segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Para todos aqueles que deixei em febre:

Silêncio. Existe em mim uma espera. E você dói, sem saber porque. Suicídio! Eu pensei e ela fez. Te ver assim me desestabelece. Não por você, mas por tudo. Volto a me perguntar, de que vale?
Talvez eu seja mesmo o vírus, esse que deixa em febre todos ao seu redor, em mim amarga a culpa. Eu não queria e meu coração diz que não. Mas sinto.
Eu fui a flor do teu amor e dediquei muito. Dediquei e te peço perdão!
Me perdoa se te feri. Me perdoa se fui eu. Prometo e juro no maior âmago da minha alma que não quis. Que no fundo só desejei o seu bem maior. Sinto dor e me preocupo.
Talvez seja mesmo eu e isso que sou. Talvez seja mesmo o que me apetece. O céu escurece e por instantes eu , mais uma vez, desejo a coragem do suicídio.
Peso.
Minha amiga, não faz isso, não faz nada. Eu amo você e sinto a escuridão e a perdição do que se foi. Te amo. Te Amo e você me faz bem. Apesar de, vejo em você o grande amor da minha espera. E se me perco, é por tudo, e não por você.
Te prometo fidelidade e entrega. Eu me perdi. Me perdi em tudo e resta uma frangalha medrosa tentando sobreviver a tudo. Uma alcoólatra anônima. Uma solitária que ainda não sabe viver a solidão.
Sinto uma culpa imensa por tudo. Por tudo.
Sou fraca. Sou fraca e queria luz.
Uma luz imensa daquela mulher que me ilumina.
Meu peito bate por amor.
Te peço perdão.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Meu samba na Lapa

Morreu alguma coisa na noite de ontem. Um céu perfeito, uma boa dose de vodka, alguns cigarros e a delicadeza do carinho afagando os cabelos e acalentando o coração. Sabe, tem horas que a gente joga pra cima, deixar escorrer das mãos os papeis picados e as flores que foram colhidas na primavera passada. A gente joga tudo pro ar e pede a Deus que cuide, que deixe passar, que traga bons ventos e leve embora pro mar.
O Rio de Janeiro tem sua poesia intrínseca nas calçadas, nos olhos das pessoas, nos arcos da Lapa, na história sendo carregada pelas paredes e sustentada pelos transeuntes que desfilam suas melancolias solitárias a base de samba e cachaça.  Ontem eu joguei pro mar, deixei ir na leveza do amor que fica, um carinho de mãe, um cuidado humano pela imperfeição e desnorteamento que me causam pena. Um samba dolorido arrefecendo meu coração, deixei gravado um pedaço da minha história nessa cidade que me deu novos tempos, momentos, entendimentos. Entre os arcos da Lapa e o Beco dos ratos eu chorei e lavei a alma. Amei a melancolia daqueles seres humanos e das suas histórias, senti uma vontade imensa de seguir em frente, de sambar lentamente minha dor no ritmo do tempo que o amor escolhe. Sim, o que eu sinto é amor. Um amor leve e sincero, pela vontade de apertar a mão, pelo desejo de tocar a face com a ponta dos dedos, pela sinceridade de entender o fim. Que o Rio de Janeiro lave meus pés descalços com sua água salgada escorrendo pelas ruas apertadas e históricas, que fique de tudo isso a certeza da beleza que compõe o amor. 
E quando, depois de um tempo, você sentir saudade dessa alma que tanto te amou, compre uma cachaça, escute um samba e caminhe silenciosamente pelos becos dessa cidade sem fim. Quem sabe em alguma calçada ou nos olhos desses seres perdidos que fazem do Rio sua poesia necessária, você encontre nossa história. E ai o céu vai estar tão limpo e sereno como ontem. E quem sabe, sambando com a cachaça na mão, você feche os olhos e sinta meus dedos quentes tocando seu rosto,  e bem baixinho, entre a melodia do samba e a melancolia da Lapa, você me escute dizendo ao pé do ouvido: Eu amo você flor.
É, quem sabe...
Dia 25 de novembro de 2011.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amei e amo

