Pelo silêncio de todas as horas.
Pelo vazio de uma noite inteira.
Pelas incertezas diárias.
Pelos afetos distribuídos.
Por tudo que foi e ainda é.
O amor não acaba, ele transcende.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
Preta
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Um testemunho
A gente acredita em qualquer coisa.
A gente cria, a gente inventa e isso faz todo sentindo do mundo.
A gente ta perdido feito cego em tiroteio. Então a gente segue o som.
Uma vela, um incenso e um computador.
Me mantenho sem memória alguma ou com todas as memórias do mundo.
Mais leve...
Que seja leve, sempre leve... com a intensidade que tem que ter, que tem que ser. Que respingue fundo e que depois perca o equilíbrio das coisas. E que sinta tão intensamente que quebre ao contrário, e goze, e sinta, e seja feliz como nunca foi... Que morda os lábios e grite até que tudo se torne tão maravilhoso que a vida faça sentindo por um instante e depois de tudo isso as neuroses serão compartilhadas e arrefecidas... Dores tão profundas que chegam a fazer sentindo, um sentido maior que tudo. Onipresença. Essa coisa boba e completamente sem sentindo que a gente ...
Não, não da pra saber!
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Coisa-algo 2
Coisa-algo não é sempre coisa-boa. Coisa-algo pode ser coisa-nada, coisa-boba, coisa-vazia, coisa... Simplesmente coisa!
domingo, 22 de novembro de 2015
Coisa-algo
Vez ou outra esses pedaços mordem, depois te deixam de lado.
É tão simples, pelo menos parece. Mas a gente tem medo de tudo, até de pequenos pedaços.
Noite e dia cê me vem a cabeça.
Passaram-se alguns anos e os pedaços deixaram de morder, acomodaram-se nos cantos.
Faz tempo que não te lembro.
Minha lembrança é recente e tem cheiro de mato, gosto de calmaria, sensação de segurança e esperança de liberdade. Lealdade, sobretudo lealdade. Eu não mudei tanto...
Dizem por aqui que eu enlouqueci, que seja. Prefiro a clareza da ética que a cara alegre mentirosa de boa moça. Eu me recuso. É isso Anaiis... Eu me recuso a viver uma vida ordinária, sempre me recusei. Me recuso insistentemente a ser uma mulher ordinária e estabelecer relações ordinárias. Tudo que é ordinário me da ânsia de vômito. Meus sonhos de água sacodem o navio, pra onde? Não importa. Algum lugar haverá de ser...
terça-feira, 10 de novembro de 2015
AMOR
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
FRAGILIDADE.... OU, A TORRE.... OU, PARA UMA AVENCA PARTINDO
A Fragilidade
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Décimo terceiro dia
Para Viana
Mas a gente entende aquilo que da conta, o resto é tentativa....
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Nono dia
domingo, 25 de outubro de 2015
Domingo
Eu queria falar sobre esse buraco imenso que a gente carrega no peito. Dessas coisas que passam, e a gente nem percebe o quanto foi bom. Mas são tantas coisas. Eu esqueci de fazer poesia, de deixar guardado até envelhecer. Envelheceu um tanto que secou. Os pedaços vão saindo e vão caindo, pelos cantos, pelo chão, até mesmo na sala. E eles deixam imensos buracos la dentro, imensas crateras, imensos contornos. Queria fazer uma peça de teatro que falasse sobre a solidão e a morte, mas eu não sei falar dessas coisas. Tenho gostado de permanecer em silêncio, por isso que na convivência obrigatória eu só falo bobagens, o mico de circo que todo mundo gosta. Seria mais fácil se a gente pudesse ser completamente sincero, mas ninguém aguentaria, nem quem fala, nem quem recebe. Eu fui secando aos poucos. Só um pouco mais de carinho, só isso, e logo logo as flores crescem. A gente passa tanto tempo acostumado com a secura, que quando acontece de não ser a gente nem vê.
domingo, 18 de outubro de 2015
os desajustados
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que tateiam sem ver.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que saem e não se preocupam em voltar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que perdem o sono e mesmo assim continuam.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que se derretem em levezas breves, brutas, abruptas, pequenos socos no estomago e uma vontade incessante de não parar.
