segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sobressalto dentro de um sonho

(para o dia que sonhei com ela)

Ela era forte, bonita, sensual e leve. Carregava nas mãos várias cartas, não que ela carregasse de verdade, mas ali elas estavam, com absoluta certeza, todas as cartas necessárias e somente Samanta sabia o modo de iniciá-las. Conectavam-se em sonhos. Sabrina gostava de adornar os cabelos com margaridas amarelas, andava de pé no chão e não saía de casa sem os badulaques necessários. Conheceu Samanta em noite de lua nova, esperava um ônibus e a chamava de longe. Encontraram-se da forma mais inesperada e o destino ocupou-se de aproximar as duas mulheres, como se cada uma necessitasse da presença da outra, elas pertenciam-se no silêncio do desconhecido. Samuel encontrou-se com Sabrina pela fama no poder das cartas e viu-se atraído pelo mistério que a rodeava. Mas ela não jogava, mesmo que possuísse todas as cartas sabia que ainda não estava pronta. Indicou Samanta, ela também dominava o poder daquele jogo e já se permitia adentrar no mundo do mistério que despertava almas. Samanta jogou com ele, e de longe, na calma de sua casa e na perturbação do seu coração, Sabrina sentiu que Samuel havia perdido e vislumbrou o amor.  Nessa noite as duas comunicaram-se em sonhos, não que elas precisassem dizer palavras, sua comunicação não se estabelecia da forma usual. Em sonho, ambas carregavam nos braços suas cartas, Samanta ensinava Sabrina o poder desconhecido dos seus mistérios, elas já possuíam o baralho completo, mas Sabrina ainda precisava aprender a confiar e despertar. Samuel estava revoltado, havia estudado anos e não entendia como tinha perdido para uma mulher tão frágil e aparentemente tão forte, afinal, ele era um mestre. Sim, essas mulheres eram fortes pelo simples fato de reconhecerem-se fracas. Não negavam as dores e desfilavam belas e sublimes, sensuais e sedutoras quando necessário, silenciosas e perigosas como as serpentes, frágeis e sutis na escuridão dos sentimentos, inseguras e humanas quando o amor batia em suas portas. Sabrina preparava um café enquanto eles conversavam, cabelos soltos encobrindo os ombros, e de súbito, teve a certeza do amor. Samuel provavelmente seria uma paixão, mais um intermédio entre ela e seu verdadeiro amor, uma paixão necessária como havia sido todas as outras, porque cada caminho que escolhia e cada pessoa que consequentemente cruzava seu caminho, estavam ali para ensiná-la e prepará-la. Sabrina seguiria com sua nova história, suas cartas e Samanta lhe ensinando em sonhos. O sol nasceu, elas andavam na paciência que o universo espera e na certeza que o amor possui. Juntas. como mãe e filha, marido e mulher, amantes inseparáveis, mas sobretudo, irmãs e amigas... Uma parte reconhecendo a importância da outra, era essa a base do amor. 

Buscando a cura

Quando a gente sente a gente se cura...
Quem sabe?!
Tenho sentido tanto, sentido muito, e sentir de mais às vezes aperta. Quando aperta a gente come de mais, e quando a gente come de mais...puts.... a calça não entra!!!! Quando a calça não entra a gente se cura?!
É isso?!

PINHEIRINHO: O amor em coma

Toda essa coisa do Pinheirinho me assusta, muito!
"Levaram os corpos para São Paulo, para dizer que não houve massacre."
Do lado de cá, uma passiva sentimental e romântica, fica se perguntando;
PRA ONDE VAMOS?!
Dinheiro de mais
Mentira de mais
Poder de mais
Violação aos direitos Humanos. Direito de acreditar que é possível, que vale a pena, que podemos contar com uma força maior que cuida de todos nós.
Lembro da frase de Madre Tereza de Cálcuta "A falta de amor é a maior de todas as pobrezas."
Esse é caminho que o amor tem tomado no mundo, nas simples relações, nos pequenos estados de poder, nas minimas demonstrações de abuso. A falta de amor tem destruído o mundo, não amamos quem está perto, quem está longe, quem não pertence a nossa família. Não cuidamos de um desconhecido, não damos valor a dor do outro, não temos respeito pelos nossos irmãos. Vivemos em estado de plena guerra, uma ditadura silenciosa, e os Grandes Mestres Ilusionistas já conseguiram germinar o terreno propicio para desenvolver o abismo: Medo-individualista
Temos medo de tudo, do amor, do futuro, do outro....
O amor está em coma, internado em alguns desses hospitais públicos sofrendo de falta de ar. O amor foi sequestrado e perdido, assassinado por nós. O amor perdeu espaço para o dinheiro e o dinheiro anda junto com o medo e o poder. 
Buscamos solucionar o medo nos tornando cada vez mais egoístas e independentes.
Mentimos pra um amigo, maltratamos nossas esposas mas levantamos a bandeira pra reclamar desse imperialismo que nos massacra. Porque? Como assim?
Você causa uma ferida e acha que levantando a mão pra um desabrigado seu ser está pleno e em comunhão com o socialismo?!
O que aconteceu no Pinheirinho é só um exemplo do que vem acontecendo nas nossas escolas, na nossa cidade, nas nossas casas, nos nossos corações. A diferença é que vamos variando de papel, uma hora estamos do lado da comunidade despejada, do outro somos a Policia, depois o governo federal e em muitas vezes somos o próprio Naji Nahas. 

... Sinto falta do amor

domingo, 29 de janeiro de 2012

LHASA DE SELA

El Desierto

He venido al desierto pa' reirme de tu amor
Que el desierto es más tierno y la espina besa mejor

He venido a este centro de la nada pa' gritar
Que tú nunca mereciste lo que tanto quise dar

He venido yo corriendo, olvidándome de ti
Dame un beso pajarillo, no te asustes colibrí

He venido encendida al desierto pa' quemar
Porque el alma prende fuego cuando deja de amar

O Deserto

Eu vim ao deserto para rir-me do teu amor
Que o deserto é mais sensível e a espinha beija melhor

Eu vim a este meio do nada para gritar
Que tu nunca mereceste o que tanto quis te dar

Eu vim correndo, esquecendo-me de ti
Dá-me um beijo passarinho, não te assustes beija-flor

Eu vim acesa ao deserto para queimar
Porque a alma incendeia-se quando deixa de amar

GLORIA TREVI

Pelo Suelto

Pelo Suelto

A mi me gusta,
Andar de pelo suelto
Me gusta todo,
Lo que sea misterio.
Me gusta ir,
Siempre en contra de viento
Si dicen blanco,
Yo les digo negro
A mi me gusta,
Andar de pelo suelto
Aunque me vean.
Siempre con enredos.
Me gusta todo,
Lo que sea sincero
Yo soy real,
Y no tengo reverso
A mi gusta,
Andar de pelo suelto
Aunque me digan,
Que hasta barro el suelo.
Ser agresiva,
Como león con sueño.
A mí me gusta,
Andar de greña suelta
Aunque se acabe,
De infartar mi abuela.
A mí me gusta,
Andar de pelo suelto
Aunque me pongan,
Gritos en el cielo.

Y voy, y voy,
Y voy, y voy,
Y voy, y voy,
Voy a traer,
El pelo suelto
Voy a ser siempre,
Como quiero
Voy a olvidarme,
De complejos
A nadie voy,
A tener miedo
Voy a traer,
El pelo suelto
Voy a ser, siempre,
Como quiero
Aunque me tachen,
De indecente
Aunque hable mal,
De mí la gente.

A mi me gusta,
Andar de pelo suelto
Yo no soporto,
A los hombres serios
Si alguien quiere
Que me corte el pelo
Aunque lo ame,
Se va mucho al cuerno.

A mí me gusta,
Andar de pelo suelto
A los cepillos,
Ya ni puedo verlos.
Me gusta serle fiel,
A un sentimiento
Voy a olvidarme,
De los tristes tiempos.