...por onde andei

Peito acelerado e uma tristeza apertando o corpo. Vivi meu luto e parece que agora tô aceitando a perda. Mesmo assim, dói.
Não, você não é tudo que eu tenho na vida, eu sei disso.
Não, eu não me mataria por você.
Não se sinta tão importante assim, o meu desespero vem da sua falta de consciência.
Sim, você é um bosta, e, às vezes, a gente ama bostas, carência, baixa autoestima, sentimento de inferioridade. Essas coisas.
Sim, graças a Deus, eu tenho amigos demais, pessoas demais.
Não, eu não sou isso que você fez de mim.
Sim, a gente estava se fazendo mal, muito mal. Porque buscamos coisas diferentes, porque eu vivo de lealdade e respeito. Você não.
Não, eu não me arrependo de ter sido a puta que fui pra você.
Não, eu nunca seria sua amante. Talvez!
Sim, desejo que sua lista de “mulheres que já trepei” aumente consideravelmente. Que você coma muitas, que você goze bastante, que você se sinta sempre insatisfeito com quem quer que seja, e que no final não sobre ninguém. Que depois de uns anos você aprenda que sua lista não valeu de nada. Que isso não faz de você mais macho, ou mais homem, pelo contrário, isso faz de você algo pequeno e sem caráter nenhum.
Sim, você mentiu e me traiu, e isso não é culpa minha.
Sim, eu amei. Amei de mais. Foi esse meu enorme erro. Porque ouvi, aceitei e me matei.
Não, não tem mais volta.
Sim, eu continuo, é muita gente aqui dentro, são muitos amores. Não se preocupe, eu me salvo, me salvo porque amo, e dentro de mim é tudo o que fica quando o pano cai e a cortina se fecha.


Eu sou tão aquela coisa que você dizia!!!!!!
Acho que aprendi.
Não, não foi você.
Te amo.


“Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o que. Como aquela fé que a gente teve um dia. Mas me deseja uma coisa linda, uma coisa qualquer maravilhosa. Que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.”

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Coisas de agora

Na privada um rato boiando
Conta pra pagar
Porta do armário estragada
Peito doendo
Dente quebrado
Fumando de mais
Rouca
Cansada
Vontade de ir
Corpo apertado
Gorda de mais
Feia de mais
Unha suja
Vontade de trepar
Um rato fedendo
Pus no nariz
Pouco dinheiro
Trabalhos atrasados
Faculdade me enchendo o saco
Desespero e ansiedade
Coração na mão
Ferida sangrando
Muito álcool
Muita tristeza
Pouca disponibilidade
Muitos amigos
Muito amor no meu colo
Muita vontade na minha alma
Desejo de ir embora
Amigos me segurando na terra
Janela aberta
Energia ruim
Nome no SPC
Celular desligado
Pia suja
Geladeira fedendo
Pés inchados
Dor de cabeça
Amor de mais
Lucidez de menos
‘O amor da minha vida se matou!Coitada, era louca. Tentei salva-la, mas não consegui. Minha alma dói.”

Meu rato morto

Viver tem sido uma luta. Acordar todos os dias também. Não sei no que acreditei, nem no que acreditar. Perdi a fé no ser humano porque um único ser humano me fez muito mal. Mal de verdade, não to falando de coisas simples que machuca o ego e o coração. Não, to falando de um tipo de violência especifica. Uma violência psicológica que destrói sua feminilidade acaba com sua autoestima e aniquila qualquer possibilidade de amor próprio. Ok! Identifiquei o mal das minhas insônias, das minhas crises de choro, do meu pânico de sair de casa. E agora?! Agora ta aqui, uma mulher com um rato morto na mão, e uma impotência enorme diante da vida, diante de si, diante do amor. Esse rato morto foi minha doença durante dois anos, o arranquei da minha vagina, pois ele ficava lá, grudado, mastigando meu útero e lambendo meu ânus. Esse rato me fazia sangrar, me fazia gozar, me fazia doer, doer muito. Mas eu não sabia, eu juro que não sabia que era assim, que era tanto. Passei uma semana tentando arranca-lo de mim, foi nessa noite que consegui. Acordo hoje com o rato morto na minha mão, sentindo um vazio enorme dentro de mim, um mal estar e uma dor nos braços. Não sei!Não sei onde jogo o morto, e com as mãos ocupadas não consigo cuidar dos ferimentos. 

