quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Voltando pra casa

Depois de um tempo a gente retorna à família. Mais velha, com os dedos amarelos e o cabelo loiro, curto, mais penduricalhos na cara e rabiscos pelo corpo. Com o tempo aprenderam a me respeitar. Com o tempo aprendi a ama-los de um outro modo. As rusgas da mãe e o cansaço da avó derretem as armaduras dos últimos anos. Nos olhamos quietas, acho que compreendemos o peso do tempo. As falas parecem de outra época. Rimos de imbecilidades familiares, ficamos em silêncio quando o assunto é política.... Vez ou outra é melhor manter a neutralidade. Pararam de zuar minhas roupas, meus colares, minhas escolhas. Acho que eles entenderam que sou assim mesmo, devolvo o elogia às mulheres da casa, os homens ainda me dão uma certa náusea. Nossas mãos se parecem tanto! Tem também um certo jeito no sorriso, no canto dos olhos, no movimento dos braços. Eles não me conhecem! Também não sei muito dessas personalidades que ressoam passado e vínculos de sangue. As memórias retornam feito fantasmas. Depois que todos se deitam caminho pé a pé pelos corredores da casa, pela varanda e cozinha. Éramos bestas mulheres e meninas tentando dar conta do inesperado, do incompreensível, do não se sabe. Hoje a gente reconhece a semelhança nas curvas das mãos e no canto dos olhos, em silêncio a gente se respeita. É.... O tempo da cabo de uma porrada de dor!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Corrupto ou covarde?

Ou

13 de dezembro de 2016

Aprovaram a PEC. As pessoas continuam apanhando e sendo presas. A PM reprime as manifestações, em São Paulo é pior. Mataram o filho da Tati Quebra Barraco, mais um, esse (e esses) sem bala de borracha. Assisti o documentário da Janis e pensei que seria melhor que as pessoas fossem assim, intensas e apaixonadas. Acho que a força do capitalismo mundial integrado endureceu os corpos, sofremos de desejo. Chove bastante. As pessoas continuam morrendo nas favelas, apanhando nas ocupações e sendo silenciadas em qualquer máquina de poder. O desespero aumenta quando vejo o poder que a Globo ainda tem, e ainda terá. É tudo uma grande farsa, vivemos um roteiro de cinema, o céu se desmancha e a gente chora a morte do ator. Já quis ser uma grande artista, hoje acho que isso não faz sentido algum, depois de Mariana qualquer tentativa de arte é merda. Prefiro o silêncio, o carinho, o tesão e o amor entre os pulmões. Afetos revolucionários. Deixar-se contaminar por si mesmo, me parece ser essa a grande revolução. O mundo vibra deslocamentos diários, sinto que é melhor escutar a chuva e deixar correr o tempo das coisas. Não imaginei que veria o mundo ruir na minha frente, enquanto os alarmes disparam seus alertas o coração só pede pausa. Calma. Afago. Arrego. Fiz um chá de camomila e lembrei da Janis, da Amy, da Camille... Penso que o mundo é um lugar onde você pode ouvir a voz por detrás do espelho, feitos os livros do LGA (o policial morto pelos excessos de hipócritas). Ouvir o grito de dentro e deixar que do lado de fora respingue pulsões. O mundo escancara podridões, o falso é verdadeiro e o verdadeiro é falso. Não acredito mais na história, nos heróis, nos conceitos fudidos que me fizeram engolir. Tô querendo dar um rolê por aí... Deixar a banda dos contornos mais leve. Enfim... Acendo outro cigarro e coloco Janis.

domingo, 11 de dezembro de 2016

sábado, 10 de dezembro de 2016

Pelas inconstâncias

Eu sou do tipo que se perde fácil. Deixo as intensidades guiarem o caminho, um pedaço de pão e um copo de rum. No meio da rua caminho absorta de dentro dos sonhos. Sonho um bocado. Sem Democracia, pós-golpe, mídia golpista, era do trauma.... A gente segue desejando o amor, mas de longe, do outro lado. O amor tem dessas coisas, vai cavando buraquinhos e quando a gente menos espera, pá! Retardada de carteirinha perco o rumo do fio, o início da fila, a promoção do supermercado. Perdi o prumo, e do amor exijo somente cuidado, já que de longe a vida segue ferindo e de dentro a gente se perde um bocado....

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Brinco de princesa (M), Arruda (I), àrvore da felicidade (P), Alecrim (O-S), Léia (R), Lavanda (C), Pitanga (E), Lírio (M-A), Samambaia (M), Cidreira (J)

Acordo e coloco Chopin (complete nocturnes) bem alto no fone de ouvido. Um café quente e um pedaço de broa. Enquanto o cigarro queima no cinzeiro penso sobre o quanto os homens são egoístas. Penso também que as mulheres foram ensinadas a ficarem em silêncio pela superioridade de compreensão que elas carregam. Os homens não suportam no corpo o entendimento de certos assuntos. Eles ressoam falácias medievais e vomitam regras obsoletas. As mulheres sentem no corpo e só depois tentam compreender. É claro que não se pode generalizar, existem mulheres com ares masculinos e homens com aspectos femininos, de ambos eu digo da existência (alma, energia, também não sei o nome dessas subjetividades), o resto não me interessa. O cigarro termina em cinzas, o cinzeiro verde deixa rastros da noite passada, dois cigarros de filtro vermelho e três de filtro branco. Excessivamente intensa corro mais uma vez aqueles velhos riscos. As 2 da madrugada, depois de bater o portão, deitei e chorei um pouco. Sem o desespero dos anos perdidos dentro daquele trauma, mas ainda com o corpo doendo do abuso. Foi ai que eu me lembrei de Ituiutaba, da violência sofrida na infância, do ódio espalhado dentro do meu medo do mundo. Quando a criança é estuprada, violentada, espancada e abandonada não se pode esperar com muita previsão absolutamente nada, as incertezas são seus limites. Vez ou outra aparecem pássaros no meu quintal, no final da tarde o laranja do por-do-sol deixa as plantas com ares de magia. Hoje, quando me recordo das violências que sofri, sinto feito as plantas do meu jardim.... um por-do-sol com ares de magia. Um findar da tarde, dos medos, das ansiedades, e um sol que queima a pele com o tempo, deixando a alma com ares de magia. Ja odiei durante muitos anos, todos os dias, aquela velha que teimava em bater com a minha cabeça na parede, de uns tempos pra cá o ódio se tornou como um perdão diário. O mesmo digo do homem que me fazia chupa-lo, aos cinco ou seis anos, ja não sei ao certo. O mesmo digo dos meus pais que me abandonaram, o mesmo daqueles tantos outros homens que teimavam em me fazer mal enquanto eu me distraía na adolescência raivosa.   Sinto por todos eles um perdão diário, um desejo absoluto de que eles se perdoem, porque não deve existir nada mais dolorido do que não se perdoar. Enquanto acendo outro cigarro e reabasteço a xícara de café penso em quem eu me tornei. "Mulata não das raças, mas de existências". Não deixo mais que me aconteçam coisas tão dolorosas. Não permito mais que me arranquem o amor que tenho. Não me permito mais doer em silêncio. Meu corpo, minhas regras. Pego um biscoito desses amanteigados, acendo outro cigarro e observo. Me sinto uma privilegiada, alguém que, não se sabe como, nem quando, nem de que jeito, conseguiu estancar o jorro, o choro, o medo. Os nomes das minhas plantas são os nomes das pessoas pelas quais senti desafetos, cuidando de cada vaso eu cuido um pouco de cada dor.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

(MALE-VALENTE)