Y voy, y voy,
Y voy, y voy,
Y voy, y voy,
Voy a traer,
El pelo suelto
Voy a ser siempre,
Como quiero
Voy a olvidarme,
De complejos
A nadie voy,
A tener miedo
Voy a traer,
El pelo suelto
Voy a ser siempre,
Como quiero
Aunque me tachen,
De indecente
Aunque hable mal,
De mí la gente
Voy a traer,
El pelo suelto
Mjm!
Voy a traer,
El pelo suelto
Me digan,
Lo que me digan.
Voy a traer,
El pelo suelto
No, no me quedo calva.
Voy a traer,
El pelo suelto
Yo voy a traer,
El pelo suelto
Voy a ser siempre,
Como soy.

Cabelo Solto

Cabelo Solto

Eu gosto
De andar de cabelo solto.
Eu gosto de tudo
Que seja mistério.
Eu gosto de ir
Sempre contra o vento.
Se dizem branco,
Eu digo preto.
Eu gosto
De andar de cabelo solto
Ainda que me vejam.
Sempre com enredos.
Eu gosto de tudo
Que seja sincero.
Eu sou real
E não tenho reverso.
Eu gosto
De andar de cabelo solto
Ainda que me digam
Que haja barro no solo.
Ser agressiva
Como leão com sono.
Eu gosto
De andar a solta.
Ainda que se acabe,
De infartar minha avó.
Eu gosto
De andar de cabelo solto
Ainda que me coloquem
Gritos no céu

E vou, e vou
E vou, e vou
E vou, e vou
Vou trazer
O cabelo solto
Vou sempre ser
Como quero
Vou esquecer
De complexos
De ninguém vou
Ter medo
Vou trazer
O cabelo solto
Vou ser, sempre
Como quero
Ainda que me tachem
De indecente
Ainda que falem mal
De mim

Eu gosto
De andar de cabelo solto
E não suporto
Os homens sérios
Se alguém quer
Que eu corte o cabelo
Ainda que o ame
Que se vá o corno.

Eu gosto
De andar de cabelo solto
Os pincéis
Já não posso vê-los.
Eu gosto de ser fiel
A um sentimento
Vou esquecer
Dos tempos tristes

E vou, e vou
E vou, e vou
E vou, e vou
Vou trazer
O cabelo solto
Vou ser sempre
Como quero
Vou esquecer
De complexos
De ninguém vou
Ter medo
Vou trazer
O cabelo solto
Vou ser sempre
Como quero
Ainda que me tachem
De indecente
Ainda que falem mal
De mim
Vou trazer
O cabelo solto
Hmmm!
Vou trazer
O cabelo solto
Me digam
O que me digam
Vou trazer
O cabelo solto
Não, não fico careca
Vou trazer
O cabelo solto
Eu vou trazer
O cabelo solto
Vou ser sempre
Como sou

Para além de fitas, cordões, belezas e dores

Uma dor. De tudo, pra tudo. Um espaço doendo, físico, no físico, no corpo, na alma. Bastar-me com pouco. Viver com pouco. Sem preocupações com o amanhã. Suportar e ver beleza nas árvores que vejo, nesse vento frio, no céu imenso, na comida, nos amigos, na casa, no aluguel, nos livros, na saúde, na beleza.....
Uma casa vazia. Paredes brancas, corredores imensos, sentada em um canto eu me pergunto por onde continuar.
Existem dores fundas aqui.
Medo.
Hoje eu não desejo nada e não quero ser ninguém.
Isolada. Isolantes cortando o peito. Fitas me fechando dentro de mim. Cordões imensos me amarrando ao passado, tinta fresca, mão molhada, coração ardendo.
...Solidão a décima potência testando a força dos pés na terra.
Abro-me em gigantescas asas e caio na poça que chorei sem ver, no escuro, de dentro, mordendo os dentes e segurando o corpo no espaço. Recolhendo os cacos, amenizando o caos, vestindo a vida de ilusões, sustentada por Deus... Busco a inexplicável certeza do desconhecido que me afaga.



sábado, 28 de janeiro de 2012

Movimento puro

Hoje escrevo curto, já que nada precisa ser dito deixo aqui movimentos, sensações e um desejo absoluto de continuar. Cortei o pé em um caco de vidro verde. Aquele homem de camisa amarela e um olho que me comia longe... Noite de feitiços. Durmo feliz e viva.


"” – Quem me roubou o direito de provar que sofro? Respondo:
– O pátio.
– Que vivo?
– O pátio.
– Que quero?
– O pátio.
– Quem me ouviria?
– O pátio.
– Quem não me ouviria?
– O pátio.
– Quem sabe?
– O pátio.
– Quem não sabe?
– O pátio.
PÁTIOOOOOOOOOO. [Quem fez o pátio?]
(…) ENTRADA FRANCA AOS VISITANTES: não terá você, com seu indiferentismo, egoísmo, colaborado para isto? Ou você, na sua intransigência? Ou na sua maldade mesmo? Sim, diria alguém, se pudesse: recusaram-me emprêgo por eu ter estado antes internada num hospício. Sabe, ilustre visitante, o que representa para nós uma rejeição? Posso dizer: representa um ou mais passos para o pátio. – Eu quis, mas não posso viver junto dêles. Que fazer? Odeio-os então por isto. Trancar- me – voltar para o pátio, onde não serei rejeitada. Fugir. Fuga na  loucura.”

LUA CHEIA

E por uma porção de tempo eu sonhei com você(eu sempre quis dizer uma porção e nunca deixaram). Eu sonhava todos os dias como uma completa realidade que me atormentava cada tempo de todas as minhas incansáveis tentativas de te esquecer e por mais que eu quisesse aquilo desapercebidamente me atormentava como um zumbido de abelha aterrorizando meus pobres ouvidos que desde a infância  ouviam coisas que doíam tanto tanto tanto que cheguei a pensar em ter os tímpanos estourados ou até mesmo fora do lugar e pensar em qualquer coisa fora do lugar me machucava também como os zumbidos de abelha e o pior é que eu gostava de abelhas e aquela história toda delas produzirem mel e mel me fazia lembrar sempre de toda a minha adolescência e principalmente da minha avó (não que ela tivesse alguma ligação com abelhas) que era doce como aquele mel com banana que as vezes eu comia pela manha e de manha era gostoso comer banana com café e mel que me fazia sonhar com coisas maravilhosas e desconhecidas e sonhos eram bons e hoje sonhando com você todos os dias eu me lembro do mel da minha avó do café das abelhas dos sonhos antigos que eram tão maravilhosos que me faziam esquecer qualquer obrigação de ser boa e de continuar eu simplesmente ia e acordava todos os dias para comer banana com mel e depois a noite ter sonhos maravilhosamente lindos e doces e tudo que era doce me fazia acreditar um pouco mais na realidade de uma vida um tanto quanto sem sentido que me fazia doer mesmo não querendo eu tentava comer banana com mel pra esquecer o zumbido das abelhas me atormentando diariamente e cotidianamente mas apesar de tudo quando anoitecia eu tinha sonhos completamente lindos e completamente sinceros e aquilo me bastava apesar de uma amargura que foi crescendo com o tempo e me fazendo chegar em um ponto como esse de hoje que sonho com você todos os dias (eu sonho com você todos os dias)...... e dói, e ouço os zumbidos de abelha, e não como mais banana com mel, e não vejo minha avó... e sinto essa amargura crescendo, e durmo....anoitece....eu sonho com você diariamente....

