sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SOBRE ONTEM

O isqueiro era dele. De repente encontro dois isqueiros verdes em cima na minha mesa. Então eu lembro o quanto minha mamória é fraca e meu materialismo cruel. Devia ter deiXado meu isqueiro com você, mas na dúvida resolvi ficar com os dois. Não foi uma ação de má fé, mas só uma ação, sem significado nenhum ou qualquer hierarquização da imagem. Eu sou escritora? Às vezes eu acho que eu sou, é confuso, mas divertido. Chega a ser quase engraçado e depois chega a ser quase de soltar um riso, e depois quase de soltar um som, e depois quase de parar um pouco, e depois quase de diminuir o tamanho da abertura da arcada dentária. Sinto que eu sou uma escritora que escreve coisas alegres. Eu escrevo coisas. Essa coisas não são necessariamente palavras, mas as palavras são necessariamente um sentido do todo.  Eu sou uma escritora que escreve sentidos. Talvez. Talvez eu escreva. Eu tenho certeza absoluta que eu escrevo, quase frenética, um impulso, será que eu escrevo?ou eu decodifico meus impulsos em uma ação simples que é escrever? Estou na dúvida se o que eu escrevo é Marta Medeiros ou James Joyce? Ou se até mesmo eu acabei de ser muito pretenciosa e isso é o pior indício de austeridade? Foda-se. No fundo eu não estou nem ai pra ninguém que não seja eu mesma!É ISSO AI!Eu não me importo com nada nem ninguém, quero explodir dentro do meu umbigo. Cacete. Acabei de entrar para o ranking de escritoras grosseiras. Ô!Que pena dela!Você me aburrece, eu me aburreco, eles se aburrecem, nós aburrecemos?Quem? O próprio umbigo. Se importar muito é não se importar nada, os iguais se anulam. Ou são os opostos? Tem uma coisa dessa na química, biologia, sei la. Enfim, seu isqueiro verde ta aqui comigo e ele fez todo sentido agora, ele me trouxe de volta. Eu sei que você entende.

domingo, 19 de outubro de 2014

No Palácio das Artes

sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
sem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorarsem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorarsem cessar , sem parar sem vacilar...sem tremer ,.. sem chorar
Sam de Jesus é sua Vitória...Fomos abençoados com  notícia de você dois
há cópula



http://desorgao.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-05-08T20:49:00-07:00&max-results=7

Samba do amor ciborgue (Inacabado) - Por De Jesus Menezes

1234 1 2 3 4 5 6 7 8 
 bem morta ...toda assim torta
e bem morta / bem na porta 
e bem morta / tô toda torta
1 / 2 / 3/ /4 
 e bem morta 
toda arrom-bada e morta
toda- torta/ assim bem arrom-bada e bem destroça-da
to-da vá-cua e to-da corta-da
e 12345678

vem ...me supor-ta
aparece na porta , pobre e com assadura
vem....morta...vem agora
e tem a port-a 
e b-em torta e mor-ta
e toda destruída - e bem morta 

a nossa relação de amor está toda tort-a
e bem es-crota / tod-a na crosta....excluída da roda
toda hipócrita
sempre pobra, amança minha ânsia sem ser ansio-sa

5...6...7...8...9... e bem------vórtice
e solta e volta, arranca minha nota...surda desengonça-da .....vem e corta
a amizade de bos´ta, que nem acende / nem amor-na
vem de costas / e arreda a beiçola
enfi-á minhá pisto´la...na sua bero-la....enfi-á minha minh-a ro-la na sua su-a borda
e vi e volta
e sol´ta e vol´ta
e bem mor-ta / vai embora
não pa-ssa da porta/ tepeçovaiagora
vaia na por-ta e comemorá
7890 e 1 e 2
e 3 e 4
e 5 e 6
e 7 e 8
e 9 e 10.....agora vai embora
vai na hora
e bem mor-ta...tchin tchin tchin
                        tchin , tchin e bem morta
vai e não volta / bem torta...só agora
vi a sua horta que tá beem moorta
..oh minha nora...sinta-se bem nossa
   no amor da obsessão...se sinta bem ...amorosa
e bem ...solta, e muito ousada, mas muito te-merosa..e nunca bem morta
mas tão bem que nem bem morta
eu estou bem na crista da menina morta
e bem mor´ta / sua estrutu-ra óssea
bem den-tru da hor-ta
da minha ilha corsa....sem atração, nem desova
nem ovula o ó-vulo
nem a ó-vula / 
nem a minh-a úl-tima cota de negra flácida
nem de ne´gra gosto-sa
nem outridiot-a
nem ou-tra idió-ta
nem morta, você , nem morta!!!

