quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Murchando

“A sua lembrança me dói tanto, eu canto pra ver se espanto esse mal.“ Meu Deus!Quando me recordo de tudo, me assusto. A sensação é de ter sido colocada dentro de um filme do Hitcock, ou O Processo, do Kafka. Paro, e choro durante 10 segundos. Depois me encabulo com as lembranças. Pérfida e doentia essa história que carrego nas mãos. Obscura e sinuosa, como as serpentes. De um lado a doença, do outro, as incontáveis mentiras. Não sei qual a pior, e sinceramente, por qual dos motivos ainda choro. Talvez por nenhum dos dois, e sim pelo terceiro: Luto! Faz meses que vivo de luto, andando pelas ruas como alguém que perdeu a vida e procura em qualquer transeunte a salvação de sua dor “Uma história de amor sem ponto final. “ Sinusite atacada e insônia, tudo o que ele conseguiu deixar pra trás “Saudades fúteis, saudades frágeis, meros papéis”. Além das incontáveis dores nos ossos, feridas entre as pernas e olheiras. Ah, tem também os dentes amarelos de cigarros e a falta de concentração. Mas passa...Sempre passa, porque não haveria de passar?! Sabe como escolho as músicas? Pelo título: “Desalento”, “Flor de Liz”, “Você não ouviu”, “Desencontro”, Amanhã, ninguém sabe” ...E por ai vai! Pra ver se do além Deus me manda algum sinal, o pior é que ele manda! “Traga-me um violão, antes que o amor acabe”, mas ele já acabou!?! Que sinal é esse?! Pra não desistir? Não deixar de amar, porque um dia aquela pessoa aparece?! Sei lá... São só tentativas, vou caminhando pelos filmes do Almodóvar, outros do Godat... Me deixando levar!
“Você não ouvir o samba que eu lhe trouxe. Eu lhe trouxe rosas, eu lhe trouxe um doce. As rosas vão murchando o que era doce acabou-se.”

sábado, 24 de dezembro de 2011

PARA NÃO-VOCÊ


Minha história começa no fim. Acordei em uma manhã quase quente, em meio ao desespero matei minhas plantas, e junto delas, matei você.  Escolhi-te, com toda a dor e todo mal, escolhi você. É assim, a gente escolhe quando menos imagina. Imaginação fértil e inexistente na prática maliciosa do silêncio. Hoje sendo clara, eu sinto apertos, garganta rasgada em cigarros e gritos engolidos a força, ainda não acredito que acreditei em você. Esse você que não reconheço mais, que não faz parte de nada que um dia eu vi nascer.  Guardei os trapos, refiz os pedaços, endireitei minha alma. Chega de escrever pra você. Chega de acreditar que algo poderia mudar e ainda ter esperanças em um bom caráter que não existe. Você não existe. Esse você que inventei é somente meu, isso que ainda carrego, é meu feto, meu morto.  Esse não-você é minha falta, esse você é minha gargalhada tristonha de ter me esbarrado com o mal. O não-você é nostalgia, bons momentos, minha felicidade de criação, meu amigo imaginário, minha boneca de vidro, meus estados de artista. Esse você é uma dor rançosa, enlameada, freio, desistência, falta de força. Não-você ainda existe em mim, nos meus sonhos, faz parte do amor que sinto. Você é mágoa, tristeza, decepção. Não-você foi o amor que perdi, a morte que escorreu pelos dedos, a necessidade de realidade e cuidado. Você é farpa, espinho, maldição, doença, coceira, íngua e pesadelo. Não-você é saber até onde consigo ir, até onde consigo criar, minha potencialidade exacerbada e meu amor imenso por tudo. Você dói, você maltrata, você arranca, você ensurdece e despotencializa o potencial. Não-você sou eu, tudo o que projetei e vi nascer. Você é vampiro. Não-você é flor. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Um transformar sem recomeço...

Indo pra cama. De uma forma ou de outra tenho me sustentado. Corpo inteiro e alma faminta. Faminta do desconhecido que bate minha porta. Nada se desfaz sem sua necessidade de existir, nada acontece sem nossa grande necessidade de reconhecimento e vivência. O que passa, segue na íntegra, o passado sustenta o presente. Meus olhos esvanecem-se no vento trazendo um novo corpo e uma solidão cheia de paz. Suporto o insuportável, dentro de mim um novo jardim começa a dar flores. Margaridas e orquídeas ocupando o mesmo espaço, o lixo se torna adubo, meu choro doce molha a folha das plantas, minha alma picada e novamente erguida ilumina esse espaço que me arrefece o espírito. Deus tocou minhas mãos, Deus se aproximou de mim. Deus e seu tecido de seda tecendo novas estradas e abrindo novos caminhos. Um Deus que sou eu e pela dor me pertence, pela alegria me é, pela vontade me fortalece. Portas abertas com sol, muito sol, me mostrando a poeira em cima dos móveis. Esses raios adentrando os quartos e a sala, iluminando a escuridão dos cantos, apresentando o envelhecimento dos costumes guardados. Cuido de tudo, com calma e delicadeza removo a poeira, troco a roupa de cama, pinto as paredes, me preparo para novos costumes e novas promessas. Rasgada pela imensidão de uma felicidade desconhecida, inchada de novos afazeres e desejos, inteiramente elevada pela exaltação do amor em mim, eu sigo. Sigo por Deus e por nós. Pela camada estreita renovando meus ossos, adentrando nesse oásis de uma gestação precoce, um aborto espontâneo, uma morte que resulta em vida, uma vida que alimenta e me transforma em Deus. Deus que vejo na poeira dos cantos, nos cantos das senhoras, nas senhoras dos adeuses, nos adeuses das esperas e finalmente nas esperas das paixões, dos novos amores, das novas trocas e desse amargo silêncio feliz que me renova. Deus. Eu. Um Deus-eu sem memória, imbuído de histórias/presente, presente do céu, presente em mim, em mim um presente de mim mesma.  Orquídeas e margaridas, violetas e begônias, rosas e cravos, flores, papéis, família, casa, corpos pelo caminho, diários, amigos...Meu Deus, respiro, meu pulmão se enche e se esvazia. Transformo. 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FORTE COMO UM TOURO

