sábado, 31 de março de 2012

A Justiça





Tem gente que escolhe viver uma grande história de amor, tem gente que escolhe viver uma história protegida, tem gente que escolhe viver uma história pra esconder outra, tem gente que escolhe viver com alguém pra alimentar a fome que não faz sentido. Eu escolho viver uma grande história de amor, até o fim, até o momento em que a veia rompe em sangue e o coração explode em sentimentos diversos e intensos. Sou intensa CARALHO!Amo até o esgotamento, não me interessa se ando sozinha na estrada que construí, amo e amo e amo e amo e amo e amo e amo tudo que reconheço como amor, tudo que reconheço como potência de vida, tudo que reconheço como uma parte minha, tudo que reconheço como verdade. Verdade!verdade!Verdade! Vivo a verdade da vida, a verdade sincera dos encontros, a verdade da alma, da alquimia, da magia, da entrega. Sigo sozinha, mas sigo a verdade do amor, e a verdade do amor jamais é solitária. Cada um tem aquilo que lhe cabe como justiça. 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Por tudo que sou



A vida não tem doído mais como antigamente. Tem coisa que emociona, e a gente nem sabe o porque. Tem coisa que muda, e a gente só sente. Tem coisa que fica, e a gente não entende. Entender pra que?! Saio feito um furacão amando a vida e essas pessoas tão maravilhosas que esbarram meu caminho, deposito nelas meu amor, cada pedaço mais importante de uma alma que é.  Pode parecer bobagem, mas eu “amo a vida a cada segundo, pois pra viver eu transformei meu mundo”. Tem sido intensamente emocionante continuar, com todas as dores e cansaço, não trocaria a vida por nada, não desistiria e não amaria menos ou mais que amo. Já me ferrei inteira por causa da entrega,  acho isso divino, nunca pequei por menos ou pela falta de estar. Estou sempre e estarei, basta que me olhem nos olhos, derreto a alma e entrego o coração ao primeiro que abrir os braços. Não me arrependo uma linha, faço amor com o presente como se fosse o último instante, mais leve, mais calma, doendo com tesão e aceitando a dor. Tenho um prazer sublime com o meu trabalho/vida, pode parecer piegas, mas sou aquilo que faço e faço aquilo que quero, sou aquilo que preciso e preciso daquilo que sou. Agradeço a Deus os encontros, os amigos, as palavras sinceras, os silêncios e as faltas. Agradeço a excitação que não cessa, a angustia que não me deixa, a paixão que me levanta, a amiga que me enche de fé, o desconhecido que me toca, os livros que me inspiram, os artistas que me alimentam, a fé que não me abandona, a paz que me cobre de energia, as pessoas que me fazem sentir amor e cada vez mais amor por tudo que sou e quero continuar sendo. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

Silêncios em mim




Na minha salvação ainda existe resquícios seus. Nos meus pedaços de dias, em algum momento de um suspiro profundo, a lembrança me cobre os olhos. Chove e eu choro, choro e chove aqui dentro. Pelo desespero do rato, que aparece inesperadamente, eu grito a voz engolida nas minhas madrugadas cinzentas, choro por você, pela vida, pela dor, pelo medo, mas principalmente pelo rato, pelo medo de me tornar aquele monstro rastejante ou que aquele monstro se torne eu. Volto a relembrar da vida que tive entre ratos e fome, das utopias perdidas e dos sonhos inacabados. Não tenho medo do fracasso, tenho medo de mim, das exigências silenciadas através dos dias, da cobrança exacerbada que meu próprio eu exige de mim. Nessas horas eu invento sua mão que me acaricia, cobrindo meu corpo da dor que carrego nos braços. Minha loucura é acreditar nessa resposta inexata de que 2 e 2 são 5. Eu gosto de você, não me importa quem seja ou o que seja, eu gosto de você. 

