo cagando muito e chorando pouco. Chorando quase nada e cagando cagando cagando cagando cagando um abarrotado de gordura presa, aterrada, afundada. Queria poder cagar bem longe de todos, longe de cada lembrança, longe de toda essa expectativa e ansiedade. Cagando e chorando no desconhecido... Meu Deus, que coisa mais maravilhosa!!!!!!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MAL SECRETO

As coisas me dizem coisas, elas seguem sendo, sem saber. As coisas, são tantas... Existe um tipo de alegria tão funda que chega a doer, mas a gente nem sabe o que é a dor, ou quando esse nome veio ao mundo. Perdemos o controle das coisas. Envelheci, mas agradeço a Deus a coragem de cheirar toda aquela cocaína, e vomitar depois. Não estou velha porque vomitei, estou velha porque assentou-se em mim uma certa dor. Estou tão velha que me basto, não me aguento, sou insuportável demais pra mim mesma. Eu que pensei nunca ter inimigos. Meu pensamento fragmentado corrige certas coisas. Mas, eu não deixo de ter inimigos. Duas coisas me tocam: a filosofia e as plantas. O ser humano me cansa e me suga. Por isso, hoje, as coisas me dizem coisas, amanhã eu já não sei. Nesse instante eu basto em gasto, acelero ruídos, esmoreço a esperança, fico calada e quieta, não choro não converso.


(as pessoas continuam falando do lado de fora)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

insegurança

Eu queria escrever um pouco mais doce do tanto que eu queria escrever. Descobri que mesmo no meio da alegria não deixa de doer, o que eu achava que era invenção era pura realidade, a vida não é doce, às vezes elas fica colorida. No fundo aprendi a aceitar. é e ponto, às vezes muda, às vezes não.  Há as vezes do desfazer. Aprendi com o Samu, aprendi a não deixar de me entregar e acreditar que existem sim encontros únicos e cheios de esperanças utopicas. Não sei...me sinto tão burra, quanto mais o tempo passa mais eu sinto dessas coisas. Errar...
... errar pesa.
 Tem sido dolorido. Pesa.


Vivendo como se houvesse um sentido no final de tudo

Adoro ser tão dramática. Me encanta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

EU COMEMORO A MIM MESMA

https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=2551396457673987326#allposts

Aquela

Eu nem sei falar do tempo, mas eu queria uma explicação mais lógica pra ele. Não me interessa a coêrencia, só não quero que a frase fique feia, a beleza também tem seu amor nas palavras. É preciso enxergar um pouco por fora das regrinhas e dos bons costumes. Tem beleza na podridão e gostosura no escuro. Esse vazio vai continuar até o fim e apesar de você vai seguir em frente sem ponto. Eu to que não me aguento!Aqueles dias de tanto cansaço e uma falta de colo. Queria sossego doce, meus olhos estão ardendo de horas corridas no relógio. Meu passado. Minha instância. Minha falta de assunto. Minha burrice gorda e meu exagero intenso constante. É preciso aceitar a poesia na acadêmia, do jeito dela, de pernas abertas e explícitas. Incoerêcia no nexo. Laconismo. Falta. Deixei de.

Solidão é lava, que cobre tudo....

Para Nina Arágon

Solidão é mágoa, aquela que de fundo, bem fundo, cobre tudo. Essa coisa de você questionar o desejo já é muito, não é fácil se olhar de tão dentro, dói querer saber de tudo. Segue assim, segue que os homens deixaram  de te desviar do essencial, segue que você vai ver que vale a pena olhar de dentro....e no fundo, o que você tem feito todo esse tempo, é isso, olhar.


Para mim mesma
Você sabe que aquela febre cheia de vômito e mal estar no estômago foi pura insegurança gritando no seu corpo?Você sabe que não importa? Que rolou, mas que no fundo não importa? Você sabe que você precisa brincar?Você sabe que você precisa esquecer? Você sabe que o tempo tem passado depressa e você ai se preocupando com tão pouco!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SOBRE ONTEM

O isqueiro era dele. De repente encontro dois isqueiros verdes em cima na minha mesa. Então eu lembro o quanto minha mamória é fraca e meu materialismo cruel. Devia ter deiXado meu isqueiro com você, mas na dúvida resolvi ficar com os dois. Não foi uma ação de má fé, mas só uma ação, sem significado nenhum ou qualquer hierarquização da imagem. Eu sou escritora? Às vezes eu acho que eu sou, é confuso, mas divertido. Chega a ser quase engraçado e depois chega a ser quase de soltar um riso, e depois quase de soltar um som, e depois quase de parar um pouco, e depois quase de diminuir o tamanho da abertura da arcada dentária. Sinto que eu sou uma escritora que escreve coisas alegres. Eu escrevo coisas. Essa coisas não são necessariamente palavras, mas as palavras são necessariamente um sentido do todo.  Eu sou uma escritora que escreve sentidos. Talvez. Talvez eu escreva. Eu tenho certeza absoluta que eu escrevo, quase frenética, um impulso, será que eu escrevo?ou eu decodifico meus impulsos em uma ação simples que é escrever? Estou na dúvida se o que eu escrevo é Marta Medeiros ou James Joyce? Ou se até mesmo eu acabei de ser muito pretenciosa e isso é o pior indício de austeridade? Foda-se. No fundo eu não estou nem ai pra ninguém que não seja eu mesma!É ISSO AI!Eu não me importo com nada nem ninguém, quero explodir dentro do meu umbigo. Cacete. Acabei de entrar para o ranking de escritoras grosseiras. Ô!Que pena dela!Você me aburrece, eu me aburreco, eles se aburrecem, nós aburrecemos?Quem? O próprio umbigo. Se importar muito é não se importar nada, os iguais se anulam. Ou são os opostos? Tem uma coisa dessa na química, biologia, sei la. Enfim, seu isqueiro verde ta aqui comigo e ele fez todo sentido agora, ele me trouxe de volta. Eu sei que você entende.