9 de novembro

Tempos sombrios. No Brasil verde e amarelo os sons das Tramontinas ressoam a vitória de Trump. Dos silêncios da madrugada o susto do fascismo que mais uma vez retorna ao poder. Talvez um Hitler disfarçado de playboy, uma Vale do Rio Doce disfarçada de patrocinadora cultural. Lama, muita lama escorrendo das paredes, aquelas mesmas paredes que estão tingidas com a tinta desfalecida da democracia. O céu se encheu de nuvens escuras, a previsão do tempo é do estado de excessão. Saramago deixou o mundo cego, e na dor daquele cão de lágrimas, nos dias atuais, carregamos nossa mísera esperança nos secundaristas, nas ocupações, nas revoluções impressas nos corpos, nas paredes, no grito dos movimentos sociais. Não vivi a ditadura de 64, mas essa de 2016 já tem doído a alma. É como se o Brasil estivesse descendo a ladeira, sem freio, desenfreado, a caminho do caos.
Não sei pra onde vai o fim da linha desse trem azul e branco, mas tá de doer os ossos o renascimento dessa direita Zumbi, como diria Marina Viana.
Precisamos dispor os corpos às máquinas de guerra. Precisamos desamarrar os sapatos e pisar na terra. Precisamos desejar...

domingo, 6 de novembro de 2016

Tudo dói

De um sopro inconstante se faz uma vida inteira. A gente se equilibra pra lá e pra cá, na tentativa de certezas que não existem, simplesmente se constroem. Não consigo definir se o desejo é pura construção ou se é só dominação capitalistica (CMI). Não sei onde moram as fronteiras, o fim da linha. Vivo mais de inconstâncias e afecções, talvez axiomas já desterritorializados. Sem querer ser pedante. Eu sinto...  E dói!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

sábado, 29 de outubro de 2016

Eu e meus rizomaas

Aprendi a gozar sozinha de um jeito completamente novo. Faz parte dos sorrisos que tenho me dado. Tive orgasmos intensos desde meu último sexo, o qual foi uma grande novidade. Desse último sexo restou uma vibração diferente no meu corpo, algo que se resolve dentro de si. Passei a vida correndo pra longe de um pesadelo, eu só não me dava conta que quanto mais eu corria mais eu me aproximava dele. Aquelas imagens iam e viam no meu subconsciente. Foi ai que me compreendi como rizoma, depois de Deleuze os conhecimentos se derretem na fécula de mandioca. É pura mágica, elas se ligam e se desligam com a força das mãos e a quantidade de água. Esfarelam-se e se juntam, depois vice-versa, e no entanto as mãos continuam ali, pensando-se firmes. Todo aquele processo é de um tesão imenso, um prazer absoluto sobre a incompletude da matéria. Então me percebi rizoma, uma cadeia de terminações nervosas que não terminam na pele, que transbordam e, simultaneamente, se ligam a novos transbordamentos, fluxos, continuações nervosas. Foi ai que o gozo mudou, no meio dessa quase-consciência percebi que a presença é a profanação mais pura dos dispositivos de poder.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

220

Tem dias que eu fumo tanta maconha que perco o controle de como as coisas se encaixam umas nas outras. Não que isso seja um problema, mas um pouco de praticidade ajuda a acalmar os neurônios, principalmente dos ansiosos. Meus neurônios ansiosos descascam ficções absurdas sobre a realidade. Nem posso dizer que seja falta de controle, é só impulso. Não consigo viver longe dos meus impulsos, vez ou outra isso se torna um problema, mas aí eu deixo passar! Nada daquilo me incomoda mais, teve de ser de um jeito meio duro, afoito, as pressas.... mas deu. Acendo um cigarro e coloco Amy de fundo, ela não cansa de estabelecer camadas no meu silêncio. Acho que aprendi um trem meio maluco, um jeito de ver a vida que vai muito além desse absurdo limite entre as coisas. Um rizoma repleto de camadas complexas. Coisas que existem sem centro, elas se esbarram, se cruzam, se contaminam. Menos medo na alma e mais calma no coração, bem clichê, bem padrão. Sou fraca de ossos, mas forte de querências, foi aí que eu comecei a cometer loucuras. Desobediente eu sigo, mesmo que a cerca seja elétrica, eu jogo água no chão e queimo até o limite.

Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro!

O problema é que com a falta de tempo a gente perde a conexão com a terra. É difícil sustentar aquela sensação tão a flor da pele, acho que aí nasce o desejo, de uma certa falta. Eu ainda acredito no amor, e naquele poder absoluto que ele tem de botar as coisas em seus devidos lugares, um carinho a flor da pele, um suspiro doce de que a vida tem, de um jeito ou de outro, um certo sentindo de ser. Me emociono com esse amor que me cerca, com essa disponibilidade e frequência com a qual me esbarro com ele, assim, do nada. Hoje, por exemplo, eu senti um amor tão imenso pela parede do canto onde deixo as coisas. Cheia de bilhetes, cheia de pedacinhos coloridos, um Van Gogh, Berlim, borboletas e todas aquelas lembranças de pessoas tão incríveis. Me apaixonei pela parede e gostaria de acariciá-la com a ponta dos dedos, e eu fiz. Ela é tão fria! Mas me acolhe. Tem dias que eu sinto amor pela sensação dos meus cabelos raspados, me sinto tão empoderada. Vez ou outra o amor vai até as músicas, depois os sapatos, as plantas. Aquela música do Belchior, “Sujeito de sorte”.... não sai do meu desejo. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro! Tão real! Tão de verdade! Tão intenso! Se dependesse só de mim eu queria viver amando....

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os necessários que cansam

Não sei como ainda consigo estar perto de artistas e pessoas da arte, elas me cansam. São essencialmente distantes de tudo que um dia eu colei a essência dos que criam. Artistas me doem os olhos e os ossos. Esse grupo de gente que permanece avaliando constantemente seus pares em cinco, cinco estrelas, cinco mil curtidas, cinco milhões de inutilidades. Eles me cansam. Gosto de gente mais simples, de gente que só é, ponto. Gente assim costuma falar a verdade, e eu gosto das verdades, mesmo me rebaixando a 1.2 ou quem sabe até 0.8

Não se sabe....

Me recuso fazer parte da indumentária ridicularizada criada pelos deuses artistas que derramam merda, ego e superioridade sobre a terra!

Eu me recuso!!!

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Mais um episódio da farsa golpista q o nosso país vive....

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Por que querem me condenar

18/10/2016 02h00

Em mais de 40 anos de atuação pública, minha vida pessoal foi permanentemente vasculhada -pelos órgãos de segurança, pelos adversários políticos, pela imprensa. Por lutar pela liberdade de organização dos trabalhadores, cheguei a ser preso, condenado como subversivo pela infame Lei de Segurança Nacional da ditadura. Mas jamais encontraram um ato desonesto de minha parte.

Sei o que fiz antes, durante e depois de ter sido presidente. Nunca fiz nada ilegal, nada que pudesse manchar a minha história. Governei o Brasil com seriedade e dedicação, porque sabia que um trabalhador não podia falhar na Presidência. As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei: de um Brasil mais justo, com oportunidades para todos.

Às vésperas de completar 71 anos, vejo meu nome no centro de uma verdadeira caçada judicial. Devassaram minhas contas pessoais, as de minha esposa e de meus filhos; grampearam meus telefonemas e divulgaram o conteúdo; invadiram minha casa e conduziram-me à força para depor, sem motivo razoável e sem base legal. Estão à procura de um crime, para me acusar, mas não encontraram e nem vão encontrar.

Desde que essa caçada começou, na campanha presidencial de 2014, percorro os caminhos da Justiça sem abrir mão de minha agenda. Continuo viajando pelo país, ao encontro dos sindicatos, dos movimentos sociais, dos partidos, para debater e defender o projeto de transformação do Brasil. Não parei para me lamentar e nem desisti da luta por igualdade e justiça social.

