As coisas me dizem
coisas, elas seguem sendo, sem saber. As coisas, são tantas...
Existe um tipo de alegria tão funda que chega a doer, mas a gente
nem sabe o que é a dor, ou quando esse nome veio ao mundo. Perdemos
o controle das coisas. Envelheci, mas agradeço a Deus a coragem de
cheirar toda aquela cocaína, e vomitar depois. Não estou velha
porque vomitei, estou velha porque assentou-se em mim uma certa dor.
Estou tão velha que me basto, não me aguento, sou insuportável
demais pra mim mesma. Eu que pensei nunca ter inimigos. Meu
pensamento fragmentado corrige certas coisas. Mas, eu não deixo de
ter inimigos. Duas coisas me tocam: a filosofia e as plantas. O ser
humano me cansa e me suga. Por isso, hoje, as coisas me dizem coisas,
amanhã eu já não sei. Nesse instante eu basto em gasto, acelero
ruídos, esmoreço a esperança, fico calada e quieta, não choro não
converso.
(as pessoas continuam
falando do lado de fora)