domingo, 19 de outubro de 2014

No Palácio das Artes

sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorarsem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorarsem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
Sam de Jesus é sua Vitória...Fomos abençoados com  notícia de você dois
há cópula



http://desorgao.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-05-08T20:49:00-07:00&max-results=7

Samba do amor ciborgue (Inacabado) - Por De Jesus Menezes

1234 1 2 3 4 5 6 7 8 
 bem morta ...toda assim torta
e bem morta / bem na porta 
e bem morta / tô toda torta
1 / 2 / 3/ /4 
 e bem morta 
toda arrom-bada e morta
toda- torta/ assim bem arrom-bada e bem destroça-da
to-da vá-cua e to-da corta-da
e 12345678

vem ...me supor-ta
aparece na porta , pobre e com assadura
vem....morta...vem agora
e tem a port-a 
e b-em torta e mor-ta
e toda destruída - e bem morta 

a nossa relação de amor está toda tort-a
e bem es-crota / tod-a na crosta....excluída da roda
toda hipócrita
sempre pobra, amança minha ânsia sem ser ansio-sa

5...6...7...8...9... e bem------vórtice
e solta e volta, arranca minha nota...surda desengonça-da .....vem e corta
a amizade de bos´ta, que nem acende / nem amor-na
vem de costas / e arreda a beiçola
enfi-á minhá pisto´la...na sua bero-la....enfi-á minha minh-a ro-la na sua su-a borda
e vi e volta
e sol´ta e vol´ta
e bem mor-ta / vai embora
não pa-ssa da porta/ tepeçovaiagora
vaia na por-ta e comemorá
7890 e 1 e 2
e 3 e 4
e 5 e 6
e 7 e 8
e 9 e 10.....agora vai embora
vai na hora
e bem mor-ta...tchin tchin tchin
                        tchin , tchin e bem morta
vai e não volta / bem torta...só agora
vi a sua horta que tá beem moorta
..oh minha nora...sinta-se bem nossa
   no amor da obsessão...se sinta bem ...amorosa
e bem ...solta, e muito ousada, mas muito te-merosa..e nunca bem morta
mas tão bem que nem bem morta
eu estou bem na crista da menina morta
e bem mor´ta / sua estrutu-ra óssea
bem den-tru da hor-ta
da minha ilha corsa....sem atração, nem desova
nem ovula o ó-vulo
nem a ó-vula / 
nem a minh-a úl-tima cota de negra flácida
nem de ne´gra gosto-sa
nem outridiot-a
nem ou-tra idió-ta
nem morta, você , nem morta!!!

Dos Tempos que Amei.

"O corte preciso entre nós 

resídua na diferença genética dos nossos olhos"


Samuel Sudré

Uma carta para...

Acho que essa é a primeira carta alegre que eu escrevo...

Chove. Ao som de Janis Joplin o cheiro do cimento e da arruda, felizes pela chuva que a muito não aparecia por aqui!A primeira chuva nessa janela, uma imensa porta de vidro, uma rede e um céu. Quem diria!!!As coisas tem mudado em muito pouco tempo e pela primeira vez a solidão do eco da sala. Um quintal maior que o quarto, uma vista mais alta que a da cama. Muitas pessoas se foram e eu sempre sofri muito com a ausência delas. Estou aprendendo assentar o peso no peito e seguir em frente. Saudade de poesia, dos romances, de aceitar o ócio sem ansiedade. Acho que quando aceito o ócio eu escrevo, ou pinto. Tem músicas que combinam com isso, outras não. Aprendendo a escolher a música, tem vez que o bicho come o buraquinho dos meus olhos, eles caem e sofrem. Essa música faz carinho nesse bicho e o prazer dele se torna o meu, ou seja, aprendi a ter prazer mesmo carregando os buracos dos bichinhos que deixam os olhos sofridos. Aprendi a conviver com isso. Conviver muitas vezes tem um "Q" de comodismo, mas, vez ou outra conviver é o que faz o corpo continuar acordando. Saudade da Amelie Poulin de L'Absente, dos escritos na água viva da Clarice, do arroz na churrasqueira, da garrafa de vinho quase caindo do palco, da banda, das reuniões na casa da Luiza, da gente brincando de bruxa, dos sorrisos rotos das ruas de Diamantina, da foto da gente pelado na cama, de você me apresentando Nietzsche, dos ensaios de domingo na sala preta, do Seven Boys abarrotado de Lars Von Trier, da gente lendo o mesmo livro nos nossos quartinhos pequenos cheios de aleluia. Tanta coisa. Tantas coisas em tantas janelas. Eu vi muita chuva caindo de janelas pequenas, e grandes, e enormes, e minúsculas e médias. Quantos cigarros eu fumei até hoje? Deveria ter feito essas contas!Deveria ter cuidado um pouco mais da minha rejeição, no posto de alguém que tenta viver o amor. Devia ter cuidado dos abismos, porque depois eles se emendam em solidões tão complexas que fica difícil querer. "Mas, às vezes, é precisamente porque o amor é tão forte, que nós não somos fortes o sufuciente". Van Gogh, chove!Chove como no início.