sábado, 19 de novembro de 2011

PERDI

Acordei péssima
Cheia de aperto.
Só consigo pensar no porque
Arranhando a garganta acendo mais um cigarro
Dormi mal
Tenho dormido mal
O que eu faço agora?
Perdi as esperanças
Chorando feito criança com dor de dente
Quero ir embora
Quero sair de mim
Sorriso amaçado
Buraco no peito
Formigas na alma
Quero sumir
Dormi mal e quase não dormi
Por que?
Se a gente era feliz
Por que?
Se eu te ouvia e me dispunha
Por que?
Voltei e apanhei
Frieza
Distanciamento
Queria que você fosse minha amante....
Um porre
Dois
Um soco.
Estamos nos ferindo muito
Como?
Por que?
Mais um porre
Um vazio imenso
Insônia
Um novo alguém te mostrando que você é bom!É forte!
Fraca.
O que eu faço agora?
Dei, dei muito
Ouvi pra caralho
Entendi
Pedi atenção e carinho, só isso!
Quanta desgraça
Uma, duas, três...
Quanta magoa
Quanta dor
Hoje acordei e perdi um pedaço.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Não volto

Sabe dor? É, dessas que a gente fica na cama, com atestado médico e cara inchada de tanto dormir. Porque nessas horas, o melhor é dormir. Quase enlouqueci de tanta dor, de tanta magoa. Não acredito que seja sinceridade, muito menos cuidado, alguma coisa me feriu, e doeu. Não, eu não quero mais você perto de mim. Não quero ser sua amiga e muito menos acompanhar seus passos. Detesto esse tipo de pessoa que mente e que manipula o universo pra se libertar da culpa com grandes justificativas idiotas nas mãos. De fundo fica Gal costa  cantando pra mim: "Talvez eu volte, um dia eu volto, mas eu quero esquecê-la, eu preciso". Eu preciso, preciso porque nada nem ninguém nunca havia me feito tanto mal. Parece que ganhei uma porrada na cara, nas costas e outra no peito. Dói!

Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.”

Fica uma nostalgia, pelo menos na esperança dos melhores momentos: a gente na praia, apertando a mão no meio da rua, seu colo no CCBB, as promessas de amor ao ar livre, o gozo enredado de muitos “eu amo você”, a certeza cega, a flor em cima da cama, casa da mãe, casa do pai, rodoviária, andanças, silêncios. Clarice me perguntando “O que a gente faz depois que é feliz?!” eu não sei! Depois que a gente é feliz o melhor seria levantar a cabeça e fumar um cigarro no Arpoador. Mas agora não foi assim, chorei um pouco e me arrependi. Senti um pouco de culpa por ter escutado tanto, relevado mais ainda. Adormeci um pouco, parei de comer e li Ana dizendo: Agora, imediatamente, é aqui que começa o primeiro sinal do peso do corpo que sobe. Aqui troco de mão e começo a ordenar o caos.” Ordenando as feridas e estancando o sangue. Mas tenho a certeza de ter sido limpa, inteira, entregue, isso me ajuda um pouco. Idiota! Sinto pena de você, uma pena de dar dó. Isso me ajuda também. Não foi agora e não foi dessa vez que encontrei a pessoa certa. Não, não é você. Assim com esse seu jeito misterioso, meio falso, ruim, mentiroso. Não, não é você, cheio de traições e deslealdades, não é você. Arrumei as malas, tomei um banho e cortei os cabelos. Pintei as unhas de preto, comprei um Ray-ban prata, peguei um livro e uma maça, continuei.  
                   Deslizando do meu jeito = voltando a ser.
Uma margarida na sala, janelas abertas e um monte de amigos apoiando a viagem. Dedo calejado, espinha quebrada, parede manchada de merda. Matei você, arranquei com minha escavadeira de ouro essa faca que cortava meu útero. Abortei. Usurpei a força de sua forma escura, deixei la dentro meu amor romântico, minha fé exagerada. Comi uma jabuticaba fora de época, comprei sal pensando que era açúcar e no final descobri que era soda caustica. Engasgada e cheia de enjoos, foi só o que ficou da despedida ignorante, fraca e sem esforços. A lembrança boa, o cheiro de alecrim, os incensos de boa esperança, o vaso de jasmim, plantei, coli e deixei aqui dentro, curando o espaço vago e insensato que você cultivou dentro de mim.
Quero amanhecer com bons ventos acalentando meus machucados. Levar cada hora na ponta do dedo, observando o espaço, cuidando da espera e embalando o sono sem insônia, que a tempos não sai daqui. Vou beber muita água e tomar sol antes das 10h. Acender vela, ler a bíblia, e pedir a Deus: “Livrai-nos do mal, amém”. Organizar o caos que você deixou, dar silêncio para os tormentos que você criou, beijar minhas feridas feitas por você e principalmente cuidar de mim. Me encontrar de novo e abandonar completamente você.

