sábado, 23 de abril de 2022

sobre:

Depois de violências extremas o corpo cala.

nem precisa dizer pra quem se diz

Sua capacidade de manipulação é insólita. Existe uma mentira permanente e isso me tira o fôlego. Sua incapacidade de olhar nos olhos e dizer. Sempre foi assim...desde 1900 e bolinhas. Sempre foi possível reconhecer, é coisa de sentimento, a gente sente e ponto. Esperei muito mais e a cara foi quebrada em um soco bem violento, silencioso, uma mudança de estado... literalmente. Um mal de 4 pernas saídas de dentro de um útero podre, cheio de dores e sangue. Uma dívida imensa, uma completa falta de empatia diante de tantos não -lugares, não -saberes, não - contribuir e amenizar a dor. Me dói. E não é de agora, é de antes... muito antes. Um acumulado de dores sobrepostas. Espero somente que você saia e que eu consiga limpar o sangue do lençol e jogar os fetos pra longe dos pesadelos constantes. Fetos... Que palavra suja, sem gosto. É pra isso q mulheres servem homens na história, enaltecer falos e adoecer úteros. Pois eu terei mais um filho de uma mulher, dentro do meu útero doente renasce a vida incompleta pós-violência, você nunca vai saber o que é isso. Eu sempre falei demais, porém, pra você eu entrego todos meus não-dizeres absolutos.  Meu silêncio abrupto. Minha vontade imensa de te querer pra longe. Te rasgo com unhas inexistentes de dentro do meu peito. Não choro uma lágrima porque sempre lembro da quantidade de sangue e isso alivia meu ódio. Senti dores no corpo, cólicas constantes, falência múltipla dos órgãos, dívida ativa, mofo, podridão. Você sequer liberou meu nome, pelo contrário, me colocou em dúvidas-divídas profundas. Olho e não vejo. Olho e não sinto nada. Olho e sinto as mentiras de véspera de viagens, de violência na cama, no sexo, no gozo ..uma violência tão sutil que só aparece pela insistência de cólicas e insônias. 
Espero que você vá e leve.
Só isso.