domingo, 5 de outubro de 2014

Voto consciente

O peso da memória é gelatinoso. Um gel oco corroendo as lembranças. A paixão então começa a viver um caso de amor com a putaria. As putas das memórias. Dos instantes. Desses desejos fudidos que abafam circuitos. Choque elétrico na nuvem cinza do passado e são pedro urinando nas nossas cabeças o quanto somos pequenos. O mundo vai acabar como está, como está é o sujeito ativo de toda essa merda poética do amor. Com quantos paus se fez mundo? As exclamações matam o ócio. Gelatina apaixonada mijando em são pedro em domingo de eleição.

sábado, 4 de outubro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Bukowski "" cavalheiros, eu sou um artista, um inventor! A minha MÁQUINA DE FUDER é, na verdade minha irmã.

A onda do branco. Muito branco pela casa, sob a cama, nos cantos transbordando anfetamina, adrenalina, endorfina. Aquela cara apaixonada cheia de desesperança, o grande teatro social do "tudo bem". O grande teatro social da alegria disfarçada por uma nota de R$2, feito cano PVC escondido no maço de cigarro. Minha vagina apodreceu de tamanha boa vontade. Meu ânus infiltrado pelos dedos sujos da minha carência. Essa tristeza que acontece, fica batendo e martelando na ressaca. Eu sou uma pessoa ruim, mesmo não sendo, feito aquela música " eu não quero causar mal nenhum, a não ser a mim mesmo ". Meu corpo gordo transborda silêncio. Minha pele flácida acomoda desilusão, e minha alma decepcionada coleciona novas esperanças. Eu nunca quis te fazer mal. Eu nunca quis fazer mal nenhum, a ninguém, a não ser a mim mesma. Minha buceta grita: meu amor, fui embora e você nem percebeu, e eu te amei, te amei daquele jeito que não aguenta tanta tanta tanta tanta falta de carinho e excesso de cara boa correndo com as pernas amarradas no parque. Quero que passe. Que deixe. Que termine. Que comece de novo e que eu viva, viva bem solitária na minha loucurinha barata a lá Bukowski. Mais uma vez não deu certo. Mais uma vez o tempo. Mais uma vez esse tapa sei lá o que. Vou dar o cu pra escova de dente e fazer boquete no rolo de macarrão, depois eu cheiro cinco gramas, perfuro o braço esquerdo pra chamar a atenção e corto o cabelo com a faca da cozinha. Deixando eles acharem que não fui eu, ou melhor, que sempre sou eu, quando da errado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Byron chegou

Descobri que a vida é um sopro, rápido e ligeiro. Daquelas coisas que antes de processar a gente vive e depois de viver a gente processa. Só que demora. Demora dar conta. Demora entender. Mas a vida não espera. Ela segue correndo sem rumo, e a gente tenta correr mas o fôlego acaba, por causa do cigarro, da vodka, da maconha e por hora.... Da  Cocaína. Não! !não, eu não uso todas essas drogas, mesmo mentindo eu tento dizer a verdade. A verdade é sonho!!!!

domingo, 10 de agosto de 2014

Cotidiano

O trabalho me salva, assim como os dias cheios de compromissos na agenda, as horas abarrotadas de tarefas inúteis e essenciais. A porra do cotidiano me mantém de pé, acordada, lúcida e cheia de esperanças tolas. O que seria de mim sem elas?
8:00 regar as plantas
8:20 fazer o café
8:30 tonar um banho
8:45 escolher uma roupa
(Por mais feia e inútil...preciso de uma lápis preto no olho, um brinco e uma roupa larga)
9:00 um cigarro, estou atrasada, corro pro ensaio.
9:30 me engano
13:00 bebo uma ice
13:10 almoço
13:25 vontade de dormir
13:26 quero ir pra casa
13:27 estou cansada
13:28 bebo uma cachaça
13:34 choro um pouco
13:50 estou atrasada pro trabalho
14:00 chego no trabalho.
Me mantendo sóbria, triste e cheia de esperanças tolas
17:00 como um pão
17:05 quero dormir
17:10 fumo
18:00,fumo
19:00,fumo e bebo cachaça
20:00 fumo, bebo cachaça e me sinto cansada
21:00 olho o céu fumando um cigarro
22:00 saio do ensaio me sentindo completamente inútil e fracassada.
22:30 fumo em casa conversando com as plantas
23:00 ligo a TV
23:05 tentando dormir
23:30,fumo outro cigarro
23:45 tomo uma dose de vodka
00:00 tento dormir
00:30 ando pela casa
1:00 choro pq não consigo dormir
2:00 fumo outro cigarro
2:16,fumo outro cigarro
2:20 bebo uma água
2:30 deito novamente
3:00 não consigo dormir
3:20 tomo um remédio e apago

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Fim

O fim é sempre mais difícil que o começo. O fim pesa de memórias e de lembranças. O fim explode, estraçalha, machuca, dói, arrebenta, mas se torna tão necessário quanto o início. Compartilhar o esgotamento. Decidir o insuportável. Romper os costumes e guardar as fotos em uma caixinha dentro de uma gaveta esquecida e morta de tempo. Enterrar o amor. Desaparecer com a insegurança e aceitar o medo. Morrer um pouco. Morrer mais um pouco. Morrer o que resta. Fim. Fim de um novo começo.