Eu adoro as pessoas desajustadas, aquelas que morrem de amor por uma barata, que se deixam levar pelo cheiro, pelo tato, pelas papilas gustativas tão bem enfeitiçadas, pelo gosto que se sente quando não se explica, não se espera, não se sabe.
Eu amo pessoas desajustadas, aquelas que que perdem as estribeiras e não desistem da mania absurda de errar e errar e errar e errar e errar e errar mais um pouco e continuar percebendo que mesmo naquele pequeno fracasso do depois o milésimos de segundos que haviam sido infestados pelas remotas histerias das quais ela sofria. Ela é a desajustada.
Eu nem consigo falar mais... eu só queria explicar, explicar um pouco, mas não da.
sábado, 17 de outubro de 2015
terça-feira, 6 de outubro de 2015
DOR
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Monstros horríveis
As vezes cansa um pouco a montanha russa. Esse vai e vem no meu corpo, na minha cabeça, na minha sanidade mental. Não da pra aguentar por muito tempo essas míseras e doloridas explosões que acontecem inesperadamente. Duas, três explosões por dia. Acordar bem não significa nada, o dia é um leão que a gente mata antes das cinco. Depois é pior, a noite os bichos aumentam, viram uns super leões que dão medo. Eu não sei mais o que fazer, eu tentei, eu tento, mas as vezes eu queria só parar a roda e respirar um pouco. Só isso, sem monstros horríveis, sem medo e sem esse buraco de uma roda que gira incessantemente.
domingo, 13 de setembro de 2015
SEGURAR A CORDA
Sóbrio
A vida pede mais...
Ela exige que o corpo esteja sóbrio para compreender a parte que lhe cabe da insanidade não institucional.
Chega a doer o osso.
O cotidiano é a pior forma de estar
domingo, 6 de setembro de 2015
Sobre andanças
Hoje eu passiei de novo, fui em vários lugares. No bairro japonês, na feira japonês, na Sé, no caixa cultural, no CCBB. Fui no cinema, na praça, andei de metrô e muito a pé. Envelheci. Antigamente as coisas me surpreendiam mais, e eu me deixava levar por uma certa beleza do mundo. Mas hoje eu ando achando as pessoas tão tristes, melancólicas, vazias, uma estranheza dentro dos olhos, um medo incutido no andar de pressa. Uma secura de tudo, um cinza esmagador e uma pressa sem sentido. Fiquei em silêncio quase o dia todo, desde ontem. Todas as cidades infelizes se parecem e cada cidade feliz é feliz a sua maneira... Anna Karenine se surpreenderia com a catedral da Sé. Linda, imensa, altiva e forte. A religião é algo onipresente, ela amarra silenciosamente cada pedacinho desse nosso país. Ando invertida para o lado de dentro, é uma fase, já tentei correr dela, mas ta enraizada demais. Não sei se eu to feliz, to tranquila e com medo ao mesmo tempo. O futuro é muito incerto, e a gente fica tentando encontrar o sentido das coisas.
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
E.T
Eu penso realmente que ela deve achar meus amigos uns Ets. Ela deve achar minha vida uma loucura e não é sempre que eu sustento tudo, fico no meio, tentando equilibrar a dor. Não da pra deixar nem uma nem outra puta com essa coisa "que saco". Como é que se continua?
A dificuldade de ser...
Uma merda! Uma imensa merda.
terça-feira, 1 de setembro de 2015
segunda-feira, 31 de agosto de 2015
BERNARDO GOUVEIA
Um amor
Você não merece isso. Nem eu!
Uma dose de vodka, por favor!
ESTAFA
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
PARA SAMU...
Mas, sua dor me parece tão legitima!
Te compreendo, mesmo em tamanha inconstância.