sexta-feira, 16 de março de 2012

O Poder do Amor


Eu tô tão feliz que chega a doer os rins. Como o amor pode ser a forma de viver mais maravilhosa desse mundo! Espalhar amor pelos sapatos, pelas paredes, no quarto inteiro, na casa, nos móveis. Derramar amor no vestido, na coxa, na calça. Beber amor com hortelã e manjericão, misturar amor na comida, acender um incenso de amor. Meu Deus, é tão lindo encontrar alguém que se entrega até o osso, que abre os olhos e surta com você. Alguém de coração na mão, que dói, que ama, que fala, que pega. Bendito sejam esses encontros que renovam a esperança e a fé na vida. Bendito sejam os amantes, os apaixonados, os enamorados  e aqueles que passam e ficam. Bendita seja a vida, essa delicia em estar e ser, esse desejo de querer mais e continuar sempre querendo amor em tudo que toca e come. Sentir-se amando é sentir-se amado, somente o silêncio explica o amor e somente os exagerados e inconsequentes desfrutam a epilepsia da paixão.  

quarta-feira, 14 de março de 2012

Faça magia com amor, ou amor com magia.



Existe magia no mundo, nas pequenas formas e sentimentos que não pegamos. Quando menos se espera uma estrela brilha, e é justamente naquela parte escura do céu que nascem as certezas poéticas e necessárias. Quando se está distraído a mão toca o infinito, o peito se enche da mais absoluta fé, uma inigualável beleza preenchendo nossos vazios.  Eu preciso do vento, dos banhos de chuva insensatos, das gargalhadas dadas madrugada adentro, dos encontros inesperados encobrindo meu corpo, daquele “eu te amo” que vem de lugar nenhum e se derrama não sei onde. Existe magia no universo, aquela voz que fala e quase ninguém ouve, uma força interna que pulsa, uma felicidade em ser a gota que cai quando o silêncio se instaura. A magia do amor que transborda, aquele que sentimos quase como pele na solidão de nossos quartos-casulos. Uma voz que preenche nossas certezas e incertezas mais completas, ressoando feito nota musical no corpo de quem vive. Viver não é carne, viver é magia concreta. Viver é um estado, onde cada ser tenta se tornar aquilo que precisa ser. Deus é a magia que falta na angustia da existência, Deus é magia pura, transformando amantes e amados, água em vinho, medo em coragem. Não me peça pra parar, não me peça pra falar mais baixo, não me peça pra correr menos, não me peça pra não transbordar em amor, não me peça pra deixar guardado aquilo que quero te dar tão sinceramente, não me peça sensatez, me peça magia. A magia é a chave que destranca as portas, a magia sou eu olhando no fundo dos seus olhos, te acariciando os dedos das mãos e me entregando tão completamente ao desconhecido que me agrada. Aceite meu amor. Me aceite no seu silêncio e nos seus sonhos incompletos. Me aceite dessa forma mágica como um encontro único. Façamos alquimia ao pôr-do-sol, façamos amor no cair da noite, como uma grande amiga, um grande irmão, somos a magia do reconhecimento humano. É preciso fazer da vida um gozo sem fundo, profundo, mágico como deve ser. Não esconda suas vontades, não deixe se trair pelo medo, não caia de olhos fechados, não coloque roupas quando o desejo é sair correndo e cantando “O meu sangue ferve por você”. Ferva até a ebulição, faça magia com outras almas, se agarre a poesia da vida e sinta, sinta, sinta sua essência gritando pra você os sinais que deve seguir. O que vem debaixo não me atinge, porque o de cima sou eu com o meu debaixo girando e fazendo magia para todos os lados, com muito muito muito muito amor e tesão.

Camila Morais, obrigada por me fazer acreditar tanto.

terça-feira, 13 de março de 2012

Um jeito que é só seu


O que a mulher tem feito?
Confiado em si, na sua esperança, na sua fé, no seu amor, no seu caminho.
Cuidado dos cabelos, da pele e do sorriso.
Arranhado paredes e cortado com os dentes aquelas cordas do passado.
Criado, enxergado, sentido e amado
Se entregado as suas vontades e certezas.
Vivido, da forma mais honesta e simples.
Só.

