domingo, 6 de dezembro de 2020

Um tiro na testa

 Para C.P.S.N


Eu sinto uma bola de fogo dentro de mim. Minha esquisitice é minha aleluia. Eu acho que a gente espera demais do outro porque a gente é ensinada a não nos amarmos. Deve ser isso! Outra coisa que eu acho é que as mulheres brancas, em sua maioria, não suportam mulheres arreganhadas. Eu sou arreganhada. Gosto de putaria, de droga, e adrenalina. Pessoas que mentem muito precisam de tratamento, porque isso é auto boicote. Eu também amo a minha paz, o meu ócio e minhas tentativas de meditação. Assim eu me equilibro. O trabalho me salva também, sou dessas, obcecada! Eu mereço, eu amo, eu sou! Na real, é o fogo no peito.... esse trem de querer sentir essa adrenalina toda se resolve quando a gente se ama, se não é auto boicote na certa! A gente arma pra gente mesmo uma rede, cava um buraco, da tiro no pé. Ta aí, um tiro no pé com um pino verde na mente. Essa coisa de ter prazer em dar um tiro é bizarro! Eu penso que um tiro é um disparo de energia, uma energia de cavar buraco. To fora disso, ja me auto boicotei em excesso. O tal do pino verde é a energia de tiro, aquela energia de cavar buraco. 

Muitas mulheres brancas não gostam de mim, que assim seja, o feminismo precisa também das arreganhadas, das que conseguem desequilibrar as tão escancaradas (sóquenão, porque elas não querem ver O POBRE - INCOMODA) ações de desigualdades, privilégios, e, principalmente, dessa superioridade europeia que muitas delas carregam Amando "A Arte". Meu cú pra arte! Não gosto. Não faço, não quero fazer! Eu gosto é de criação mesmo, a gente precisa criar, todo mundo precisa criar, é um poder que a gente tem. A gente precisa espalhar processos de criação em todos os lugares. O jeito de compreender a vida, a responsabilidade, a conexão...... tudo isso seria potencializado se fossemos mais criativos. Na minha opinião, pra que isso aconteça, precisamos arrancar a europa de todas as nossas referências. Pobre é muito mais criativo, porque tem que sobreviver pra não morrer, vocês repetem referências de homens brancos da europa, e mesmo quanto buscam uma mulher negra é com superioridade e desdém. A gente precisa olhar mais às cavernas, o lixo e o rabisco. (Duvidei  dessa crase e isso me fez lembrar você).

Olha, eu te amo! O tiro bateu nas costas. Mas, eu tenho um fogo no peito. Me deixa respirar, meditar e viver em paz, só isso! Aurora ta tão maravilhosa, ela merece referências melhores.

Aurora, hoje a mamãe doeu um tanto..... te agradeço a alegria de todo dia, isso me faz mais leve. 

O que eu quero dizer é que a tristeza precisa ser respeitada. Tem dor que é tiro na testa. Esse tipo de dor a gente precisa cuidar. É desse jeito que a gente cuida de quem ama. 

As vezes perto, as vezes longe!

Eu escuto fogueira doce. Eu me tornei roseira. Pelo menos eu to tentando ficar mais rosa. Mesmo arreganhada, um tiro na testa eu não dou mais. 


Hoje eu senti uma reconexão com qualquer coisa. E um limite. O fogo no peito deu trégua e eu vi! Não da pra sair abrindo todas as portas com a ponta da cabeça, as vezes as portas se abrem a distancia, com um sopro, e isso deve acontecer pra dor doer menos. SE doer demais é tiro na testa. 

sábado, 11 de abril de 2020

DEpois de quase um mês dentro de casa eu comecei a ver.