Gente que se da demais me comove.
Cartografias sentimentais
Incessantemente.
Antes de sair de casa, antes do almoço, antes da hora do fluxo intenso do meio dia.
Tenho me dedicado ao inexplicável.
Há horas doces e leves, e também há horas de alívio.
Tenho me apagado aos pedaços.
Restituído as lembranças incertas.
Sem medo de dor!
Sem medo.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
Fracassos
sábado, 22 de agosto de 2015
Um sopro
A vida é completamente cheia de dúvidas. Incertezas. Inconstâncias. Levezas breves, intensidades curtas. O tempo corre e a gente nem percebe a hora, o minuto seguinte é maior que a espera, desistimos antes mesmo de recomeçar. O tempo perdido vale mais que o arrependimento. Dentro do peito uma bomba relógio efervescente crava o gosto pela vida. Meu nojo de mim, minha certeza de fracasso, meu medo de dizer não, corrompem... Mas eu não duvido de nada. A vida me risca inteira, os pedaços amassagados de restos. Preto e branco, quem disse que seria colorido?! A vida não é colorida, é preto e branco, as vezes ela fica colorida. Que coisa mais clichê, uma regra que desmente ela mesma. A vida é e ponto. Não tem vírgula, nem adjetivo, a vida só te sufoca de verbos e verbos e verbos e nomes próprios, indescentes, acrescidos de um sentido que não é o meu e nem o seu. É necessário uma pontada de tristeza pra compreender a fé. A vida nada mais é que o peito esmagado de rosas ao som de pontapés. Uma vida breve e leve, uma leveza pura e esmagadora.
domingo, 16 de agosto de 2015
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Minha mão quebrou
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Por hoje
sábado, 1 de agosto de 2015
quinta-feira, 30 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
Por tudo
quinta-feira, 23 de julho de 2015
TRAUMA
quinta-feira, 16 de julho de 2015
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Em breve
Um dia ela para com essa de academia, de disse me disse, de citação e nota de rodapé.
No meu pé tem paixão.
Meu braço quebrou em três.
O acidente foi grave.
Dez pontos.
Ontem bati a cabeça de novo, doeu.
Quimioterapia.
Sono, muito sono.
Enjoo.
Três passos para trás.
Um unicórnio anda dormindo embaixo da minha cama.
Escuto a terra tremer, ela sacode silenciosamente os podres da humanidade.
Nada vai mudar.
Nada.
Ela.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
Amor.
Não sei onde eu perdi o desejo. Não sei onde as coisas começaram a desgringolar. Um dia eu não aguento mais. Um dia.
domingo, 28 de junho de 2015
Ossanha
Tão idiota!
As vezes eu fico mais, depois menos, depende da temperatura.
Sou clichê!Clichê pra caralho!Nada Revolucionária e excessivamente altruísta. Tudo isso me impede o desabafo desenfreado.
Sou marrenta, bobona, imbecil.
Sou do tipo que pede desculpa e não perdoa uma traição, principalmente dos amigos.
Odeio decepção. Odeio sentir esse tanto de coisa. Odeio ser desorganizada. Odeio teatro. Odeio artistas. Odeio gente que se acha. Odeio o tipo de gente que não sabe discutir. Odeio gente que não se expõe.
Aquele tipinho que fica escondido atrás das justificativas, atrás da capa de bom moço, atrás da manta da santa, atrás do hippie com a conta lotada, atrás dos discursos libertários revolucionários ceticistas excludentes. Bando de religiosos segregacionistas.
Sempre lembro do Vinicius:
"O homem que diz "dou"
Não dá!
Porque quem dá mesmo
Não diz!
O homem que diz "vou"
Não vai!
Porque quando foi
Já não quis!
O homem que diz "sou"
Não é!
Porque quem é mesmo "é"
Não sou!
O homem que diz "tou"
Não tá
Porque ninguém tá
Quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor..."
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Faz tempo que eu não volto aqui só pra dizer o quanto as coisas me referem...