Lúcida

Maluca. Às vezes acho que eu sou maluca! Fico me perguntando o que o tempo faz ou não faz com as pessoas, comigo ele tem um efeito parecido com o Alemão. Transformei o príncipe em sapo e o sapo em príncipe, tomei um susto, e agora eu tô na dúvida. São cinco horas da manhã, tenho insônia, não consigo dormir pela lucidez que me acomete. Senti uma vontade de rir e gritar que entendi tudo, demorou meses, talvez anos, mas agora eu entendi tudo. Não sei o que é bom e muito menos o que é ruim, não me interessa. Lembro do Zuza dizendo: Espera um mês Day, um mês. Pá! Um mês e pronto, acordei! Uma gargalhada presa no estômago. Fui pra frente do espelho e ri de alívio, não não não não não era você e nunca foi. Nunca te admirei, nunca te achei um artista, você nunca me inspirou, nunca me fez feliz e muito menos mulher.  VOCÊ NÃO TEM TODAS AS COISAS QUE UM DIA EU SONHEI PRA MIM, não é Roberto Carlos?! Construi um cara que não existe, vou sofrer porque?! Se te construí você é meu, se te construí posso fazer isso de novo e transformar uma cadeira no meu novo amor, isso não é interessante?! Hoje me parece tudo tão falso.... Os poemas, os bilhetes, as promessas....Vontade de vomitar! Nojo, nojo instantâneo porque tem alguma coisa fedendo a dias. PUTA QUE PARIU você é um merda. Não gosto do seu trabalho, não gosto das coisas que você escreve, não gosto de nada que você faz e nunca gostei. Olha isso?! Como assim?! Isso tudo tá me assustando! Lembro um dia que eu disse para o Samuca: ah...eu gosto dele, mas existe um problema sério nessa relação nego, eu não admiro ele, não gosto das coisas que ele fez, e isso pra mim é um problema.

COMO EU PUDE ME ESQUECER DESSE MOMENTO DE LUCIDEZ?

Isso faz tanto tempo...

Menti pra mim, menti pra você, inventei que te amava porque era mais fácil que a realidade.
Sempre tive problemas com a realidade... 

O Zuza tava certo “Ele precisa muito mais de você do que você dele”  e você sabia de tudo isso, então alimentou a minha paranoia, meu desespero, minha carência e instabilidade, só assim você conseguiria me manter dopada na ilusão que criei. Quando acordei você se desesperou e passou semanas enchendo meu saco com discursos falsos, mas tocando exatamente nos pontos certos, nos pontos da minha “falsa realidade”. Voltei pra você, mas era óbvio que não daria certo, depois de colocar o pé na claridade e enxerga-se no meio do lodo, a gente anda tateando as paredes. Você sabia da minha quase lucidez, foi tão esperto e calculista, derrubou-me com as minhas próprias armas. pouuuuuuuuuuuu, ELA VAI E VAI E VAI E VAI E VAI....pronto!Caiu!Nocaute!!!

Ahhhh Hoje eu tô feliz, feliz porque depois de meses ando existindo em um mundo real, suportando ser, compreendendo a existência. Confesso que o Sartre e as idas à Umbanda têm contribuído consideravelmente com tudo. Não luto mais pra voltar a viver dentro de mim, simplesmente já estou. 

Pá!ACORDEI!

Será?!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Nitimur in Vetitum

(Para Nildo Monteiro, aquele que não esqueço e que me inspira)


Falamos da terebintina que eu bebi aquele dia! Das vezes que você chegava em casa e eu tava bêbada. Do Nietzsche que você me ensinou a ler e do Lobão que você me ensinou a ouvir. Das dores que eu causei e da felicidade também, você disse que me ama, e que me amou muito! Falamos dos medos, das relações amorosas que você teve, e das magoas que o Marcelo deixou em mim. Comunicamo-nos durante horas, não precisávamos de mais nada além daquelas nossas dores e do amor que sentíamos um pelo outro. Fomos pra sua casa, colocamos a música de sempre e você leu O Uivo, do Ginsberg. Amamo-nos como nunca, fumamos um cigarro e rimos dos vizinhos. Bebemos caipirinha e você me deixou em casa. Nunca na vida alguém me recebeu tão sinceramente e com tanta intensidade. Não interessa se eu estava quebrando as coisas e gritando pelo mundo, ou então jogando flores e te preparando um café da manhã, você sempre me aceitava e me recebia, sempre! Você sempre esteve ali, nas horas das piores dores, dos piores fracassos, e da mais intensa loucura, você não me abandonava, nunca! Agora fico rindo, porque você disse que preciso ser estudada... Você me inspira. Me sinto tão abençoada e tão privilegiada de ainda de ter, de ter o Willian, Carol, Camila, Rafa, Mari, Samu, Pri, Ana, Zuza, Fe, Tocinho, Lipe, Marinas, Moniquete, Gets, Tata, Ériquita, Paty, Gabi, meu pai, meus irmãos, você... É..... nada melhor que o tempo pra dizer o que é importante de verdade! Obrigada por tudo..... te espero para as aulas de xadrez!!!!

"Não é que amor de menos, pelo contrário, é amor de mais."

Solilóquio do inevitável

Amo minhas lembranças. São elas que me compõe. Tudo aquilo que fiz, tudo o que vivi, tudo o que me corta e acaricia. É bom voltar à alma para o passado e ter a certeza de tudo. Cada decisão tomada, cada choro e impulso. Os medos que tive, a coragem que senti, os desesperos sem nexo, as aventuras inigualáveis, os amores intensos e as amizades floreadas de gente. Sim, eu sou uma artista, não me envergonho disso e não possuo medo algum de dizê-lo. Medo eu teria de ser sensata, controlar os sentimentos e as palavras que saem no calor da emoção. Medo eu teria se meu futuro fosse certo, se os alugueis estivessem pagos, e se o contrato durasse mais de um ano.  Não sinto medo da minha vida, hoje não, e que maravilha não saber do amanhã.  Já morei sozinha, já passei fome, já pintei quando o teatro me sufocava, já escrevi quando a pintura não me bastava. Com a plateia cheia eu gritei para um único cara, segurando o choro na garganta: “Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê”. Gritei pra humanidade, mostrei a barriga mole e a alma insensata. Rasguei as amarras, já rompi com determinações e ridicularizei o cotidiano. Não preciso de ninguém e possuo uma dependência interminável nas pessoas que me cercam. Sim, sou contraditória, e arregaço as mangas pra dizer que estou tentando. Não é fácil, mas quem disse que seria?! Já fui humilhada, já ganhei prêmio, já me elogiaram bastante pelas coisas que escrevo e já criticaram dolorosamente a forma que escolhi de estar em cena. Vivo em cena, prefiro a tragédia ao drama, gosto dessa coisa meio Stanislaviskiana de estar no mundo. Embalando as noites de jazz, vinho e aquele pianista maravilhoso que às vezes toca na TV, eu sigo. “Sobrevivo a mim mesma”, Clarice e Sartre são as inspirações para o niilismo e esperança que me salvam. Acredito em Deus e na forma mais exata, sofrida, bela e dolorida de estar, ser.  Acredito cegamente no amor e vivo por ele, produzo através dele, sou dentro dele.  Amor em tudo, por quase tudo, absolutamente em tudo que coloco as mãos, os olhos, as palavras, o sexo, o corpo, a alma. Quanta satisfação eu sinto quando observo os caminhos que permeei, as cachoeiras que tomei banho, as cidades que conheci, os porres que tomei, as conversas sublimes, os encontros mágicos, os amores surrados, o macarrão que durava uma semana, a roupa rasgada e remendada milhões de vezes, o aperto no peito de saudade da família mas aquela vontade cega de seguir o meu caminho, mesmo que doesse. Meu corpo vibra com uma felicidade ainda desconhecida quando o que fica são lembranças. Solilóquios alquimistas após o banho no mar revolto e na tempestade de palavras, sobrevivo. Um suntuoso silêncio me agrega a tudo e todos, não deixo de ser e isso me iguala. Quero a beleza do inesgotável, mesmo que dela a feiura se torne sublime. Parafraseando Anais Nin: Eu me recuso! Me recuso viver uma vida ordinária, como uma mulher ordinária a estabelecer relações ordinárias. Não me adapto ao mundo, me adapto a mim mesma. Mesmo que seja um completo deserto, prefiro morrer de sede sabendo que tentei. Me recuso à essas relações imbecis e vis, detesto quando o outro não se entrega, odeio quem age por cautela e não vive por amor. Piedade Senhor! Piedade! Pra essa gente careta e covarde!!!Me segura Cazuza, me segura que hoje eu tô extremamente exagerada e feliz!!!!!!!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Na disritmia do amor em mim, pra mim.


