quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Preta

Pelo silêncio de todas as horas.
Pelo vazio de uma noite inteira.
Pelas incertezas diárias.
Pelos afetos distribuídos.
Por tudo que foi e ainda é.
O amor não acaba, ele transcende.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Um testemunho

A gente se convence de tudo.
A gente acredita em qualquer coisa.
A gente cria, a gente inventa e isso faz todo sentindo do mundo.
A gente ta perdido feito cego em tiroteio. Então a gente segue o som.
Uma vela, um incenso e um computador.
Me mantenho sem memória alguma ou com todas as memórias do mundo.
Mais leve...

Que seja leve, sempre leve... com a intensidade que tem que ter, que tem que ser. Que respingue fundo e que depois perca o equilíbrio das coisas. E que sinta tão intensamente que quebre ao contrário, e goze, e sinta, e seja feliz como nunca foi... Que morda os lábios e grite até que tudo se torne tão maravilhoso que a vida faça sentindo por um instante e depois de tudo isso as neuroses serão compartilhadas e arrefecidas... Dores tão profundas que chegam a fazer sentindo, um sentido maior que tudo. Onipresença. Essa coisa boba e completamente sem sentindo que a gente ...
Não, não da pra saber!

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Coisa-algo 2

Coisa-algo não é sempre coisa-boa. Coisa-algo pode ser coisa-nada, coisa-boba, coisa-vazia, coisa... Simplesmente coisa!

domingo, 22 de novembro de 2015

Coisa-algo

As coisas deixam pedaços espalhados.
Vez ou outra esses pedaços mordem, depois te deixam de lado.
É tão simples, pelo menos parece. Mas a gente tem medo de tudo, até de pequenos pedaços.
Noite e dia cê me vem a cabeça.
Passaram-se alguns anos e os pedaços deixaram de morder, acomodaram-se nos cantos.
Faz tempo que não te lembro.
Minha lembrança é recente e tem cheiro de mato, gosto de calmaria, sensação de segurança e esperança de liberdade. Lealdade, sobretudo lealdade. Eu não mudei tanto...
Dizem por aqui que eu enlouqueci, que seja. Prefiro a clareza da ética que a cara alegre mentirosa de boa moça. Eu me recuso. É isso Anaiis... Eu me recuso a viver uma vida ordinária, sempre me recusei. Me recuso insistentemente a ser uma mulher ordinária e estabelecer relações ordinárias. Tudo que é ordinário me da ânsia de vômito. Meus sonhos de água sacodem o navio, pra onde? Não importa. Algum lugar haverá de ser...

terça-feira, 10 de novembro de 2015

AMOR

eu vou continuar achando que a coisa mais importante dessa vida é amar. AMAR. Sabe? a gente ta vivendo e esquecendo de uma coisa tão básica. Amar tudo e todas as coisas, em todos os instantes, e segundos, e encontros, e momentos. Amar e ponto. Sem medo, sem dinheiro, sem esperança de futuro. Amar porque agora é a única coisa que importa. "Tudo que eu fiz foi por amor e tudo que é feito por amor está bem feito". Quando a gente ama não interessa contradições e paradoxos, não interessa nada. A gente precisa aprender a amar com as plantas, o céu, a lua, o mar....   um jeito que é tão simples e não implica nada mais além do amor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

FRAGILIDADE.... OU, A TORRE.... OU, PARA UMA AVENCA PARTINDO

A Fragilidade
A Magia do Amor
 
LIBERTAÇÃO DE LAÇOS DE DEPENDÊNCIAS - REALIZAÇÃO DO SI MESMO - PERDA DO MEDO - QUEBRA DE BASES EM FUNÇÃO DO AMADURECIMENTO
Realizar a missão individual, é realizar sua essência, que é única, individual. Para isso, é necessário libertar-se dos falsos valores. É preciso se libertar das ilusões de que precisamos, que temos que ter, ou fazer isso ou aquilo. Tudo o que é além à expressão dos nossos dons e do conhecimento inerente ao nosso ser é superficial. A Fragilidade ou a Torre, representam a libertação das dependências e de todas aquelas desculpas que colocam para prorrogar de assumirmos a nossa Tarefa Kármica: A Realização do nosso Indivíduo.
Você estava contando com uma estrutura que funcionou como um grande ovo. Dentro dela, você tinha suas necessidades garantidas, estava protegida(o) e crescendo. Com todo esse conforto, você cresceu e cresceu, e agora aquela estrutura velha, não te serve mais. A comida já não te satisfaz, e está prestes a acabar, e com a casca quebrada, a proteção acabou. Ou seja, a estrutura antiga não produz o que você necessita agora, e manter essa interdependência te impede te continuar crescendo e se desenvolver em outros aspectos que você quer agora.
Agora está na hora de quebrar casca e mostrar quem você é. Você tem tudo o que precisa e não precisa de nada e de ninguém. Pode contar consigo mesmo. Saindo da proteção você vai perceber que não tem mais desculpas a dar. Não precisa mais se esconder atrás de impossibilidades. Agora tudo é possível, recrie sua vida. Seu ser é dotado de talentos e conhecimentos que você traz no seu DNA ou das suas vidas passadas. E seus interesses grados pelos seus dons, já fizeram você rechear uma biblioteca de novos conhecimentos adquiridos nessa vida. Portanto, reveja sua vida e reconheça suas próprias armas. Elas são genuínas e você sempre vai poder contar com elas.
Muitas pessoas se assustam com essa carta, porque as bases antigas que não servem mais se quebram, querendo nós ou não. Depende da consciência que você tem da sua vida fica mais fácil viver, pelo menos a gente não fica tão à mercê dos acontecimentos. Quando a pessoa não percebe que está dependente, nestas rupturas pode sofre mais, pois vinha se apoiando em estruturas alheias, e quando estas se quebram, a pessoa se sente desprotegida.
Porém, temos tudo para desenvolver nossas próprias proteções. Mãe é bom, e sempre vamos encontrar uma dentro de nós mesmos. Carência temos que resolver com essa mãe interior. E não com o namorado ou a namorada. Esse são para crescer, construir, criar e amar.

Desaparecida.

Fera Ferida.

Décimo terceiro dia

Esotérico, dos Doces Bárbaros, bombando feito sei la o que na minha cabeça. Diariamente. Me deu uma saudade tão absurda do Caio e seus dragões... Suas avencas, suas janelas seus ciclos secos. Revi o vídeo "Amor", do Deleuze. Esse vídeo me emociona ao máximo. Decidi que a melhor coisa é desaparecer, a mais justa de todas, desaparecer como se foi. O gosto da vida, no meu caso, ele aparece toda vez que eu fico demente. A demência, o não saber, a liberdade, o desejo.... eles me causam uma demência tão profunda que eu me apaixono. Eu me apaixonei por você, mas o desejo pelo amor é maior que qualquer outra coisa. Eu escolho te amar, deixei a paixão de lado e guardei tudo. Depois de quase quatro anos eu matei um amor. E foi assim que eu escolhi amar pra sempre. Compreendendo que eu poderia amar outra vez construí uma casa, um canto, uma segurança... Eu sei que eu sou intensa, mas aprendi a ficar em silêncio. Lembro do Caetano.... "Pra que rimar amor e dor". Hoje ouvi o Di Souza. Gostei!

