quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Incertezas do amanhecer

Perdi uns pedaços na estrada, depois eu perdi uns caminhos. As vezes o chão quente, o sol no alto da cabeça ou até mesmo aquele silêncio de caminho deserto, me faz lembrar a solidão necessária da vida. Meus pés escorregam diante de certezas, minha liberdade densa, meus olhos chamuscados de incompletude. Ainda carrego desejo, aquele bobo, forte e intenso desejo de seguir, apesar de. Hoje desistir é matar suas vidas, e isso não me cabe mais. Talvez minha filha saiba desde cedo o medo que sinto da existência, das pessoas, dos amigos que não ficam e mesmo assim permanecem. É preciso coragem, filha. Muita coragem e muita força de vontade pra sustentar a injustiça do mundo. Fé e força, Aurora.
Meu peito amanheceu apertado, cheio de dor e dúvida.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Conversas de Zap

Ahhhhhhhh Byrim, as vezes feliz, as vezes triste. Tem horas q fico morrendo de medo, preocupada com uma porrada de coisa. Meu corpo mudando muito rápido, a barriga crescendo, a cabeça distraída, os sentimentos se confundem..... As vezes choro muito e fico pensando como será essa vida que não conheço, as vezes fico feliz pelo simples fato de escutar o coraçãozinho dela, é uma loucura é uma onda é tudo junto.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Aurora

Eu escrevo nesse blog desde quando? Aqui eles marcam 2010, mas antes teve aquele ( http://souumhomemdepaixoes.zip.net/ ) esse é de 2008. Quase dez anos, sofro a nostalgia do tempo, talvez pela gravidez (acho que é primeira vez que falo assim), talvez por essa sensação de não saber mais quem eu sou, mas acho que as duas.

Essa é a primeira postagem:

Escrevo pra colocar pra fora esse monstro obstruido de tanta merda, essa porra que me sufoca e me deixa completamente nervosa, a flor da pele, quero rasgar minha carne, deixar no sangue um sangue vermelho pulsante....Cansei de estragar tudo, cansei de ser essa merda podre, essa porcaria vencida....CANSEI!

Me deixa aqui sozinha....com minhas lágrimas pesadas, carregando o peso de ser asfalto.

 Logo abaixo, "Sou um homem de paixões", tatuei isso no pé uns anos depois. Acho que em Aiuruoca eu senti que o tempo estava passando, e que eu precisava de um pouco mais de Lua Cheia. Eu vejo ela da minha porta, enorme, imensa, linda. A Lua enlouquece, mas enlouquece para dentro, de um jeito que se faz até gozar na loucura, ma se faz doer também, assim.... como um contra-peso. A minha filha é a Deusa da manhã, Aurora. A lua é sua irmã. Seja bem-vinda, filha! Te espero de braços abertos, vou te amar do jeito que aprendi a amar as coisas, rodando na xícara gigante do parque de diversões. Vamos viver essa aventura da vida juntas, o amor ameniza as dores, ele faz valer. Acho que eu deixei de ser asfalto, to mais pra vento. A culpa não é minha, nem sei se tem culpa, meus pais se distraíram ou talvez mudaram o foco, não sei. Meu pai hoje é um fascista, antigamente ele gostava de Raul, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Hoje meu pai acredita em Deus e é Bolsonaro 2018. Minha filha, você vai aprender que as pessoas se transformam, as vezes é bom, as vezes não. Talvez eu me torne uma mulher insuportável, me perdoe, estarei tentando. Mas não deixe de se revoltar comigo, não acate todas as minhas vontades, e não viva a frustração dos meus desejos. Torço pra que você viva o seu mais íntimo amor, eu fiz isso a vida toda e mesmo no meio do caos é o melhor dos lugares, é uma certa paz, uma paz dos inquietos. 

Eu nem sei por que escrevo.... mas eu sinto alguma coisa.


domingo, 6 de agosto de 2017

15 semanas

Suspenderam meus pés. Me tiraram o chão. Os hormônios, falam deles, como se tudo se resumisse a uma culpa absurda do corpo que entristece. O problema é não saber mais quem eu sou. Minha paralisia muda tudo, as coisas ruins não importam, as boas também. Só existe sobre minha cabeça uma suspensão, um buraco negro, um silêncio ... Três pontos.