Nestes encontros renovo minha fé no povo brasileiro e no futuro do país. Constato que está viva na memória de nossa gente cada conquista alcançada nos governos do PT: o Bolsa Família, o Luz Para Todos, o Minha Casa, Minha Vida, o novo Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o Programa de Aquisição de Alimentos, a valorização dos salários -em conjunto, proporcionaram a maior ascensão social de todos os tempos.

Nossa gente não esquecerá dos milhões de jovens pobres e negros que tiveram acesso ao ensino superior. Vai resistir aos retrocessos porque o Brasil quer mais, e não menos direitos.

Não posso me calar, porém, diante dos abusos cometidos por agentes do Estado que usam a lei como instrumento de perseguição política. Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito.

Jamais pratiquei, autorizei ou me beneficiei de atos ilícitos na Petrobras ou em qualquer outro setor do governo. Desde a campanha eleitoral de 2014, trabalha-se a narrativa de ser o PT não mais partido, mas uma "organização criminosa", e eu o chefe dessa organização. Essa ideia foi martelada sem descanso por manchetes, capas de revista, rádio e televisão. Precisa ser provada à força, já que "não há fatos, mas convicções".

Não descarto que meus acusadores acreditem nessa tese maliciosa, talvez julgando os demais por seu próprio código moral. Mas salta aos olhos até mesmo a desproporção entre os bilionários desvios investigados e o que apontam como suposto butim do "chefe", evidenciando a falácia do enredo.

Percebo, também, uma perigosa ignorância de agentes da lei quanto ao funcionamento do governo e das instituições. Cheguei a essa conclusão nos depoimentos que prestei a delegados e promotores que não sabiam como funciona um governo de coalizão, como tramita uma medida provisória, como se procede numa licitação, como se dá a análise e aprovação, colegiada e técnica, de financiamentos em um banco público, como o BNDES.

De resto, nesses depoimentos, nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação. Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa.

Passados dois anos de operações, sempre vazadas com estardalhaço, não conseguiram encontrar nada capaz de vincular meu nome aos desvios investigados. Nenhum centavo não declarado em minhas contas, nenhuma empresa de fachada, nenhuma conta secreta.

Há 20 anos moro no mesmo apartamento em São Bernardo. Entre as dezenas de réus delatores, nenhum disse que tratou de algo ilegal ou desonesto comigo, a despeito da insistência dos agentes públicos para que o façam, até mesmo como condição para obter benefícios.

A leviandade, a desproporção e a falta de base legal das denúncias surpreendem e causam indignação, bem como a sofreguidão com que são processadas em juízo. Não mais se importam com fatos, provas, normas do processo. Denunciam e processam por mera convicção -é grave que as instâncias superiores e os órgãos de controle funcional não tomem providências contra os abusos.

Acusam-me, por exemplo, de ter ganho ilicitamente um apartamento que nunca me pertenceu -e não pertenceu pela simples razão de que não quis comprá-lo quando me foi oferecida a oportunidade, nem mesmo depois das reformas que, obviamente, seriam acrescentadas ao preço. Como é impossível demonstrar que a propriedade seria minha, pois nunca foi, acusam-me então de ocultá-la, num enredo surreal.

Acusam-me de corrupção por ter proferido palestras para empresas investigadas na Operação Lava Jato. Como posso ser acusado de corrupção, se não sou mais agente público desde 2011, quando comecei a dar palestras? E que relação pode haver entre os desvios da Petrobras e as apresentações, todas documentadas, que fiz para 42 empresas e organizações de diversos setores, não apenas as cinco investigadas, cobrando preço fixo e recolhendo impostos?

Meus acusadores sabem que não roubei, não fui corrompido nem tentei obstruir a Justiça, mas não podem admitir. Não podem recuar depois do massacre que promoveram na mídia. Tornaram-se prisioneiros das mentiras que criaram, na maioria das vezes a partir de reportagens facciosas e mal apuradas. Estão condenados a condenar e devem avaliar que, se não me prenderem, serão eles os desmoralizados perante a opinião pública.

Tento compreender esta caçada como parte da disputa política, muito embora seja um método repugnante de luta. Não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros. Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil.

É necessário frisar que nós, do PT, sempre apoiamos a investigação, o julgamento e a punição de quem desvia dinheiro do povo. Não é uma afirmação retórica: nós combatemos a corrupção na prática.

Ninguém atuou tanto para criar mecanismos de transparência e controle de verbas públicas, para fortalecer a Polícia Federal, a Receita e o Ministério Público, para aprovar no Congresso leis mais eficazes contra a corrupção e o crime organizado. Isso é reconhecido até mesmo pelos procuradores que nos acusam.

Tenho a consciência tranquila e o reconhecimento do povo. Confio que cedo ou tarde a Justiça e a verdade prevalecerão, nem que seja nos livros de história. O que me preocupa, e a todos os democratas, são as contínuas violações ao Estado de Direito. É a sombra do estado de exceção que vem se erguendo sobre o país.

Folha de SP, 18/10/2016 - LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA foi presidente do Brasil (2003-2010). É presidente de honra do PT (Partido dos Trabalhadores)

Meus escuros matos

Dentro se descobre uma rocha incrível. Forte, ela segue altiva no seu equilíbrio entre o caráter e a genius. Coluna ereta. Corpo aceito. Vislumbres de belezas inconcebíveis. Seu "eu" se despedaça e do silêncio da não existência se descobre algo de genuíno. Não dói mais. A angústia se assentou na porta e olha absurdada seu abandono. Dias de sol, cachoeira, barraca, pedra, sonhos doces, sonhos com cor de cobre. Não se esqueça do pôr do sol. Revelar fotos. Comprar filme. Instalar o fotômetro. Luzes artificiais tem me cansado demais, ja bastam os refletores do teatro, mais que isso é pretensão inútil, um certo nada. Breu. Dentro do breu foi q eu vi com mais clareza, perdida na imensidão de um escuro assustador me deparei com certa força essencial, desejo a escuridão da lua amarelada de aquário. Nossos dias estão contados, o desejo de presença há de nos reaver nossos corpos, nossos desejos, nosso si-mesmo. Quando o pessoal se abre ao desconhecido ele se permite espaços de presença pura. O amor ainda me parece ser um certo tipo de salvação, enquanto se ama é possível reagir, sem o amor restam sementes que nao germinam, corpos que nao estão..... Lapsos de ausência. Nao se ausenta mais ao desconhecido, somente à pertinência de hábitos cotidianos inconscientes. Uma pena! Mas é preciso estar de um modo ou de outro, só assim se consegue resistir a despresença hipnotizante de uma tela brilhante. É preciso desobedecer certas regras, colocar o corpo de frente ao precipício do não saber, arriscar os pés na mata noturna e escutar o ruído do mato da alma.  É necessário abandonar-se para que a neblina se desfaleça e a terra se incorpore novamente aos poros de todas as peles. Desejar utopias. Enriquecer os delírios criativos. Anoitecer os olhos. Dar brilho de sol quente aos afetos.