domingo, 11 de março de 2012

Meu buraco azul

Quero entrar naquele buraco onde tudo é possível e lá dentro ter tempo e espaço pra sentir a minha dor. Nesse meu buraco onde tudo é meio azul com pinceladas de amarelo existe uma vitrola grande e vermelha, é nela que escuto as músicas de Caetano e Beethoven à tarde e Ângela Rô Rô, Amy, Piaf e Roberto Carlos à noite. Pela manhã eu nunca escuto música no meu buraco, prefiro brincar com as panquecas que faço e as disgretinhas que surgem vez por outra nas paredes. Nesse meu buraco tem amor até nos tapetes, nenhuma porta ou janela. Na mesa lilás do canto da sala tem uma imagem de Oxum e outra de São Jorge, minha bíblia, meus livros, velas e incensos. No teto pintei estrelas, das mais variadas formas e cores. Nesse meu buraco cada amigo tem um canto, cada amigo pode pedir colo e chorar quando chove demais ou seca um pouco a esperança. Nesse meu buraco eu sou feliz todas as horas, mas uma felicidade sem dor ou inferno, mesmo quando a tristeza chega, lá estou eu, feliz na tranquilidade do meu buraco. Minha mãe faz lasanha aos domingos e minha avó cuida das samambaias e das roseiras, meu pai aparece às vezes, porque vive no mato correndo atrás dos bichos que, segundo ele, são seus parentes ancestrais e seus amigos fiéis. Nesse meu buraco a gente faz o que tem vontade, as conversas são longas e recheadas de sinceridade e amor. Vez ou outra acaba a luz, ahhhhhhh quando isso acontece é maravilhoso, o vinho tomado ao redor da fogueira e os poemas de Fernando Pessoa e Florbela Espanca que meu irmão recita, me fazem extremamente inteira e completa. Nesse meu buraco tem bruxa, fada, mago, lagarta que fala, cobra que anda, Deus, criança, algodão doce, árvore de brigadeiro e um tanto de flor...cada uma com um cheiro diferente. Nesse meu buraco eu guardo meus segredos em forma de cajuzinhos, não escovo os dentes e tenho uma geladeira imeeeeensa, cheia de suco de abacaxi com hortelã e o doce de pavê que eu adoro. Nesse meu buraco eu amo e sou amada, e todos vivem de uma forma tão simples que até parece que é tudo uma grande invenção da minha cabecinha oca de menina romântica e sonhadora. 

Meu pequeno e ácido desabafo nessa noite que choveu e atrapalhou tudo aqui dentro

Tô cansada, cansada dessa montanha russa e dos dias como o de hoje, onde tudo perde o sentido e minha vontade é de desmaiar na cama até a morte! Cansada do amor, cansada do amor que me machuca tanto, daquelas pessoas que não se importam em absoluto que desse lado existe um ser humano, que a única coisa que peço é um pouco mais de cuidado, sou de carne e osso e sangro todos os dias. Tô cansada de ainda ter essa porcaria dentro de mim e não conseguir arrancá-lo como se arranca um tumor. Tô cansada de doer, cansada de ter que fazer, ter que ser, ter que continuar....enfim. Tô cansada até da minha arte, sabia?! Porque ela me esgota, me consome, não me deixa ser outra coisa, porque ela também me traí. Até ela já adquiriu personalidade própria e a consciência da necessidade e da importância que tem na minha vida.
Cansei dos dias
Dos meses
Dos anos que demoram tanto
Das inconstâncias da vida
Desse vai e vem sem sentido
PORRA!EU SOU A UNICA PESSOA QUE AINDA ACREDITA NO AMOR?!
Que saco
Que merda
Que ódio
Ninguém se preocupa com o coração do outro nessa vida
Cansei!
Só isso!
Se eu tivesse coragem hoje eu pularia de um prédio, ou beberia a farmácia inteira até ter uma parada cardíaca. O senhor “Deus Inca” tem mesmo razão sobre os defeitos que me sustentam: maluca, insatisfeita, instável, excessivamente ciumenta, possessiva, carente, gorda, niilista, drogada, sem futuro...etc....etc....etc......
Só preciso ter a coragem de aceitar q sou isso tudo!
Só!
Eu não vivo no inferno, eu sou meu próprio inferno, e nunca nada nem ninguém vai se sentir em paz estando do meu lado, sendo marido, namorado ou amigo, não importa......
Todos irão sempre me querer longe e ter a certeza de que sou completamente maluca, porque sou mesmo!
ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Que raiva de mim hoje, que raiva de mim, que raiva de ser isso que sou! Que raiva!
Falei de mais, né?!
Desculpa....

sábado, 10 de março de 2012

Cariño mío...