 
(para Taís Gomes, aquela dos bilhetinhos que imprimi e colei no guarda-roupa)

Não, não tem sido fácil, juro pra você que não. Tenho tentado minha amiga, arregaçando as mangas e cumprido o combinado. Levanto, tomo banho, faço um café e fumo um cigarro. Encontro os amigos, leio, bebo água e tenho até passado creme pelo corpo. Acendo incenso, vela, rezo e tiro tarot. Limpo a casa, lavo o banheiro, faço compras no supermercado. Escrevo, coloco o lixo pra fora, converso com quem eu amo, organizo os livros, as pesquisas, escrevo projetos. Cuido das minhas plantas, faço panqueca pro Willian e perambulo na noite com a Camila. Tenho tentado, seguido em frente, e sustentado uma fé que a muito não via nascer em mim, carregando na palma da mão uma paz que transborda nas tardes ensolaradas e nas noites frescas. Mas não tem sido fácil, porque é difícil ser rejeitada e compreender  todas as mentiras e enganos que foram cometidos contra você. Não é fácil sair do papel de vitima e começar a reconhecer toda sua responsabilidade na história. Já passei pela fase de não acreditar no amor, depois veio o desespero de encontrar alguém, agora to tentando me reestruturar e recompor os cacos. As pessoas não amam e não se entregam da maneira que eu desejo. Nada funciona assim. Hoje conheci uma Italiana linda, conversamos horas sobre esse estado externo, medroso, unilateral e consumista no qual se encontra o ser  humano. Eu não quero fuder com ela, não é o sexo e muito menos uma noite a dois que me faz desejar o desejo de adentrar em alguém. Gosto das profundezas da sinceridade, aquela onde o silêncio já diz muita coisa. Gosto de amar e de aprender com cada pessoa que cruza meu caminho. Não quero colecionar namoradas ou namorados, na verdade, não gosto muito de coleções. Andei percebendo que as pessoas tem se assustado comigo, porque eu entrego, porque me dou inteira. Não me interessa se é para o cara gostosão que transei na noite passada, ou a menina doce e gentil que me atendeu no supermercado, ou meu ex-marido que passa a tarde jogando videogame com o meu outro ex, aqui na minha casa, enquanto eu lavo a louça e preparo suco de maracujá para os dois, ou aquele moço que inesperadamente disse que me amava... Eu tô ali sempre, olhando no olho, dando o melhor de mim e amando essas pessoas que magicamente cruzaram meu caminho. Gosto de conversas, de discussões, êxtase, estados de transe, conhecer e trocar com essas poucas pessoas intensas e verdadeiras que encontro pelo caminho. Confesso que descobri, a pouco tempo, que andava me desvalorizando muito, me entregando pra quem não valia a pena, doando minha alma pra qualquer um que me enganasse com mentiras e falsas promessas. Será que não me amo em absolutamente nada?! É, talvez! Essa constatação me assustou um bocado. Comecei então a construção da minha caixinha do amor, aquela onde só eu possuo a chave, o lugar onde posso retornar quando o mundo inteiro desaba na minha frente. Não tem sido fácil, mas tenho gostado dos resultados. Em dias como o de hoje é particularmente muito complicado manter a fé em si mesmo. Mas não desisto, continuamente, mesmo na dor sufocante que às vezes me engole, busco construir a cada dia que passa um pedacinho da minha caixinha do amor. Tenho me sentido mais forte e fortalecida pra dizer não! Não, eu não me entrego mais pra qualquer ser humano que esbarra meu caminho. Somente aqueles onde minha intuição e minha percepção selvagem e amorosa encontram respostas sinceras, humildes e verdadeiras. Seres humanos de verdade! Seres humanos despostos a. Uma busca de pérolas no mar revolto. Agradeço a Deus todos os dias as preciosidades que já encontrei pelo caminho, todos e todas que me recebem de alma e coração abertos. Esses amores/amigos que me excitam e me fazem querer continuar por eles, pra eles. Não posso mais dar amor a eles e elas se não faço o mesmo comigo. Tenho feito, pelo menos é o que venho buscando e humildemente acredito que tenho conseguido. Mas é como abandonar um vício... Febre, delírios, dores, vômitos, alteração da realidade, raiva, alucinações e perda de memória. Mas não desisto da guerra! Como disse minha amiga: Dayane, guerreira?! Ela já nasceu em guerra!!!!
Vontade.... Desejo....Muito desejo de seguir em frente, muita vontade de ser melhor! Eu sei que consigo....Eu sei! Com muito amor e paixão, eu chego lá, me aguarde!
Com muito amor e carinho,
Pra você, que é mais uma das minhas pérolas!
Eu.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FRAGEIS

É! A vida é frágil de mais.
Tem alguma coisa errada acontecendo com o mundo. Com as pessoas. Ao meu redor tenho visto amigos sofrendo por amor, uma anda deprimida pela falta, outro porque descobriu que tem AIDS, outra perdeu a sanidade e já não sei mais como ficarão as coisas. É ASSUSTADOR TUDO ISSO! Nenhum controle sobre absolutamente nada. Nenhuma sabedoria que nos salve de certas doenças. Hoje queria poder abraçar todos eles e dizer que estou aqui. Cheia de dores e de medos também, mas compartilho o silêncio e o medo da morte.

A gente vive os dias arriscando a eternidade, apesar de pressentir a fragilidade que nos acompanha como uma sombra. Minha dor é medíocre, meus medos são medíocres, minha arte é medíocre, minhas escolhas são medíocres, porque em tudo penso sempre nesse buraco que sou eu. Impossível continuar vivendo assim, afastada da comunhão e compaixão por cada irmão que carrego na terra. Não posso julgar, não posso culpar, porque cada um sabe a dor que carrega na alma. Meu Deus como eu amo vocês e como me assustei com tudo isso.

Alguma coisa aconteceu, alguma ficha caiu. As coisas que nos acontecem, os encontros que temos, as doenças, os medos, a vida que vivemos...Pra tudo existe um motivo. Não podemos deixar de dizer hoje aquilo que nos atormenta, o mundo não espera, o corpo não dura pra sempre.  Somos frágeis de mais...

Casa de tolerância

Hoje eu quero escrever pra longe.
Pra longe da dor que senti do mundo, dessa dor de mulheres usadas, abusadas, humilhadas e mal tratadas.
Essa dor de anos que carregamos no espirito.
Essa dor do mundo que não sabe amar.
Hoje eu queria escrever pra bem longe de mim.
Agrupando os cacos e o vidro estilhaçado da janela.
Arrancando os vermes que teimam em continuar corroendo nossa compaixão.
Hoje eu chorei pelas prostitutas da praça e a mulher solitária sentada na escada do metrô.
Reconheci-me no silêncio vago da garota que cobra 5reais pelo boquete. Da menina que ganha 20reais pela trepada, com direito a duas posições. Da mulher caída de corpo e de alma, que recebe de cada cliente 10reais pra engolir aquela porra amarga que paga o material escolar do menino que começa a escola.
Reconheci-me tão profundamente, que tive nojo da minha dor barata. Do meu egoísmo romântico, do meu velho amor imbecil desvalorizado por um homem qualquer.
Desci rolando as escadas e la de baixo não conseguia mais compreender o mundo.
Deixei de entender o motivo dessa solidão agrupada.
Não consigo mais compreender a falta de união e o medo de viver o amor.
Tudo dói! Desgasta a pele do rosto, desmancha o sorriso na cara, aborta a esperança da fé.
Mas sigo continuando na tentativa de ser um pouco melhor ...sigo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

...