Enfim....
O mato da mata me matou, depois de morta a mata o mato voltou.
Mata morta.
Morto mato de mim.
Em mim há mata.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

COIOTE

Desenrolaram meus pedaços de dentro do forno, restou uma rosa que é rosa, do lado direito uma folha e seu pacto com o feminino. A pedra dentro da van, o coração lembrando que não se merece menos que aquilo tudo. Filme. Imagem de filme. O coração rolando entre as pernas dos desesperados, e aquela cena me tirando o sonho só porque ele ja estava ali. Olhos de mel. Fico rindo sozinha dentro de casa só lembrando daquelas pedras e de tudo ao redor delas. Cabeça raspada faz pacto com o desconhecido, sem medo ou insegurança. Não da pra não ser forte quando se sente que resta pouco, pouco menos da metade resta ainda aquele desejo de te amar dentro da barraca, de pular no rio no gelo da manhã e de entender que da pra ser bem simples, é só meditar um pouco. Meus cabelos se foram, ganhei cócegas no couro cabeludo e perdi o fantasma do passado. Alivio. (re) Começo. Sapatos no ar e roupas no chão. Fogueira acessa na porta de casa dentro da panela de pedra. Oração asplantas, ao cheiro de alecrim e ao desejo de presença.
Seguindo....

domingo, 25 de setembro de 2016

Chove

Nesse instante chove. Absolutamente chove. Chove com uma força descomunal, feito o passado. Caem do céu todos os pedaços rejeitados que retornam à terra, caem e se doem dentro das poças de água fria.
Primavera, as flores do jardim brilham como nunca, faz calor. Vejo os relâmpagos pelo espelho, então eu penso q é melhor silenciar e escutar a chuva que toca.

domingo, 4 de setembro de 2016

Golpe

Tem sido difícil levantar da cama e ainda acreditar que é possível. Tem sido difícil ver o moço da padaria e a mulher do ponto de ônibus desistentes com as possibilidades de mudança. Mas eu acho q to bem. To depre com o golpe. To depre com o país. To depre com esse futuro meio suspenso e essa política-policia que tem feito do país uma bomba prestes a explodir. No mais eu tô seguindo. Tentando cuidar da saúde. Tentando cuidar dos cabelos e da alma. Mas as vezes fica tão difícil que eu prefiro sentar na varanda, fumar meu baseado e ficar ouvindo Gal costa, e pensando naqueles tempos onde ainda se tinha esperança. Eu não sei mais se estamos caminhando pra um buraco coronealista farsesco desigual desumano e ilegítimo ou se ainda vale a pena lutar por qualquer coisa q cheire a democracia. E bem do ladinho desse estado de excessão tem a vida, tem os afetos que não cessam de se esbarrar com o medo e a revolta. Tem o dia-a-dia, a carência, as dores que tbm não cessam, apesar de. Enfim... Estamos lutando, resistindo e botando, mais uma vez, a cabeça em uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o que.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Na falta de um gole....

Em um dia como o de hoje se deve chorar a falta. Aquela falta de um dia seguinte, ou até aquela mesma falta que se esvairiu na hora de ter coragem. Quando eu vi a Dilma defendendo a educação no senado arrepiei inteira... ahhhhh a Petrobras, o Golpe, essa globalização do inferno e os escravocratas vomitando um monte de "ritos-democráticos".

Aí eu lembrei da vida inteira, até dos amores eu me ocupei um tempo. As paixões.... sempre tão brega e tão difícil dizer delas de cabeça cheirando a álcool. Lembrei do moço da veterinária e seu machismo disfarçado de esquerda, lembrei das parcerias que não deram certo, das mulheres que me apaixonam e da falta de medo de uma população brasileira que, hoje, atesta o falecimento da sua democracia.

Matamos e morremos em dias nem sempre chuvosos, as vezes faz sol e brilha tanto esse azul do céu que parece tudo roteiro de cinema americano.

A gente vê o que a gente quer.

Teve também o povo do Kleber que desistiu da estatueta dourada, a dona Regina, aquela senadora, que despertou as durezas e delicadezas de uma mulher que se engasga ao dizer a palavra "falta".

Um dia histórico. Um dia comum. Uma cerveja no buteco e lembranças.... falta. Falta a falta de boas lembranças. A tal herança, senhor senador, é essa que você crava na chantagem de um sistema farsesco. Ou é um golpe, ou é uma farsa...

Pois é...

 Falta a paixão do impulso. Falta a coragem de um tempo sem medo. Falta tanto silêncio nas bocas que mastigam conexões interativas, chega a doer a alma.

Uma curva aprofundada na última vértebra, vamos começar a colar publicidades na calçada.

E o amor? Um mero comércio.

Eu resisti ao pó e decidi que correr com a cara queimando de sol vale mais  que a insensatez de um dia aos galopes...em golpe, ao gole. Na falta de um gole a gente bebe a garrafa inteira, vomita e reclama depois.

Sem aborto, mesmo com a irmã mais velha batendo pela primeira vez na porta da sala. Chá de canela e cabelo caindo feito as folhas da pitangueira que deu flores no inverno.

Flores... agora uma delas virou árvore.

E o inverno perdura dentro do senado brasileiro... Na falta de um gole eles deliram dentro da própria garrafa um golpe.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sem camisinha

Tenho amado essa coisa de Mulher Selvagem.
Quanto ce tem na poupança?
Tem dias que tudo bate na porta da cara sem vergonha.
Eu tenho desejo de amor. Amores.
Eu gosto de escuro.
Gosto de andar tateando as paredes.
O dinheiro é pouco praa tanta intensidade!
Cachaça.
Limão e cachaça.
Maconha.
Eu gosto de cocaína, mas é o mesmo problema com a vodka.
Não da.
To andando com a lua.
To achando que vale a pena a energia.
Me toca.
Bateu bateu, não bateu, esquece!
Sem camisinha.
Por favor....


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Em terra firme

Nesse instante, depois de todos esses vinte nove anos, a melhor coisa a se fazer é ficar em silêncio. É melhor correr todos os dias de manhã, parar cinco minutos e observar o sol quente. Manter o ritmo, diminuir a dor. Comprar flores e velas pra casa, acender incensos. Escutar na miúda de quem tenta uma vida o barulho denso do coração. Manter o foco, o chá e a esperança. Depois de morrer um pouco algumas coisas secam, mas aquilo que nasce na brutalidade de uma terra ferida é firme e intenso - dessas intensidades doces e felpudas - firmado em chão de quem tenta se tatear no escuro. Todos os dias dói um pouco, mas a cada dia dói menos.... É só uma certa saudade, um vapor que sopra a nuca, uma lembrança que, rememorada, modifica a memória que lhe deu origem.

...

Então no amor a gente tem a sensação que se perde mais do que se ganha, e só depois, bem depois é que a gente descobre o contrário.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sobre

As idéias ficam pipocando na minha cabeça de um jeito patético, pensamentos idiotas.
Eu cresci no desajuste.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Por mais dias incríveis assim

Chove.
E que existam mais dias incríveis como o de hoje.

Entre a carne e a unha

- Cê vai voltar realizada de lá.

Voltei, Sheila!

Voltei querendo cuidar, cuidar de cada canto que me é importante. Voltei desejando menos álcool, menos medo, menos surtos, menos cigarros e muito mais água. Muitas flores e incensos. Milhares de noites na varanda e tantas manhãs correndo no sol quente. Voltei desejando o simples, adindo a ansiedade e plantando minha horta. Então eu pensei que quando o amor se derrete em suspiros cotidianos, basta. E bastar passou a ser suficiente. Há de ser verdade esse céu mais azulado... Há de ser intenso essa terra entre a carne e a unha.

A boca e a vagina são feitas das mesmas substâncias, ambas têm fome.

Eu não sei o que aconteceu comigo, Sheila.  Mas alguma certeza se assentou na sala, e por lá passou a deslizar delicadezas tão perfumadas... Agradeço! Agradecida a vida dos furacões e dos pulmões. Agradecida ao vulcão da minha infância e a floresta da minha adolescência. Hoje meus pulmões pedem uma pausa, e eu sinto como se um pedaço do meu corpo tivesse ficado para trás.

Aquela moça dançando de vermelho no meu quarto era eu. Era eu e todas as mulheres que tem me cercado de pulsões, convulsões, expurgações. Nossas curvas são feitas em conjunto. É difícil sentir o amor dentro da gente, mas é como se eu me abraçasse por dentro e dissesse: vai dar tudo certo! E pela primeira vez eu sentisse a realização dessa certeza.Ela não se finca como uma estaca invencível, pelo contrário, essa certeza é lenta e maleável, escorregadia. Mas ela me acalma e me faz sentir a chegada de novos ventos.