Vou te dizer uma coisa que meu amor não soube curar, minha eterna insistência em ser capaz de me entregar. Não existe força contrária que me faça querer o contrário, mesmo aquelas que teimam em tentar. Pense com carinho sobre todas as maravilhas de nossos infernos, as conversas e novas tentativas de conversas, aquele choro engasgado, aquela angustia de não saber e a força gigantesca de desejar. Os filhotes, as cinzas, a brasa que resta, o querer insustentável de nossa leveza, ela não vinha, nem viria nunca, porque lá estava. É isso que ainda carrego nos braços e na parte esquerda de uma parte qualquer do meu corpo.  Carrego pedaços imensos da preciosidade da vida, nesse momento sinto a imperfeição que me afoga os lábios, é nela que desabafo a âncora.  Saio despregando de mim os sapos imundos de desamor e falta de humanidade, detesto enjoo mal sentido, náusea mal dilatada, mas detesto principalmente aquela vida que não foi doada, o que desemboca em pequenas incertezas de tudo que poderia ser o céu. É justamente nesse ponto que entrego, aquele onde nem tudo foi perdido mas não há o que se viver, não pela falta de matéria, e sim pela pouca coragem de assumir as mãos vazias e o coração cheio de vento e pequenas pinceladas de uma tinta sem nome. Estou nos farrapos, graças a Deus só sobraram alguns poucos restos de comida, e é nessa hora que me refaço, com o tecido velho, a linha nova e a agulha que uso e usei sempre, aquela que me serviu de bússola, lá na estrada de terra, onde ela acendeu a luz que guiou meu caminho pra longe. Não existe distancia, não existe verdade, não existe promessa, não existe desejo, não existe desistência, não existe falta de vontade, não existe um querer intenso. O que existe é somente o tempo e os encontros de amor, mais nada. Quando se tem muito costuma-se existir como alguém que possuí o dom de pertencer-se ao próprio corpo e ao próprio nome.  

Para que me curaste quanto estava ferido
Se hoje me deixa de novo com o coração partido?”

sexta-feira, 9 de março de 2012

Se eu quiser falar com Deus



Temos que dormir com a consciência tranquila de ter feito a coisa certa, de ter estado e amado....não há insônia que resista!

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nois
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus...
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração...
E se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Eu tenho que subir aos céus
Sem cordas prá segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar!
Se eu quiser falar com Deus!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Somente uma vida


Só temos essa vida! Nesse exato momento, com essas pessoas, com essas vontades, esses desejos...só temos esse agora, esse instante, esse gosto, esse “eu”. Reconheça seu espaço dentro de si, não a nada externamente que irá preenchê-lo. Não desperdice as pessoas, os encontros, não descarte seres humanos, e siga seu coração, deixe-se levar pelo maior impulso da alma, pelo seu mais intrínseco estar e ser. Ame apaixonadamente aquilo que te atraí, visite o inferno pra poder receber a luz, queime a pele no fogo e goze a presença de Deus. Não espere do outro para poder dar, e não cobre aquilo que você gostaria que alguém fosse, cada um tem seu tempo, seus aprendizados, seus momentos. Deixe seu amor ir ao encontro de outro amor, porque se você o ama, isso já é o bastante, satisfaça-se com seu sentimento e sua potência em ser alguém capaz de amar tão profundamente. Não feche o corpo pela ferida, pelo contrário, deixei-o contaminar-se com novas histórias e encontros, é tão maravilhoso se surpreender. Sou uma mulher que tenta, mas tenta sempre pelo caminho do amor, não quero absolutamente nada da vida além dessa sensação de ser honesta e sincera comigo mesma. Dou-me o que preciso, e pra você aquilo que me ultrapassa, para depois do infinito que sou, é exatamente nesse lugar que mora Deus, um lugar que hoje prefiro chamar de Amor. No meu inferno e desassossego quase que constante eu compadeço de qualquer ausência de dor, e é nesse meio, onde de um lado encontra-se as trevas e do outro a luz, que eu permaneço, fazendo da vida a minha vida, nada mais ou menos que isso. 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Agradecimento entre furacões e chocolates