No canto da boca ainda escorre uma esperança. Meus pés andam caminhando pela terra, de cima vejo estrelas....apesar do gosto amargo na boca, minha alma tem gosto de paz....

Fecundação do amor

Ela escolheu a rua da esquerda. Asfalto quente, 10º lua do ano, cheia, extremamente cheia. Seu vestido era curto, nos pés uma sandália alta, um lenço preto encobrindo os cabelos enrolados e castanhos. Seu coração andava carente e machucado pelas provas da vida. Carregava nas mãos um livro, um cigarro, um isqueiro e uma loucura pequena que iluminava seu caminho. No peito carregava paz, uma paz estranha e desconhecida. Na altivez das pequenas casas, pouco iluminadas, um olhar de homem debruçou-se sobre o seu. A paz pediu licença , seu lugar foi ocupado pelo Amor. O lenço escorreu pelos ombros e uma lágrima brotou daqueles olhos castanhos que carregavam uma imensa e desabrigada dor. Não esperava encontrar o seu grande amor assim, nesse instante de fraqueza e força, certeza e incerteza, deu ao homem a opção de descer e viver com ela. O céu estava limpo e algumas estrelas brilhavam tão intensamente que o céu mais parecia um sol. Do outro lado o homem teve medo, era bonito, estranhou a fixação com que seu corpo olhava pra ela, sentiu-se mal e não soube reconhecer que aquele mal era um bem que o destino lhe dava de presente. Como um verdadeiro predador ,que prefere o excesso a escolha decisiva de uma única alma, pulou diretamente para os braços da ninfeta cor de mel que o esperava sentada na sacada. Ela abaixou novamente a cabeça e cobriu-se com o tecido negro, continuou o caminho pela rua esquerda, e sangrou a morte do amor que viu morrer pelo medo da escuridão leve e reveladora, divina até. O tempo correu, nosso homem já envelhecido e sozinho, resolveu-se, pela primeira vez, escolher o caminho da esquerda. Inesperadamente, como um susto que tomamos despercebidos, ele deparou-se com a casa e a imagem sépia da mulher que o esperava na sacada, aquela mulher que anos atrás despertara nele coisas que nenhuma outra jamais alcançou. Aquele homem chorou, chorou como nunca havia chorado, e doeu tão intensamente que seus olhos explodiram e ele passou a ver, mas ver era pedra lhe arrancando os ossos, ver era pesado e ele queria ser leve, ver era prisão e ele queria ser livre, ver era forte e ele precisava ser fraco, ver era ter que escolher e ele preferia a falta de opção que lhe lançava um leque de novas possibilidades. Em meio a soluços e lembranças acendeu um cigarro, deu meia volta e adentrou, tateando a calçada, pelo caminho da direita. Mas agora ele carregava no espirito o feto morto do amor que deixou-se perder na prisão da dúvida e no medo do desconhecido. Cego e sem amor, ele seguiu seu caminho de certezas suicidas e uma paz sufocante que o deixaria levemente como um gostosão-falso-feliz-solitário-filosofo-das-estradas-que-percorria. Um Deus, um Deus cego sem paraíso, sem amor, sem trono, sem céu, sem vinho, sem ele mesmo e sem ninguém. Preso na liberdade mentirosa e medíocre que escolhe pra si...Seguiu cego e feliz.  Ela encontrou a magia única de sentir-se amando, cultivou um jardim com todas as espécies de rosas em dedicação a ele. Todos os dias dedicava horas imensas aquele jardim, trocando terra, retirando pragas, conversando com as plantas. Alguns diziam que ela estava louca e deprimida. Outros a taxavam de esquizofrênica infeliz. Mas a maioria a percebia triste e sem ninguém. Um dia, cuidando das rosas, ela viu brotar da terra um buraco e de la emergiu um Ser que a chamou de amor, quando o viu ela disse: Passei todos esses anos cuidando das minhas plantas e do meu amor, para poder lhe dar de presente quando você aparecesse. Enfiou-se terra abaixo e desapareceu, no fundo do mar negro escondido embaixo dos nossos pés,  ela gozou o amor livre e sincero, e agradeceu aos Deuses a espera insistente que ela manteve por ele. Um novo amor que não era o seu, mas escolhendo, passou a ser.
Milhões de anos depois a mulher, que foi transformada em bruxa do louco amor poético, encontrou-se com aquele homem que havia negado seu amor, e tinha sido transformado em um semi-deus do silêncio cego ensurdecedor. O olhar de ambos encheram-se de lágrimas, ele deu um grito e pediu ao Deus Maior que lhes desse uma nova chance. O céu se abriu em trevas e começou a chover, rapidamente a semi-deusa amada que encontrava-se a sua frente, foi se desfazendo em lama. Desesperadamente ele tentou agarra-la, mas ela escorria pelos dedos, e ele chorava, e ele via, e ele gritava, e ele tremia. Da terra, ela vociferou chorando e gozando: Não! Eu não te amo mais, porque com o tempo eu plantei rosas, com o tempo eu cuidei da terra, com o tempo eu cultivei o amor, com o tempo eu te esperei e com o tempo minha terra virou lama, minha lama tornou-se rosa, minha rosa virou beleza, minha beleza uma inebriante loucura e minha loucura transformou-se em amor. Não a tempo, nem beleza, nem um novo e genuíno amor que resista a espera de um velho amor, rejeitado e dolorido pelo tempo. Segue como um semi-deus, que é esse o lugar que te pertence, eu sigo como bruxa que é o papel que me cabe...Adeus!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Exercício de todos os dias

Quando bate de verdade a gente nunca sabe o que fazer. Um exercício. Romper com todos os vícios do costume, e sua redundância, claro! Venci. Dia 22 de janeiro e já fazem dez dias!MEU DEUS, nenhum telefonema, nenhuma mensagem, nenhum e-mail! Nada! Absolutamente nada...Nunca havia durado tanto tempo! Uma conquista. Ontem vi um vídeo(http://www.youtube.com/watch?v=xF8DIMLZUCI) Fumei um cigarro, vi de novo, escrevi um texto (porque minha vontade ainda é te dizer todas essas coisas) Escrevi, anexei o vídeo...Mandei o e-mail pra mim umas 5 vezes...Passou a vontade, e minha caixa de e-mails, com mensagens, não lidas, pra mim mesma, aumenta cada dia mais (mesmo que esses pensamentos/sentimentos eletrônicos não sejam pra mim, mas são meus). Tenho andando pelo caminho dos mistérios da vida, tem me salvado. Umbanda, Orixás, Tarot, Evangelho, livros, músicas, plantas, céu, estrelas, viagens, vozes, exercícios, balança......Tudo me aterra um pouco mais, meus santos gritando no meu ouvido que tudo valeu a pena, ainda vale, tudo vale! ”Segure seus santos ai que eu seguro os meus aqui” será que funciona mesmo assim?! É, talvez esteja certo....meu equivoco é essa paixão pelo amor que me transcende e quando menos espero ando voando por lugares inabitáveis nessa realidade sufocante. Peço a Nossa Senhora que me dê forças pra continuar, ela...Na sua deslumbrante verdade e silêncio me mostrando os prazeres e a felicidade desconhecida. Observei que já fazem uns dias que não choro, nem soluços, nem insônias (1 só), nem pedaços perdidos, aproveitando o novo corpo que nasceu e essa alma que caminha pela escuridão de escolher o que não conheço, vivo mudando. Quando começo a me acostumar vem um banho de mudanças e me atira pra estrada nova, com sapatos novos e uma bolsa carregada de lembranças....é....ajuda, principalmente na criação! 

Ana C.