...

Eu sou o que eu sinto!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Aquela moça

Sabe o que acontece comigo?
Eu sou dada ao acaso, a instabilidade e as paixões

sexta-feira, 25 de julho de 2014

...

Essa dor toda é piada!

Internacional

Amor mal curado.
Coração infartados.
E tudo chega a doer como ontem.
Como amanha.
E como depois!
Só queria que tivesse sido aquilo que eu sonhei na minha inocência burra de quem acredita em conto de fada.
Cresci.
Envelheci tanto que agora já não me importa.
E minha frustração vira gordura. Vergonha. Veneno. Rancor. Tristeza.
Choro e sofro de tristeza.
Quem disse que não seria assim?! Você é completamente louca!

terça-feira, 22 de julho de 2014

Título

A tempos não me apaixonava. Hoje me apaixonei!

Não sei

Esse tempo entrenó nada me desespera

Invento e desinvento!

Invento e desinvento, sou preguiçosa!

A recriação

Envelheci. Minha respiração lenta, saindo agudos enquanto respeito. Um silêncio absurdo de tanta memória. A pele pesa feito navio no gelo e os ossos se sustentando sozinhos. De tão solitário meus ossos incharam e o músculo pede espaço pra desbravar a mata. Ser, é má educação! Que frase mal feita. Envelheci e perdi a fluidez ingênua de quem tem fé. Monto frases, sentidos e explicações absurdas, onde fomos parar?!me pergunto onde fomos parar! Foi assim que eu descobri que envelheci e a falta foi só o começo. Esse silêncio volumoso e áspero, é impossível saber quantos anos eu tenho, já não sei mais a diferença entre o vazio e a falta.

A perda

Eu nunca senti o susto e a falta da maneira como agora.... Talvez depois disso eu aprenda... Aprenda a não trocar um papel e uma caneta por um teclado onde meus dedos escorregam

Suspendi.
Ahhhhhh

domingo, 13 de julho de 2014

Pulso

O amor é uma espécie de mundo paralelo. Ele pulsa de uma maneira tao delicada que o silêncio que ele transborda alimenta aquela boba esperança que nos faz amanhecer todos os dias. Qualquer esperança de amor.... Uma esperança de um amor qualquer.... Que não nos faça desistir... Que não me faça desistir. Ouço ele pulsando na escuridão. A cada pulso um sopro. A cada sopro um novo começo. Eu invento meu amor, e só eu sei o quanto ele me salva.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Um dia eu ainda viro árvore

De longe escuto
No banco alto a água escorre entre a madeira
Esmureço
Pra onde?!
Justifico o erro com a falta
A falta de compreensão daquilo
Minha alma anda deslocada e é assim que eu descubro os pedaços que me faltam ou restam, ainda não sei.
Quanto amor escondido nessa força, um amor puro e duro. Não sei a diferença entre o efeito e o resultado. Entre a digestão e o mal estar. Entre a droga e a alegria. Entre a presença e a carência. Entre o que foi e o que eu lembro. Membro. Membro das forças armadas. Estou na quinta atmosfera do Gilberto Gil.

- eu também desejo falar com Deus!!!o nosso amor é como um grão!

Desfaleço  por não ter coragem de dizer ou por não ter coragem de sentir?

- opção 1

Mesmo com todo esse álcool não deixa de doer, porra!

Pessoa

Escrevo triste, no meu quarto quieta, sozinha como sempre tenho sido, sozinha como sempre serei

quarta-feira, 2 de julho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Amy

e deu uma saudade dela....
http://www.youtube.com/watch?v=3QDDzaY1LtU

sábado, 29 de março de 2014

Aquela 14264742

Eu chego na nostalgia mais absurda de todos os tempos. Me compadece esse momento. Sinto-lo no presente é tão absurdo que me assusto e te assassino no passado distante. Somos as memórias que ficam. Aquela já não existe mais e em menos de dois anos vive 50. Cinqüenta tons de cinza abarrotando meu  guarda-roupa enferrujado, gasto e pobre. Aquela mesma melancolia do Las. Aquela mesma trilogia da depressão dando sentindo para os dias cinzas e claros. Quanta saudade. Quanta saudade de tudo que me tornei. De tudo que sem saber eu retirei da lembrança fria de um dia apaixonado. Meu Deus, eu sinto tanto que meu espírito se afogou e e ressuscitado compôs o terceiro dia. Uma sinfonia doce e desesperada. Sem controle eu sinto um tesão fundido de utopias já desacreditadas.

Pra onde?

E lá se foi ela. Sem mais nem menos. Se afogou na praia de Copacabana e perdeu as estribeiras depois de retornar.

Quanto?

Dois reais por cada suspiro e um milhão por cada segundo sem morte.

E depois?

Não importa.

Ate quando?

Aquela era ela. E logo depois sua história e seu 14264742.

quinta-feira, 20 de março de 2014

se você não aguenta o meu pior, não merece o meu melhor

30/09/2011

 às 16:02 \ Livros & Filmes

O cineasta Lars Von Trier recorda o desastre que foi sua brincadeira sobre Hitler e, com base na própria experiência, diz: “A depressão é o fim do mundo”

 

Lars Von Trier: "Sou a favor da pornografia. Pornografia é mostrar as coisas como elas são" (Foto: Nicolas Guerin/Contour/Getty Images)

Amigos do blog, é de primeira água, instigante, surpreendente e tem passagens comovedoras essa entrevista que o cineasta dinamarquês Lars Von Trier concedeu à editora executiva de VEJA Isabela Boscov. Seu título original está em negrito abaixo.