Hoje me deito pelo lado de dentro. Tentando encontrar as formas dessa pilastra que me sustenta, os limites das paredes encantadas e das menos encantadas também. Sinto cheiro de tranquilidade, paz e sabedoria de mim, meu furacão sou eu revestida de branco, pés pisando na terra e esses braços imensos tocando o algodão doce do céu. Não quero o amanhã, durmo agradecendo a Deus a possibilidade de ter vivido o dia de hoje, se tiver que viver o dia de amanhã também...que seja. A melhor parte do dia foi ver a lua imensa rasgando meus limites, e o vento frio depois do sol de bençãos na parte da tarde. O bolo de chocolate estava excelente juntamente com esse livro novo que ando lendo... 
Por amor eu sigo.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Sossego infiel

“Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor importância.”
A Erva do Diabo - Carlos Castañeda


Fiz-me essa pergunta, não foi fácil respondê-la, não dessa vez.  Desde muita nova eu sempre gostei de encontrar o fundo das coisas, ver até onde dava o fundo do guarda-roupa, ver pra que fundo ia à água do vaso, se eu irritasse alguém até onde aquilo iria, se eu quisesse muito, apesar de qualquer coisa, onde isso me levaria, se eu amasse... Amasse até o fundo, onde chegaria?! Cheguei, cheguei a um lugar dentro de mim mesmo, um lugar onde só eu alcanço. Depois descobri que a gente ama, e que não precisa do outro pra isso, a gente ama e ponto. Nunca tive a sensação de estar perdendo ou perdido tempo, porque o “fundo” que escolho me proporciona tocar no amor. A paz mora ai, entende?! Paz a gente encontra dentro da gente, se você não está em paz no seu trabalho, na sua casa, em um relacionamento...O problema não é da pessoa, nem do lugar, é alguma peça que desencaixou ai dentro. Já passei por situações aparentemente terríveis e de grande descontrole, mas a paz dentro de mim existia, também já vivi o contrário, fases boas, onde tudo estava no seu devido lugar, mas algo parecia escurecer e tornar o ambiente uma grande nuvem de nebulosidade. Acho que o meu problema é romantismo em excesso, e as Barbies que ganhei da minha mãe quando era pequena, ou talvez as histórias extraordinárias que eu criava na minha cabeça quando a realidade era dura demais pra ser aceitável. Foi assim que sai de casa, construindo um sonho grande e o plano de “Feliz pra sempre”. Eu seria a atriz mais famosa do mundo e me casaria com o homem mais lindo e apaixonado. Teríamos filhos e uma casa com um jardim imenso. Sempre acreditei e acredito nas minhas grandes histórias, quando a coisa termina mal, como no meu último relacionamento, eu prefiro inventar pra mim mesma que vivi a maior história de amor de todos os tempos, e que nós, como bons amantes de filmes hollywoodianos, nos perdemos, mas esperaremos toda eternidade um pelo outro. Assim como os romances de Tolstói eu sofro pela história que nunca existiu, pelo homem que ele nunca foi e pela grande história de amor que nunca tivemos. Cada um acredita na realidade que lhe apetece, e hoje, eu prefiro acreditar que encontrei o artista dos meus sonhos, o Salvador Dali do século XXI, o homem mais charmoso e sincero ao invés do cara carente, fraco, que se perde em muitas drogas e antipsicotrópicos. O homem que tá com um tumor no peito esquerdo e que dói uma dor que não compreendo, o homem que apesar te tudo me enche os olhos de lágrimas e o coração de amor....se estou certa ou não, não me importa. É muito melhor ver as coisas dessa maneira. No meio de tudo isso, quando vou olhando minhas estradas e minhas escolhas, vejo que sempre escolhi o caminho do coração. Sempre deu certo, porque dar certo não é só sorriso, dar certo é sentir no peito que valeu a pena, e que você agiu com muita sinceridade, lealdade e honestidade com você e com o outro. Esse caminho que pensei em seguir não tem coração, eu sei disso, por isso fui abandonando o corpo e a fé dentro do ônibus que me levaria pra lá. Esse caminho me faz mal, esse caminho não acredita no meu melhor e não busca o amor sincero acima de qualquer coisa. Esse caminho chama-se “sossego infiel”, e eu não quero mais ele. Por isso bati o carro na primeira esquina e não houve um mecânico que não dissesse: PERDA TOTAL!