"É com uma alegria tão profunda. É uma tal aleluia. Aleluia, grito eu, aleluia que se funde com o mais escuro uivo humano da dor de separação mas é grito de felicidade diabõlica. Porque ninguém me prende mais. Continuo com capacidade de raciocínio - já estudei matemática que é a loucura do raciocínio - mas agora quero o plasma - quero me alimentar diretamente da placenta. Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é desconhecido. O próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena"

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Somente eu

Agora eu guardo isso que é meu. E somente eu sei o que vivi. Somente eu sei o que aconteceu aqui dentro. Somente eu sei o que ainda me faz chorar. Somente eu sei os motivos das minhas insônias e do meu sono profundo. Somente eu sei o que me leva, o que me barra. Somente eu sei o amor que tenho. Somente eu sei o que dói. Somente eu sei o que ficou, o que fortalece, o que aperta. Somente eu e mais ninguém me olha no espelho. Somente eu consigo sentir a dimensão dessa dor, a dimensão dessa existência, a dimensão dessa história. Sabe a cena final do “Closer-perto de mais” ? é ela!É aquilo!somente aquilo e aquela cena toda. Quando você descobre o nome verdadeiro, quando você escolhe, quando você vive, e no final sai andando com sua dor desconhecida pela calçada cheia. Quem te vê, quem te olha, não sabe. Ninguém sabe. Você e sua dor, você e sua história caminhando solitariamente pelas ruas. Você e suas escolhas, seus erros, suas tentativas. Somente você. Não me pergunte por onde corre esse sangue que às vezes escorre. Não queira saber de mim nada além daquilo que te digo nos meus silêncios, no meu choro dolorido, na minha mão que treme. Não use de nenhum tipo de racionalidade pra tachar de qualquer coisa. Vou sempre abrir minhas dores e minhas piores felicidades. Meus desejos, meus sonhos, meus medos. Me acolhe em silêncio? Prometo fazer o mesmo! Vou acolher sua loucura, mas eu te peço, acolhe a minha? O amor é caro, caro de mais, e nesse mundo onde tudo é descartável e ninguém se submete inteiramente ao amor, eu já fiz minha escolha. Prometo pular do vigésimo andar dentro de você, de cabeça mesmo, com tudo. E abro os braços pra que você faça o mesmo. Escolho compartilhar, verdadeiramente, sinceramente e intensamente.
Agora sim, quem sai do palco, a francesa, sem aplausos, sou eu e somente eu. Eu e meu amor, que ninguém sabe, ninguém conhece. Isso que é meu filho que não nasceu e não vai nascer nunca, será gerado eternamente dentro de mim, caminhando pelas ruas, em silêncio...

Estéril

Janela do taxi aberta. Corríamos mais rápidos que luzes de natal iluminando a cidade. Um vento batendo frio na cara. Do meu lado ela olhava com um olhar perdido, deitada no banco do taxi, ela disse: Que bom que eu tenho você. Sim amiga, que bom que nós nos temos.  Olha menino, eu vou continuar, vou continuar minha vida, porque acredito nela, e acredito sobretudo nessa porrada de gente do meu lado, nessa porrada de amigo sensível sofrendo comigo as dores da vida. Sei que sou capaz de amar porque te amei de mais, talvez ainda ame, ou talvez já tenha deixado de amar lá atrás, quando você comeu a japonesinha carioca. E continuei por medo, fraqueza, carência, orgulho...Ainda não sei. Não sei o que quis provar pra mim mesma, e te juro que se não fosse essa história da doença, eu já teria me libertado de você. Mas isso me fere ainda mais. To confusa com tudo, cansada de tudo, sinto dores e minha cabeça pesa. Mas Deus me protege que eu sei. Deus me alimenta quando minha alma grita desesperada de fome. Sinto que perdi em filho, que perdi um pedaço, que se foi o amor que tive, e que é preciso botar uma pedra em cima. Sinto que não resta mais nada além de feridas, de aprendizados, coisas boas e ruins. Não resta mais amor nem para se manter uma amizade, porque toda essa história deixou marcas fundas de mais, e só o tempo. O tempo...somente o tempo pra curar tudo, pra esquecer e compreender. Dói. Dói muito!Esse físico doente e essa alma em milhões de pedaços tentando se recompor. Aquele vento na janela e Adele de fundo mostrando que é preciso continuar, que muitos outros amores virão e muitas histórias farão com que essa se enterre em um passado longo e distante. Me sinto feliz, apesar de, me sinto feliz. Vamos indo, não é verdade?precisamos ir. Precisamos seguir adiante. Precisamos molhar os pés e sacudir a roupa suja. Rearranjar a bagunça que você deixou. Que bom que eu tenho vocês. Meu Deus, obrigada por tudo.