“Solta as unhas do meu coração...” 

Falsas digressões

"E a validade toda da experiência desse pobre coitado que sofreu e cegou-se de amor, está concentrada no único verso, que nem é o último na canção . Quando os amigos perguntam como ele sabe que ama de verdade, nosso amável babaca responde: “Algo aqui dentro não pode ser negado”.

Deliciosa, essa babaquice de amar. Maravilhosamente otários e orgulhosos disso aqueles que amam. Eu não trocaria essa babaquice por nenhuma outra no mundo...

Existem tantas outras, não é mesmo?"

é.....

Para:

Um frio
Ta escuro aqui
e chove bastante
O universo me protege
Meus amigos me guiam
os sinais aparecem!
DESCUBRO!
como se em mim a verdade não estivesse clara, o coração dispara
eu sabia
sempre soube
O peito adormece
o medo estala
mas passa
passa
passa
sempre passa
que Deus abençoe sua alma
que Deus livre de você tanta mágoa e tanta dor
Que você aprenda não ferir
...

Sem pontos nem estradas

Dias secos.
Secos estão os dias.
Palavra morta,
esquecimento
Esquecimento sem espaço
Procura sem resposta
Me perco
Me apago,
o que resta é esse fio seco na garganta
Errei
Erramos
Era só um pouco de atenção
um desconforto necessário
Uma luta
Um querer
Um amor
Seco.
Seca.
Nem sei o que fica
Nem sei o que faço
Dói
Não quero mais
Não quis mais
Abandono
Abandonada
Depois de tudo,
esquecida
Esqueço sem saber como
pés inchados
Dores nas articulações
Por que você fez isso minha flor°por que?
Era só ter ido
Era só ter ligado
Era só ter contado
Não se engane, eu sei quem você é
só eu sei!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Um amigo

Enfim,
Claro que não tem explicação.
Claro que não sei dizer.
Claro que me faz bem.
Enfim,
"Não é amor de menos, pelo contrário, é amor de mais."

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Minha coragem que não existe

Despedaço-me, caio em um chão sem fundo, ficar de pé é um esforço de herói, eu não sou herói, eu não sou bonita, eu não sou perfeita, eu não sou calma, eu não sou orgulhosa, eu não sou vazia, eu não sou nada. Só me despedaço, só amo, só aceito, só escuto e engulo seco. Rasgo a garganta, corto o desejo de carinho, pra ver se assim, dessa maneira, eu sobrevivo. Já passou da hora de arrancar esse amor unilateral que tanto me dilacera e me deixa na tormenta. Suas unhas cortou minha pele, suas palavras me deixaram humilhada, seu silêncio me come. Você não merece a beleza do amor. Você não merece a exposição humana de uma mulher magoada, arrasada, decepcionada. Você não merece o sublime da troca. Meu corpo sem força, meu amor sem lugar, o que faço com ele?!é grande, pesado, bonito, recheado, brilhante, cheio de pontinhas fosforescentes, o que faço com ele?Não aguento segurar sozinha, não suporto vê-lo morrendo, não dou conta de aborta-lo de mim. Cansada desse purgatório que você cria e me coloca dentro. Se eu tivesse coragem enfiaria uma faca na minha buceta e cortaria tudo de você que existe em mim. Tomaria comprimidos e depois me jogaria do 20º andar de um prédio qualquer. Gritaria no meio da rua que o ser humano está doente e que o mundo está errado. Tatuaria no meu corpo a palavra amor, em todos os pedaços, em todos os caminhos. Se eu tivesse coragem furaria meus olhos, raspava meu cabelo e fugiria pra longe. Se eu tivesse coragem mataria você dentro de mim.