Para Viana

O buraco sempre é mais baixo.
Mas a gente entende aquilo que da conta, o resto é tentativa....

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ja faz um tempo que aprendi que amor é coisa rara. Então eu fui e mudei de nome.

Décimo dia

Espera... Deixa ficar insuportável!

Uma dúvida

Você sabe daquela música do Roberto Carlos: Como dois e dois?

Nono dia

Foi isso, uma certeza de ser a pessoa mais inteiramente doce e incrível, intensa, inteira, dada, água, fogo. Sentiu-se que em ambos resistia e existia o desejo de amor. Um medo absurdo da insegurança. Um umbigo que esbarra na própria cara. Uma loucura que espanta.

domingo, 25 de outubro de 2015

Nós.

Vivemos tempos de secura!!!

Ele

Vive de lacunas.

Ela

Eu vivo de pequenos contornos embrutecidos.

Domingo

...para se ler ao som de Caetano, Mora na Filosofia


Eu queria falar sobre esse buraco imenso que a gente carrega no peito. Dessas coisas que passam, e a gente nem percebe o quanto foi bom. Mas são tantas coisas. Eu esqueci de fazer poesia, de deixar guardado até envelhecer. Envelheceu um tanto que secou. Os pedaços vão saindo e vão caindo, pelos cantos, pelo chão, até mesmo na sala. E eles deixam imensos buracos la dentro, imensas crateras, imensos contornos. Queria fazer uma peça de teatro que falasse sobre a solidão e a morte, mas eu não sei falar dessas coisas. Tenho gostado de permanecer em silêncio, por isso que na convivência obrigatória eu só falo bobagens, o mico de circo que todo mundo gosta. Seria mais fácil se a gente pudesse ser completamente sincero, mas ninguém aguentaria, nem quem fala, nem quem recebe. Eu fui secando aos poucos. Só um pouco mais de carinho, só isso, e logo logo as flores crescem. A gente passa tanto tempo acostumado com a secura, que quando acontece de não ser a gente nem vê.

domingo, 18 de outubro de 2015

os desajustados

Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que derrubam coisas.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que tateiam sem ver.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que saem e não se preocupam em voltar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que perdem o sono e mesmo assim continuam.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que se derretem em levezas breves, brutas, abruptas, pequenos socos no estomago e uma vontade incessante de não parar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que morrem de amor por uma barata, que se deixam levar pelo cheiro, pelo tato, pelas papilas gustativas tão bem enfeitiçadas, pelo gosto que se sente quando não se explica, não se espera, não se sabe.
Eu amo pessoas desajustadas, aquelas que que perdem as estribeiras e não desistem da mania absurda de errar e errar e errar e errar e errar e errar mais um pouco e continuar percebendo que mesmo naquele pequeno fracasso do depois o milésimos de segundos que haviam sido infestados pelas remotas histerias das quais ela sofria.   Ela é a desajustada.
Eu nem consigo falar mais... eu só queria explicar, explicar um pouco, mas não da.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

DOR

Sem saber o limite vou indo, errando aqui e ali, um jeito absurdo de ser, um jeito que. Não me interesso por nada, e quando me interesso perco o sono. Não sei me relacionar, definitivamente. Não sei os limites. Não sou do tipo fácil, do tipo que se compreende instantaneamente, muito menos depois. Tenho complexos, problemas, traumas, medos, essas coisas que a gente tateia, mas quando toca se assusta. Sou do tipo insuportável, mas do tipo que ama. E eu amo tanto!!!Isso me acaba. Uma dor de pensar em como ser. Eu sempre penso:: como? Não tenho respostas, nenhuma, nada, absolutamente nada. Durmo porque amanha, quem sabe, eu esqueço. Durmo. Um dia depois de amanhã, um sopro de vida. A insustentável leveza do ser. 
Nem sei ate quando eu aguento...

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Monstros horríveis

As vezes cansa um pouco a montanha russa. Esse vai e vem no meu corpo, na minha cabeça, na minha sanidade mental. Não da pra aguentar por muito tempo essas míseras e doloridas explosões que acontecem inesperadamente. Duas, três explosões por dia. Acordar bem não significa nada, o dia é um leão que a gente mata antes das cinco. Depois é pior, a noite os bichos aumentam, viram uns super leões que dão medo. Eu não sei mais o que fazer, eu tentei, eu tento, mas as vezes eu  queria só parar a roda e respirar um pouco. Só isso,  sem monstros horríveis, sem medo e sem esse buraco de uma roda que gira incessantemente.

Eu não vou desistir

domingo, 13 de setembro de 2015

SEGURAR A CORDA

Me sinto tão cansada, ja escrevi e disse isso mil vezes. Mas é exatamente a palavra que me descreve. Eu vivi coisas demais, e ter saído de casa aos 16 anos não foi tão simples assim. Me sinto sozinha, como se me faltasse um lugar seguro no mundo, como se todas as fronteiras entre a minha infância e o que sou tivessem se rompido. Só existe essa Dayane, essa de agora, sem família, sem casa, infância, sem nada. Absolutamente nada. Eu tenho uma casa, meus livros, minhas roupas, meus documentos, mas tudo isso é insignificante e em muitos momentos essas cosias me aprisionam. Nunca imaginei que fosse viver tanto, achei que morreria antes dos 28. Estou exausta. As cobranças, as responsabilidades, a necessidade de dar certo, me consomem. Minhas histórias de amor foram destruídas pela minha cabeça, um corpo carregado de traumas, eu existi demais. Imaginava que com o tempo as coisas mudariam, a maturidade incubaria a falta que me fez fugir de casa na década de 90. Sinto que as coisas não me cabem, como se uma força me dissesse que nada, nunca, nada será suficiente. Me sinto cansada, e confesso que penso muito sobre a importância de continuar. Talvez eu devesse fugir de novo, mas pra onde? Nem sei se adiantaria, tudo me acompanha. Vou passar um tempo em outra frequência, é o jeito que encontrei. Sem álcool, sem cigarros, sem drogas. Vou parar um tempo, viver de agendas e rotinas, livros, músicas, amigos e uma abstinência absoluta de tudo. Talvez me ajude, talvez não. Vou trocar o cigarro branco pelo de palha, o álcool pela água e as drogas pelos livros. Eu preciso parar um pouco, me sinto exausta, não da mais pra continuar, eu não consigo. Preciso passar um tempo cuidando da minha cabeça, lavando a alma e estabelecendo mais uma vez o equilíbrio de tudo. Estou exaurida, faz anos que não sei me controlar, uma intensidade absurda. Tudo isso vem me consumindo, esgotando minha energia, meu desejo, minha fé em mim mesma. Me sinto muito cansada, preciso segurar a corda que tem me enforcado, ou então eu chuto a cadeira e me dependuro de vez.

