terça-feira, 25 de outubro de 2011

2º Delírio: A visão

Sinto em mim uma dor que não consigo comunicar
Um luto. Uma falta.
Vejo nascer a morte
ela me dilacera inteira, me corrompe
meu corpo está acabado
minha alma dói
meu amor está derretendo
Meu Deus, eu vejo, eu vejo a morte chegando.

domingo, 23 de outubro de 2011

1º Delírio: A Espera


Não!Não me peça controle. Não me peça pra me contentar com menos, não me peça pra me contentar com pouco, não me peça calma, muitos menos paciência. Eu tô aberta, tô aqui, verde por fora e vermelha por dentro. Sangrando, dando, mostrando. Cadê você? Onde anda suas vísceras e sua vontade de luta?!O tempo caminha, os dias passam, e a coisa toda vai se perdendo mais uma vez. Tô ficando cansada meu querido, tô perdendo o fôlego, entregando os pontos. As pessoas esperam na fila, enquanto eu quase gozo. Um gozo de esperança perdida e energia guardada. Meu corpo treme inteiro, sinto febre, sinto a chova molhando meus pés descalços na calçada suja, enlameada de humanos perdidos, de amores quebrados, vínculos rompidos.
Ainda te espero. Casta, limpa, inteira.
Meus sonhos são cacos de vidro colocados goela abaixo, eu grito, mas aguardo, pacientemente. Só não me peça calma, só não me peça controle. Vou indo em direção a mesma rua escura e cheia de casas velhas e mal cuidadas, um céu lindo, limpo. Caminho na espera, mas a madrugada vem chegando, e nas madrugadas frias e chuvosas eu nunca respondo por mim. Eu não respondo por ninguém, simplesmente caminho, até a última gota de uma fé qualquer.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sobre a espera

E agora?Depois de tudo eu faço o quê?!Depois de descer do ônibus com as mesmas roupas, a mesma mala, o mesmo livro embaixo do braço, e as mesmas certezas?! Depois de sair da chuva, me esquentar no sol e sentir frio na madrugada, eu faço o quê?!Depois de amar, desistir, acreditar de novo e sentir essa solidão arrancando os dentes, eu faço o quê?! Depois de ter confiado em tudo e ter perdido a esperança, eu faço o quê?Depois de um mês inteiro cheia de fé, com a cabeça erguida, ver as coisas dando certo, dormir bem, inteira, feliz, ver tudo escorrendo pela privada como um vômito que não cabe mais no corpo e causa náusea e mal estar, eu faço o quê?! Depois do desespero, do choro, da solidão que tanto machuca e aperta, eu faço o quê?! Depois do leite quente, da chuva, dos cigarros, do banho, eu faço o quê?! Depois de você, eu faço o quê?! Depois de me perder, eu faço o quê?! Depois do amor de ontem, dos sonhos e dos planos, que já não são mais os mesmos de hoje, eu faço o quê?! E se eu deixei de te amar? Preciso de uma estrada, um novo ônibus, uma nova conversa, um novo abismo e um novo encontro.... talvez. Talvez. Talvez. Um dia depois do outro. Um sonho morto, uma vida nova. Um copo derramado na cama. Uma torneira que pinga. Um corpo que aumenta. Um olho que arde. Uma casa que não é mais a minha. Um telefone mudo. Um pimentão estragado. Uma fome. Um susto. Uma desilusão. Uma falta. Um querer mais que bem querer. Um mal mais que qualquer mal. Um medo. Um chão sujo.  Um vaso sanitário. Um incenso. Um abismo. Um enorme abismo. Uma fraqueza. Outro abismo. Outro choro. Outra queda. Uma foto. E mais uma vez uma......
Talvez.
Talvez.
Talvez.
Talvez.
Detesto esperar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Segunda-feira

Mais um dia de ansiedade.
Acordei com dores no estômago.
Tive insônia...
Ataque cárdia
Estou com medo, muitos medos, e a culpa é minha.
Sinto-me culpada pela falta
Sou eu a culpada de não perceber e não receber
Um pouco menos de culpa me aliviaria o estômago
Sinto dores do peito e uma vontade imensa de permanecer na cama
Não me sinto bem, estou cansada.
Fatigada!
Deus, perdoai, eles não sabem o que fazem...
sem saber o que fazer, como iremos permanecer?
Meu estômago queima!

domingo, 16 de outubro de 2011

Repetições

Quando  sai de casa passei um ano chorando quase todos os dias depois de falar com meu pai e minha mãe no telefone, foi ai que os abandonei. Hoje tem me acontecido quase a mesma coisa, só que o caso é uma história de amor cheia de idas e vindas, belezas e feridas.... Mas me dói quase da mesma maneira.  Essa sensação de abandono e solidão é pavorosa.