Me fere a decepção
Me fere a lembrança
...
...
...
Me fere não ter lido todos os livros do Dostoievsky
Me fere não conhecer mais
Não saber menos
....
Me fere o medo
O medo de tudo
...
...
...
A inconstância
...
O dessabor
...
O desejo
...
...
...
...
...
...
Quando eu perdi você ganhei a aposta.
domingo, 14 de junho de 2015
Minutos
6 flores
É... são! Brutas! Abruptas!
Meu corpo sucumbiu.
Luto.
Pequena morte.
6 minutos, Otto. Quem diria, um tempo bem longo, um inverno que não acaba nunca, eu sei. Dói cada pedaço, não da pra saber direito o que fazer, a gente segue. Um desespero entranhado, uma cura. Eu quero que passe.
Até pra morrer você tem que existir.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Retardadices
sábado, 23 de maio de 2015
Pequenas árvores
terça-feira, 19 de maio de 2015
Divagação entorno....
Penso que um dia vai chegar o momento em que a arte se tornará mais um elemento integrado ao sistema biopolítico. Uma fábrica de produções saudáveis para manter a vida funcionando perfeitamente bem. Nada de grandes intensidades ou insanidades insólitas. Nada de vida ou morte, mas produções cegas e insensíveis sobre a metodologia na qual se deve pautar a criação. As estrelas explodem em nossas cabeças produzindo tanta energia que o "artista" não significa absolutamente nada em meio a produção em serie e uma sociedade faminta de humanidade. Precisamos morrer por dentro, destruir essa linha que foi criada, a lógica do sucesso obsoleto e do amor como produto.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Zona cinzenta
O limite entre o meu testemunho e a verdade. Entre a minha culpa e a minha responsabilidade. Entre o que fiz e deixei de fazer. Entre o que eu sou e a minha imagem. Entre a faca e o corpo. Entre o desejo e o limite. Entre oprimido e opressor, ou vice-versa.
terça-feira, 12 de maio de 2015
Eu por mim
Quando me leio as palavras me apresentam a mim mesma.
Escrevo pra não perder o rumo das coisas.
As vezes faço teatro pra isso, as vezes não.
Para Samuel Sudré
Te amo.
Uma barata poeta
- Perder a inteligência das coisas para vê-las
- Esconder-se por trás das palavras para mostrar-se
Hoje fui apresentada a um álbum tão qualquer coisa que eu não saberia dizer o que é.
Me sinto como aquelas pequenas teclas deslizando o contato com alguma coisa desconhecida.
Abandonei a poesia pelo simples medo de perdê-la. Ela me veio em horas de tanto desespero que perdê-la me deixaria mais perto da morte.
Nesse instante me consumi de novo.
Como a brasa do cigarro.
Como a fumaça do cachimbo.
Como a fina areia branca derretendo em sangue meu nariz.
Tenho me apaixonado tão pouco.
Deslizes, Manoel de Barros. Deslizes. Pequenos deslizes se alimentando do meu osso. Eu me sustento como? A carne é fraca!!!!A alma é pior ainda.
Agradeço a Deus que alma não precisa de osso.
Mas, eles doem.
Meu corpo pesa.
Minha cabeça não aguenta tanto corpo.
O peito se afunda um pouco, é de la daquele fundo onde se pode ver as arestas. Os curumichos. Os dragões. Uma poesia barata. Uma barata que almeja ser poeta.
Escorreguei pra dentro.
Sem osso pra segurar.
Não posso perder o desejo.
Não posso perder o desejo.
Não posso perder o desejo.
Perder as palavras pra me mostrar.
Perder-se um pouco pra tentar ser pluma.
Se enfiar com a cabeça pra dentro dessas coisas que ainda não sei onde ficam.
Me importar de menos.
Não saber é saber tudo.
Um corredor, uma janela e nenhuma porta.
A vista é alta demais. E o medo, as vezes, só as vezes, é pequeno.
Tem hora que prefiro medo grande. Tem hora que prefiro medo nenhum.