Sóbrio

A vida pede mais...
Ela exige que o corpo esteja sóbrio para compreender a parte que lhe cabe da insanidade não institucional.
Chega a doer o osso.
O cotidiano é a pior forma de estar

domingo, 6 de setembro de 2015

Sobre andanças

Hoje eu passiei  de novo, fui em vários lugares. No bairro japonês, na feira japonês, na Sé, no caixa cultural, no CCBB. Fui no cinema, na praça, andei de metrô e muito a pé. Envelheci. Antigamente as coisas me surpreendiam mais, e eu me deixava levar por uma certa beleza do mundo. Mas hoje eu ando achando as pessoas tão tristes, melancólicas, vazias, uma estranheza dentro dos olhos, um medo incutido no andar de pressa. Uma secura de tudo, um cinza esmagador e uma pressa sem sentido. Fiquei em silêncio quase o dia todo, desde ontem. Todas as cidades infelizes se parecem e cada cidade feliz é feliz a sua maneira... Anna Karenine se surpreenderia com a catedral da Sé. Linda, imensa, altiva e forte. A religião é algo onipresente, ela amarra silenciosamente cada pedacinho desse nosso país. Ando invertida para o lado de dentro, é uma fase, já tentei correr dela, mas ta enraizada demais.  Não sei se eu to feliz, to tranquila e com medo ao mesmo tempo. O futuro é muito incerto, e a gente fica tentando encontrar o sentido das coisas.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

E.T

Eu penso realmente que ela deve achar meus amigos uns Ets. Ela deve achar minha vida uma loucura e não é sempre que eu sustento tudo, fico no meio, tentando equilibrar a dor. Não da pra deixar nem uma nem outra puta com essa coisa "que saco". Como é que se continua?
A dificuldade de ser...
Uma merda! Uma imensa merda.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

MEU CÚ É MINHA CULTURA


BERNARDO GOUVEIA

Eu gouveia me entrego de corpo e alma À pintura, a arte me consome o sangue os ossos minhalma repleta de poesias transborda em cores e ideias.Não há outro caminho para mim que o cavalete as pastas cromatizantes e os paineis. Pinto visceralmente e me entrego a  sorte perigosa da arte. Não pinto para agradar nem a mim .Pinto por transbordamento a vinte e um anos sem, sequer flertar com qualquer outra pratica.Entregue aos vendavais e tiranias imperiosas do inconciente coletivo ;todos meus nervos,meu figado,meus pulmões anseiam pela poesia de um objeto pictorico que persigo e alcanço temporariamente enquanto me atravessam temas,series, conceitos plasticos.A unica excessão que faço é a leitura de Jorge Luiz Borges.”VIDEMUS NUNC PER SPECULUM” O que podemos alcançar no mais profundo das estrelas está no mais profundo de nos mesmos (de um conto de Borges);Deus tenha misericórdia de minha entrega, oxalá haja retorno,Amém.

Sabe, Be!Eu me entrego demais, e tenho medo que não tenha retorno nenhum, ou que no final não exista sentido. Eu me entreguei a você, mas tive um medo absurdo da loucura. Eu flerto com ela, de longe, do outro lado da calçada. Me da medo quandocela atravessa a rua, não sei se consigo. Te admiro do lado de ca, em silêncio, te vendo nos entornos, correndo desse encontro. Minha vida mudou tanto desde aquele dia, uma porrada de amigo deixou de ficar, outra porrada desistiu e teve uns gatos pingados que ficaram. É assim, não mesmo? Meio solitário e amargo. Ando sozinha demais, e como boa consumista me agarrei aos filmes, as velas e aos chás. Espero que você esteja bem, do jeito for, do jeito que dá. Admiro sua coragem, sua força e suas dores. Admiro seu jeito de se entender com a arte, acho que na contemporaneidade os artistas são assim. 

DESSES ARTISTAS QUE AMAM DEMAIS




Um amor

Sabe o que eu acho que estragou tudo? Eu comecei a ser grosseira demais com você. Era meu jeito de gritar que as coisas não estavam bem.
Você não merece isso. Nem eu!

B.G

"Nunca serei grosseiro com você, porque antes de sê-lo, eu vou chorar" b.

Uma dose de vodka, por favor!

Não da pra saber muito, não da pra saber quase nada, somos imbecis demais pra dar conta de existir. Somos burros. A gente perde a oportunidade de se entregar mais um pouco, de arriscar a segurança, de ser amor com o corpo todo, com a buceta aberta e a alma doendo de desejo. Tem muito desamor nessa vida, e o objetivo é sobreviver à infância. A família e o social estragam o pouco de dignidade que temos. É tanto não! É tanto eu mesmo! É tanto medo! É tanto deserto! Fica tudo vazio, mas a gente se agarra aos pais, os parentes, a poupança, a segurança de um colo cheio de silêncio. A segurança é a pior invenção existencial. Se não tiver segurança a gente desiste, e pensa que é melhor manter o que ja tem! Balela! Imbecilidade! Burrice! Não me comovo com vocês, seus imbecis do crédito e das viagens pelo mundo. Não me comovo com vocês! Não acredito que seja verdade, que seu egoismo faça sentido, que sua cara lavada e seu desrepeito comigo tenham algum valor. Tem dias que meu corpo amolece, minhas mãos tremem de raiva, sono, um eterno sono, uma dor... Que merda! Que merda! Que merda de vida. A humanidade adoeceu, as pessoas estão doentes, ninguém ta dando conta, mas a gente se engana. Só sei me relacionar com pessoas incríveis, aquelas com suas mediocridades sinceras e amores eternos. As pessoas retornam para os seus lares seguros e eu me recolho no furacão solitário da minha vida, sem nada, sem ninguém, sem família, sem amores, sem beleza, sem nada, só a minha vodka e meu cigarro.

ESTAFA

To cansada de ser forte. De ser explosiva. De ser a que sempre da conta, a que sempre pede desculpas. Cansei desse trem aqui dentro, ele é enorme e fica andando no meu peito de um lado para o outro, apertando os buracos, fechando as janelas, queimando meus desejos como se eles fossem rascunhos de alguém que eu poderia ser.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PARA SAMU...

Samu, eu não te conheço mais.
Mas, sua dor me parece tão legitima!
Te compreendo, mesmo em tamanha inconstância.
Gente que se da demais me comove.