"Samba-canção
Tantos poemas que perdi.
Tantos que ouvi, de graça,
pelo telefone – taí,,
eu fiz tudo pra você gostar,
fui mulher vulgar,
meia-bruxa, meia-fera,
risinho modernista
arranhando na garganta,
malandra, bicha,
bem viada, vândala,
talvez maquiavélica,
e um dia emburrei-me,
vali-me de mesuras
(era comércio, avara,
embora um pouco burra,
porque inteligente me punha
logo rubra, ou ao contrário, cara
pálida que desconhece
o próprio cor-de-rosa,
e tantas fiz, talvez
querendo a glória, a outra
cena à luz de spots,
talvez apenas teu carinho,
mas tantas, tantas fiz..."

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A Dama da Noite


Para: Camila Morais (aquela que me desperta)

“ Coríntios, Capítulo 15, versículo 1 – Irmãos, lembro a vocês o Evangelho que lhes anunciei, que vocês receberam e no qual permanecem firmes. É pelo evangelho que vocês serão salvos, contanto que o guardem do modo como eu lhes anunciei; do contrário, vocês terão acreditado em vão.


Ela costumava chegar em casa tarde, e quase sempre, bêbada. Passava a noite rezando nos butecos mais sujos, aqueles onde os falsos profetas e os transmissores do mal costumam buscar o bem que lhes falta. Naquele dia chegou em casa e abriu uma carta do seu Tarot (o rei de ouros). Como pra tudo existia uma conexão sublime e inexplicável, assim dizia ela, colocou a carta no seu altar e adormeceu com o significado nos braços.

Regina tomava um café enquanto aquele homem a perseguia com os olhos.  Ela saiu, fumou um cigarro e acariciou os dedos pontudos cheio de anéis.  A noite correu mansa, e quando a luz cheia gritava no céu a noite assoprava em suas saias que algo iria lhe acontecer.
Nossa mulher desceu as escadas, e antes mesmo de se decidir dele, seu longo braço arrastou-se para as mãos suaves daquele desconhecido. Silêncio nos interstícios da alma. Nesse madrugada os dois novos amantes, de um século desprovido da coragem do amor, amaram-se. Desconhecendo os caminhos tortuosos de um sentimento que ele nunca havia sentido , descobriu-se em chamas. Fervendo por dentro de algo que, sobretudo, o assustava.  Regina era vivente nessas coisas que nós, meros seres humanos, denominamos coragem.  E logo ali, quando a brasa ainda estava sendo acesa ela pressentiu a escuridão na qual aqueles dois se adentravam.

Aquele homem passou a viver coisas que jamais imaginaria. Aquela mulher cedeu, e cedeu de mais. Mesmo ela, cheia das vozes e dos ouvidos, cheia do cheiro imperceptível a olho nu. Mesmo ela, entregou as chaves da porta de sua alma, e esqueceu-se de abrir as janelas.

Dois filhos, uma casa, um cachorro e uma bicicleta. Chegaram a materializar sonhos (mesmo sabendo que os sonhos não se materializam, eles fazem parte somente enquanto dormimos), construíram barcos de pesca e pequenos vasos, feito a mão, de cerâmica Tailandesa. Compraram uma vitrola, discos de Bach, Vivaldi e Beethoven. Na estante os livros da mulher, Clarice, Ana, Sylvia e Virginia, no coração o medo do amor.

O primeiro rompimento veio pela brutalidade do começo. Indecisões machucam.

Quando se abre uma ferida ela se cura com o tempo, mas na pele guarda-se a cicatriz das lembranças indispostas pelos prazeres da carne. Retornaram estancando sangue. Panos e panos molhados, litros de águas foram gastos e a conta na farmácia aumentava em demasiada velocidade. Para cobrir a realidade feriram-se ainda mais. Ele corria enlouquecidamente, principalmente nos momentos atormentados pelo desconhecido, para aquele lugar calmo e confortável de antigamente, mas o retorno nunca foi o mesmo. Não seria, jamais, o mesmo.

Ela sonhava com filhotes metade porco, metade gente. Passou a ter insônias, e nos pesadelos seu seio era sugado por um lobo gigante. Caminhava horas sozinha nos horários de silêncio das grandes cidades, somente quem já amou consegue sentir o cheio de Dama da Noite. Aumentou o consumo de álcool. O peito andava apertado, doendo pra dentro. Ele perdeu o ar, sugou sugou sugou e fez como os bebês recém nascidos fazem, se engasgam de tanto leite. Mas não se separavam, e aquela conexão indissolúvel os unia humanamente. Cada parte precisava unir-se aquela outra, dois corpos quando se encontram entendem imediatamente o que se passa. Já duas almas quando se encontram, precisam de pelos menos um ciclo de lua pra amarem-se embaixo d’água. Estar submerso a um universo totalmente desconhecido exige tempo, e tempo não se espera, tempo se vive. Aquele tempo vivido causava medos nele e escuridões embrenhadas de dor, nela.

Veio então o segundo rompimento.

Preciso dizer que, não ter, faz o homem reconhecer a fome.

Racionalmente Regina compreendeu o encontro. Carregou no útero a parte que lhe cabia do amor, abortou sem querer, e viu seu feto morto nos sonos cheios de vaginas que à atormentavam. Meu Deus, se Deus existe em algum lugar e escuta os desesperados, ele caiu no inferno. Possuía dentro dele uma repulsa que o fazia sempre procurar novas mulheres, mas a vida encoberta por debaixo da existência, a verdadeira existência, ainda o fazia dela. Pertenciam-se como o universo dispôs. Dois lobos enraivecidos eclodindo-se em flocos fulminantes de espera. Não escutaram o tempo que sussurrava baixinho na intuição de ambos. Logo, aconteceu o previsível retorno.

Mendigos sujos e mal vestidos, cheios de doenças mal curadas, espectros mal enterrados e delírios mal alimentados. Aqueles dois se amaram, e agora sim, imergiam na imensidão do oceano. Aquele amor causava nela uma Náusea órfão de mãe, carente de pai. Mas pelas noites aterrando os pés nos butecos e vilas falidas, ela compreendia a importância do peso, ele não. Ele foi sufocando-se no próprio ar e no amor, que pra ele representava um feto morto nas mãos, mas ainda assim, um amor. Como?!  Feriram-se ainda mais. Aquele vâmpiro arrancava aos dentes a pele esclerosada da princesa indisposta. Discursos discursos dircursos, justificativas que a fazia perder-se da sanidade socialmente aceita. Gritos, soluços e um choro que não cessava. Ela se bateu inteira e arrancou com alicates as unhas dos pés. Ele assistia tudo em silêncio, se afastando das chagas que plantara com as mãos. Da forma mais sutil e preguiçosamente aceitável, envolveu-se com mulheres mais leves e menos profundas, era mais suportável. Apontava o dedo com toda energia que podia sustentar e esfregava na cara dela uma voz grave e rouca dizendo: Louca!

Louca ou Bruxa... Qual a diferença?!

A maioria dos homens temem o encontro com a Bruxa. Porque ela derruba mascaras e encontra, principalmente no não dito, a comunicação que uma outra alma lhe oferece. Descobre mentiras, pelo jeito como ele meche os braços, descobre traições pelo olhar que ele lança antes de dormir, descobre verdades pela voz que se alavanca aguda e cheia de pausas, descobre os podres pelo cheiro que exala dos cabelos. Dessa forma é fácil se assustar, ou fugir. Quem decide e o que decide?! Ainda não sabemos.

Romperam. Não foi só um desvencilhar-se, dessa vez os Deuses interferiram e fizeram o que foi possível para que os dois amantes se afastassem. Feridas, muitas feridas e dores foram deixadas nesses dois. Feridas que ela reconhecia e dores que ele ainda não se sabia de si.

