segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Na falta de um gole....

Em um dia como o de hoje se deve chorar a falta. Aquela falta de um dia seguinte, ou até aquela mesma falta que se esvairiu na hora de ter coragem. Quando eu vi a Dilma defendendo a educação no senado arrepiei inteira... ahhhhh a Petrobras, o Golpe, essa globalização do inferno e os escravocratas vomitando um monte de "ritos-democráticos".

Aí eu lembrei da vida inteira, até dos amores eu me ocupei um tempo. As paixões.... sempre tão brega e tão difícil dizer delas de cabeça cheirando a álcool. Lembrei do moço da veterinária e seu machismo disfarçado de esquerda, lembrei das parcerias que não deram certo, das mulheres que me apaixonam e da falta de medo de uma população brasileira que, hoje, atesta o falecimento da sua democracia.

Matamos e morremos em dias nem sempre chuvosos, as vezes faz sol e brilha tanto esse azul do céu que parece tudo roteiro de cinema americano.

A gente vê o que a gente quer.

Teve também o povo do Kleber que desistiu da estatueta dourada, a dona Regina, aquela senadora, que despertou as durezas e delicadezas de uma mulher que se engasga ao dizer a palavra "falta".

Um dia histórico. Um dia comum. Uma cerveja no buteco e lembranças.... falta. Falta a falta de boas lembranças. A tal herança, senhor senador, é essa que você crava na chantagem de um sistema farsesco. Ou é um golpe, ou é uma farsa...

Pois é...

 Falta a paixão do impulso. Falta a coragem de um tempo sem medo. Falta tanto silêncio nas bocas que mastigam conexões interativas, chega a doer a alma.

Uma curva aprofundada na última vértebra, vamos começar a colar publicidades na calçada.

E o amor? Um mero comércio.

Eu resisti ao pó e decidi que correr com a cara queimando de sol vale mais  que a insensatez de um dia aos galopes...em golpe, ao gole. Na falta de um gole a gente bebe a garrafa inteira, vomita e reclama depois.

Sem aborto, mesmo com a irmã mais velha batendo pela primeira vez na porta da sala. Chá de canela e cabelo caindo feito as folhas da pitangueira que deu flores no inverno.

Flores... agora uma delas virou árvore.

E o inverno perdura dentro do senado brasileiro... Na falta de um gole eles deliram dentro da própria garrafa um golpe.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sem camisinha

Tenho amado essa coisa de Mulher Selvagem.
Quanto ce tem na poupança?
Tem dias que tudo bate na porta da cara sem vergonha.
Eu tenho desejo de amor. Amores.
Eu gosto de escuro.
Gosto de andar tateando as paredes.
O dinheiro é pouco praa tanta intensidade!
Cachaça.
Limão e cachaça.
Maconha.
Eu gosto de cocaína, mas é o mesmo problema com a vodka.
Não da.
To andando com a lua.
To achando que vale a pena a energia.
Me toca.
Bateu bateu, não bateu, esquece!
Sem camisinha.
Por favor....


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Em terra firme

Nesse instante, depois de todos esses vinte nove anos, a melhor coisa a se fazer é ficar em silêncio. É melhor correr todos os dias de manhã, parar cinco minutos e observar o sol quente. Manter o ritmo, diminuir a dor. Comprar flores e velas pra casa, acender incensos. Escutar na miúda de quem tenta uma vida o barulho denso do coração. Manter o foco, o chá e a esperança. Depois de morrer um pouco algumas coisas secam, mas aquilo que nasce na brutalidade de uma terra ferida é firme e intenso - dessas intensidades doces e felpudas - firmado em chão de quem tenta se tatear no escuro. Todos os dias dói um pouco, mas a cada dia dói menos.... É só uma certa saudade, um vapor que sopra a nuca, uma lembrança que, rememorada, modifica a memória que lhe deu origem.

...

Então no amor a gente tem a sensação que se perde mais do que se ganha, e só depois, bem depois é que a gente descobre o contrário.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sobre

As idéias ficam pipocando na minha cabeça de um jeito patético, pensamentos idiotas.
Eu cresci no desajuste.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Por mais dias incríveis assim

Chove.
E que existam mais dias incríveis como o de hoje.

Entre a carne e a unha

- Cê vai voltar realizada de lá.

Voltei, Sheila!

Voltei querendo cuidar, cuidar de cada canto que me é importante. Voltei desejando menos álcool, menos medo, menos surtos, menos cigarros e muito mais água. Muitas flores e incensos. Milhares de noites na varanda e tantas manhãs correndo no sol quente. Voltei desejando o simples, adindo a ansiedade e plantando minha horta. Então eu pensei que quando o amor se derrete em suspiros cotidianos, basta. E bastar passou a ser suficiente. Há de ser verdade esse céu mais azulado... Há de ser intenso essa terra entre a carne e a unha.

A boca e a vagina são feitas das mesmas substâncias, ambas têm fome.

Eu não sei o que aconteceu comigo, Sheila.  Mas alguma certeza se assentou na sala, e por lá passou a deslizar delicadezas tão perfumadas... Agradeço! Agradecida a vida dos furacões e dos pulmões. Agradecida ao vulcão da minha infância e a floresta da minha adolescência. Hoje meus pulmões pedem uma pausa, e eu sinto como se um pedaço do meu corpo tivesse ficado para trás.

Aquela moça dançando de vermelho no meu quarto era eu. Era eu e todas as mulheres que tem me cercado de pulsões, convulsões, expurgações. Nossas curvas são feitas em conjunto. É difícil sentir o amor dentro da gente, mas é como se eu me abraçasse por dentro e dissesse: vai dar tudo certo! E pela primeira vez eu sentisse a realização dessa certeza.Ela não se finca como uma estaca invencível, pelo contrário, essa certeza é lenta e maleável, escorregadia. Mas ela me acalma e me faz sentir a chegada de novos ventos.

Que assim seja, Sheila.

Que assim seja!


Obrigada por existir tão intensamente nesse mundo. 

"(Não fazia frio, salvo em ter que recomeçar a vida.) E tudo aquilo - toda esta frescura lenta da manhã leve, era análogo a uma alegria que ele nunca pudera ter." Fernando Pessoa

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

MAQUINA DE FAZER DOIDO

Ambiguidades....
Coisas mal ditas...
Frases dúbias...
Inconstâncias amorosas...



Pelo agosto que se segue

O ruído das incertezas me tira o tapete depois de dias incríveis. Despeço-me de alegrias incalculáveis e me deparo com a secura de um agosto que se inicia com a agenda cheia. Espetáculos, montagens, livros, escritas.... E aquele gosto de inconcluso na ponta da língua. Nem sei o que é isso que não me cabe, constantemente não me cabe. Vez ou outra vou arrefecendo o desespero, mas bate e volta a loucura do não se sabe toma conta. Porque deveria de ser diferente? Cresci e vivi na aresta do mundo, mergulhando sempre em qualquer coisa que me parecesse mais funda, mais densa, mais dada. Não gosto de ter medo das coisas e o único medo que vez ou outra escancara a porta é aquele que faz parte do resistir. Impulsos. Os impulsos movem. Os impulsos estragam. Os impulsos são presentes. Os impulsos assustam. Resistir aos impulsos violentos, resistir aos impulsos dos vícios, resistir aos impulsos do foda-se. Nem sempre funciona, nem sempre dá certo.
Nessa manhã de primeiro de agosto eu só penso em resistir e também em realizar-me, ininterruptamente!