Cartografias sentimentais

Tenho me dedicado a loucura.
Incessantemente.
Antes de sair de casa, antes do almoço, antes da hora do fluxo intenso do meio dia.
Tenho me dedicado ao inexplicável.
Há horas doces e leves, e também há horas de alívio.
Tenho me apagado aos pedaços.
Restituído as lembranças incertas.
Sem medo de dor!
Sem medo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

domingo, 23 de agosto de 2015

Fracassos

Quem disse que a vida seria fácil, que nossa cabeça compreenderia todas as bifurcações da realidade?! Que nós nos confundiríamos?! Um abismo entre a sensação e o que de fato acontece. Construímos nosso mundo cheios de falhas e imperfeições, mas ele que nos cabe, é ele que nos abarca. Existe uma distancia imensa entre o que somos e o que sabemos de nós. A infância e a velhice são certas, o amor é uma escolha, o meio do caminho entre existir e viver. Nem sempre eu escolho a vida, meus momentos de solidão são espelhos, a vida é um rastro difícil de apalpar. Minha casa é linda, meu templo silencioso cheio de santos e incensos. Uma mentira ou uma salvação, nem da pra saber ao certo se isso existe. A gente vai levando, se segura no que da pra manter a sanidade. Mas, não da pra saber exatamente os limites do real, aquela fronteira que define o infinito. A gente inventa, não quero continuar em nada pela segurança do alivio. O fracasso e a desilusão preenchem a alma de um pouco de vida. Desistir não é fácil, principalmente no meio de uma sociedade obcecada pela estabilidade e uma possível alegria. As pessoas merecem enlouquecer um pouco, se permitir mais, controlar um pouco menos. O controle cria uma ilusão enfadonha capaz de engolir as instabilidades inerentes a existência. Sem instabilidade o que é que nos resta? Hipocrisia e um cotidiano cheio de mentiras perversas. Nesse ponto o sexo se tora um refugio, a garantia de um gozo eterno, uma felicidade medíocre. Eu adoro trepar, mas e ai? A mulher mais gostosa e o homem barbudo criam em mim a segurança do alivio imediato, do desejo de ser desejada. Mas, e ai? Acordamos todos os dias pela possibilidade de um novo encontro, um novo começo. Mantemos as relações fracassadas pelo costume de se sentir amado, mas se sentir amado não garante o gozo eterno. Então, é nesse momento que experienciamos o paradigma da existência: a segurança do amor enfadonho ou a instabilidade de um amanhã incerto, repletos de não e de fracassos. A incerteza dói. Ninguém ensina na escola que  vida ultrapassa os livros, a carreira, a casa, os filhos. A vida é uma obra inacabada, o instante entre o sopro e a absorvição. Por mais que se fale de amor, e ele se torne o único objetivo que faça os dias valerem mais que as funções, não se sabe dele. O amor é aquele instante entre a vida e a morte, o espaço entre o tempo, o desconhecido que nos descontrola e nos emociona. O medo é o grande vilão, o amor é a lua de todas as madrugadas melancólicas onde o medo nos abandona. Sem medo tudo é possível, é daí que nasce a sensação da vida.

sábado, 22 de agosto de 2015

O amor é a coisa mais linda que me doeu.

E ainda dói.

Um sopro

A vida é completamente cheia de dúvidas. Incertezas. Inconstâncias. Levezas breves, intensidades curtas. O tempo corre e a gente nem percebe a hora, o minuto seguinte é maior que a espera, desistimos antes mesmo de recomeçar. O tempo perdido vale mais que o arrependimento. Dentro do peito uma bomba relógio efervescente crava o gosto pela vida. Meu nojo de mim, minha certeza de fracasso, meu medo de dizer não, corrompem... Mas eu não duvido de nada. A vida me risca inteira, os pedaços amassagados de restos. Preto e branco, quem disse que seria colorido?! A vida não é colorida, é preto e branco, as vezes ela fica colorida. Que coisa mais clichê, uma regra que desmente ela mesma. A vida é e ponto. Não tem vírgula, nem adjetivo, a vida só te sufoca de verbos e verbos e verbos e nomes próprios, indescentes, acrescidos de um sentido que não é o meu e nem o seu. É necessário uma pontada de tristeza pra compreender a fé. A vida nada mais é que o peito esmagado de rosas ao som de pontapés. Uma vida breve e leve, uma leveza pura e esmagadora.

domingo, 16 de agosto de 2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Minha mão quebrou

La vem aquela velha história, de novo, mais uma vez! A gente não esquece, né? Eu lembro porque nesse exato momento entrei naquilo que o Caio chama de ciclo seco. Um momento onde nada é muito interessante, a gente simplesmente vai indo. Coloquei o Cd da Maria Bethânia, aquela música linda "Carta de Amor". Depois de ler um texto da Clarice e outro do Caio eu pensei: porque? Não tive resposta. Essa coisa de resposta é raridade, a gente vive mesmo alimentando as perguntas. Minha casa cresceu junto com a conta bancária, perdi as incertezas. Não todas, mas aquelas bestas, românticas, idiotas. Saudade do tempo onde eu acreditava que. Cansei um pouco de. Nem beber tanto eu bebo mais. só faço um. Mais alucinada que nunca. Antes eu doía pra fora, agora dói pra dentro. Bem no fundo, em silêncio. Eu não importo, to confiando no futuro. Mesmo sabendo que isso é uma bobagem, mas a gente se engana, ta valendo. Nessa conturbação contemporânea ta valendo tudo, até se enganar. Vale fechar as portas, esconder os segredos, guardar as pertubações, ou então, a gente enlouquece. Acendo incenso, vela, colho uma arruda e um alecrim, coloco no altar, rezo um pouco, acendo uma Alice, um vinho, uma vontade. Me cachimbo quebrou, caiu porque minha mão andava fraca demais, foda-se. As coisas quebram e não nos interessamos mais por elas.

Simples

Saudade do tempo em que eu lia poesia. Pronto! Nada mais!

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Por hoje

As vezes a gente desiste do amor pelo simples fato de não dar conta, do cansaço se tornar maior que tudo, e aquele simples desejo de futuro deixa de ser importante. A gente se acomoda ao presente, ele tem suas intensidades, mas o desejo guia tudo, então não da mais. Não da mais pra tentar, e não é por falta de amor, é pelo cansaço dele. O amor é o limite, a dor imensa e o prazer absoluto. Quando se ama demais aprende-se a viver no limite, ou a gente pira ou goza deliberadamente. Gozar deliberadamente tem suas dores, dores tão delicadas, elas arrancam pedaços, um monte de pedaços. Eu não gosto de falar de amor, é confuso, da medo, dói. Que merda. Que imensa merda dentro do peito. Flores coloridas e ventos frescos no peito. Isso! Eu só queria isso! Vento no peito! Meu coração ta apertado feito cara de maracujá azedo. Incerteza. Eu vou amar você em dia próximo é ridículo. Bateu, bateu!Não bateu, esquece! Mas deve-se dizer, mesmo em um dia próximo. Por que? Eu não quero deixar ninguém esperando. A verdade sempre aparece. Eu não tenho mais tempo a perder. Eu não tenho mais tempo.

sábado, 1 de agosto de 2015

terça-feira, 28 de julho de 2015

Por tudo

Meio santa meio puta. Bem clichê. Desse jeito arrogante e doente de tudo. Uma intensidade absurda diante da vida, mesmo que lhe rasgue o peito. Vai indo, um pouco pra lá um pouco pra ca. Desistindo de certas horas e em outras morrendo aos poucos. Meu corpo desiste mas eu sigo, continuo porque não me resta mais nada, somente esse cheiro dolorido de vida. Lá vai a alma, podre de si, mas insiste na eternidade. Meus cabelos, meus cabelos andam oleosos feito babá. Falta de ar, tosse, meu nariz não respira, meu corpo. Azia, ânsia,