Que assim seja, Sheila.

Que assim seja!


Obrigada por existir tão intensamente nesse mundo. 

"(Não fazia frio, salvo em ter que recomeçar a vida.) E tudo aquilo - toda esta frescura lenta da manhã leve, era análogo a uma alegria que ele nunca pudera ter." Fernando Pessoa

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

MAQUINA DE FAZER DOIDO

Ambiguidades....
Coisas mal ditas...
Frases dúbias...
Inconstâncias amorosas...



Pelo agosto que se segue

O ruído das incertezas me tira o tapete depois de dias incríveis. Despeço-me de alegrias incalculáveis e me deparo com a secura de um agosto que se inicia com a agenda cheia. Espetáculos, montagens, livros, escritas.... E aquele gosto de inconcluso na ponta da língua. Nem sei o que é isso que não me cabe, constantemente não me cabe. Vez ou outra vou arrefecendo o desespero, mas bate e volta a loucura do não se sabe toma conta. Porque deveria de ser diferente? Cresci e vivi na aresta do mundo, mergulhando sempre em qualquer coisa que me parecesse mais funda, mais densa, mais dada. Não gosto de ter medo das coisas e o único medo que vez ou outra escancara a porta é aquele que faz parte do resistir. Impulsos. Os impulsos movem. Os impulsos estragam. Os impulsos são presentes. Os impulsos assustam. Resistir aos impulsos violentos, resistir aos impulsos dos vícios, resistir aos impulsos do foda-se. Nem sempre funciona, nem sempre dá certo.
Nessa manhã de primeiro de agosto eu só penso em resistir e também em realizar-me, ininterruptamente!

domingo, 31 de julho de 2016

Muitos vendavais constantes

Se talvez, por algum motivo, ce percebesse que. Mas no fundo eu nem sei se existem coisas que se percebem, ou se elas simplesmente vão acontecendo de acordo com o que se é.
Você não sabe, mas eu só to me salvando.
Muito, do Caetano, aquela música que fala dos acordes perfeitos, é exatamente tudo aquilo. Muito. Deu vontade de tatuar, "MUITO".
Andei pensando também em tatuar "Vendavais constantes", da música Fera Ferida.
Tanta coisa pra se registrar no corpo, ele falha.
Você me disse "não quero mais contato com você", eu respeitei. Mesmo achando um erro, um orgulho besta ferido de menino mimado.
Menina mimada. Mas até elas são diferentes.
Muito. Vendavais constantes.
Vendavais muito constantes.
Esses vendavais... eles são muitos.
Muitos são os vendavais.
Constantes.
Não posso esquecer: realizar-me!


quinta-feira, 28 de julho de 2016

SP

ir contra......
ser contra....
não ficar em silencio......
dizer aquilo que.....
mulheres, empoderem-se! Nada vale mais que essa alma apaixonada .....

CES NÃO SABEM

BAGUNCEI A DIVISÃO
Discurso incongruente: eu não sou machista! Você é que é louca!
Os homens, ahhhhhhhh os HOMENS! eles não compreendem nada,
Eles não sabem que deixar a gente sem gozar (CACHORRÃO) ou gozar sem a nossa autorização é algo tão absurdo que mesmo em silêncio  ces deveriam entender nosso desagrado.
O problema é que ces não entendem nada.
CEs não sabem.
Ces não entendem de favela.
Odeio Macho!
Odeio homens.
Princialmente aqueles q tentam, de alguma maneira, te convencer ao erro.
Bla bla bla bla .....
é demais!
pra eles sempre é demais!
bla bla bla bla vla
me provem ao contrario!
vivi ensinada as avessas!

Insônia

A insônia é um bichinho grudento, pegajoso e torturante. Quanto mais os olhos se abrem mais difícil fica fecha-los.  Dói a retina, e a madrugada segue na sequência arregalada de pensamentos infrutíferos, amargos, desesperançados. O sol começa a nascer e o dia segue meio cinza, meio sem sentido, meio a contramão. Então os pensamentos se instalam no deserto do não se sabe, do não ser, do inexprimível. E nesse dia a vida pesa feito chumbo. Nessas horas alongadas o desespero é dócil, uma película enferrujada estacionada na frente de tudo. Escuto as buzinas, observo a senhora que vende milho e a delicadeza da sua mão me emociona, mas a empatia me deixa sem pernas, desfaleço. Mundo bruto. Mundo seco. Mundo sem mundo, sem corpo, sem nada. Talvez eu esteja doente, meus cabelos caem e no chuveiro eu me assusto com aquele bolo nas mãos. Minhas mãos tão secas, duras, enferrujadas. Talvez eu durma depois de tudo. Talvez eu consiga cerrar os contornos dos olhos. Talvez minha mão me sirva de companhia embaixo das cobertas. Talvez eu simplesmente não faça nada e espere a exaustão desse cotidiano tedioso. Talvez eu pule da janela. Talvez eu tome uma cachaça as 8h e passe o dia bêbada rindo do meu ridículo. Talvez eu consiga dormir e essa melancolia permaneça embaixo dos fios da cama.

Não existe amor em SP

Nada. Só esse vazio de cidade enorme. Só esse evento acadêmico que me faz ter vontade de desistir da academia, de seguir criando somente. Aí bate aquela merda daquele desespero de não ter grana, de ter medo do futuro. Aí eu leio essas notícias da política e acho q estamos afundando em um buraco sem volta. Aí eu sinto um medo absurdo de ficar sozinha, de ser tão chata e insuportável q eu não vou nunca ter paciência pra dividir a vida com alguém. Aí eu me sinto louca demais, intensa demais, exagerada demais, aí eu perco as esperanças e as utopias vão se desfazendo na facilidade de um cotidiano medíocre. Eu odeio o cotidiano. Aí vem tudo, aí eu me acho feia, chata, gorda, burra e todas as coisas ficam bem opacas e eu não consigo ver nada além dessa falta de fé em tudo. Mas uma hora passa, um dia passa, sempre passa.....

E o Zuza segue me dando sopros de vida!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Eu amo as sapatao!

Não tem nada mais gostoso, nada mais sexy, nada mais tesudo lindo maravilhoso que a capacidade de amor dentro da alma de uma mulher.

O mel da minha laranja

Eu sou tão brega tão brega tão brega, que as vezes eu até gosto!

Eu gosto de gente que se ama com, que se ama em, que se ama junto.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Pela tentativa de ser

Bebi .
Mas não foi nada demais....
Só uma coisa.
Uma dúvida.
Um certo receio da vida.

Coisas de Nina

Fazer do contingente o necessário.
Ou seja, prolongar o efêmero.
Si que não dá, é contingencial!

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Cachorro 3

Eu não paro de fumar.
Eu não consigo parar.
Eu não consigo parar com nada
Nada
Nada.
Nada que me retira.
Nada que me faz.
O cachorro sumiu e eu me senti abandonada.

domingo, 19 de junho de 2016

Eu

Uma pessoa intensa, que vive as intensidades da vida e arca com suas consequências.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

sábado, 11 de junho de 2016

Cachorro, eu me apaixonei.

