Dessas coisas estranhas que não da pra saber direito de onde vem, mas vem... sempre vem!
Bate confusão e saudade, milhões de coisas paradoxais e invertidas. Não dá pra saber direito o sentido, muito menos pra onde vai, mas a alma sente, e sente muito. Eu sinto muito, sinto por tudo que saiu errado, por tudo que se desfez, por todas as falhas ingênuas, por cada milímetro de amor que não foi cuidado... Uma noite gelada e vazia, não era assim... A muito tempo deixou de ser o contrário, em um tempo onde a esperança era calçada, e o desejo um asfalto quente e movimentado, sem engarrafamentos. Uma caixa de grandes surpresas, é dessa maneira que a vida se apresenta, meio lenta, um pouco torta, por hora... fria, fria demais. Do outro lado tento me desviar do escuro, cobrindo a cara, chorando escondido, me embriagando subitamente, pra ver se passa. Mas quem disse que passa? Será sempre a mesma história, nos encontramos nesse medo bobo de inquietação e insatisfação crônica, tomamos um cappuccino e fumamos um cigarro, os três, cada um desviando-se do verdadeiro fato, da verdadeira falta, encontrando nas palavras não-ditas o cheiro podre de comida estragada, mas exibindo a olho nu, a falta de brilho, a mão que treme, o olhar vago no volante sem rumo. Caminhamos pelas calçadas que construímos, aquelas nas quais depositamos a fé plena de seguir adiante. Se vale a pena ou não, não importa, nos reconhecemos no silêncio de nossas dores irrequietas e desconcertantes. Seguimos na indiferença falsa do “não nos importamos”, porque no fundo importa, importa muito, por isso o silêncio de um café inteiro, de uma manhã completa, uma tarde cinzenta e uma noite completamente vazia. Não tem importância, porque isso tudo que me preenche agora é uma coisa estranha, uma coisa sem nome...Bem ou mal eu sinto, e disso ninguém sabe direito, nem mesmo eu que vejo o centro do coração fervendo, que sinto o cheiro da alma fritando, do corpo caindo, da gota caindo na pia, o gosto do cigarro amargo ocupando lugares indiscretos e demasiadamente humanos.