Não consigo mais.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

TRAUMA

Eu tenho um monstro engasgado no meu peito, não da pra fingir. Minha família é uma ilusão, ela não existe. Aos 16 anos descobri a falta, e ela embaralha tudo. Ninguém supera um abandono, uma catástrofe, um trauma de maneira absoluta. Os resquícios do abandono coagulam  a tranquilidade cotidiana. Não é possível continuar fingindo que não existe um buraco negro, um nada separando tudo. Carrego a culpa de não amá-los como deveria. Minha liberdade é enlouquecedora, proporcionando territórios desconhecidos, solidões devastadoras, medos absurdos, e uma carência que debocha de mim no espelho. Minha família me faz lembrar de todos os detalhes assustadores, das milhares de vezes que não me reconheci com o sobrenome que me deram. Quando esbarro com alguns parentes minha identidade se desfalece ladeira abaixo, sigo em queda livre, um constante desespero gélido engolindo as esperanças. Nada de infinito existe depois de um trauma, tudo é carregado de um fim, e o que salva o desejo contínuo é o desconhecimento da data da morte. Meus pulmões escuros agarram-se a fumaça acalentadora da solidão, tornando os delírios noturnos minha única fonte de esperança. Minha realidade paralela é a realidade que existe, somente eu, meu devastado e machucado eu, meus membros dispersos pelo espaço, meu eu que não existe, minha falha existência traumatizada, minhas inúmeras faces, meus fragmentados eu's, somente eles reconhecem a ilusão dos laços sanguíneos, e consequentemente a perdição do que a maioria chama de realidade. Me sinto exaurida, cansada de todas as regras sociais da mais valia. Não desisto porque sou covarde e a infinitude da morte me assusta. O que é que vale mais, meu medo ou meu trauma? Meu corpo gordo carrega dentro da pele a flacidez inócua de quem resiste. Bravamente levanto todas as manhãs e digo: não importa, mesmo que digam o contrário, eu hei de me encontrar em alguma esquina, dentro de um copo, um canudo, um banheiro sujo. Eu hei de descobrir o porque disso tudo, o sentido dessas coisas inalteráveis. Eu hei de seguir adiante, apesar de, independente de. Eu hei de superar o monstro engasgado na minha garganta, a família desconhecida e a infinitude de um trauma. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Sobre a criação

Globalização: estar conectado é uma regra. Eu Sei de tudo, mas não sei de nada!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Em breve

Um dia ela retorna, um dia.
Um dia ela para com essa de academia, de disse me disse, de citação e nota de rodapé.
No meu pé tem paixão.
Meu braço quebrou em três.
O acidente foi grave.
Dez pontos.
Ontem bati a cabeça de novo, doeu.
Quimioterapia.
Sono, muito sono.
Enjoo.
Três passos para trás.
Um unicórnio anda dormindo embaixo da minha cama.
Escuto a terra tremer, ela sacode silenciosamente os podres da humanidade.
Nada vai mudar.
Nada.



Pode ser que.


Sem dó, por favor


Tenho um amor do tamanho da Alice


Hoje

Sinto falta de poesia...

Ela.

Vez ou outra a gente sente saudade e não sabe porque. Não da pra entender muito bem como as coisas se transformaram dessa maneira. Tenho pensando muito, esfriado o coração, mas não deixo de sentir saudade das madrugadas rodeadas de bobagens, livros, supermercados e porcarias deliciosas.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Amor.

Não sei onde eu perdi o desejo. Não sei onde as coisas começaram a desgringolar. Um dia eu não aguento mais. Um dia.

domingo, 28 de junho de 2015

Ossanha

Sou tão destrambelhada
Tão idiota!
As vezes eu fico mais, depois menos, depende da temperatura.
Sou clichê!Clichê pra caralho!Nada Revolucionária e excessivamente altruísta. Tudo isso me impede o desabafo desenfreado.
Sou marrenta, bobona, imbecil.
Sou do tipo que pede desculpa e não perdoa uma traição, principalmente dos amigos.
Odeio decepção. Odeio sentir esse tanto de coisa. Odeio ser desorganizada. Odeio teatro. Odeio artistas. Odeio gente que se acha. Odeio o tipo de gente que não sabe discutir. Odeio gente que não se expõe.
Aquele tipinho que fica escondido atrás das justificativas, atrás da capa de bom moço, atrás da manta da santa, atrás do hippie com a conta lotada, atrás dos discursos libertários revolucionários ceticistas excludentes. Bando de religiosos segregacionistas.
Sempre lembro do Vinicius:
"O homem que diz "dou"
Não dá!
Porque quem dá mesmo
Não diz!
O homem que diz "vou"
Não vai!
Porque quando foi
Já não quis!
O homem que diz "sou"
Não é!
Porque quem é mesmo "é"
Não sou!
O homem que diz "tou"
Não tá
Porque ninguém tá
Quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor..."

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Registro.

Só gostaria de deixar registrado que o facebook, o Whatsapp e a internet são uma ilusão.

ESSA É O TAMANHO DA MINHA DOR... TODA ESSA


PORTA-RETRATO


AUTO-RETRATO OUTRO


AUTO-RETRATO


Perdi o rumo... (não é legenda, é título mesmo... produção!Produzir! (Isso é pra morrer )


Tem um tanto de coisa que não me interessa, mas outras me interessam... muito!Coração avisa, Otto, ahhhhh.... Avisa!


Faz tempo que eu não volto aqui só pra dizer o quanto as coisas me referem...

Me fere a mágoa
Me fere a decepção
Me fere a lembrança
...
...
...
Me fere não ter lido todos os livros do Dostoievsky
Me fere não conhecer mais
Não saber menos
....
Me fere o medo
O medo de tudo
...
...
...
A inconstância
...
O dessabor
...
O desejo

...
...
...
...
...
...

Quando eu perdi você ganhei a aposta.



domingo, 14 de junho de 2015

Minutos

Ela anda tão esquisita...ah, essa menina!Nem faz valer a pena, deixa-se escorrer feito lama traída. Uma vez ou outra faz bem dar conta dos dias, das horas, dos minutos. Os minutos são metáforas mal feitas, frustrações. Fracassos, eles doem, mas não tanto...

6 flores

Nasceram flores no canto de um quarto escuro, mas eu te juro meu amor são flores de um longo inverno.
É... são! Brutas! Abruptas!
Meu corpo sucumbiu.
Luto.
Pequena morte.
6 minutos, Otto. Quem diria, um tempo bem longo, um inverno que não acaba nunca, eu sei. Dói cada pedaço, não da pra saber direito o que fazer, a gente segue. Um desespero entranhado, uma cura. Eu quero que passe.
Até pra morrer você tem que existir.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Retardadices

As coisas vão mudar, tenho certeza. Um pedaço do espaço arranca o tarot de dentro da minha cabeça, meu corpo sai dançando e em trapos eu espero. Tem horas que é quase insuportável sentir tudo isso, cansa. Alguma coisa mudou, la dentro tem se formado pedaços de rochas, imensas rochas minusculas. O silêncio tem me feito forte. Escuto tudo isso e quase elouqueço, um nível leve de esquizofrenia.