SEM TÍTULO

Sinto um medo terrível da solidão. Tenho medo de ser abandonada, de ficar sozinha. Me sinto cansada e pouco feminina. Tenho tentado controlar minha ansiedade e meus impulsos de gula e de choro. Não sei o que continuar fazendo. Passei o dia lendo Sartre e Louise  Bourgeois, bebi chá, comi pão e fumei alguns cigarros(me controlei e não bebi). Amanha trabalho o dia todo, e sinto um pânico sem explicação quando penso nisso. Não queria sair de casa, e gostaria de não ver ninguém, mas nem isso é possível. Gostaria de possuir as pessoas que amo, e com a violência de um assassino matá-las e depositá-las em pequenas caixas, pra que eu pudesse tê-las. Isso é terrível. Ele não me ligou e não vai me ligar, esse silêncio me mata, sou vitima da minha própria criação, do meu próprio amor.
Tenho muito medo do abandono. Gostaria de ser cuidada como uma doente terminal, sinto às vezes a necessidade da pena, pobre coitada. Tenho sentido dores no estômago, vontade de vomitar e insônia. Não sonho, a muito o meu subjetivo foi abandonado, talvez pela fraqueza de não suportá-lo.  Gostaria de possuir alguém, e me bastaria esse amor/cuidado na vida, e mais nada. Sendo assim eu poderia criar e escrever sobre os apertos diários. Sem grandes crises em uma relação que se estabeleceria pela cumplicidade, cuidados e união. Não preciso de um marido, preciso de um pai, uma família, uma casa, um conforto. Passaria o resto de minha vida sem me deitar com ninguém. Mas não suportaria a solidão e a falta de um amor. Preciso ter forças para suportar a solidão, me satisfazer com música, livros e objetos (talvez bebida e cigarro). Sou viciada no amor e na entrega, queria que meu vício fosse o sexo, doeria menos. Conhecer um ser humano na sua maior profundidade, adentrar no inconsciente e no vazio de outrem, dividir uma vida, seria esse o meu grande sonho [?].
Vou me matar. Vou me matar para ver nascer alguém que não se importe, que seja forte o suficiente para seguir sozinho. Ser a própria assassina de mim mesma, e não a vitima da minha própria alma. Não deixarei que minha alma seja a vilã, e que me destrua, me suicide, me mate. Matar-me-ei primeiro, e deixarei nascer uma forte escultura de mulher com quatro patas.
Deixarei de existir assim como me encontro.
Farei exercícios de solidão. Chorarei sozinha. E, sobretudo, irei aniquilar qualquer forma de amor dependente por seres que respiram. Não vou sofrer pelo telefone que não toca, não vou te esperar nas minhas madrugadas chuvosas, não vou contar com surpresas românticas e uma voz acalentadora e um olhar apaixonado. Vou esperar de você sua maior frieza, seu maior distanciamento. Não vou decidir por nós, vou permitir tudo! E que acabe somente na sua certeza de morte, porque a minha já aconteceu. 

sábado, 15 de outubro de 2011

INSEGURANÇA

O que resta de mim e o que será de mim?
O que resta de nós e o que será de nós?
O que resta da vida e o que faremos dela?
La fora chove muito, e faz frio.  Vontade de desistir.
Assaltaram meu coração. Arrebentaram a fechadura da minha alma. Arrancaram minhas esperanças e botaram fogo na minha fé. Pedi, levei!
Continuei insistindo.
Destroçada e mal cuidada.
Assassinaram meu amor.
Foram desleais comigo, me fizeram de boba e mentiram pra mim.
Aqui dentro existe um buraco, um vazio, uma ferida que quase curada foi novamente cutucada. E sangra, sangra, sangra como uma torneira aberta.
O que faço do meu medo?
Onde deposito minha insegurança?
Onde guardo meus registros de dor?
Ainda amo, mas meus pés estão calejados e meus olhos ensopados.
Minhas mãos tremem.
Meu mundo enrubesceu.
Meu corpo caiu.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PESADELOS BURROS OU BURROS PESADELOS


Pesadelo 1: uma mulher muito feia e muito gorda, com a minha cara, nadando em um rio de água salgada, com um buquê de flores na mão. Afoga-se!