sábado, 3 de março de 2012

Onda de amor

Eu fui muito feliz. Nos dias que tive e naqueles que tenho. Encontrei Deus uma porrada de vezes, naquelas situações mais inesperadas. Me entreguei pra tudo e em tudo estive até o limite, sempre. Carreguei meu corpo nos braços e minha cabeça nas pernas. Já paguei paixão, chorei e pedi “Pelo amor de Deus fica comigo”. Já fiquei até às 5h da madrugada segurando no colo um amigo que chorava de dor. Entrei em casas onde eu não conhecia ninguém, fiz grandes amigos e amei pra caralho.  Encho a boca pra dizer que nunca corri daquilo que eu não conhecia, e como disse uma amiga “Medo a gente tem, a questão é ter coragem pra ir, mesmo com medo.” Eu fui!Eu vim! Quebrei a cara e ganhei presentes maravilhosos. Seres humanos me encantam, e não a nada que me faça mais inteira que olhar nos olhos e reconhecer alguém. Tenho respeito pelas pessoas, mas principalmente, aprendi a me respeitar. Não caio mais em armadilhas bem vestidas e com um discurso intelectualizado que não casa com a prática. Não escorrego na casca da banana que joguei no lixo. Não entrego a alma pra quem esconde a sua, não mais. Cansei de discursos bem elaborados, frases prontas e justificativas apoiadas em Stendhal, Schopenhauer ou Nietzsche, prefiro a moça que me apresentou Stela do Patrocínio, o Joãozinho da esquina, a Maria da rua de baixo, e a Lilian. Quero gente que tenha coragem de ir ao encontro do amor, que chore pela pessoa amada, que ligue, inesperadamente, às 3h de uma madrugada calorenta pra recitar Fernando Pessoa.  Quero gente que tem sangue correndo, que perde o controle, que não se entrega fácil porque sabe que a luta é permanente. Tenho muita preguiça dessa galera que valoriza mais a morte que a vida, que consegue dizer “Eu te amo” quando o fim já tá batendo na porta.  Não gosto de quem não pede desculpa , não abaixa a cabeça, achando que o mais importante é seu silêncio seguro e “honesto” ao invés de uma pérola que se tem nas mãos. Odeio quem não corre, não liga, não busca, simplesmente por egoísmo e orgulho imbecil. É preciso pagar mico, lamber a sola do sapato daquele que enfureceu-se desesperadamente, abraçar quem cruza os braços, pular sem saber o fundo, tirar a roupa na festa do coleguinha, pular na piscina gelada, beber coca-cola no café da manhã, se jogar nos braços daquilo que você acredita ser sua grande história de amor.... é preciso fazer com amor, tudo e qualquer coisa, com muito muito muito muito amor, até que tudo se torne uma grande onda de amor que abasteça aqueles que já estão sem combustível.

Entre cavalos os touros são cachorros azuis

(Para Camila Morais, uma mulher que, assim como eu, ama.)

Entre gritos e vômitos ela deslumbrou o amor. Carregou nas costas o peso do destino que às vezes nos trai. Retraiu pra dentro de si aquelas cobras traiçoeiras que rastejam milimetricamente e silenciosamente no chão, para abocanhar suas presas de pés descalços. Branca como a neve, desmanchada junto a poltrona escondida no canto direito da sala. Uma semi-luz ofuscando o olho  morto, pela vida que busca dentro, nós, meros espectadores do sofrimento físico e perturbações mentais que o amor pode trazer, assistíamos assustados o mostro dominando os dedos frios daquela mulher. Seu corpo era fel, das pontas dos cabelos surgiam laminas afiadas cortando racionalidades, seu corpo era quente, emanava pra fora um cheiro de fêmea no cio, pra dentro  afogava-se em amor. Seus cavalos touros transportavam o bicho selvagem que nascia pra longe de uma dimensão conhecida. Nem sempre o corpo dava conta,  os músculos decaiam como anjos crucificados, a mulher perdeu a noção entre magia e loucura. É preciso ter cuidado quando o assunto é amor, ele pode podre apodrecer dentro do estômago e sair jorrando vômito em quem quer que seja. Amor acumulado danifica a alma, deixemos que ele saia, como uma cachoeira sem rumo arrastando para o mar o que encontra pelo caminho. Teve força como somente as mães na hora do parto possuem, viu o monstro derrubando latas e quebrando garrafas, gritou feito bicho ferido a ferida que sagrava incessantemente. Era mulher! Era gente! Como tudo que anda e fala ela sentia, e sentir dói, dói pela falta de fôlego em atravessar a onda que afoga despercebidos.  Quanta beleza existe na desconstrução de uma mulher que ama, uma beleza fina e aguda, torcendo o tímpano de seres perdidos de si. Nossa mulher apagou! O show terminou. O que fica são os resquícios de um furacão que passa, uma tempestade que inunda tudo. Pequenos buracos e fendas no público inocente, entre cavalos os touros eram cachorros azuis, pensando-se “normais” eram as bestas mais propensas a insanidade.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Rompendo com a morte