A gente não escolhe.
Ele vem ou não.
Ele vem ou não?
A espera desliga a surpresa.
Desliguei as luzes da casa, será que a surpresa me acha?
Janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho...
Sempre achei bonito dizer: J-U-N-H-O
Junto.
Pego.
Apego.
Perdi o fio que segurava a coluna em pé.
Meus pés pesam dentro de mim.
Oco.
Oco.
Oco.
Tão barata essa menina.
Um barato.
Uma barata poeta.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Estado de sítio
Acordei com uma chuva fina. Demorei sair da cama. Dias longos, necessidades cruéis. Chorei um pouco. Comprei cenoura e couve, deve ser anemia. Fumei meu cigarro. Separei alguns livros do Agamben pra ler. Os estudos seguram meu bom humor, os estudos ou as rezas, as velas, as crenças. Cotidiano insuportável. Cotidiano seco. Odeio o cotidiano. Queria ficar pelas bandas de tchapas pra sempre, renova a fé.
O que resta de Auschwitz? Resta um medo do ponto em que podemos chegar.
domingo, 10 de maio de 2015
Podre
Cansei do mundo.
Cansei das pessoas.
Eu não consigo viver em sociedade.
Eu não consigo achar graça nas coisas.
Eu não consigo me enfiar na multidão.
Eu sinto dores no meu peito, na minha vida, na minha cara.
Os ombros pesam toneladas, e aquela imbecil historia de almas me fez perder a crença.
Meu olho inchado.
Peso.
Pessoas.
As pessoas me cansam.
O mundo me cansa.
As vezes penso em cair fora daqui.
Dar uma chance pra depois da morte, ninguém sabe como é.
As vezes fico quieta, cada vez mais quieta. Não consigo suportar o mundo.
As espectativas.
Os frustrações.
Essas são suportáveis.
Não consigo suportar pessoas.
Pessoas de ego pesado, aquelas que se protegem de tudo e de todos dentro de uma pequena máscara social, intelectual, discursos vazios, necessidades compradas.
O ser humano é podre por excelência.
Uns mais, outros menos.
A tentativa na terra é única e exclusivamente a de ser menos imbecil.
As vezes eu viro um monstro. E dói. Dói cada centímetro da decepção, da frustração, da falta, e daquele pedaço que quebra e pronto.
Cinzas.
Farinha.
Areia.
Sinto meu peito esgotado.
Pupila inchada.
E o quarto tem claridade demais.
quinta-feira, 30 de abril de 2015
No princípio era o verbo, e no fim a dor
Eu ando tão desiludida com a vida, com as pessoas! O modo como a proliferação de certezas tem feito surgir "verdades absolutas" completamente desumanas e sem sentindo. Os nazistas querem destruir os judeus, os americanos os árabes, as feministas os homens, os machistas as mulheres, os heteros querem acabar com os homossexuais.... E por ai vai, e por ai etc e tal. Generalizando os ideais busco uma metáfora mal feita da sociedade.
É tanta sujeira no mundo. A podridão escancarada do ego. O fanatismo religioso. A intolerância exposta. Quando paro um pouco e olho as caras dentro da multidão a tristeza é profunda. Reduzimos o amor a nada, transformamos a empatia em discursos vazios sobre ideologias e crenças. Colocamos no mesmo balde sujo pessoas completamente diferentes, sem levar em conta o contexto único do indivíduo e da relação. Anulamos o auto-sacrifío saudável, transformamos o saudável em lixo. Ninguém se sacrifica por nada, ja que "ser feliz" é a moda do momento, ou melhor, o próprio umbigo é a onda da vez. Perdi pessoas pela dispusta do certo e errado, arrecadei inimigos pelo simples fato de não poder aprofundar conflitos. A intolerância tem consumido o respeito. Enchemos a boca pra falar de afeto, pra vomitar discursos sobre o amor, e somos incapazes de arrefecer o ódio. Pra onde vamos? Temos medo da morte, de todos os tipos de morte. Esperamos muito e cobramos demais. Adentramos na era melancólica, onde cada um tenta superar a sua dor, causando mais e mais dor. "Precisamos retornar ao início, o lugar onde a humanidade tomou o caminho errado".