Hoje, na distancia imposta pelos astros, ela ama na paz da saudade, reconheceu a Bruxa que carrega a Louca no peito e lhe da regaço sempre que necessário. O ama ainda mais,  descobriu a forma do amor sublime, aquele dos livros de infância, onde a Branca de Neve permanece dormindo antes mesmo que seu noivo apareça, guardada por sete anões ela processa o ensinamento do Rei de Ouros e ele absorve a fúria da Rainha de Espadas.

Ela acordou com saudades da amiga, com sede e uma vontade enlouquecedora de fumar um cigarro. 




"Alcance o vazio total.
Agarre-se a calma.

As dez mil coisas correm por aí;
Eu só observo, aguardando sua volta.

As coisas não param de crescer,
Mas cada uma volta à sua raiz.
Volta à raiz é a calma.
Isso quer dizer voltar ao que é.
Voltar ao que é
Quer dizer voltar ao comum

Entender o comum:
Iluminação
Não entender o comum:
A cegueira gera o mal.

Entender o comum:
Abre-se a mente

A abertura da mente leva a compaixão
A compaixão à nobreza
A nobreza  à santidade.
A santidade ao TAO.

O TAO perdura
O corpo morre.

Não existe perigo"

Algumas coisas dessa paz de hoje

Eu não sei dizer muita coisa, e acho que nem sei dizer bem as coisas, mas mesmo assim gosto de dizer coisas. Tenho pensado que a melhor coisa que me aconteceu foi essa última. É bom saber que hoje tenho uma sementinha que chamo de amor, e que não preciso de nada além dessa lembrança boa que às vezes me chega. Quando eu tô cuidando do meu alecrim, e assim, quando menos espero, tô pensando. Pensando de uma forma boa e linda. Como se eu quisesse que essa pessoa estivesse cheia de flores nas mãos, sendo cuidada, perto do bem, feliz, apaixonada. E é ai que eu penso comigo, isso é amor. Saudade é o tempero que falta, sabia?! Porque saudade aperta o peito, e não existe outra maneira de sentir saudade a não ficar quieta, em paz, em silêncio...vendo o sol-se-pôr do quintal da minha casa. Hoje, nesse amor que vai durar a eternidade, joguei o tempero da  saudade, ficou gostoso de mais e me deu vontade de dizer coisas bonitas, só pelo fato de senti-las. “Os sentimentos são cavalos selvagens”, tem uma hora que temos que abrir o portão e deixar todos eles saírem correndo ao nosso redor, ou bem longe da gente.  Amor + saudade = paz. Uma saudade que demora pra virar coisa boa, mas depois de um tempo ninguém aguenta ficar segurando as coisas ruins, e o coração faz questão de deixar na alma aquilo que foi bom. Gosto de amar, gosto de amar assim, demorei entender isso, mas amor pra mim precisa ser como o pôr-do-sol, uma sensação que ainda não sei o nome, um sentimento que não sei qual é porque dentro dele tem um tanto de outros. Tenho fé, tenho fé que o meu alecrim vai vingar, que amanhã vai fazer sol, que os dias vão continuar sendo bons como foi o dia de hoje, que o amor acontece naquele lugar que a gente menos espera, que saudade é boa, que brigadeiro não engorda, que não existe gente ruim, que as pessoas erram e isso é normal e mesmo assim podemos amá-las, que as estrelas no céu são as pessoas que morreram, que quando chove aqui chove em todo lugar do mundo, que bruxas existem, que tem um mundo invisível cheio de mistério que explica o inexplicável, que Deus é barbudo, que dentro do mar tem um mundo onde os peixes falam, que amor é pra sempre, que tudo tem um porque, que o trabalho que escolhi é o melhor do mundo, e que minha profissão me salva. Se eu pudesse, hoje, te dava um abraço apertado, e te pedia pra desligar a luz.... só hoje, eu compraria pra você uma margarida e dentro dela eu colocaria um bilhetinho:

“Obrigada por ter ido, desse jeito, com esse tempo e essa saudade, você plantou em mim margaridas e fez florescer girassóis.  Te amo como o pôr-do-sol ama seu espaço.” 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Doemos de dor

Quando a gente corta o dedo, dói.
Quando a gente tem cólica, dói!
Quando quebra o dente, dói!
Quando alguém morre, também dói.
Quando somos rejeitados, dói muito.
Quando não somos amados, dói de mais.
Quando doemos, ficamos em suspensão, com o olhar vago e a mão segurando o peito.

Um sonho

Humilhada.
Humilhei-me.
Implorei - explorei.
Perdi a caridade em mim mesma.

... Passou-se um tempo e a "Senhora de engenho" foi rejeitada.

Sem prefixo

Me falta um pedaço...

Escureço!

Perdendo pedidos soltos em mim

Um pedido:
Não é justo que a pessoa te enfie uma faca no pescoço e depois saia absolutamente em silêncio sem te dar uma única explicação do fato.
- Hei, me escuta, volta, me responde....Ta doendo muito, mas dói mais ainda não entender o porque!Será que rola de você me explicar?!

(Um sub-espaço no tempo)

Bem...
Eu queria pedir pra voltar, ms pedir pra voltar pra que?! se eu não era feliz?!

Ilusões insuportáveis

Não sei porque e ainda não entendo. Me parece que a gente vive de ilusão, e mesmo que alguém te faça muito mal e passe por sua vida destruindo suas melhores pilastras, quando acaba, você vive na ilusão de que tudo era bom, mesmo que não tenha sido tão bom assim. Ai a gente acorda e vive a ilusão das possibilidades que ainda não chegaram, no mistério que carrega os sonhos, os planos, os encontros. Alimentamos o amor na possibilidade de.  Quando não conseguimos vivemos a ilusão da possibilidade de conseguir um dia, quando conseguimos nos iludimos com as consequências da vitória. Depositamos nossa fé naquilo que não temos, caminhando como eternos insatisfeitos. Nunca basta, jamais esteve bom. Você tem uma mulher e deseja trepar com outra, você tem um emprego e almeja sempre algo maior, você casa com um cara e logo ele vira a ilusão de um grande amor. Se seu cabelo é curto, você adora os cabelos longos, se tá magra acha que tá gorda, se tá gorda precisa emagrecer, se não tem carro quer ter, se tem quer trocar, se seu braço tá pequeno precisa malhar pra ter um braço melhor, se sua pele é branca você toma sol porque prefere as morenas. Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!Juro que tô extremamente cansada dessa energia que vem dominando o mundo. Cansei! Cansei porque não encontro ninguém satisfeito com aquilo que tem, com aquilo que é. Ninguém! Absolutamente ninguém! Apegamo-nos de mais a tudo que é visível, e o invisível se dissipa com a mesma facilidade que tudo se decompõe. Queria calma, uma calma nova, uma energia nova, uma ansiedade a menos, um controle maior de mim e do que acredito. Queria leveza, mas não essa leveza idiota de sinceridades cruéis e amores brutos, não! Queria uma leveza de pé que esquenta na areia quente, do mar revolto na escuridão da madrugada. No silêncio de uma velha que caminha sozinha em direção a igreja. Queria suco de uva de manhã, e carinho nos cabelos a tarde. Queria certezas incertas e ilusões menos insuportáveis. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Não me peça pra parar