Um apelo

Meu Deus, se é que o senhor existe e pode me ouvir.Eu quero gritar que eu não mereço. Não mereço tanto abandono.  Não mereço que meu coração aperte e doa tanto. O que foi que eu fiz? Que Magoa é essa que o senhor tem de mim? Meu Deus, eu te peço que me ouça.  Existe um limite pra dor, existe um limite até onde uma alma consegue ir, eu não aguento mais. Eu faço tudo, tudo pra que as pessoas se sintam amadas e cuidadas por mim. Eu sou fiel, eu sou leal, eu sou cuidadosa. Meu peito ta doendo muito. Eu queria sumir, desaparecer do mundo, me leva embora. Me tira daqui. Me tira da vida. Prometo fazer melhor da próxima vez. Prometo me fechar menos na próxima encarnação. Prometo Meu Deus, prometo ser uma pessoa mais feliz. Eu quero ser feliz. Eu quero chegar em casa sem a preocupação da conta de luz e do aluguel, eu quero poder acordar tranquila sem o medo de não conseguir. Eu quero falar com minha mãe e meu pai e receber em troca um carinho e um cuidado que um filho merece. Eu quero amar meus irmãos e quero que eles me amem. Eu quero rir e sentir que a vida faz sentido. Meu Deus, eu te mendigo um pouco mais de carinho. Cuida de mim!Por favor, cuida de mim. Me coloca no colo e diz que me ama. Alimente meu coração com uma paz que eu desconheço. Faça-me menos gorda, menos feia, menos triste. Eu quero ser feliz. Não precisa ser nessa vida, não precisa ser agora, mas da maneira como as coisas andam eu prefiro desistir. Não sei se isso é uma oração ou pedido de ajuda, talvez seja um grito, um sussurro, um apelo. Só peço que me ouça. Tira de mim esse coração enorme e essa alma que tanto ama. Não quero mais amar tanto. Nem nada, nem ninguém. Eu choro pelas pessoas na rua, pelos coitados abandonados, pelos assassinos injustiçados, pelas crianças e mulheres mal tratadas. Me doí e me doí muito a maneira como o ser humano consegue ser rude e cruel. Não quero mais ser machucada por tudo isso que não alcanço. O abandono e a solidão são meus carrascos. Me cura!Me leva!Me ame!Meu Deus, me ame.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Flor de plástico com espinhos venenosos


Ela ia. Como quem arranca dos cabelos grampos mal colocados. Seu corpo tremia e na alma restava uma dor imensa de quem um dia recebeu uma surra. Suas mãos doíam, doíam como brasas quentes aquecendo o passado terrível e o trauma da entrega. Traumatizada ela caminhava vaga, sem rumo, sem chão. Gritava sem som a dor de ter sido mal tratada, mal amada, mal cuidada. Sentia-se louca. Ninguém nunca havia lhe feito tanto mal. Ninguém, nunca, havia lhe deixado em pele e osso como agora. Vivia de insônias, dores no estomago, tremores e insegurança. Vivia com medo, com ódio, com raiva. A sensação era aquela da infância, quando assistia aos filmes do Fred Krueger na TV e depois não conseguia dormir. Um pesadelo eterno. Um pesadelo onde ela era a protagonista. Onde ela era o sonho morto e todo aquele sangue escorrendo parede abaixo. “Meu Deus, como alguém pode ser tão cruel” ela gritava. Dores, dores, dores terríveis nas costas. Sinusite, gastrite, amigdalite, esclerodermia, enxaqueca, otite e dor de dente. Eram, a partir de hoje, suas novas e abomináveis companhias diárias. Sentia frio. Sentia-se desprezada, descartável, um lixo podre, uma mulher feia e velha.
Seu corpo não era mais o mesmo. Sua saúde física e mental haviam mudado. Um monstro. Uma bosta. Uma cobra assassina e cruel. Um veneno fincado goela abaixo. Um ser humano desumano, mentiroso, mal caráter e cruel.
Era noite. Como continuar?!
Cocaina, vodka, vinho, Clarice, Caio, maconha, coca, doce, amigos, conversas, textos, Caetano, Chico, Gal, Dostoiévski, Sylvia, plantas, casa, sobre-viventes...sobreviver a tudo que havia ficado. Sobreviver as marcas de um furacão sanguessuga. Sobreviver a grande mãe maléfica e protetora. Sobreviver as farsas. Sobreviver ao pulo. Sobreviver aos cortes. Sobreviver aos medos. Sobreviver as dores. Sobreviver ao buraco vazio. Sobreviver a grande desilusão. Sobreviver a morte.
Madrugada.
Senta-se à mesa. Acende delicadamente um cigarro. Acaricia as pernas, a nuca, o cabelo. Toca sua intimidade. Aperta os olhos, umedece os lábios, canta e chora. Chora silenciosamente e reza: ”Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua, e que ela me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de amar tanto.”

