quinta-feira, 18 de agosto de 2022

um alforismo

Pela manhã eu me assusto. Demoro um pouco pra entender a vida. Hoje pensei que trabalhar na saúde mental construiu um abismo nos meus processos criativos. Sei la, esse lado social opressor da vida me deixou quebrada. A necropolítica é muito real e ela dói tudo, aí eu cansei de fazer arte pra coisa boa ..sei la...perdi o jeito, fiquei amarga. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

35

 Fazem uns 5 meses que eu enlouqueci, desconfiei de mim e de quem eu era. Comecei a ter dentro uma sensação de não pertencer a vida, desejei morrer e sumir, estrela e adubo. Não sei o que aconteceu, estou obcecada por um pensamento absurdo, tenho certeza que foi aquele dia na casa do Raul, aquele tanto de sangue, aquela dor. Tenho sentido uma necessidade absurda de escrever, de reler meus 12 anos de escrita, tenho gastado horas nessa atividade quase inútil. To dolorida, meu peito ta rasgado, meu útero ta machucado, meus sonhos....minhas fantasias....se tornaram um amontoado de ruínas. Me dói, jamais imaginei que voltaria a sentir tudo isso, como a 12 anos atrás, um eterno retorno, a criança ferida e não nascida. Sou grata ao universo por tanto, tenho sorte, eu sei! Mas, a gente envelhece muito rápido, nesse envelhecimento eu perdi alguma coisa. O que é que eu vou fazer da vida se não consigo mais ler uma linha? Emburreci!

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Desajuste

Me veio uma coisa na cabeça hoje: Acho que aconteceu uma fenda na minha existência, ela se iniciou no dia que Aurora nasceu, o fim eu não sei, só vou saber depois de uns dois anos do fim.  Meu amor era o teatro, era tudo que eu tinha, então nasce um amor cabulosamente avassalador e transformador, eu perdi o prumo e o rumo. Eu perdi o teatro e preciso encontra-lo de novo. Só que ele não existe mais, ele mudou porque eu mudei completamente então talvez no fundo o que eu precise saber é sobre as minhas tais existências. Tudo isso que aconteceu com Carlos, cara...que LOUCURA! Jamais imaginei. O sumidouro foi crescendo, crescendo, crescendo....até que eu retornasse a um tempo que achei que não retornaria. O tempo desmoronou. Será que enlouqueci?


Seguir apesar de.

 Dói. Hoje conversei com você, uma longa conversa...te vejo passeando pela casa e sendo aquilo da insistência dos meus sonhos. Esquisito isso de te inventar aqui dentro. Choro um pouco todos os dias, as vezes dói de um jeito que parece que não vou aguentar, mas sigo firme, por ela! Fico me perguntando, e foi essa a pergunta que te fiz hoje na mesa, olhando pro vento da janela... Por que foi que você mentiu tanto? Eu sai tão destroçada de tudo isso. Todas as vezes. E parece que tudo retorna feito em fantasma, todo dia, o tempo todo. Relacionamentos abusivos arrancam um pedaço da gente e depois a gente tenta se reerguer, tem dia que parece impossível, feito hoje. Mas, eu sigo! Sigo tentando sobreviver. Sigo pra não enlouquecer. Sigo pra não desistir. Te amo, te olhando de longe, sigo.