Na estrutura do meu espaço escolhi o que na noite fosse melhor. Mesmo sem importância fui gira e girei entorno do seu ego melancólico e ferido. Vejas, o que é isso que faço de mim? Quais são as coisas tolas nas quais eu me tornei? Quais foram as concessões que fiz pra poder, mesmo não estando, estar desse lado que é o seu? 
Confesso que no amor existe uma falha, um desvio de caráter, ele rompe! A corda rompe quando o peso não suporta o corpo. É preciso romper para evitar a morte.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Pela doçura gangrenada da vida


...De pés afundados o corpo se distanciava cada vez mais de si. Perdi a percepção do todo e me fragmentei em moléculas flutuantes sem sentido. Disseram-me que ia passar, que com o tempo a cadeira se encaixaria na mesa. Mentira, balela, ainda não me alcancei, estou ficando exausta de procurar procurar procurar procurar sentido em tudo nesse dia-a-dia que consome meus neurônios. Hoje apodreceu dentro de mim um pouco da esperança, não gostei do sol, não gostei da casca, não gostei do calor infernal queimando minha serotonina. Detesto esse sufoco que chega a abrir uma cratera em um peito que cansa. Já gritei, apostei na loteria, joguei no bicho, fiz poema pro menino Jesus, mudei a cor do protetor de tela, 10 cigarros a menos, 20 pensamentos destrutivos embotados na buceta, banho de manhã, doce de leite no fim da tarde, beijo na boca, novas promessas de amor, projetos, trabalhos, dinheiro, brigadeiro, 5kg a menos, depilei o anus, cortei as unhas, grudei chiclete no buraco do dente quebrado...quem disse que adianta?! Quem disse que adiantou?! O monstro ta aqui dentro, pedindo pra sair no meio da Afonso Pena ou pedindo pra ir embora, pra todos os lugares onde, supostamente, doeria menos. Doer menos porcaria nenhuma, doer mais até que o osso trinque e faça barulhos ensurdecedores nessa porcaria de vida que às vezes me enoja. Não, eu não sou pessimista meus caros colegas, é só que por hora cansei um pouco de sustentar o bom comportamento e a cara brilhante de quem precisa agradecer imensamente os presentes divinos que recebe dos céus. Sou putamente feliz no meu “Fantástico mundinho transitório”. NÃO ME PEÇA PRA PARAR!Não me peça pra escrever margaridas quando o que me corta são esses vermes que apareceram na minha cama pela madrugada. Faz dias que não bebo, tenho evitado pessoas porque minha vontade seria a de explodir cabeças e depois chorar no velório das pobres criancinhas órfãs e dos seus pais sem cérebro. Não sou capaz de matar uma borboleta, mas dentro dos meus sonhos saio cortando falos gigantes e regaçando bucetas gangrenadas. Posso ser doce, uma princesinha de mãos lisas e olhar melancólico, mas a banha pesa no meio da barriga, a gordura asquerosa dos hambúrgueres e bifes enormes derrete sobre minha pele quase fria, quase morna. Me dê um pouco mais daquilo que tenho certeza de necessitar, mesmo que depois eu chore pedindo mais, feito um bezerro que sofre de insatisfação crônica e não se cansa de chupar chupar chupar até pender as tetas de sua vaca progenitora. Me deem amor, me sufoquem de amor, me matem de amor, que entre duras lágrimas meus silêncios gratos ressuscitará no terceiro dia, feito milagre de pipoca de micro-ondas. Sou leve, só que hoje, de tanta leveza, afundei os pés e sai meio que querendo eles de volta.