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“A depressão é o fim do mundo”

Expulso do Festival de Cannes por dizer que “entendia Hitler”, em uma piada de mau gosto, o diretor dinamarquês dá, com o belíssimoMelancolia, a melhor resposta possível à celeuma

Afável, animado, bem-humorado: sim, esse é o diretor Lars von Trier dando entrevista. Em maio passado, Von Trier protagonizou uma das maiores celeumas da história do Festival de Cannes ao afirmar, durante uma entrevista coletiva, que “entendia Hitler”.

Pediu desculpas pela piada péssima, mas foi expulso do evento, declarado persona non grata no festival e voltou para casa (de carro, porque tem pavor de avião) com a pecha de monstro. Um dos fundadores do movimento Dogma e autor de obras-primas como Os IdiotasDançando no Escuro e Dogville, esse dinamarquês de 55 anos tem uma longa reputação como um entrevistado provocador, que gosta de chocar. (Um exemplo mais antigo, e clássico: “Sou a favor da pornografia. Pornografia é mostrar as coisas como elas são”.) Mas tem também uma longa história como um cineasta de honestidade irredutível, que denuncia de maneira invariavelmente controversa a burrice do consenso, o germe fascista que existe em cada indivíduo e a propensão humana a tiranizar.

De anos para cá, porém, com Anticristo e agora com o belíssimo Melancolia, o cinema de Von Trier se virou para seu interior. Ansioso desde sempre e depressivo crônico desde que sua mãe lhe revelou, no leito de morte, que ele não era filho do homem que sempre acreditara ser seu pai – e que já falecera, deixando-o sem nenhum protagonista com quem tirar a limpo sua história -, ele faz, com Melancolia, uma parábola pungente do fim do mundo que cada ser humano terá de viver com sua própria morte.

A seguir, trechos da entrevista que Von Trier concedeu a VEJA, de Copenhague.

O que levou o senhor a agir daquela maneira na coletiva em Cannes?

Quando dou uma entrevista, aquilo que você vê é o que você leva. Não faço um número, envergo uma atitude ou invento uma persona. Eu digo o que penso e me comporto como sou. Nesse sentido, tendo a ser um elemento estranho no meio cinematográfico – e talvez também intrigante o suficiente para que os espectadores tentem me procurar dentro dos meus filmes, o que é bom.

Eu poderia dizer só coisas diplomáticas e ensaiadas, como a maioria faz. Mas isso me tornaria um homem opaco. Só que em coletivas, particularmente, o meu lado provocativo tende a vir à tona. É o ambiente, a excitação, não sei.

Portanto, embora minha piada com “compreender Hitler” seja péssima, é isso que ela era, uma piada. E é isso que eu sou, um sujeito que diz as coisas que lhe vêm à cabeça – que podem ser razoáveis ou de mau gosto, como essa.

O senhor se surpreendeu quando a frase, que tinha uma dimensão óbvia de ridículo, foi levada a sério – e arrepende-se de ter aniquilado as chances de Melancolia vencer o festival?

Mas veja que esperteza a minha: levo para Cannes um filme que, na minha opinião, não é bom o bastante para ganhar a Palma de Ouro. Então, na coletiva, saco da manga essa carta do nazismo. Todos ficam contra mim. Kirsten Dunst leva o prêmio de melhor atriz, mas o filme mesmo sai de mãos abanando – só porque, especulam alguns, eu o prejudiquei irremediavelmente com minha falastrice. De outra forma, ele teria levado a Palma. Enganei todo mundo.

O diretor, à esquerda, com os principais atores de "Melancolia": Kiefer Sutherland, Kirsten Dunst e Stellan Skarsgard (Foto: Divulgação)

O senhor não está falando sério, está?

Não, não estou, mas se fosse um plano seria um ótimo plano. Veja, se eu não conheço os filmes de um diretor e o ouço dizendo que é nazista, vou ficar horrorizado também. Por isso, toda vez que vou a Cannes, imploro para não ter de fazer a coletiva, porque sempre acabo falando besteira. Neste ano, pedi de novo, e de novo eles me obrigaram a fazê-la. Deu no que deu.

Enquanto isso, Terrence Malick, que se professa um recluso, foi gentilmente desobrigado de dar a entrevista pela direção do festival. Não estou dizendo que é por isso que ele ganhou a Palma de Ouro com A Árvore da Vida, mas essa discrepância no tratamento é injusta.

Com Anticristo e Melancolia, seu cinema se tornou radicalmente introspectivo em relação a, digamos, Dançando no Escuro ou Dogville. O que aconteceu?

Venho usando as experiências que atravessei na vida – em particular a ansiedade e a depressão. Do meu ponto de vista, Anticristo eMelancolia são dois dos meus filmes mais superficiais. Vindo de dentro de mim, ou sendo eu a matéria-prima deles, eles foram fáceis até demais de fazer; não tive de construir nada para eles. Quase tenho vergonha do prazer que senti ao fazerMelancolia – esse é o fardo de ser protestante; quando algo é fácil, não tem valor.