Sem merda.
Sem exposição.
Sem nada.
Eu só consigo ser se você me deixar ser.
Cansei de meia boca.
Cansei dessa bosta.
To exausta.
Velha.
Cansada.
Me chupa ou me deixa.
Extremista assim.....

sexta-feira, 10 de junho de 2016

sábado, 4 de junho de 2016

terça-feira, 24 de maio de 2016

Cepo

Com vandalismo.
Não reclame da crise, relaxe.
O Brasil não é mais uma democracia.
Mais amor por favor.
Volta, querida!
Facebook, Wthasapp, Instagram, e por ai vai.
Tem gente na rua pixando verdades.
Pau de arara.
Cegonha.
Ferro de marcar.
Máscara de Flandres.
Cepo.
Tronco.
Tortura é mato.
Humilhação é todo dia.
Tão prendendo os pretos na madrugada, e todo mundo finge que não entende.
Ta difícil ter fé na humanidade, é de muito tempo que a gente não vale nada.
Quem inventou a escravidão?


Arrebentem as portas na ponta dos pés

Explodiram a democracia. Arrancaram nossas bundas do sofá e botaram os dentes nas ruas. Aqui no Brasil tem gente morrendo só porque é preto, enquanto outros, em suas coberturas, desfrutam a mascara do cinismo comovente, feito novela das oito, aquela daquela emissora golpista. Fico perguntando como a Dilma ta sentindo tudo isso, se é que a deixam sentir. Jucáram hipocrisias nos jornais, tribunais e congressos. Os ministérios caíram e a burguesia branca ta descobrindo seu lugar. 180 dias de puro sarcasmo, quem disse que não se morre mais de bala perdida? 17 de abril é 31 de março, é 15 de novembro batendo na porta. Não sei mais nada, ja to é confundindo tudo. Voltei a ver direita e esquerda sendo disputada ao vivo, quem diria....
Em tempos de tanta violência é necessário não ter medo de porrada.

domingo, 22 de maio de 2016

Em tempos de golpes

A vida vai passando e vamos aprendendo do jeito mais absurdo a ser gente. Esbarrando e enfrentando o que não se espera. Um golpe, uma esquerda dividida, a periferia dando seu brilho na sabedoria da luta. Tina Martins é um exemplo, e a Ana uma força que quero do lado, sempre perto, sempre presente. O amor esbarra hora ou outra, um pouco pra lá, outro pouco pra cá. To tentando fortalecer o foco, a fé e a força.
Ta indo, desvios inesperados, mas um tanto de encontro perfeito.
Glorios tarcisios
Byrim
Cine ka
Denise
Tchapas
E o Benjamin crescendo assim, na nossa cara!
Fudeu, me apaixonei sem perceber.
Mas tem tudo isso, o golpe, a ocupação, a Tina, a Ana, a luta, a periferia e o medo.
Tem essa merda escorrendo nas paredes da sala.
O Brasil não é mais uma democracia.
Jamais esperei por isso, rolou, e agora?

sábado, 14 de maio de 2016

Para Zuza Zapata

Zuza, eu vivi um amor, e você viu de perto o peso de tudo isso. Sempre pensei que amor fosse essa forma de se debater na dor.
Hoje, eu te vi como o presente do meu amor. Agradeço toda a poesia que você é na minha vida, todo flor e todo amor.
Obrigada por me deixar ser ao seu lado.
E que novos encontros nos encontre nessa vida.
Sempre sua.
Sempre a mesma.
Day

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Antes do trago

Belo Horizonte, 08 de abril de 2016... Sexta!

Eu quero escrever pra você que amei. Pra você de olhos doces, de jeito tão intenso e amargo. Pra você que me acariciava de maneira tão pura. Pra você que foi um dia a minha leveza mais sincera e o meu desamor mais bruto. Pra você que me fazia rir absurdamente. Pra você que que me ensinou a comer japonês. Pra você que me fez estrada, caminho, desejo, vontade. Pra você que eu amei de um jeito tão único. Pra você que me estapeou os braços, a perna. Pra você me cortou os cílios, a ponta dos dedos. Pra você que se debruçou de cara nas minhas feridas. Pra você que me fez amarga. Pra você~e que me fez vulcão. Pra você que me fez perder todos os caminhos, as estribeiras, os pedaços. Pra você que me fez doer. Pra você que é desajuste, trapaça, ponte, água fervendo, chocolate, conhaque, morango, veludo, perfume, delicadeza, tesão. Pra você eu dedico esse trago.

terça-feira, 15 de março de 2016

O dia mais feliz da minha vida

Tem uma suite do Bach, um solo de celo, que me emociona muito. Coloco pra tocar todos os dias a noite que estou em casa. Já fazem quase 13 anos desde a primeira vez que pisei nessa cidade, antes tão fria e agora de um calor insuportável. Aprendi a gostar e cuidar de plantas. Me acostumei a solidão de uma forma tão discreta, gosto das minhas taças de vinho sorvidas de tristeza, alegria, desespero e um pouco de fé no final da garrafa. Não sei quem sou, muito menos no que foi que me tornei, só tento ser sincera, só isso, mas isso me mata. A sinceridade é solitária, ela te agarra e começa a se tornar uma regra. Não da pra mais fingir o que não é, ou acreditar naquilo que não te convence. Isso é desesperança? É o que? Dormir 40horas seguidas significa alguma coisa? Meu pai me magoou profundamente, acho que ele nem sabe disso. Depois veio toda aquela história dos sete meses vivendo no silêncio, enquanto eu esperava outra coisa. A gente sempre espera uma declaração de amor, um alguém gritando no final da escada que você é a pessoa. Tão clichê, tão prega, tão démodé. Desejo acordar com energia, desejo encarar a vida, os dias, o amanhã. Desejo dar conta. Dar conta de ser isso que me tornei. Desejo mais, mais amor, mais verdade, mais entrega. Desejo, desejo imensamente uma intensidade tão absurda que me rasgue as veias. Desejo que as pessoas falem, façam, sejam. Desejo tudo que ultrapasse a dor da mediocridade, essa dor é a pior de todas as dores. A dor de ser medíocre diante da vida. Minhas pernas doem. Meu pulso dói. Meus dedos da mão doem. Meu dente também tem doído, do mesmo jeito que o osso do peito. Sinto como se tivesse desistido de ser feliz, acho que entendi que a felicidade é uma coisa extremamente rara que só acontece vez ou outra. Tenho um problema muito sério, eu desisto das coisas que perdem o sentido. Eu também desisto das pessoas quando elas mentem demais. Não sei o que acontece, mas uma parte do amor vai para o fundo do ralo, e fica difícil enxerga-lo. Antigamente eu conseguia ser tão triste, me desesperava e cortava o braço. Hoje eu fico parada olhando sei la o que. Não me da vontade de fazer nada, nem chorar, nem gritar, nem espernear, só sinto vontade de dormir ou ficar parada. Furtaram minha alegria, minha fé na humanidade, minha esperança no amor. Me roubaram a crença na amizade, a utopia das grandes lutas, o desejo de ser melhor. Tiraram de mim tudo que eu era, hoje sou um saco de lixo estacionado em um canto qualquer. O dia que eu desistir vai ser o melhor dia da minha vida. Eu vou ser tão feliz... tão feliz....tão feliz....tão feliz.....

segunda-feira, 14 de março de 2016

domingo, 13 de março de 2016

Um filme

Dessa leveza que pesa feito chumbo. De um lado um furacão de tanta liberdade e caminhos possíveis. Do outro, ahhhhhh do outro um vazio. Um medo absoluto. No meio a mistura é confusa, me perco, me perdi. Sinto saudade do que não vivemos. Sinto saudade do que eu não fui. Sinto falta de tudo que não foi dito, tudo que não foi feito, tudo que não cumprimos. De novo a mesma fissura no osso. O mesmo buraco. Um saco de lixo podre no canto direito do quarto, embaixo da cama, escondido. Oito meses apodrecendo enquanto eu dormia, não vi nada, sequer senti o cheiro. A culpa são de todos esses cigarros intermináveis. Meu pulmão dói. Retornamos na mesma cena, eu deitada no chão com um soco e uma faca. Você em pé, chorando o fato de não poder fazer nada.... Impotente, ferida, falsa. A lama continua escorrendo, entupindo as varizes e o ar.

sábado, 12 de março de 2016

Dói tudo, até o dente!

