quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Outra vez

 Dessas coisas estranhas que não da pra saber direito de onde vem, mas vem... sempre vem!

Bate confusão e saudade, milhões de coisas paradoxais e invertidas. Não dá pra saber direito o sentido, muito menos pra onde vai, mas a alma sente, e sente muito. Eu sinto muito, sinto por tudo que saiu errado, por tudo que se desfez, por todas as falhas ingênuas, por cada milímetro de amor que não foi cuidado... Uma noite gelada e vazia, não era assim... A muito tempo deixou de ser o contrário, em um tempo onde a esperança era calçada, e o desejo um asfalto quente e movimentado, sem engarrafamentos. Uma caixa de grandes surpresas, é dessa maneira que a vida se apresenta, meio lenta, um pouco torta, por hora... fria, fria demais. Do outro lado tento me desviar do escuro, cobrindo a cara, chorando escondido, me embriagando subitamente, pra ver se passa. Mas quem disse que passa? Será sempre a mesma história, nos encontramos nesse medo bobo de inquietação e insatisfação crônica, tomamos um cappuccino e fumamos um cigarro, os três, cada um desviando-se do verdadeiro fato, da verdadeira falta, encontrando nas palavras não-ditas o cheiro podre de comida estragada, mas exibindo a olho nu, a falta de brilho, a mão que treme, o olhar vago no volante sem rumo.  Caminhamos pelas calçadas que construímos, aquelas nas quais depositamos a fé plena de seguir adiante. Se vale a pena ou não, não importa, nos reconhecemos no silêncio de nossas dores irrequietas e desconcertantes. Seguimos na indiferença falsa do “não nos importamos”, porque no fundo importa, importa muito, por isso o silêncio de um café inteiro, de uma manhã completa, uma tarde cinzenta e uma noite completamente vazia. Não tem importância, porque isso tudo que me preenche agora é uma coisa estranha, uma coisa sem nome...Bem ou mal eu sinto, e disso ninguém sabe direito, nem mesmo eu que vejo o centro do coração fervendo, que sinto o cheiro da alma fritando, do corpo caindo, da gota caindo na pia, o gosto do cigarro amargo ocupando lugares indiscretos e demasiadamente humanos. 

Pausa

Sabe.... Tem uma coisa que me engasga sempre, essa capacidade que o mundo tem de abandonar o passado. Essa capacidade que as pessoas tem de presença e ausência simultânea. Essa capacidade de se fazer chuva enquanto o peito morre de melancolia e de tédio. Essa capacidade que uns tem de doer e outros de amar. Essa capacidade de abandono. Todas essas em uma só, me engasga. Me engasga o peito a vida de todo dia. Esse cais que atormenta o sono e não deixa seguir simples uma certa forma de existir.

Engasgada permaneço. Errando aqui e ali, mas pra onde eu sigo levo um imenso amor em mim.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Família

Eles não sabem nada de mim..absolutamente nada.
Eles não sabem quem eu sou.
Quando volto pra casa deles é que eu entendo um pouco da minha tristeza.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Silêncio

As palavras secaram. As explicações perderam toda lógica, tudo tem dois lados. Quando penso na conclusão decido pelo seu contrário e logo depois aposto no seu oposto. Meu corpo seco, meu sexo triste. Adormeci em um lugar quieto e silencioso, não aguento minha voz, minhas justificativas, meus medos, minhas histórias idiotas, meu peso sem lugar. Por que eu contei sobre os cortes? Sobre a gravidez? Sobre o álcool? Sobre todas aquelas palavras.... Elas não me traduziram, não me traduzem. Silêncio. Eu só quero ficar em silêncio, eternamente em silêncio.

O que sei de mim hoje

Eu não sei o que penso da vida, não sei o que penso mais. Minha melancolia é maior que minha verdade, essas pequenas mentiras me salvam. Eu só queria ser mais agradável, dar aquele sorriso doce e dizer coisas que não assustam.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Vazia

Eu vivo fazendo planos, preparando o dia seguinte. Tento organizar as tarefas, definir os rumos, desenvolver uma espécie de preenchimento dos vazios. Não suporto ficar vazia, mesmo sozinha arrumo motivos, as vezes eles bastam, as vezes não. Tenho medo de dormir, e não é pelo sono, mas pelo dia seguinte. Inventar tarefas me cansa, inevitavelmente. Fico acordada alimentando ansiedades, recordando problemas, cheirando vazios e faltas. Sempre falta. Então eu bebo, bebo um pouco além da conta, cigarros, milhares de cigarros, uma invenção de atividades inúteis e frágeis. O silêncio perdura enquanto escrevo na agenda as desculpas do dia seguinte, enquanto escrevo o silêncio aumenta, outro cigarro, outra taça de vinho, e o silêncio ali, me provando que não existem tarefas capazes de aniquilar o vazio. Me sinto tão imbecil. Prendo os olhos nas coisas, desejo que a noite nunca acabe, que o sono não tome conta, para que outro dia não comece.... Tudo de novo, tudo outra vez. Amanhã vou arrumar as coisas do quarto, da sala, lavar a louça, limpar o piso, tirar a sujeira do banheiro. Depois vejo um filme, leio um livro, vou ao teatro, volto pra casa.... e então outro dia, outras tarefas, e depois novamente, e depois outra vez. O silêncio do vazio grita. Essa falta de sentido em tudo, absolutamente tudo. Comprei uma agenda nova!Canetas novas! Um quadro e uma caixa de giz! Preciso preparar os dias de janeiro...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cagando e chorando

Cansada!
Do que mais eu consigo falar?
Meu estômago tem queimado e doído. Azia. Refluxo. Gordura entre os dentes, no meio dos ossos, entre as coxas, caindo enquanto falo. Passei no mestrado!E agora? Perdi completamente o desejo e a vontade. Freud explica! Acho que funciono na falta e na vontade de. To lendo Kundera, Derrida e Damásio!Tudo ao mesmo tempo. Não consigo!Não consigo!Não consigo!Cansei!Meu cérebro queimou de tanta droga, vou ser expulsa do mestrado antes de começar, enquanto sonho com meu amor na França. Meu Deus, a lua ta tão linda, e eu vejo ela imensa daqui de dentro, tão imensa...
Ando quieta demais. Deitada pelos cantos, bagunçando o quarto, esquecendo a louça suja e o lixo transbordando no banheiro. Ela encheu a casa de rosas, tão linda!Mas, eu continuo cansada!

Meu silêncio enquadrado pelo medo. Andei me apaixonando pela solidão. Observações entrecortadas por pontos, vírgulas, estômago podre e vista cansada. Meu barraco, meu abrigo. O álcool é meu melhor herói. Meus problemas épicos derramados de pura ansiedade. Cansei!Cansei de tudo!Manuel Bandeira e Silvia Plath azedando minha esperança, meu útero necrosado, meu desejo morto. Essa gordura aumentando o espaço entre meus dentes, sinto nojo quando uso o fio dental, as coisas sangram e a azia não cessa. Meu dente dói! Desmarquei a limpeza! Engordei 5kg! Perdi a vontade de chorar! Engoli seco! Tomei rivotril pra insônia! Assisti todas as temporadas de Hause! Fragmentos. Observações. Pequenas anotações diárias. Continuo cagando muito e chorando pouco. Chorando quase nada e cagando cagando cagando cagando cagando um abarrotado de gordura presa, aterrada, afundada. Queria poder cagar bem longe de todos, longe de cada lembrança, longe de toda essa expectativa e ansiedade. Cagando e chorando no desconhecido... Meu Deus, que coisa mais maravilhosa!!!!!!