Falo tudo isso de um lugar desesperado, de quem vive sem saber ao certo. De quem vomita discursos sobre o amor, nas é intolerante com a falta dele. Talvez eu realmente esteja no papel da bruxa medieval. Talvez não seja isso. Talvez seja tudo isso. Não sei.
Queria somente a possibilidade de diálogos mais sinceros e menos raivosos.
quarta-feira, 29 de abril de 2015
Vazio
Eu sei que todo problema reside na memória, ela mata. A memória engasga. O tempo, mas agora não se diz mais tempo, é tempo-espaço, como se os ancestrais não soubessem dessa de espaço. Eles sabiam de tudo!Nós é que perdemos o controle e unimos tempo e espaço. Não se une essas coisas. O tempo possuí seu próprio espaço, um espaço de delicadezas, insultos, potências e impotências. De intensidades também. O tempo é generoso, ele nos absorve longe de um espaço material, tratável e incongruente. Espaço é tempo!!!!!!!!Por onde anda o homem, em? por aonde? por quais caminhos ele anda se escondendo de si? Na intelectualidade. O conhecimento registrado em papel. Conhecimento sincero não se registra, ele não possuí espaço, somente tempo. Escrever isso me cansa.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Não quero ser convidada pra nada, quero que meu desejo resista.
Me apaixonei pelo Tarkovsky.
As vezes penso que o mundo se perdeu, ai vem o diretor Russo e me diz que ele sempre andou assim. Então eu penso que as coisas irão melhorar, ai vem ele de novo é me conta que o desejo pelo poder é pra sempre. Então decido não ser escrava do sistema e me manter a margem dos patrões, não passa nem um minuto e o tal Andrei esfrega na minha cara que é impossível sair do padrão "trabalhadores e príncipes". Pensei em desistir, mas desistir pra que, se tem o silêncio o amor e a beleza de quem se entrega a uma fé qualquer?
É isso!Uma pequena grande fé segurando tudo. Um sino demorado e enorme tocando a esperança, quieta e forte. Um desejo de que o oceano de solaris, de uma maneira ou de outra, apresente meu sonhos inconscientes como âncoras verdades que sustentam o edifício inteiro. Respirar! Cuidar das plantas e dos amores. Manter o foco. Silêncio. Quieta. Frutas e sucos. Chá de hortelã. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Que meu desejo resista.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Simpatia forçada
Simpatia forçada me incomoda profundamente. Prefiro os extremos, as entregas burras e aquela velha frase " eu não sei pra onde estou indo". Prefiro a burrice à emoção forçada. As emoções são caras demais pra gente desperdiçar com comodismos e comportamentos. Quero aquela velha fronteira, aquele velho não sei, aquela coisa meio ultrapassada de "amor demais", mas, amor demais meeeeeasmo. Sem medo!!!!sem medo!!!!sem medo!!!!!sem medo!!!!
Por tanto o medo não existe.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Vincent
Aiaiaiaiai acabo de chegar do ensaio do Vincent, e não é fácil, nada fácil. Nada fácil continuar ensaiando sozinha, e depois de três horas perceber que estou bêbada, chorando sentada no chão, me perguntando o sentido de tudo isso. Pra que?por que? Não sei!!!! Março ta esbarrando e já promete uma avalanche de sentimentos!!!! Medo da vida!!!
O que vale são vocês!
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Buracos
Descrever buracos, tarefa impossível!
Eles são delicados, chegam silenciosamente, e quando a gente fica calado ninguém advinha! Ninguém se culpa! Somente o dono do próprio buraco.
Seria simples se eles ficassem isolados de amor. Mas, principalmente, eles nascem no amor. Nem sempre o amor aguenta a queda!!!!!
