sábado, 19 de outubro de 2013

Entre amores

Todo amor é recíproco, porque cria-se entre um e outro e nunca sozinho. Na solidão se ama o amor e na falta a invenção do objeto desejado. O amor acontece entre, um tipo de alma recriada. Mesmo que o entre esteja terminado o amor permanece. Ele nao pertence aos indivíduos, mas a uma espécie de simulacro invisível construído no tempo. A morte é uma passagem do amor e ele continua para além de uma racionalidade da presença e do presente,  ele perdura-se em si. Quando fala-se de amor exila-se o tempo, ele torna-se permanente a partir do momento que acontece,  enquanto existir memória ele nao perde a vida e em cada lembrança ele reaparece no universo feito a sombra de um eremita unipresente. A dor do amor é eterna até o momento de persistência da sensação única de uma lembrança.  Por isso não deve se temer o amor, ele é a criação mais intensa de um encontro e aos encontros deve-se a continuidade da vida e insistência de prosseguir adiante.  Prosseguir pra que se crie,  o máximo de vezes possível, o amor. A isso eu devo minhas manhãs,  minhas utopias,  meus sonhos e minha fé:

-  Uma esperança diária de amor. Objetos,  coisas e pessoas que me permitam reviver, criar e recriar o entre. Entre amores eu perduro, continuo,  morro e recomeço outra vez,  administrando lembranças e organizando as gavetas da memória.

domingo, 13 de outubro de 2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ensaio de número cinco

A tristeza é para os fortes.

Eu tenho um mendigo. Um conhaque e um cigarro.

Intensa?

Não.

Um fracasso.!

Memória

Aquele pulo.
Um pulo.
Um colo no pulo.
Macaco.
Aquele soco.
Um soco.
Suei.
Doeu.
Um pulo.
Um colo.
Um colo e um pulo.
Ta alagado.
Tudo veio na minha cabeça como instantes.
Me carrega? Ta alagado.
Um pulo.
Doeu.
Aquele pulo no colo as pernas entrelaçadas na cintura.
Era eu.
Nao era.
Um soco no amor.
Vontade de sumir.
Desistir.
Eu sou fraca pra gracinhas inconsequentes.
Eu sou um pó esperando abrigo.
Fiquei sem ar
Me salva?
Fiquei sem chão
Me socorre?
Esqueci de lembrar da gente
Flor,  vê se volta e ensina pra ela como é que se ama?
Me esqueci.
Você não sabe cuidar.
Eu também não sei.
Te traí.
Te traí.
Te traí.
Acorda.
Fui embora e você nem percebeu.
Não me aguento.
Nao suporto.
To pensando em ultrapassar limites.  Ir pra de baixo do asfalto.
Lembranças.
Uma morte.
Uma chuva.
Um medo.
Um cadáver.
Aquilo me doeu.  E ainda me dói.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Inferno

Meu Deus, é assustador o mundo. É assustadora a capacidade humana de injustiça e crueldade. Eu sempre fui dramática demais e toda vez que acordo não tenho a mínima vontade de ser feliz e sair da cama. Foda-se! Não me peçam pra ser alegre e bem humorada no meio dessa merda toda. Todos os dias um choque de paralisia me atinge e não tenho ideia de onde começar a faxina. Em mim? Aqui dentro? La fora? Na minha bosta que fede pela incapacidade de rasgar essa porra dessa raiva e desse ódio que me come? Eu não faço absolutamente nada e continuo aqui mantendo um blog auto-ajuda-coitada-de-mim pra ver se alivia alguma coisa, é mais fácil, sempre foi, mesmo não adiantando porra nenhuma!Não acredito na política, não acredito em justiça, não acredito na polícia, nos comandantes, nos juízes, nos pais de família... eu quase desacredito no ser humano. Fico feliz pela existência de determinadas pessoas e são elas que dão algum sentido pra essa podridão infinita fedendo a carne vencida dentro das igrejas, dos ministérios, das delegacias e aqueles lugares de vidro blindado, carros gigantes, homens de terno e mulheres de salto alto. Eu tenho noje do poder. Eu repudio os ricos e principalmente os ditos "artistas" atuais. Tenho pânico desse mundo, da mídia, das grandes indústrias, do tráfico de crianças, das famílias esmagadas pelo sistema, da homofobia, da violência, do consumo, da desigualdade, da guerra na Síria, dos EUA, desse meu umbigo que fede bunda e ratos mortos de solidão. Sinto asco desse mercado e principalmente do dinheiro que engole cada gota humana tentando respirar na lama escorrendo dos shopping, das fábricas, das escolas. Não sei o que fazer. Não sei o que fazer. Não sei o que fazer. O mundo me dói o osso e eu compro salompas pra aliviar a dor, isso é um inferno e eu to dando comida pro diabo. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Quase sempre melodramática

La dentro,  vez em quando,  vem aquela coisa que na maioria das vezes a gente não sabe dar nome. É só uma coisa. Um objeto que mexe e dói. Nem sempre parece um objeto,  tem vez que é só um sopro bem silencioso e apertado. Quase falta ar. Quase acaba. Quase machuca. Esse "quase" é bem relativo também,  por ser "quase" muitas vezes é que ja foi,  sem volta,  sem retorno. Ja foi. Ja fui mais acreditada na labuta do dia-a-dia,  ja dei mais fé às horas que começam, às manhas que se iniciam.  Balela.  Balela barata. Quase sempre é uma porra de um soco bem dado. Uma faca melodramática cortando a garganta. Quase. To pensando em quase desistir,  em quase ser outra coisa,  em quase apontar pra cima e perder a terra aqui em baixo. Quase sempre nunca mais eu me apaixono outra vez. E que tudo retorne ao seu devido lugar.

Um cigarro por favor?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Para Samuel ... um amor

Só você entenderia o que eu to vivendo agora. Tá doendo. O mundo ta me doendo.  To com nojo do mundo,  das pessoas,  da sociedade,  da política,  da cultura.  To com nojo da existência.  Das experiências humanas pautadas nessa falsidade do Facebook e do bom humor.  Cansei.  Samuca eu queria te ligar agora e te implorar uma esperança.  Um pouco de oxigênio pra infernida da vida.  Eu te amo.  Esse amor é um pouco do fôlego que me resta. Saudade. ..