Dos Tempos que Amei.

"O corte preciso entre nós 

resídua na diferença genética dos nossos olhos"


Samuel Sudré

Uma carta para...

Acho que essa é a primeira carta alegre que eu escrevo...

Chove. Ao som de Janis Joplin o cheiro do cimento e da arruda, felizes pela chuva que a muito não aparecia por aqui!A primeira chuva nessa janela, uma imensa porta de vidro, uma rede e um céu. Quem diria!!!As coisas tem mudado em muito pouco tempo e pela primeira vez a solidão do eco da sala. Um quintal maior que o quarto, uma vista mais alta que a da cama. Muitas pessoas se foram e eu sempre sofri muito com a ausência delas. Estou aprendendo assentar o peso no peito e seguir em frente. Saudade de poesia, dos romances, de aceitar o ócio sem ansiedade. Acho que quando aceito o ócio eu escrevo, ou pinto. Tem músicas que combinam com isso, outras não. Aprendendo a escolher a música, tem vez que o bicho come o buraquinho dos meus olhos, eles caem e sofrem. Essa música faz carinho nesse bicho e o prazer dele se torna o meu, ou seja, aprendi a ter prazer mesmo carregando os buracos dos bichinhos que deixam os olhos sofridos. Aprendi a conviver com isso. Conviver muitas vezes tem um "Q" de comodismo, mas, vez ou outra conviver é o que faz o corpo continuar acordando. Saudade da Amelie Poulin de L'Absente, dos escritos na água viva da Clarice, do arroz na churrasqueira, da garrafa de vinho quase caindo do palco, da banda, das reuniões na casa da Luiza, da gente brincando de bruxa, dos sorrisos rotos das ruas de Diamantina, da foto da gente pelado na cama, de você me apresentando Nietzsche, dos ensaios de domingo na sala preta, do Seven Boys abarrotado de Lars Von Trier, da gente lendo o mesmo livro nos nossos quartinhos pequenos cheios de aleluia. Tanta coisa. Tantas coisas em tantas janelas. Eu vi muita chuva caindo de janelas pequenas, e grandes, e enormes, e minúsculas e médias. Quantos cigarros eu fumei até hoje? Deveria ter feito essas contas!Deveria ter cuidado um pouco mais da minha rejeição, no posto de alguém que tenta viver o amor. Devia ter cuidado dos abismos, porque depois eles se emendam em solidões tão complexas que fica difícil querer. "Mas, às vezes, é precisamente porque o amor é tão forte, que nós não somos fortes o sufuciente". Van Gogh, chove!Chove como no início.

domingo, 5 de outubro de 2014

Voto consciente

O peso da memória é gelatinoso. Um gel oco corroendo as lembranças. A paixão então começa a viver um caso de amor com a putaria. As putas das memórias. Dos instantes. Desses desejos fudidos que abafam circuitos. Choque elétrico na nuvem cinza do passado e são pedro urinando nas nossas cabeças o quanto somos pequenos. O mundo vai acabar como está, como está é o sujeito ativo de toda essa merda poética do amor. Com quantos paus se fez mundo? As exclamações matam o ócio. Gelatina apaixonada mijando em são pedro em domingo de eleição.

sábado, 4 de outubro de 2014