Mas é fato que esse filme veio de um lugar muito puro do meu coração. Nunca conheci Ingmar Bergman pessoalmente, mas um dia, por qualquer razão, ele fez um comentário a meu respeito em uma entrevista – disse que, quando eu começasse a usar a mim mesmo em meus filmes, então talvez ele passasse a me considerar digno de alguma atenção como cineasta.

Em Melancolia, o senhor simpatiza com o sentimento de Claire, a personagem que se desespera quando fica patente que o mundo vai acabar. Mas é com a depressiva Justine, que encara o fim do mundo com serenidade, como uma libertação, que o senhor se irmana. Em sua opinião, estaríamos então melhor, como indivíduos, se simplesmente parássemos de brigar com a ideia de que estamos sós e rumando para nosso fim?

Acho que a vida é uma ideia muito ruim. Se essa ideia partiu de Deus, eu o culpo por tê-la largado no meio do caminho, sem levá-la à sua conclusão lógica.

Imagine uma criança que ganha um trem de brinquedo e o põe para funcionar; ele corre nos trilhos uma dezena de vezes, a criança se diverte, e então perde o interesse. O que acontece com o trem depois que a criança o larga? Isso, para mim, é a vida: se Deus a criou – e eu não acredito Nele, mas vamos supor que exista -, Ele logo a largou, correndo por aí, sem um pensamento para o fato de que criou seres que sabem que cada passo deles na Terra causa o sofrimento de uma planta, um animal ou um outro homem, e que têm de enfrentar a consciência de que sua existência é finita. Isso é nascer sob uma sentença de morte.

Se eu fosse um bicho, sem noção de que vou morrer e de que posso magoar os outros o tempo todo, sem culpa de espécie alguma e ocupado apenas em comer, excretar e me reproduzir, então a vida poderia ser tolerável. Mas não da maneira como ela é para os homens. Não é justo. Se antes de eu nascer me consultassem sobre se eu quero existir neste mundo, eu diria não – absolutamente não.

Em Anticristo, uma mulher perde o filho pequeno, que cai da janela da casa, porque mesmo vendo que ele está fora do berço ela não interrompe o sexo com o marido para colocá-lo de volta na cama em segurança – e então entra em um transe de desespero, claro. A intenção seria em parte punir as mulheres por trazerem mais seres ao mundo?

Mas a personagem não é uma mulher no sentido exemplar: ela sou eu. Bolei um truque muito esperto. O que faço é escrever um filme sobre mim, dividindo-me em dois personagens masculinos. Daí escrevo vários papéis femininos – todos de mulheres que são idiotas, idealistas ou covardes. Clichês, enfim. Mas, na hora de começar a rodar, inverto os papéis: os masculinos se tornam femininos, e vice-versa.

Porque os homens de hoje são tão acovardados que, se eles aparecerem como tal num filme, ninguém vai achar que isso é um clichê e criticar. Parece realista, e pronto. Entretanto, se eu colocasse uma mulher estúpida ou covarde como protagonista, a gritaria viria na hora. Para não dizer que, sendo homem, eu não seria capaz de criar do zero uma protagonista feminina completa. Então uso a esperteza, escrevendo de um jeito e filmando do outro. Ou seja, quando me acusam de misógino porque submeto minhas personagens femininas a sofrimentos e humilhações, estão, na prática, acusando-me de detestar a mim mesmo, já que elas são eu, um homem.

Lars von trier, ao centro, com os atores de "Anticristo", o americano Willem Dafoe e a franco-britânica Charlotte Gainsbourg (Foto: divulgação)

Ainda em Anticristo, o pai da criança morta é psicoterapeuta, mas erra drasticamente nas tentativas de tirar sua mulher do luto. Essa é sua opinião pessoal sobre a psiquiatria, de que ela é incapaz de compreender e sanar o sofrimento psíquico?

 

Passei horas sem fim em consultas com psicólogos e psiquiatras, e é claro que estou zombando deles. O que um terapeuta tipicamente diria a um paciente na situação da mãe de Anticristo é que a ansiedade não é perigosa; eu fiz o filme para dizer que, sim, a ansiedade é perigosa. A uma pessoa na situação de Justine em Melancolia, eles diriam: a depressão não é o fim do mundo. Eu fiz o filme para dizer que, sim, a depressão é o fim do mundo.

O que deflagrou a sua depressão?

A vida toda sofri de ansiedade, e minha mãe também. Acho que realmente há um componente hereditário aí. Não que eu culpe minha mãe por tê-la transmitido a mim – e essa é uma das poucas coisas pelas quais não a culpo.

Mas a depressão veio com o anúncio já célebre que ela fez no leito de morte: dois dias antes de morrer, cheia de tubos, ela me revelou que meu pai não era meu pai, e que eu era filho de um homem com quem ela tivera um longo caso. Foi a última vez em que pudemos conversar. Logo a seguir, ela já não podia mais se comunicar. Uma mentira de uma vida inteira, e nenhuma chance de sequer discuti-la, ou de brigar por causa dela. A depressão se instalou e nunca mais me abandonou verdadeiramente.

O senhor tem a reputação de ser um cineasta manipulador, cruel até, com seus atores, e em particular com suas atrizes. Mas não é essa a definição do trabalho de um diretor de cinema – manipular?

Eu trato meus atores e atrizes da maneira como gostaria de ser tratado. Você até pode tentar – e conseguir – enganar um ator, suavizar os fatos para ele, mas vai terminar com uma droga de filme. Se estamos naquele set trabalhando em prol de uma finalidade comum a todos nós, é preciso usar de honestidade.