Sabe um soco? Um soco no plexo solar. Bem dado, de direita, aí você cai. Logo depois alguém vem e te dá um chute, na boca do estômago. Você nem levanta mais, fica ali....quieta. Sentindo aquele cheiro pobre saindo da calçada. Lembrei do início de ninfomaníaca, do Lars Von Trie, e depois aquele rock ensurdecedor. Lembrei do Van Gogh quando ele corta a orelha depois que Gauguin vai embora, e da crise da Camille Claudel, quando ela destrói todas as suas esculturas depois do abandono de Rodin. Abandono é uma palavra que nos pega de surpresa, e ela crava lá dentro do peito uma estaca. Dói a carne, o osso, dói é o corpo todo. Dói tudo! Rasga dentro da gente uma porrada de certezas e aí vem aquela sensação de abismo, de perda, de solidão. E é meus eternos 15 anos. Minha esperança tola na humanidade. Tenho até vergonha de dizer o que tem acontecido por aqui nesse país, nessa nação, nessa memória coletiva encrustada de café com leite. Meu mundinho medíocre me pede pra não continuar, mas desistir é mais difícil, é cruel com as batalhas. O que a gente faz depois que é feliz? Preciso reler Água Viva da Clarice e depois voltar a assistir Piaf, um hino ao amor. Que amor? Amor é só utopia, e barbárie é a desesperança estampada no fundo da cara. Cansei de mentiras, cansei de ser enganada, cansei de ser abandonada, cansei de acreditar, cansei de esperar, cansei de sentir esse tanto. Cansei. E agora Caio? Onde é que eu encontro o fim do ciclo seco? Meu desespero precisa ser discreto, soletrado em uma pequena esquina.... Aiaiaiaiaiaaiaaaaa Ana, você devia existir ainda, pra gente tomar um café e falar mal da vida. Dói tudo, até o dente.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Desabafei quilos

Para Denise Leal
Leia ao som de "Vaca Profana", do Caetano.



Começo sem saber ao menos como recomeçar. A cabeça vira de ponta, e aquele vazio... imenso! Corroendo as paredes de ar. Falta-me ar. Tem vez que respiro, outras não, fico em silêncio esperando o momento do ar retornar a garganta. É um alívio delicado seu retorno, leve, fresco, como se todas as coisas começassem a fazer sentindo. Desabafei quilos e respirei quilos. Ai eu penso que amar é deixar ir, é deixar ser, é deixar viver mais do que somente algo fechado no seu colo. Uma vontade súbita de te escrever, mesmo depois daquele desabamento desesperado. Eu me perco tão fácil. Pra onde foram nossos planos? Acho que foi aí que entendi que planos são somente planos. Depois dos planos é que vem o amor, o amor que dura pra sempre... Eu acho! É claro que se sou eu que estou escrevendo "EU ACHO".... eu acho. Achar o que? Onde? Uma fantasia imbecil de que as coisas valem mais depois que acabam. Queria conseguir ser menos, sentir menos, berrar menos, explodir menos, gritar menos, amar menos, dar menos, comer menos, fumar menos, beber menos, desejar menos, pirar menos, falar menos, pensar menos, sonhar menos, esperar menos.


Tudo em mim transborda excessos.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Vazios enfurnados

Tenho passado todos os dias enfurnada em casa com a cara nos livros. Não posso dizer que estudo ouvindo música clássica, isso parece arrogante e cult demais. As vezes eu me acho ridícula, to correndo atrás do tempo perdido. Será que rola? To cada vez mais quieta, na minha, usando as drogas que me cabem na minha casa rodeada de plantas, gato e ar, muito ar pra respirar com a porta aberta. To com medo de ver gente, de conviver com as pessoas, de me decepcionar. To exausta de tanta gente que me faz doer. To exausta desses livros teóricos, dessas tardes chuvosas e de todas as horas que fico enfurnada tentando escrever. Aí eu bebo um vinho e me derreto em lágrimas. Choro feito um bebê abandonado. Mas, eu to tentando... E isso deve valer alguma coisa, sei lá!

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Li assim:

Quem tem fome quer pão
Quer é escravo quer liberdade

...
Não sei o que eu senti!

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Nao dito

Taí uma coisa que eu não sei...
Como são as famílias?

"Todas as famílias felizes se parecem, mas cada família infeliz e infeliz a sua maneira"

A única coisa que sei!
As vezes dizer corrói, mas o não-dito se torna um imenso buraco vazio dentro do peito!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Martelando em Dó

Paro ao por do sol, um café e Debussy. Meu coração acelerado sente tanto medo de sei la o que. Tem dias que as recordações me sufocam, não consigo existir. Um dia, não sei qual, vou ter silêncios mais tranquilos de coração, e nesses dias não existirá espelhos que me bastem, só uma pequena certeza de ser eu mesma. Daí em diante vou respirar como um bebê, e nada, absolutamente nada irá afogar meu coração. Ansiosamente eu espero, uma vida toda, uma vida inteira tentado existir no amor. Minhas memórias transbordam ininterruptamente, um derramamento de incertezas, falhas, esquecimentos, borrões. Debussy martela em dó, suaviza e acaricia a ponta dos dedos, as bordas do coração. Um coração de sangue em formato de céu, quem disse isso? Não da mais pra saber o que é realidade, é nesse instante que tudo se desfaz como um papel embebido de café, frio e sem açúcar. Perdi toda minha capacidade de esperança, os dias seguem secos e cruéis. Pessoas podem acabar com nosso sossego, reaparecendo feito fantasmas hipócritas em uma noite mal dormida. Sua escrotice me espanta! O cheiro podre que escorre do que fomos me da náuseas e ânsia de vômito. Amizades, vez ou outra, tornam-se tão perversas, escondendo-se feito traça no canto escuro de uma caixa de papelão. Você enfia os dedos entre os buracos, procurando uma foto, uma lembrança, e é mordido pela existência catastrófica de uma amor. Alguns amigos morderam minha nuca, outros arrancaram meus calcanhares com os dentes, os primeiros eu perdoei, esses outros, ahhhhhhh, esses outros eu matei! Mas essa lembrança infernal que não deixa de martelar em dó...  Como se houvesse perdão, como se fosse possível uma esperança. Imbecil! Meu coração imbecil chega a doer na xícara de café, e é nessas horas que eu me sinto um animal irracional, completamente sem bordas. Ninguém pede perdão, ninguém pensa em voltar. E esse som se mantém martelando em dó, martelando em dó, martelando em dó... ininterruptamente, até que morram as traças e junto delas toda e qualquer possibilidade de esperança.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Fissura da carne

Sabe o que acontece comigo? Eu não sei meu lugar no mundo. Eu posso até estar mais estável.... Minha casa, o mestrado, isso tudo me garante um mínimo de estabilidade.... Mas minha cabeça me destrói. Meu jeito, minha sensação eterna de ser abandonada, de não ter família, de não ter ninguém. É como se o buraco da minha solidão aumentasse continuamente, e eu estou aprendendo a ficar aqui dentro, guardada no meu silêncio, escondendo um pouco minhas dores diárias. Eu não sei lidar com a vida, eu não conheço nenhuma fórmula que funcione em mim. É sempre essa fissura rompendo meu  cotidiano, como se cada dia fosse uma guerra, uma possibilidade de morte... Sei lá. As vezes eu penso em suicídio, mas eu sou tão covarde que nunca faria isso. Me sinto destruída por dentro, feia, acabada... Aí eu respiro e continuo meus dias, como se fosse improvável qualquer esperança. As vezes ela vem, mas com a mesma facilidade se esvai. Tenho lutado todos os dias pra acreditar em cada beleza, em cada amor diário.... Mas é tão difícil, tão improvável ser feliz. Sinto falta de ter um amor, como se isso salvasse meus demônios. No fundo eu sei que não, que nada encobre essa coisa que eu sou. Sou um asfalto quente que permanece em silêncio apesar de.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Uma outra