Suporte suportável

Sabe o que eu penso?!Que no fundo é dessa maneira, e será sempre desse mesmo jeito. Essa coisa de viver, não é simples, nunca foi.  A gente dói! Como bons bichos, sentimos dores imensas por feridas sangrentas. A gente chora! A gente chora muito, por quase tudo. Choro pela minha barriga grande, você chora pela perda na loja da sua mãe, e ele chora por não ter conseguido, sem sequer ter tentado.  A gente chora, e no final de tudo pedimos a Deus que nos abençoe. Eu já perdi muito, por outro lado ganhei, dessas coisas abstratas pra engradecer a alma. Queria um amor, um amor imenso e fiel. Talvez eu suporte a loucura, o álcool, a pobreza, a perdição, o medo, o vicio, qualquer que seja dessas coisas citadas, mas acho que libertinagem e infidelidade é punhal gravado em cheio no meu(meio) coração. Me perco inteira, e desejo que já tive se torna uma oração diária a minha paranoia esquizoide e esquizofrênica. Feito Salvador Dali, ou aquele cara das revistas em quadrinhos da década de 60. Um bando de loucos correndo em direção ao infinito do céu encontrando-se com o mar. Sem saber pra quê ou como...andam, andamos, andemos!Carregando na alma o peso da raça humana, uma espécie ameaçada de  extinção, uma espécie que procuro encontrar. Às vezes penso que encontrei, mas depois o punhal adentra de novo e me deixa perdida na minha própria criação de sobrevivência. Pensei em desistir, desistir da vida e do futuro. Desistir do futuro, se abdicar do mundo pela busca do paraíso. Mesmo que meu paraíso seja outro, em outra época, outro contexto, mas buscando sempre.
Meu Deus, como você me dói vezenquando.....

Ta foda

Tô dolorida, ouvindo Roberto Carlos, fumando Marlboro vermelho e bebendo Coca-Cola com cachaça, nem combina. Ando chorando e me achando a mulher mais feia e gorda do planeta terra. Ta foda!
Quebrei a unha do dedão do pé, acordei descabelada, o dinheiro da bolsa da faculdade ainda não caiu. Tô sem dinheiro, sem colo, sem vontade e sem grandes ideias criativas pra me tirar da fossa.
Quem sabe hoje a noite eu não encha a cara no Bolão, fume todos os cigarros possíveis até meu nariz se ferrar de vez. Depois eu choro mais um pouco e durmo o sábado inteiro...Pra ver se passa, se alivia.
Ou, quem sabe, eu posso alugar aqueles filmes mais melosos e melancólicos na locadora, tipo “Um amor pra Recordar”  ou “Diários de uma Paixão”, vou no supermercado compro brigadeiro, sorvete, pipoca e uns lenços de papel, e passe todo o final de semana chorando pra ver se emagrece!
Sei lá...
Eu queria gritar, é isso...eu queria gritar muito, pra caralho, pra valer....Pra ver se passa, se morre, se eu esqueço!
Eu quero meu amor de volta.... daquele jeito bonitinho  de sonhos, flores e café da manhã.
Vou ler Clarice “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DESMANCHANDO-SE NO AR