Sei que muito dessa reputação vem das declarações de Björk sobre as filmagens deDançando no Escuro, nas quais ela usou expressões como “estupro emocional”. É fato que Björk não queria fazer o filme; todo dia, inclusive, ela dizia que não voltaria no dia seguinte. Mas devo dizer que acho que ela fez um trabalho fantástico. Com todos os outros atores e atrizes com que trabalhei, porém, acreditei sinceramente estar em uma colaboração. Do fundo do meu coração.

Que lição o senhor tirou da experiência em Cannes – além da óbvia, de não dar mais coletivas de imprensa?

Essas, não darei mesmo. Chega. Mas acho que o episódio é correlato à minha história familiar: quando minha mãe me contou que meu pai era só um padrasto, enlouqueci, e caí em uma ânsia descontrolada de saber tudo sobre essa família que eu não conhecia. Mas, passada essa instabilidade inicial, as ideias se aclararam: é evidente que meu pai não era o homem que forneceu o esperma, e sim o homem que me deu seu amor durante toda a vida.

Algo similar se passou em Cannes. Comecei com uma piada ruim que foi ficando cada vez pior e atiçando assim o meu destempero – especialmente porque meu pai, o que me criou, era judeu, e eu me sinto muito judeu também. Ou seja, a reação séria à piada começou ela própria a me ferir: como alguém poderia crer que eu de fato seria capaz de nutrir qualquer tolerância para com o nazismo? Mas qual a saída, tolher-me sempre que sentir que estou para fazer uma provocação? Eu então já não seria eu mesmo.

A principal lição que tirei do episódio seria esta: tenho de ser quem sou e arcar com as consequências do que digo. Não sou nazista – portanto, se é que o raciocínio não parece tortuoso demais, devo e posso arcar com as consequências de ter dito que era nazista. Nos dias seguintes à coletiva em Cannes, escreveram páginas e páginas de coisas horrendas a meu respeito aqui na Dinamarca. Até que chegou a hora em que dei de ombros. Se não querem entender, paciência. Eu não vou mudar. Até poderia mudar – mas daí teria de deixar de fazer filmes e passar a vida me ocupando só disso, de tentar ser outra pessoa. Vou citar Marilyn Monroe: se você não aguenta o meu pior, não merece o meu melhor.

Qual será seu próximo filme?

Vai se chamar Ninfomaníaca.

E do que trata?

De uma ninfomaníaca, ora, e de sua trajetória erótica. Prevejo que mulheres de todos os cantos do mundo vão querer me estrangular.

terça-feira, 11 de março de 2014

Hoje

Eu te escreveria mil vezes.
Eu te diria trinta mil coisas.
Eu não desistiria.
Eu juro que sempre poderia estar te esperando em um banco qualquer...
Um encontro qualquer.
Uma despedida que seja.
Eu te diria tanta coisa. Mas o tempo fez da ansiedade silêncio e do amor uma espera.

terça-feira, 4 de março de 2014

Solidário e solitário

Somos breves, a vida passa feito pluma esgotando nosso ar. A felicidade é uma gota que cai de pluma e por uns intantes acreditamos na eternidade. Sou brega. Sou brega de tanto acreditar no amor. Em todos esses contos e crônicas. Em todas as histórias que contam. Alguém me diz? Me diz: não existe essa história de amor. Ahhhhhhh que clichê, que clichê, quanto clichê!!!!!!Me gasta. Todo ser humano é sem foco, por isso o facebook funciona. Foda-se se o que quero escrever é tão óbvio, e tão clichê, que te cansa. Desculpa, todo mineiro só é solidário no cancêr. Solidário e solitário. Pra que servem as grandes histórias de amor? Eu acho que serve pra nascer a arte. Pra que serve nascer a arte? Pra aliviar a dor e o sufocamento. Pra que serve aliviar a dor e o sufocamento? Pra sentir alegria ou amor. E pra que sentir alegria ou o amor? Pra criar as grandes histórias. Chiclê. Brega e pobre. Me frusta escrever tão mal. Eu gostaria de escrever bem, muito bem, super bem. Ninguém nunca iria saber qual é a minha cara. Saberiam somente das coisas que escrevo. Eu existiria sem existir!Meu Deus, ia ser lindo! Perfeito! Quanta felicidade! Quanta alegria! Ô! Quanta estupidez ridícula e sem sentido. Mas eu só queria mesmo era escrever qualquer coisa. Obrigada!

Dói

Tom Zé

Maltratei,
sim, maltratei demais
e machuquei,
quei, quei,
quei, quei,
meu coração que bate
que bate calado
que bate calado
que bate, bate
e dói, dói, dói.
que bate e dói,
dói.
Dói, amor
dói com d
ô dói E dói
amor ô
dói e dói.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Sendo

Aos porcos os parâmetros. Galinhas e ovos são a mesma coisa, já os porcos...já os porcos são pequenos corpos reduntantes e desapaixonados. Não quero porcos, quero corpos de ovos, que são galinhas e ovos ao mesmo tempo. Quero sentido, qualquer sentido que seja, só pra ver se alivía.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Merda número três

Eu odeio 90% de todas as mães  e 95% de todas as famílias tradicionais mineiras preconceituosas que não sabem respeitar seus filhos seus humanos e seus afetos!

Merda número dois

Ter um amante.
Ter duas amantes.
Ter um cachorro.
Ter um bilhete.
Ter um pedaço.
Ter desprendimento.
E por último... Não ter.