Eu sou feito um bicho morto desajustado pelas esperanças da vida. Por mais que as coisas continuem existe um buraco que se afunda continuamente no meu peito, e eu perco o foco, eu caio feito uma fruta podre que não suporta o sol, ou as folhas, ou o horizonte, ou aquele vento fresco de fim de tarde. Eu perco o controle de tudo, meus dedos se enroscam feito larvas amedrontadas. Eu sinto tanto medo da solidão, tanto. Não é essa solidão de silêncio quando a casa fica vazia, mas esse vulcão que ferve no meio do meu peito e dói na carne viva toda vez que eu existo. Na maioria das vezes eu estou morta. Aquela outra Dayane que sabe lidar com a mudez manipula as cordas do boneco e eu ando, falo, gesticulo, la de dentro da caixinha escura eu observo o mundo, e eu sinto tanto medo. Deus espalhou  feridas no meu corpo, quanto mais o tempo passa mais elas crescem. Eu mantenho cada vez mais uma Dayane distante da outra, pra ver se pelo menos uma se mantem firme no proposito da vida. Enquanto isso a outra se afunda no infinito da carne do meu peito, mordendo os vasos, os nervos e engolindo o sangue podre que me resta. Vez ou outra consigo controlar o desespero, porque ele fica colado nos dedos que se enroscam, e essa mão eu deixo guardada nos meus pequenos pesadelos diários. Ela me olha insistentemente, com a língua pra fora, como se eu fosse um inseto prestes a ser devorado. Eu gasto toda minha energia tentando me manter de pé, não sei se vale a pena esse esforço, vou acabar sendo devorada de um jeito ou de outro, por mim mesma ou pela outra. Meu coração está pesado, e ele dói feito 1000kg de ácido quente derramado no meu colo. Se a Dayane escondida soubesse, ela nunca me perdoaria. Nunca!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

sábado, 9 de janeiro de 2016

Benjamin

Bê, eu sei que ce vai ler isso um dia. Quando CE tava na barriga da sua mãe eu sonhei com você, tão lindo, tão sereno, sentado na varanda de uma fazenda com sua mãe. Todo dia que penso na sua chegada eu sei que existe algo maior que os nossos desejos nessa sua vinda, isso me acalma. Aí eu penso em tudo que quero te apresentar.... Os poetas, pintores, os romances, Bach, Beethoven, Goya, Van Gogh, piano, teatro.... Ai eu fico em silêncio e vejo que a beleza do mundo é imensa, e que estar vivo é um rasgo intenso na alma. Um rasgo bom!
Bê, o mundo é cheio de coisas terríveis, as pessoas esquecem de coisas tão simples e se importam com coisas tão idiotas... Mas, estão todos tentando. Não da pra julgar nenhuma atitude, porque sempre me parece que existe um fundo de amor que explica tudo.... Quase tudo. Quando eu sonhei com você eu senti amor, e eu nem te conheço, nem sei sua carinha, mas sinto um dos maiores amores que senti na vida.
Quando você crescer um pouco vai perceber que nós, adultos, trocamos as coisas de lugar, e nem sempre é bom, nem sempre acertamos...
Estamos tentando...
Seus país são minha família, sua madrinha da água é minha irmã, e você vem ao mundo como uma flor que desabrocha no meio do caos. Sua avó Sheila é uma bruxa, e seu tio Samu é meio perdido, mas é pura paixão, puro amor.
Espero que você aprenda a amar as delicadezas diárias que tantas vezes esquecemos de ver. O mundo tem se modificado tão rapidamente que vez ou outra perdemos os trilhos da vida, mas a esperança é o melhor remédio pra essa correria sem sentido.
Você vai se decepcionar tanto, faz parte! A gente sempre aprende quando cai!!!!! Espero que você seja tão feliz que todos os dias encontre pequenas sutilezas que lhe faça reviver as utopias.
Não deixe de ler Dostoiévski, Tolstoi, Florbela... Não deixe de ver Schile, Frida, Portinari.... Quando crescer um pouco faça longas caminhadas sem destino, é sempre bom lidar com o desconhecido! Aprenda a respeitar as pessoas, todas elas!! E seja humilde.... Porque a gente nunca sabe o dia de amanhã!!!!
Te amo, como as begônias tarântulas amam seus congêneres..... H.H
Tem também Caio, Clarice, Ana Cristina, e tantos outros que você não pode deixar passar. Existem filmes incríveis músicas assustadoramente tocantes. Sua mãe ama Cazuza, e seu pai é um artista de veias pulsantes! Sua madrinha Gabi é uma das mulheres mais fortes que conheço e o mundo é cheio de surpresas inesperadas!
Não desista, nunca!
Seja você e confie na sua intuição!
A escola é um saco, mas é o passaporte pra liberdade... Espero que com o tempo as coisas mudem um pouco. Como dizia Manuel de Barros " Tudo que não invento é falso". Invente! Brinque! Se divirta! Seja você, em todos os segundos, em todas as horas....continue....sempre!
Você é nosso presente, mas, principalmente, um presente pra si mesmo!
Te amo!
Te espero!
Que 2016 seja pra você!
Peço a Deusa, santos e anjos uma bênção pura e sincera sobre sua alma. Amor amor amor, sempre amor!
Seja bem-vindo!
E que você só se cubra de amor, o resto a gente da um jeito!

Amor

Eu amei todas as vezes que senti.

Lembrança

Flor....
Preta...
Caipira...

Para os imbecis

Por vezes a gente se esbarra em tanta coisa fria que a alma deixa de sentir e se endurece pelo peso do frio. Não chega a doer... Mas é um sentimento sem precedentes, daqueles que ainda não se sabe o nome.

Sobre o amor

Devíamos tentar mais um pouco... Sempre!

sábado, 2 de janeiro de 2016

Das bandas de ca, B.A

A vida se desfaz em segundos.
As relações mudam.
Pessoas deixam de existir dentro da gente como pequenas bolhas de ar que se derretem com o tempo.
2016 se inicia com menos pessoas e mais amizades, menos sapo e mais pássaros, menos medo e mais confiança.
Não me interessa dores de menos, prefiro amores que doam pra todos os lados. Pra esse novo ano que se inicia, na beira dos 30, desejo os desejos mais intensos e os encontros mais sinceros. Desejo paixão pela manhã e calma que se arraste pelo fim da tarde, desejo ser mergulhada e transformada, inundada e acariciada, bêbada e feliz! Desejo me dar tempo pra ler Manuel de Barros, e disciplina pra correr antes do dia começar. Quero tomar café na varanda e respirar sem pressa a brisa alaranjada das cinco. Quero ser leve como árvores sabem ser, e firme como meus cantos mais preciosos. Em 2016 vou guardar as decepções dentro de caixinhas coloridas, como bons romances que afetam a corrente sanguínea, mas passam. Às pessoas que abandonei eu peço perdão em silêncio, mas sei que sou melhor sem elas, e isso só quem sente entende. Nao quero estar sem poder ser, não quero fala sem ouvir um tanto, não quero sentir se não for pra ser muito. Quero amores. Quero silêncios. Quero plantas, bichos, gente de verdade e cor, muita cor. Quero morrer lendo um livro e levantar renovada depois, pequenas ressurreições diárias sustentando o amanhecer.
Acreditar acreditar acreditar. É só isso!