Peixe.

A noite é maior que tudo, e dentro desse lugar ela engole.



sábado, 23 de maio de 2015

Pequenas árvores

Descobriram os muros da minha garganta. Chafurdada no lodo grosso do dia a dia, esperando que caia do céu uma nuvem, lhe carregue pra bem longe dos pedaços gosmentos do verde musgo. Estarrecida. Pensei que seria. Me sinto tao velha pra tudo. Preciso parar de fumar. Diminuir os cigarros e as gotas. Meus cabelos andam raivosos, as pernas gordas e flácidas arrastam a coluna torta e seu cupim. Meu peto pesa, ele é grande demais, 46 o sutiã.  As vezes compro os de mulheres grávidas, são mais firmes. Eu só quero deitar um poucos. Ficar quieta dentro das minhas subjetivações, meus traumas, minhas varizes. Me deixe quieta que eu morro aos poucos. Quero voltar a desenhar. Tenho 46 personagens, cada dia eu sou um deles, as vezes aparecem até 5 no mesmo dia, é uma festa! Eles me ajudam a me imaginar quem sou, quem sabe um dia aparece alguém, olhe dentro dos meus olhos e diga: Eu sou você! Que coisa mais brega. Prefiro os 46 brigando pra ocupar seu lugar, todos merecem. Eles são tão diferentes uns dos outros, estrangeiros do mesmo corpo. Eu criei cidades pra eles, imensas cidades vivendo dentro de mundos enormes, galáxias infinitas. Eu sou tão pequenas, as vezes me acho gorda. Irresponsável. O problema é a monotonia. Eu preciso criar uma peça, com meus 46 personagens, todos em cena ao mesmo tempo, seria psicodélico se isso acontecesse. Imagina só?! Um estouro! Meu corpo não aguenta. Plantei minhas pequenas árvores.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Divagação entorno....

Penso que um dia vai chegar o momento em que a arte se tornará mais um elemento integrado ao sistema biopolítico. Uma fábrica de produções saudáveis para manter a vida funcionando perfeitamente bem. Nada de grandes intensidades ou insanidades insólitas. Nada de vida ou morte, mas produções cegas e insensíveis sobre a metodologia na qual se deve pautar a criação. As estrelas explodem em nossas cabeças produzindo tanta energia que o "artista" não significa absolutamente nada em meio a produção em serie e uma sociedade faminta de humanidade. Precisamos morrer por dentro, destruir essa linha que foi criada, a lógica do sucesso obsoleto e do amor como produto.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Sobre o Holocausto

Zona cinzenta

O limite entre o meu testemunho e a verdade. Entre a minha culpa e a minha responsabilidade. Entre o que fiz e deixei de fazer. Entre o que eu sou e a minha imagem. Entre a faca e o corpo. Entre o desejo e o limite. Entre oprimido e opressor, ou vice-versa.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Eu por mim

Eu gosto de escrever.
Quando me leio as palavras me apresentam a mim mesma.
Escrevo pra não perder o rumo das coisas.
As vezes faço teatro pra isso, as vezes não.

Para Samuel Sudré

... que não deixa de achar que eu nunca sou importante. E me lê! Em dias inesperados e por horas que eu nem sei porque.





Te amo.

Uma barata poeta

Queria tatuar duas frases do Manoel de Barros:

- Perder a inteligência das coisas para vê-las
- Esconder-se por trás das palavras para mostrar-se

Hoje fui apresentada a um álbum tão qualquer coisa que eu não saberia dizer o que é.
Me sinto como aquelas pequenas teclas deslizando o contato com alguma coisa desconhecida.
Abandonei a poesia pelo simples medo de perdê-la. Ela me veio em horas de tanto desespero que perdê-la me deixaria mais perto da morte.
Nesse instante me consumi de novo.
Como a brasa do cigarro.
Como a fumaça do cachimbo.
Como a fina areia branca derretendo em sangue meu nariz.
Tenho me apaixonado tão pouco.
Deslizes, Manoel de Barros. Deslizes. Pequenos deslizes se alimentando do meu osso. Eu me sustento como? A carne é fraca!!!!A alma é pior ainda.
Agradeço a Deus que alma não precisa de osso.
Mas, eles doem.
Meu corpo pesa.
Minha cabeça não aguenta tanto corpo.
O peito se afunda um pouco, é de la daquele fundo onde se pode ver as arestas. Os curumichos. Os dragões. Uma poesia barata. Uma barata que almeja ser poeta.
Escorreguei pra dentro.
Sem osso pra segurar.
Não posso perder o desejo.
Não posso perder o desejo.
Não posso perder o desejo.
Perder as palavras pra me mostrar.
Perder-se um pouco pra tentar ser pluma.
Se enfiar com a cabeça pra dentro dessas coisas que ainda não sei onde ficam.
Me importar de menos.
Não saber é saber tudo.
Um corredor, uma janela e nenhuma porta.
A vista é alta demais. E o medo, as vezes, só as vezes, é pequeno.
Tem hora que prefiro medo grande. Tem hora que prefiro medo nenhum.
A gente não escolhe.
Ele vem ou não.
Ele vem ou não?
A espera desliga a surpresa.
Desliguei as luzes da casa, será que a surpresa me acha?
Janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho...
Sempre achei bonito dizer: J-U-N-H-O
Junto.
Pego.
Apego.
Perdi o fio que segurava a coluna em pé.
Meus pés pesam dentro de mim.
Oco.
Oco.
Oco.
Tão barata essa menina.
Um barato.
Uma barata poeta.




segunda-feira, 11 de maio de 2015

Estado de sítio

Acordei com uma chuva fina. Demorei sair da cama. Dias longos, necessidades cruéis. Chorei um pouco. Comprei cenoura e couve, deve ser anemia. Fumei meu cigarro. Separei alguns livros do Agamben pra ler. Os estudos seguram meu bom humor, os estudos ou as rezas, as velas, as crenças. Cotidiano insuportável. Cotidiano seco. Odeio o cotidiano. Queria ficar pelas bandas de tchapas pra sempre, renova a fé.