Meu Deus...A vida me cansa!Que agonia é essa que sinto às vezes?!Uma solidão de doer os ossos!Me dói, me mata, me aperta!Sinto medo, sinto medo de não conseguir, de não dar conta!Creio que estamos todos fudidos!Não importa o que façamos, nos perdemos!É isso e será sempre isso. Sou o que faço, mas às vezes o que faço me mata. Não me venha com essa ideia de “Seja feliz”, “Tenha Paz”, “Dê valor nos bons momentos”, bons momentos o caralho, tô cansada de me estropiar nessas quebradas da vida, tô cansadas de ter que ser alguma coisa ou fazer algo de interessante para que o mundo me aplauda e me deixe respirar. Não quero aplausos, não quero respeito, quero simplesmente que me deixem em paz. Fazendo e desfazendo o que acredito., respirando da minha maneira e sendo aquilo que sou. SÓ ISSO!Quero amor, quero amor de verdade, amor de escolha, de mão dada em qualquer situação. O ser humano é um grande imbecil solitário e extremamente egoísta. Que porra foi essa que colocaram nas nossas cabeças?Que merda é essa que nos tornamos?Detesto o mercado. Odeio os supermercados, a RENNER, a C&A, e principalmente toda e qualquer loja que infiltra nas nossas cabeças necessidades incabíveis e sem lógica. Me pego lutando pra ter o corpo das mocinhas da TV, grande porcaria inútil. Muitas vezes minha angustia vem da falta de uma casa própria, uma carteira assinada, uma situação estável e bem sucedida. GRANDE ESTUPIDEZ INÓSPITA ESSA!!!! Eu nunca vou comprar uma casa ou um apartamento, a não ser que ofereça a minha bunda gorda e flácida nas esquinas das grandes metrópoles, ou rife uma boa trepada em um motel vagabundo. Ahhhh, quem sabe um dia um parente distante não morre e deixa pra mim uma herança?!Ou, quem sabe, uma alma bondosa me ligue às quatro da tarde pedindo o número da minha conta, só pra depositar uma boa bolada pra essa pobre alma desamparada?!se bem que seria uma babaquice gigantesca tudo isso!Porque não apagaria minhas feridas e dores passadas, eu continuaria sendo uma vaca idiota que chora quando vê o cara dormindo com frio na esquina do MC Donald. Não acredito mais na humanidade. O homem aprendeu a ferrar o próprio homem. O homem tem prazer em fuder com a vida de qualquer um que seja, só pra aumentar os zeros na sua poupança.
Que classe nojenta é essa, A DOS GRANDES E SUPERIORES “ARTISTAS”! Pobres homens que vomitam alguns conceitos e já se acham os “sensíveis” da humanidade!!!!Comem o próprio rabo só pra ter um espacinho no imaginário coletivo, e consequentemente, sentirem seus egos inflados e superiores. Que nojo eu sinto dos intelectuais que escondem a própria alma por traz de uma filosofia barata e pouco prática. Pessoas que esqueceram-se de si, e toraram-se uma máquina reprodutora de uma repressão vagabunda e desumana. Não estou me excluindo dessa corja asquerosa e indigesta, sei que em muitos momentos sou levada pelo instinto assassino de me matar e dar a luz a mais uma peça da grande/pequena e silenciosa máquina desumana. Me pego, continuamente, lutando comigo mesma, com essa que sou e que sei que sinto X essa que me faço e me fizeram sem um pingo de dignidade ou papel higiênico pra limpar a bosta que escorre do próprio rabo e da própria boca e mente imunda. Fada-se! Nada mais importa. Eu fico aqui, com esse corpo gordo que dói e sente tanto, essa alma que grita e se esconde em um grande escuro desconhecido. Apesar de, desnecessariamente, limpar-se do meu humano, eu vivo e sou. Mesmo não sendo, quando meu ego também grita, e meu cansaço fala mais alto que aquele grito abafado pela necessidade de sobrevivência. 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

CONSTRUÇÃO

Uma chuva fina. Tudo muito fino e muito liso escorrendo por entre os dedos. O ar estava fresco, na pele aquele arrepio de frio alisando os pelos. Na janela pairava um cheiro de orquídea, por traz dos olhos as lágrimas eram construídas, uma a uma, como se constroem os sonhos de crianças adormecidas. A primeira lágrima veio da lembrança do medo, da constatação da dor. Dentro era vazio, e os vasos por onde corriam o sangue espremiam as vontades de ser. Os pés tocavam o chão, por inteiro. Da mesma maneira o peito tocava o vento, inteiramente exposto, inteiramente aberto, e aquilo...ah! Aquilo doía também.  Das pontas dos dedos da mão veio à inspiração da próxima lágrima. Uma mão fina e lisa, como tudo que se sentia perto. Daquela mão veio à certeza, e das pontas dos dedos uma traição alinhada e suave, como aquele pano de seda amarelo, escorrendo do muro ainda em tijolos, como escorrem as lágrimas no rosto de quem as construiu. Do centro do umbigo criou-se outra lágrima. Essa era maior, mais firme, pomposa, presente. Essa lágrima veio do ventre, daquele fundo escuro que embalava a segurança, mas que foi partido e abortado.
Três lágrimas, durante a chuva fina e lisa foram construídas três lágrimas. Imensas, sinceras, doloridas e suaves lágrimas. A noite era silenciosa, e junto dela permanecia o cheiro de orquídeas e os soluços. Dentro nascia uma pequena felicidade...