Cheia de vazio

Bem, eu to assim, um pouco seca, um pouco apagada, um pouco sem fé. Amanheceu em mim uma dor sem espaço. E eu só queria mais. Talvez eu queira muito, talvez eu seja mesmo muito louca, muito intensa, pouco sensata, muito insatisfeita, meio burra, meio torta, pouco clara, muito ansiosa....e por ai vai.  Vou voltar a estudar xadrez. Fazer natação, academia, fumar menos, beber menos, cuidar da pele, da alma, do trabalho. É, talvez eu consiga, talvez não. Mas sigo tentando. O fim do amor é desconhecido, principalmente pra mim, quase nunca escolho o abandono. Mas dessa vez eu desisti. E juro que não desisti por falta de amor, desisti pelo excesso de cansaço. Não quero ter que exigir de ninguém um telefonema, um carinho a mais, um cuidado bobo. Não quero ter que cobrar vontades, mendigar um bom dia, implorar uma explicação. Quero um amor inteiro, desses que faz a gente se sentir importante, único no mundo, privilegiado. Plagiando Dostoiévski, tenho dentro de mim um vazio do tamanho de Deus. Um vazio apertado que me deixa querer somente o sono, o canto, o escuro da sala. Acordei triste. Cheia de uma solidão sem adjetivos. Cheia de feridas abertas. Cheia de medos. Cheia de falta. Cheia de flor.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

SEM ESPAÇO

Bem, o que fica de tudo eu sinceramente não sei. Dias difíceis. La fora o céu se mantém no mesmo lugar, as pessoas caminham em direções diferentes, e o tempo passa.  Não sei mais os lugares das coisas, onde coloco os sapatos, as meias, o vestido velho e aquela poesia antiga que escrevi quando era criança. Meu mundo desordenado, minhas lembranças sem caminho. Não me culpem pela bebida, por favor, não façam isso. Aguentar tem sido um esforço, minha necessidade é minha salvação, como uma única coisa importante, sobreviver ao furacão das 24h diárias e seus segundos incontáveis de secura. Vazia. Meu mundo oco, meus medos, minha insustentável solidão arrancando lágrimas. Onde coloco a roupa suja e o papel picado? Onde coloco as fotos e os filmes de antes? Tenho me confundido com o lugar exato  de todo esse lixo sem espaço. Um pouco cansada. Seca. Os problemas não cansam de aparecer, onde coloco? Como dividir o caminho, e essa dor e essa impotência e esse amor e essa vontade, qual gaveta?! Ou armário? ou geladeira? e quando falta espaço?!Falta espaço! Não anda cabendo, pelos ouvidos transbordam dores silenciosas e histéricas. Quero colo. Quero amor. Quero tomar café da manhã com gosto de amanhecer nos olhos. Quero saber onde guardar o excesso que transborda em mim. O céu escureceu um pouco, por aqui passa um vento frio, deito e acendo um cigarro. Cinzas no chão, louça suja na pia, roupa espalhada, geladeira fedendo, sem espaço pra guardar os novos livros, e os antigos?!Não sei de que lugares vieram, não sei pra onde ir, colocar, ser, é disso que falo. Palavras sem espaço. Amor de mais, medo de mais, sono de mais, cansada de mais, triste de mais, vazia de mais. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo....

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Que assim seja

Foi uma das conversas mais lindas e mais sinceras:
- Talvez eu não esteja mesmo pronto. Eu não quero mais te fazer mal.
- E eu não quero te exigir tanto. Fica com Deus. Te amo muito.
É.... acabou! Acabou porque agora essa história tem feito mal para ambas as partes. Eu queria mais, mas ando pedindo coisas que você não pode me dar. Não é justo continuar assim. Nem pra você, nem pra mim.
Segue bem, segue feliz. Vou guardar esse amor no lugar mais importante que tenho na alma. E sei que você vai fazer o mesmo. Tentamos os dois, e chegamos no limite do esforço.  Lembrarei de você todos os dias. Com muito amor e muito carinho, como alguém que marcou minha vida e meu corpo.
Quem sabe no momento certo a gente não se encontra de novo?!Do tempo do amor só o universo entende.
Vou chorar até cansar, vou hibernar nessa dor que é minha, vou cuidar da minha fraqueza, vou indo da maneira que poço, da maneira que dou conta.
Estou triste. Mas um dia passa...
Se cuida flor. Se cuida.
Com muito amor
Dayane Lacerda