sexta-feira, 11 de novembro de 2022

taxativa

Escarram violência sobre meu corpo. Não respeitam minha sexualidade, minha profissão, meu jeito de criar minha filha. Me desrespeitam continuamente, basta uma exigência de direitos. Mulheres vítimas de violência por um babaca manipulador. É bizarro o sistema. O patriarcado come por dentro as singularidades de cada mulher. E elas vomitam em mim suas opressões, pois bem, recebo! Eu, uma mulher branca, acredito que nesse instante é melhor me manter calada e receber essa gosma grudenta. Minha raça fede! Porém, não me peçam pra engoli-la, isso eu não vou fazer! Como mulher, vomitem em mim, mulheres!não fechem seus olhos, abram e deixem escorrer a dor. 

terça-feira, 8 de novembro de 2022

meus olhos se foram

Dentro de mim um furacão.
Me perco cheia de pedaços no chão descalço, um furo no pé distante.
De dentro de mim os trapos se transformam no útero poderoso. Ela, a sagrada mão da mãe. Toque fino com os dedos ao redor dos olhos, aperte até que exploda.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

não poder ver

Eu tomei uma decisão. Iara, eu tomei uma decisão. Eu fui lá e fiz, pronto! Não aguentava mais, estava me doendo aquele tanto de sangue na memória. Não quero ver, de jeito nenhum. Quero que seja muito feliz, mas, por enquanto, ainda dói. Estou cuidando da minha saúde, antidepressivos todos os dias. Quem diria, logo eu, aquela de tantas certezas. Aquele duplo fio de sangue me rompeu por dentro, me senti violentada, desrespeitada. Não dei conta, fui lá e fiz. Não pode me ligar, não pode vir na minha casa, não pode me ver. É isso, não poder ver, eu quero esse direito, eu posso exercer esse direito.