O que resta de Auschwitz? Resta um medo do ponto em que podemos chegar.

domingo, 10 de maio de 2015

Podre

Cansei do mundo.
Cansei das pessoas.
Eu não consigo viver em sociedade.
Eu não consigo achar graça nas coisas.
Eu não consigo me enfiar na multidão.
Eu sinto dores no meu peito, na minha vida, na minha cara.
Os ombros pesam toneladas, e aquela imbecil historia de almas me fez perder a crença.
Meu olho inchado.
Peso.
Pessoas.
As pessoas me cansam.
O mundo me cansa.
As vezes penso em cair fora daqui.
Dar uma chance pra depois da morte, ninguém sabe como é.
As vezes fico quieta, cada vez mais quieta. Não consigo suportar o mundo.
As espectativas.
Os frustrações.
Essas são suportáveis.
Não consigo suportar pessoas.
Pessoas de ego pesado, aquelas que se protegem de tudo e de todos dentro de uma pequena máscara social, intelectual, discursos vazios, necessidades compradas.
O ser humano é podre por excelência.
Uns mais, outros menos.
A tentativa na terra é única e exclusivamente a de ser menos imbecil.
As vezes eu viro um monstro. E dói. Dói cada centímetro da decepção, da frustração, da falta, e daquele pedaço que quebra e pronto.
Cinzas.
Farinha.
Areia.
Sinto meu peito esgotado.
Pupila inchada.
E o quarto tem claridade demais.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

No princípio era o verbo, e no fim a dor

Eu ando tão desiludida com a vida, com as pessoas! O modo como a proliferação de certezas tem feito surgir "verdades absolutas" completamente desumanas e sem sentindo. Os nazistas querem destruir os judeus, os americanos os árabes, as feministas os homens, os machistas as mulheres, os heteros querem acabar com os homossexuais.... E por ai vai, e por ai etc e tal. Generalizando os ideais busco uma metáfora mal feita da sociedade.
É tanta sujeira no mundo.  A podridão escancarada do ego. O fanatismo religioso. A intolerância exposta. Quando paro um pouco e olho as caras dentro da multidão a tristeza é profunda. Reduzimos o amor a nada, transformamos a empatia em discursos vazios sobre ideologias e crenças. Colocamos no mesmo balde sujo pessoas completamente diferentes, sem levar em conta o contexto único do indivíduo e da relação.  Anulamos o auto-sacrifío saudável, transformamos o saudável em lixo. Ninguém se sacrifica por nada, ja que "ser feliz" é a moda do momento, ou melhor, o próprio umbigo é a onda da vez. Perdi pessoas pela dispusta do certo e errado, arrecadei inimigos pelo simples fato de não poder aprofundar conflitos. A intolerância tem consumido o respeito. Enchemos a boca pra falar de afeto, pra vomitar discursos sobre o amor, e somos incapazes de arrefecer o ódio. Pra onde vamos? Temos medo da morte, de todos os tipos de morte. Esperamos muito e cobramos demais. Adentramos na era melancólica, onde cada um tenta superar a sua dor, causando mais e mais dor. "Precisamos retornar ao início, o lugar onde a humanidade tomou o caminho errado".
Falo tudo isso de um lugar desesperado, de quem vive sem saber ao certo. De quem vomita discursos sobre o amor, nas é intolerante com a falta dele. Talvez eu realmente esteja no papel da bruxa medieval. Talvez não seja isso. Talvez seja tudo isso. Não sei.
Queria somente a possibilidade de diálogos mais sinceros e menos raivosos.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Vazio

Vocês ja pensaram em desistir? Eu já!
Eu sei que todo problema reside na memória, ela mata. A memória engasga. O tempo, mas agora não se diz mais tempo, é tempo-espaço, como se os ancestrais não soubessem dessa de espaço. Eles sabiam de tudo!Nós é que perdemos o controle e unimos tempo e espaço. Não se une essas coisas. O tempo possuí seu próprio espaço, um espaço de delicadezas, insultos, potências e impotências. De intensidades também. O tempo é generoso, ele nos absorve longe de um espaço material, tratável e incongruente. Espaço é tempo!!!!!!!!Por onde anda o homem, em? por aonde? por quais caminhos ele anda se escondendo de si?  Na intelectualidade. O conhecimento registrado em papel. Conhecimento sincero não se registra, ele não possuí espaço, somente tempo. Escrever isso me cansa.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Não quero ser convidada pra nada, quero que meu desejo resista.

Me apaixonei pelo Tarkovsky.
As vezes penso que o mundo se perdeu, ai vem o diretor Russo e me diz que ele sempre andou assim. Então eu penso que as coisas irão melhorar, ai vem ele de novo é me conta que o desejo pelo poder é pra sempre. Então decido não ser escrava do sistema e me manter a margem dos patrões, não passa nem um minuto e o tal Andrei esfrega na minha cara que é impossível sair do padrão "trabalhadores e príncipes". Pensei em desistir, mas desistir pra que, se tem o silêncio o amor e a beleza de quem se entrega a uma fé qualquer?
É isso!Uma pequena grande fé segurando tudo. Um sino demorado e enorme tocando a esperança, quieta e forte. Um desejo de que o oceano de solaris, de uma maneira ou de outra, apresente meu sonhos inconscientes como âncoras verdades que sustentam o edifício inteiro. Respirar! Cuidar das plantas e dos amores. Manter o foco. Silêncio. Quieta. Frutas e sucos. Chá de hortelã. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Que meu desejo resista.

Ficção

A vida assusta...

quarta-feira, 18 de março de 2015

Simpatia forçada

Simpatia forçada me incomoda profundamente. Prefiro os extremos, as entregas burras e aquela velha frase " eu não sei pra onde estou indo". Prefiro a burrice à emoção forçada. As emoções são caras demais pra gente desperdiçar com comodismos e comportamentos. Quero aquela velha fronteira, aquele velho não sei, aquela coisa meio ultrapassada de "amor demais", mas, amor demais meeeeeasmo. Sem medo!!!!sem medo!!!!sem medo!!!!!sem medo!!!!

Por tanto o medo não existe.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vincent

Aiaiaiaiai acabo de chegar do ensaio do Vincent, e não é fácil, nada fácil. Nada fácil continuar ensaiando sozinha, e depois de três horas perceber que estou bêbada, chorando sentada no chão, me perguntando o sentido de tudo isso. Pra que?por que? Não sei!!!! Março ta esbarrando e já promete uma avalanche de sentimentos!!!! Medo da vida!!!

O que vale são vocês!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Buracos

Descrever buracos, tarefa impossível!
Eles são delicados, chegam silenciosamente, e quando a gente fica calado ninguém advinha! Ninguém se culpa! Somente o dono do próprio buraco.
Seria simples se eles ficassem isolados de amor. Mas, principalmente, eles nascem no amor. Nem sempre o amor aguenta a queda!!!!!
Chega de esperança tola..entrega-se a essas tristezas sem fim..... Esses buracos....

Buracos. A propriedade básica de uma lágrima é um buraco. A destreza é admitir a complexidade de sua formação. Os pontos, as bifurcações, o entre.