Merda número um

Se você gozar na minha cara eu te mato. Mas se você não gozar eu te como.

Chega de desculpas

Me deixa
Me corta
Me arranha
Me acaba
Me aniquila
Me come
Me cospe
Me gasta
Me chupa
Me abusa
Me desagrada
Me arrepia
Me pega
Me atira
Mas me deixa ser livre de maneira dolorosamente alegre que eu encontrei.... Sem você!!!!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Para Vincent:

Me sinto feito um leopardo ou uma abelha, e nem sei se na verdade esses bichos são solitários. Mas talvez eu só sinta e sentindo já me basta a crença. Me sinto feito bicho solitário sem rumo algum, porque todos eles ja se dissolveram e eu nem saberia explicar. Me sinto feito bicho solitário, não sei se me sinto ou o meu sentir é uma invenção dessa minha mente absurda e inesperada. Quero o inapreensível. Meu desejo de ser o que eu já fui e só hoje vejo aquilo que realmente eu era. Talvez amanhã eu descubra que já estou sendo e distorcendo eu reinvento possibilidades de mim. Respiro e falta ar. Perdi Deus na imensidão cruel desse mundo. A buracracia me mata e ela é o satanás das ruínas, as ruínas sou eu, eu sou descontrole e o descontrole é satã. Salut! Qu'est-ce que c'est? Na minha língua significa talvez. Talvez eu possa. Talvez eu seja. Talvez eu consiga. Talvez, realmente, faça sentido, mesmo que não faça. Eu quero poder me libertar das amarras desse mundo, do cruel implícito na inexistência. Não ter medo da poesia, a contemporaneidade mata ela em si, a palavra é complexa demais. Sinônimo de contemporaineidade: coexistência. Coexistência: S.f. Característica, propriedade ou condição de coexistente; que existe de maneira simultânea. Eu existo de maneira completamente simultânea. Esse erro é grave. Gravíssimo. Agudíssimo. Um soneto, logo, poesia. Voltamos ao "quase" início. Eu quero ser solitária como um bicho.... Eu sou! Isso é contemporâneo? Je ne se pas! Je ne se pas! Je ne se pas! Je ne se pas! Je ne se pas! Je ne se pas! Je ne se pa! Je ne se pas!Repito até que a natureza se dissolva e eu possa. Nós possamos. Aqueles todos que simplesmente não são ou não sabem que são. Poços! Possos! Posso! Eu nem sei se consigo, Vincent. Eu nei sei se eu posso ser tanto. Tão humano quanto e tão desumano ponto. Ponto ponto ponto com. Com ela. Sem. Solitária feito as abelhas que eu nem sei se são, mas acredito. Eu acredito. Eu acredito que acreditando me torno. Retorno e descomeço ou retorno e descomeço. Dói. Dói feito tentativa de estando certo errado sempre e inesperadamente ser. Queria inverno em dias tão quentes.  Minha vida ainda me mata. Vida em excesso é vida de menos, ou seria o contrário? Já não sei. Paro um tempo e ouço:
http://www.youtube.com/watch?v=aKBCzjXvIb


Eu sou o espírito Santo!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Para eles que não sabem a dor

E eles se tornam amigos.
E ele nao sabe o quanto é necessário.
E ele não sabe a importância de estar de lado. ... de mãos dadas no escuro.
E ele não sabe a fragilidade de uma vida inteira.
E ele nao sabe de todas as dores e nem faz questão não saber.

...

....

Silêncios

Eu só queria que você estivesse comigo.
Ela só queria que você estivesse comigo.

Não eu

Essa não sou eu. Crio esse eu para lidar comigo. Um eu mais grave e mais sustentável. Não sei ser. ...sendo me descontrolo e me perco.  A melancolia me domina e me torno tão francamente instável que sendo eu fico fraca. Fraca como um ovo sem estrutura,  sem espaço,  sem rumo.

Para Marcelo,  adeliane e todos os outros que me viram completamente perdida:
- deixei de ser e sendo eu fui. ...peço desculpas.
Só isso!
Esqueço a vida e isso qie dizem ser a melhor felicidade.  Escolho a tentativa de continuar tentando.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Caminhando entre o inesperado e a falta perfeita que me faz movimento

Cada vez que espero perco inesperadamente o palpável da vida. Fico existindo entre imagens e pedaços doces de sentimentos escorridos. Deixo de existir sendo. Minha existência nada mais significa que múltiplos desejos brigando por espaço dentro do meu corpo e fora dele. Quando eu era pequena eu pensava que vida era um corpo em movimento. Depois eu descobri que vida era o movimento de desejo dentro de um corpo. Deleuze tem razão "O verdadeiro charme das pessoas reside em quando elas perdem as estribeiras, quando não sabem muito bem em que ponto estão." Eu tenho um desejo incontrolável pelos dementes, loucos e descontrolados. A subjetivação de ser encontra-se na pré-disposição do não saber. Apaixonar-se constantemente pela indefinição, convicção e o amor que transborda. O desejo de desejar é movimento puro. Quero a vida de encontros que me movimentem e dentro do movimento me façam desejar  caminhos e profundidades inexplicavelmente inexistentes. Aos encontros previsíveis, alegres e pobres de desejo, amor e sinceridade eu desejo o fim. Uma morte calma feita de tempo, um desencontro feliz feito de escolha e uma convicção feita de ética. Por favor, não interrompam meu movimento.