Chega de esperança tola..entrega-se a essas tristezas sem fim..... Esses buracos....
Buracos. A propriedade básica de uma lágrima é um buraco. A destreza é admitir a complexidade de sua formação. Os pontos, as bifurcações, o entre.
O amor sempre abandona, já dizia Vinícius, que seja eterno enquanto dure!!!!!! O que é que dura? O silencio?
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Silêncio dentro do mundo
Hoje eu escrevo do lado de quem olha pro mundo um tempo e suspira dentro do tamanho de um silêncio doído. As pessoas vivem passando umas por cima das outras, os bobos sensíveis se estacionam na esquina, por lá eles ficam, se aquecendo de cachaça, sem identidade e endereço fixo. Não é fácil manter as esperanças, o emprego, a boa vida. Não é fácil admitir uma certa crueldade inerente ao sistema das oito horas por dia. Os melhores serão sempre os piores e os fracassados serão sempre as boas almas que passaram despercebidas. Quero ficar em silêncio. Quero a invisibilidade do meu cantinho cheirando amor madrugada adentro, mesmo roendo de sinusite no dia seguinte. Não, eu não quero ser a melhor, porque dos melhores o pior nasce sem aviso, assim, como se fosse uma necessidade. Não, eu não quero viajar o mundo todo e ter milhares de amigos, quero a quietude de uma noite com quatro xícaras, uma nota de dois, um baseado e um bom livro. Quero ficar quieta, ouvindo Lhasa enquanto um amigo toma seu banho, enquanto aquele outro cuida da filha, enquanto o terceiro afunda no colchão. Quero me aquecer com cachaça sem ter que exibir minha foto no facebook, quero dizer que sou menos, quero fazer bem pouco, quero acordar cedo e tarde, beber chá e vinho, fazer piquenique, rolar de rir da samambaia flosflorescente. Quero bater a cabeça na parede de tanto rir, abrir a peneira sem perceber que fiz força demais, quero explicar a formação de uma torrada com requeijão enquanto não consigo engolir. O sistema é cruel. O pobre sem escola e sem oportunidade continua sendo o excluído das bolsas universitárias, o preguiçoso sem atitude, o favelado das cotas sem bons professores no ensino básico. É um ciclo vicioso. Um sistema de merda que massacra, que engole e cospe pra fora depois de um tempo. Eu quero minha burrice inútil, minha tranquilidade de saber que fiz tudo com o coração na mão, meus caminhos tortos e minha tristeza segura. Quero dançar na sala de drinks derramados, de um ajudando o outro, do sol nascendo forte enquanto apagamos as velas.
Cansei dessa coisa de quem colhe planta, mentira pura. Não é assim que funciona. Nunca foi. Muitas vezes quem planta é roubado silenciosamente no fim da noite, é exatamente por isso que outros colhem tanto. Quero plantar menos e colher menos ainda. Quero afundar na terra e viver das raízes. Quero a calmaria de quem pega o silêncio do amor.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Led um
O led começa cheio de frisos ao seu redor. Enquanto ele dança os amigos retiram as garrafas. Ele continua, sendo interferido e perfurado pela sua própria vida que junto aos Racionais explica um pouco a historia de todo negro de periferia do país.
Ou...
Você pode pensar que não passa de uma historia boba, para comover quem precisa só de um pouco de leveza e um cigarro na vida.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Distancia
Quero aprender francês e espanhol. Quero sumir daqui. Me instalar em algum lugar. Distância. Ausência. Sofrer a solidão dos estrangeiros. Um corpo sem pátria. Uma voz desconhecida. Caetano e Pina. Meu desastre é esse corpo que sente demais. Meu desastre é algo sem nome, um paradoxo constante. A tranquilidade se opondo ao exagero de uma ansiedade sem limite. Acho que ser presa seria uma boa solução. Pensei: quero ser condenada à morte
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Boas novas
To tão sem tesão.
E agora?
Estímula o corpo que o pau sobe junto.
É o pinto ou o corpo que tem alma? algum tem?