O amor sempre abandona, já dizia Vinícius, que seja eterno enquanto dure!!!!!! O que é que dura? O silencio?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Silêncio dentro do mundo

Hoje eu escrevo do lado de quem olha pro mundo um tempo e suspira dentro do tamanho de um silêncio doído. As pessoas vivem passando umas por cima das outras, os bobos sensíveis se estacionam na esquina, por lá eles ficam, se aquecendo de cachaça, sem identidade e endereço fixo. Não é fácil manter as esperanças, o emprego, a boa vida. Não é fácil admitir uma certa crueldade inerente ao sistema das oito horas por dia. Os melhores serão sempre os piores e os fracassados serão sempre as boas almas que passaram despercebidas. Quero ficar em silêncio. Quero a invisibilidade do meu cantinho cheirando amor madrugada adentro, mesmo roendo de sinusite no dia seguinte. Não, eu não quero ser a melhor, porque dos melhores o pior nasce sem aviso, assim, como se fosse uma necessidade. Não, eu não quero viajar o mundo todo e ter milhares de amigos, quero a quietude de uma noite com quatro xícaras, uma nota de dois, um baseado e um bom livro. Quero ficar quieta, ouvindo Lhasa enquanto um amigo toma seu banho, enquanto aquele outro cuida da filha, enquanto o terceiro afunda no colchão. Quero me aquecer com cachaça sem ter que exibir minha foto no facebook, quero dizer que sou menos, quero fazer bem pouco, quero acordar cedo e tarde, beber chá e vinho, fazer piquenique, rolar de rir da samambaia flosflorescente. Quero bater a cabeça na parede de tanto rir, abrir a peneira sem perceber que fiz força demais, quero explicar a formação de uma torrada com requeijão enquanto não consigo engolir. O sistema é cruel. O pobre sem escola e sem oportunidade continua sendo o excluído das bolsas universitárias, o preguiçoso sem atitude, o favelado das cotas sem bons professores no ensino básico. É um ciclo vicioso. Um sistema de merda que massacra, que engole e cospe pra fora depois de um tempo. Eu quero minha burrice inútil, minha tranquilidade de saber que fiz tudo com o coração na mão, meus caminhos tortos e minha tristeza segura. Quero dançar na sala de drinks derramados, de um ajudando o outro, do sol nascendo forte enquanto apagamos as velas.
Cansei dessa coisa de quem colhe planta, mentira pura. Não é assim que funciona. Nunca foi. Muitas vezes quem planta é roubado silenciosamente no fim da noite, é exatamente por isso que outros colhem tanto. Quero plantar menos e colher menos ainda. Quero afundar na terra e viver das raízes. Quero a calmaria de quem pega o silêncio do amor.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Led dois

Led, dança pra mim L'absent?!

Led um

O led começa cheio de frisos ao seu redor. Enquanto ele dança os amigos retiram as garrafas. Ele continua, sendo interferido e perfurado pela sua própria vida que junto aos Racionais explica um pouco a historia de todo negro de periferia do país.

Ou...

Você pode pensar que não passa de uma historia boba, para comover quem precisa só de um pouco de leveza e um cigarro na vida.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Distancia

Quero aprender francês e espanhol. Quero sumir daqui. Me instalar em algum lugar. Distância. Ausência. Sofrer a solidão dos estrangeiros. Um corpo sem pátria. Uma voz desconhecida. Caetano e Pina. Meu desastre é esse corpo que sente demais. Meu desastre é algo sem nome, um paradoxo constante. A tranquilidade se opondo ao exagero de uma ansiedade sem limite. Acho que ser presa seria uma boa solução. Pensei: quero ser condenada à morte

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Boas novas

Eu nem sei direito por onde andam as coisas.
To tão sem tesão.
E agora?
Estímula o corpo que o pau sobe junto.
É o pinto ou o corpo que tem alma? algum tem?
Entupiram meu tesão
Estou estourando gorduras flácidas dentro... e ao redor de mim
Grossa.
Grosseira.
Grosseiramente inútil e doce.
Minha poesia é barata, sempre foi.
Agora sinto dúvida em tudo
Duvidam de mim? Duvidem!
Ando derretida de amor
Ao se derreter, o doce grudou na pele, (deixem-me em paz separando meu sujeito!!!O verbo que se ferre inteiro) na retirada ligeira levou junto o maior órgão do corpo

Existe uma certeza mística de algumas coisas
é como se eu soubesse... existe um tempo, uma justeza implacável!!!



A dona da tristeza se mudou para o meu quarto.
O mundo pesa ao redor de cada coisa que respira.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Pancada

A madeira continua lá fora, 100kg deitados confortavelmente na varanda. Ouvi Amy e Bjork com o Vitor, ele me apresentou Varg ( acho que é esse o nome), bebemos vodka, saquê e cigarros. 5/pontos e 10. Chegamos em casa tranquilos, felizes pela viagem e a visita. Comemos picanha! Vamos no bolão? Comecei a ler o novo livro do Damásio, mas o medo me interrompia inesperadamente. Tive febre, vômito e dores de cabeça, uma diarreia insuportável. Faz bem sentir o mundo em família, vez ou outra faz bem, senti que faz. Muito sangue. Coloquei o pão de queijo no forno. Preciso começar a estudar para o mestrado, minha mãe é insuportável e minha madrasta sente ciúmes de mim. Viajamos 12 horas, chegamos ansiosos e apreensivos. Decidi não tomar banho, voltei pra varanda. No dia 31 chorei feito criança lembrando da noite anterior, tive medo que meu irmão morresse. O médico disse: minha querida, claro, estou vendo seu osso. Fizemos um drink, festejamos nossa união e nos contamos do passado. Bebemos ate tarde da noite, todos dormiam, em Ituiutaba se dorme cedo. Rimos tanto de nossas bobagens, viramos a vodka, o saquê e a cerveja importada de tangerina.... Encorpada. Sentei na rede e ela caiu,  a madeira de 100kg atingiu em cheio minha cabeça e a do meu irmão. Sangue, muito sangue! 10 pontos na minha, 5 na dele, ele é novo, forte, faz muay thai, se esquivou pro fundo. Fomos no MC Donald e ele disse: magnífico, magnífico esse sanduíche! Bebemos suco de maracujá antes do almoço, fiz macarrão no forno. Chegando no hospital eu perguntei ao médico: tem que dar ponto? Ele me respondeu: minha querida! De perto sentimos o cheiro da girafa e do mico, gastamos R$6 no aquário, chinfro! Meu irmão detesta boné, mas não se pode tomar sol nos pontos, eles doem de tal maneira que, apesar da vida, o desejo é sentir o azar daquela pancada. Chorei deitada na cama, disse que tinha medo de ter ficado com a cabeça doente, qual não é? Dormi de um lado só, pra não abrir os pontos. O médico disse: encontrei farpas de madeira na sua cabeça. Serena. Tranquila. Calma na anestesia, a limpeza do machucado doeu tanto. Lacei as roupas de cama, arrumei a casa, sempre sinto que renova as energias. Pânico do telhado, sempre sonho com a madeira cedendo. Me sinto fraca demais pra aceitar o milagre da vida, dramática demais pra aceitar que estou bem. No desespero chegamos no pronto socorro sem chinelos, a enfermeira limpou meu sangue seco. Os pontos doem? Ouvimos velhas virgens, pink floyd, criolo e um tanto mais. Meu irmão cresceu. Sentei tranquila na varanda, mas a madeira deitada no chão trouxe aquele fiapo de vida. Estou viva. O que faço com ela? Sinceramente não sei. Discutimos teatro, planos, grupos. Sempre acho que vai cair mais madeiras, mais pesos, outras telhas e fiapos de madeira rompendo o fluxo tranquilo do cotidiano. Li o blog da Cida e pensei: será?