Anak Krakatoa


Uma vontade outra de existir.
Agoraa eu inexisto,
O céu tem estado tão bonito.
Tenho sentido o vento cheio de palavras... dado tempo as coisas da natureza, respirado outros silêncios.
Sinto que existe uma mudança em andamento, e ela é enorme.
Um tsunami!
Uma mudança vibratória. Sei la... sou cheia de falatórios na minha cabeça. Mas meu coração diz que estamos começando outra vez, nascendo, evoluindo. Tem doído um tanto.
Tenho medo de ficar sem ter o que comer. Tenho medo de não ter trabalho e de perder o rumo.
O que existe em nós agora é o que somos, o que somos de dentro do vulcão. Do centro da terra. 
As crianças me enchem de esperança, porque elas só conhecem o agora. Elas são! Isso é tão bonito. O céu tem cores infinitas, e de noite ele brilha no escuro. Um pouco de céu e um pouco de esperança.
Continuo escrevendo pedaços e existindo aprofundada na minha lama e na minha divindade. Eu sinto meus ancestrais. Sempre senti. Enquanto escrevo o vento conversa comigo. Tem uma mulher que eu vejo desde criança. Uma velha, negra, escrava, de mãos enormes, e o olhar mais doce do mundo. Te agradeço a força. É ela quem me ensina sobre algumas coisas, mas por vezes eu deixo pra la, não quero. Queria querer, mas não sou dadas dessas coisas, nunca fui. Preciso querer, mas, ao mesmo tempo, me deixo não querer. Eu sou de sentir as coisas.
Agradeço a liberdade, o pedaço de céu e o amor. 
Agradeço também esses sonhos que não perco e essa tentação de ser sempre querer.
Mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm eu tenho um amor imenso pra curar meu mundo. Nossa conexão reaparece.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Na emanência do caos

Chove!
Um silêncio absoluto em tudo, dentro.
Dentro de nós um medo absoluto.
Sem pertencimento.
Sem previsão.
Um vinho. Um beck. Orgasmos múltiplos e um cigarro.
Ainda chove.
O tempo tem sido outro. Outro tempo. Outros tempos.
Desesperados em saber as probabilidades, botando fogo no corpo, na rua. Comprando orgânicos.
O que foi que fizemos de nós?
Gostaria de saber um pouco mais... sobre o que?
Onde foi que perdemos o fio da meada. O contra fio da revolução.
A peste negra.
Os corpos.
Os caminhões.
A peste.
O negro.
As negras.
A negra.
A gente se comunica em silêncio, nas ondas silenciosas de emoções intensas.
O fim.
Eu gostaria de abraçar as pessoas por horas, beija-las nas mãos, perder o que fosse necessário. Perder é coisa que amarra o coração.  Eu sei....
Marianas, Carolinas e Marinas... peço desculpas pelos atrasos em mim,mas  peço licença  pra exercer essas coisas.
Sinto cheiro de carne queimada.
Ainda chove.
Um medo absoluto do que vai ser.



sexta-feira, 20 de março de 2020

PANDEMIA

O que aconteceu?
Pra onde fomos?
O céu desaba. Trancados em casa. O essencial. Qual?
Chove.
Comemos.
Rimos um pouco.
Comemos de novo.
A criança chora. Será a falta da rua? da vida? do outro?
Comemos.
Está proibido andar nas ruas. Nas estradas. E nos cômodos?
Parece ficçao, ta ali, do lado, la fora. A gente ainda não quer acreditar.
Troveja.
Isola.
Sozinha com ela eu enlouqueceria.
Triangulo. Três. Nós três.
O que será de nós.
Estamos dentro da série. Do filme. Somos contratados da netflix.
Que a gente se rasque inteiro.
Tudo parado. Não deu tempo. Foi o que foi. É o que é.
A gente se ama, e o amor salva.
Precisamos amar, precisamos nos conectar de outras formas.
A mudança chegou.
A gente pira.
A solidão isola demais.
Isolamento.
Em casa.
Nossos livros. Nossa nova forma.
Como fica a cabeça de uma criança de 2 anos trancada durante 3 meses dentro de casa?
Veremos....