Entupiram meu tesão
Estou estourando gorduras flácidas dentro... e ao redor de mim
Grossa.
Grosseira.
Grosseiramente inútil e doce.
Minha poesia é barata, sempre foi.
Agora sinto dúvida em tudo
Duvidam de mim? Duvidem!
Ando derretida de amor
Ao se derreter, o doce grudou na pele, (deixem-me em paz separando meu sujeito!!!O verbo que se ferre inteiro) na retirada ligeira levou junto o maior órgão do corpo
Existe uma certeza mística de algumas coisas
é como se eu soubesse... existe um tempo, uma justeza implacável!!!
A dona da tristeza se mudou para o meu quarto.
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Pancada
A madeira continua lá fora, 100kg deitados confortavelmente na varanda. Ouvi Amy e Bjork com o Vitor, ele me apresentou Varg ( acho que é esse o nome), bebemos vodka, saquê e cigarros. 5/pontos e 10. Chegamos em casa tranquilos, felizes pela viagem e a visita. Comemos picanha! Vamos no bolão? Comecei a ler o novo livro do Damásio, mas o medo me interrompia inesperadamente. Tive febre, vômito e dores de cabeça, uma diarreia insuportável. Faz bem sentir o mundo em família, vez ou outra faz bem, senti que faz. Muito sangue. Coloquei o pão de queijo no forno. Preciso começar a estudar para o mestrado, minha mãe é insuportável e minha madrasta sente ciúmes de mim. Viajamos 12 horas, chegamos ansiosos e apreensivos. Decidi não tomar banho, voltei pra varanda. No dia 31 chorei feito criança lembrando da noite anterior, tive medo que meu irmão morresse. O médico disse: minha querida, claro, estou vendo seu osso. Fizemos um drink, festejamos nossa união e nos contamos do passado. Bebemos ate tarde da noite, todos dormiam, em Ituiutaba se dorme cedo. Rimos tanto de nossas bobagens, viramos a vodka, o saquê e a cerveja importada de tangerina.... Encorpada. Sentei na rede e ela caiu, a madeira de 100kg atingiu em cheio minha cabeça e a do meu irmão. Sangue, muito sangue! 10 pontos na minha, 5 na dele, ele é novo, forte, faz muay thai, se esquivou pro fundo. Fomos no MC Donald e ele disse: magnífico, magnífico esse sanduíche! Bebemos suco de maracujá antes do almoço, fiz macarrão no forno. Chegando no hospital eu perguntei ao médico: tem que dar ponto? Ele me respondeu: minha querida! De perto sentimos o cheiro da girafa e do mico, gastamos R$6 no aquário, chinfro! Meu irmão detesta boné, mas não se pode tomar sol nos pontos, eles doem de tal maneira que, apesar da vida, o desejo é sentir o azar daquela pancada. Chorei deitada na cama, disse que tinha medo de ter ficado com a cabeça doente, qual não é? Dormi de um lado só, pra não abrir os pontos. O médico disse: encontrei farpas de madeira na sua cabeça. Serena. Tranquila. Calma na anestesia, a limpeza do machucado doeu tanto. Lacei as roupas de cama, arrumei a casa, sempre sinto que renova as energias. Pânico do telhado, sempre sonho com a madeira cedendo. Me sinto fraca demais pra aceitar o milagre da vida, dramática demais pra aceitar que estou bem. No desespero chegamos no pronto socorro sem chinelos, a enfermeira limpou meu sangue seco. Os pontos doem? Ouvimos velhas virgens, pink floyd, criolo e um tanto mais. Meu irmão cresceu. Sentei tranquila na varanda, mas a madeira deitada no chão trouxe aquele fiapo de vida. Estou viva. O que faço com ela? Sinceramente não sei. Discutimos teatro, planos, grupos. Sempre acho que vai cair mais madeiras, mais pesos, outras telhas e fiapos de madeira rompendo o fluxo tranquilo do cotidiano. Li o blog da Cida e pensei: será?