Hoje eu senti uma tristeza tão funda. Minha felicidade é rara, e quando ela vem me escapa pelas mãos. Se ainda te escrevo e se escrevo é porque me surpreendo com a vida.  Mordo-me por dentro e deixo de ser. Não há nada que me cause mais temor que a constatação de ser. Ser é algo tão forte que sinto dores no peito e não sei onde colocar as mãos.  Sem amor não sei mais o que fazer de mim, me perco e prefiro dormir. Esse seu silêncio me tira o sono. Sonho com você sempre, quase todos os dias. É incompreensível tudo. Uma criança imbecil com medo da vida. Sinto-me tão idiota, melancólica, incapaz. Sei que nos afundamos em um lugar sem nexo, cheio de lodo e lobos raivosos cuspindo fogos em nossos corpos. Só desejo o êxtase, e isso é tão perigoso, vivo de perigos, gosto do osso. Sou duas, eu sei. Existe em mim uma segurança libertaria e solta que cultiva tudo e todos. Uma liberdade que me amordaça. Essa outra, que hoje prefiro chamá-la de Cinco. Me assusta! Me torno um frágil pedaço de madeira, fechado em si mesmo, com medo e raiva. Desespero-me quando chega a noite, nesse instante acendo um cigarro e bebo um gole de vodka, logo deixo o cinco de lado e volto a ser aquela outra que sente o amor no banho de lua a dois, mas rapidamente tudo me escapa. Não vejo muito sentido na vida, em quase nada, mas logo me absorvo de um não/eu pra poder suportar os dias.  Dessa maneira, suporto. Levanto pilastras a base de estatísticas e produtos, trepadas e gritaria, me recuso. Me recuso a aceitar que Tudo que é solido se desmancha no ar, Me recuso a aceitar que o amor é líquido e as relações também. Custo acreditar na realidade, vivendo de incertezas e sonhos que crio pra mim, vivo de nós dois, nós três, nós quatro, nós cinco. Vivo de cinco. Viver hoje foi um sacrifício quase insuportável, mas dentro do tédio dilato o tempo, e vivo somente sendo, sendo eu me basto, escrever é uma forma de ser.  Sou maior que o meu corpo, vivo cambaleante entre os becos escuros que caminho. Penso quase sempre em desistir, mas desistir seria concordar com esse não/ser que me arrebenta. Prefiro continuar, continuar continuando.... andando, seguindo, tentando. No dia exato eu deixo tudo pra traz e volto a transcender nessa coisa incógnita que chamamos de morte. Por hoje eu vou vacilando entre ser e ser aquelas duas que nada é. Entre a morte e a vida, eu prefiro o amor.

domingo, 15 de janeiro de 2012

para aquele que não ama

‎"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo (...) O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se (...) esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."

Um novo amor cheio de Deus ou Um novo Deus cheio de amor....

Tava tocando “Blus da piedade”, eu tava na janela pensando justamente no amor. Você apareceu dançando e cantando na rua, olhava pra mim com um carinho que a muito não tocava ninguém. Desci correndo e abri a porta pra você, grudamos, beijamos, trepamos, amamos, falamos.... deitei no seu peito e daquela janela, sem você perceber, tomamos  um banho maravilhoso de lua. Senti uma coisa tão leve e tão linda. Foi ali que pensei que abençoado é aquele que sente amor, esse amor de doer, sem medo, instantâneo. Aquele que topa as piores brigadas e incertezas. Aquele que sai correndo com a mala na mão pra qualquer lugar no fim do mundo onde possa viver o amor.  Aquele que vai, que entra, que tenta. É nessa coisa toda que eu vejo Deus, que eu sinto que Deus existe. Porque apesar de todas as feridas eu sinto amor. Sinto amor sempre e ele preenche esse vazio que a vida deixa quando ela habita, como se às vezes houvesse em mim um Deus que amaciasse minha existência. Não importa se me humilhei, se você me maltratou, se você não me quis. Isso tudo deixa de ter importância quando dentro da alma sentimos amor, amor imenso, amor eterno, amor de bomba atômica e explosão existencial.  Acho que no final eu acabei ficando com as melhores partes...é como se fossemos soldados, eu tô de perna quebrada, orelha cortada e uma mão a menos, você ta inteiro.... Eu carrego na lembrança o amor que senti quando cada uma daquelas feridas foram feitas. Você carrega na lembrança as mentiras e as traições que cometeu pra poder chegar ao final da guerra ileso. Nunca quero e nunca quis sair ilesa de qualquer coisa, talvez seja mesmo por isso que eu consiga pular. Ontem, quando tocou “Blus da Piedade” eu pulei, e senti a coisa linda que eu sinto quando vejo o amor. Deus entrou mais uma vez dentro de mim e com ele no peito  fechei os olhos e te amei, esse eu novo que descobri dançando e cantando “Blus da Piedade” no meio da rua carregando Deus nas mãos. 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PAIXÃO INSTANTÂNEA

Paixão instantânea, aparece no instante mais inesperado e traz para os meus olhos um  fogo que a muito eu já não via.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Alguma coisa com tempo

Tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo. Não sei se a gente processa o tempo ou se o tempo processa a gente.
Agora, funciona assim:
Hoje: Te amo!
Amanhã: Te odeio!
E pronto!
Ou
Hoje: Desculpa?!
Amanhã: Vai se fuder!
É assim....pagando a ansiedade do tempo que engulo sem mastigar o suficiente, mas o que eu faço?!Não da tempo!!!!!
Aulas de violino, aulas de espanhol, psiquiatria, literatura, teatro, casa, contas, coração, trabalho....ahhhhhhhh desse jeito eu enlouqueço! Mas quem disse que enlouquecer é ruim?!
Tem uma porrada de gente enchendo a boca pra dizer que é artista, pra dizer que é cult (ser cult virou moda) que é sincero, que ama!Ama o caralho!!!!!Não existe amor sem dor de terra...A gente não abandona as pessoas ou coloca a culpa no mundo!Assim fica fácil meu bem...
Jogando Resident Evil 5 pra aplacar a dor. Quem disse que esquecer é mais fácil que lembrar?!
Tempo...
Tempo...
Tempo...
O tempo cobra seus ponteiros. A vida deixa nas mãos as flores que plantamos, ou, quem sabe, os frutos?os espinhos?as rosas?não interessa...é tudo planta!!!!
“Cuidado com o que planta no mundo...”
Já chega!Já deu!Já é! Daqui pra frente... Tudo vai ser difente!!!!Quem sabe?!
Tempo...
Tempo...
Tempo...
Prefiro continuar sentindo muito!Mas prometo que dessa vez cuido mais de mais, e vou dar meus pedaços e minhas plantas pra quem sabe receber e cuidar!Oka?!
Ame.

domingo, 8 de janeiro de 2012

ínfimo espaço

A frieza me machuca...
Não sei de que lado a lamina rasga fria um pedaço da pele ainda aquecida, mas rasga.
Pedaços partidos. Noites mal curadas. Arranhões torcendo meus cacos.
Não sei se esqueço. Quem sabe passa?!
Olho pra traz e ainda não virei à esquina. Tempo parado, realidade insustentável.
Estremeço e choro.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Novos começos

Começa agora. Cada ano que recomeça, renasço mais uma vez!
Não que seja pouco, é muito, muito de mais, um de mais que me ultrapassa.
Sem sentimentos, estremeço as palavras. Da minha forma, como se as paredes se dissolvessem em estados incógnitos.
Quero o fundo, aquilo que desconheço e tanto me come.
Vivo permanentemente em um estado único de euforia sem limite, mesmo que ninguém compreenda, sigo.
A cada começo, é um corpo meu que fica no retrovisor.
Deixei meus amores nas atas das reuniões que compareci; AA (alcóolicos anônimos).  E agora?! Ando em filmes melodramáticos onde a atriz principal morre de overdose.
Não que eu seja louca, mas as crianças me fazem pensar.
Amei amei amei amei, o que carrego nos braços são espinhos que me corroem inteira, pra sobreviver, invento...Imagino!
Não desisto de amar, cada dia que corre nasce em mim um novo amor, durando horas, dias, meses, anos.... Não importa a morte, e sim, o nascimento!!!!
Se pra cada corpo morto o mundo sofresse bastante, nenhum nascimento teria importância!
Cumpro os nascimentos!
Existo em meus pedaços inexistentes!
Amo!
Segue bem, que eu sigo inteira e dentro de tudo aquilo que acredito de verdade.

...
...
Enquanto isso, recebo massagem de um amor nos pés....
Começo...