“Eu não desejo nada além do melhor pra você também...Às vezes o amor perdura, mas às vezes dói, ao invés disso.”

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Uma pequena história de Natal

Andava cambaleando dentro e fora da chuva. Dentro era mais cor e fora era mais cinza. Andava comendo amêndoas. Andava de lado e corria de costas. Guarda-chuva preto entre os dedos das mãos . Andava ouvindo música e corria deixando lágrimas. Rodava, rodava enlouquecida feito barata tonta pisada. Doíam-lhe os pés e a alma abafava, ria e gozava. Enchia-se de chuva e aos poucos foi se tornando inchada. Inchada de mais. Úmida de mais. Viva de mais. Mulher de mais. Humana de mais. Mofada. Um pedaço verde de mulher escorregando entre as calçadas, desfilando entre os muitos machos de pau duro a sua espera. Imensos homens cor de terra. As árvores deixavam cair flores quando ela passava, os urubus reapareciam nas praças como se ali existisse um gigantesco açougue de carniça. Cobria-se de carne morta e lavava-se naquela fonte de sangue. Encobria-se das piores mazelas humanas e reconhecia-se no espelho dos carros. Era Natal. Ou, quase Natal. De algum lugar do alto caiam pacotes e mais pacotes dos melhores presentes que uma mulher pode receber: joias, colares, anéis, roupas, sapatos, bolsas, filhos, casas, maridos, dinheiro, viagens, carros e tudo que fazia brilhar os olhos dos urubus. Todos gritavam de felicidade, todos ali riam como cegos psicóticos adoecidos. Todos eram duros, pedras, rochas, urubus, homens de pau duro, mulheres de bunda arrebitada e crianças esquizoides. Cada presente que caia sobre ela era um pedaço a mais do verde que ela perdia.  Era Natal, e seu desejo era mofar junto aos rodopios e saltos e paixões e amores e pessoas e homens e mulheres e instantes e abraços e caricias e desejos e flores e mato. Mas onde? Mas como? Cada pedaço de verde era alimento para um urubu. Ao redor dela formou-se uma roda, e aqueles pássaros negros se excitavam progressivamente com as perdas da mulher. Cada vez mais ela andava fora da chuva, e rodopiava menos, dançava menos, endireitava-se mais. Os presentes caíam como uma cascata berrante e alucinante. O céu era vermelho e o cheiro de fritura impregnava o lugar. A mulher antes úmida e mofada tornava-se cada vez mais dura e seca, ia perdendo as forças, derretendo-se no bico daqueles bichos famintos. Até que no ápice da transmutação Papai Noel apareceu nu, com um caralho enorme tatuado na ponta “Buy”. Uma música feliz tomou conta do ambiente, e os urubus entretidos com o saco vermelho e amarelo do Papai Noel, deixaram de lado a mulher. Foi ai que a mulher foi pega pela mão daquele quase homem, quase Deus, e teve sua garganta esfolada e maltratada pelos caralhos de Noel. Tudo ria, todos riam, tudo esquizofrenicamente acompanhava a cena. Noel disse: É esse o espirito do Natal.
A mulher dura e seca endireitou as pernas e voltou pra casa, com muitas sacolas de presentes nas mãos. 

domingo, 18 de dezembro de 2011

PARA:

Soneto De Separação

Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

Minha tristeza feliz

...23:57h dia 17 de dezembro de 2011.
o que restou?de todas as falhas e tentativas?de todo amor que dei e de toda alma que doei?Não, eu não sou medíocre e eu sei disso, talvez ninguém seja, porque cada um é aquilo que da conta. Mas em mim não fica as traições, não fica a doença crônica, nem as mentiras, os enganos, as falhas, a menina pesada niilista suicida. Não, em mim restam coisas bonitas de quem viveu uma história bonita, de quem vive e sempre viveu por amor.
---00:12h Uma chova intensa molhando meus cabelos. A calça grudando na coxa e os pés molhados, coração ensopado. Gritei e agradeci, agradeci tanto a Deus tudo que vivi, tudo que aprendi. Se ainda restava alguma dor a chuva lavou e levou, de volta pra terra, de volta pro mar.


...Uma tristeza boa, uma tristeza minha, uma tristeza que de tão minha me fez chorar e me fez ver o quanto aquilo que eu tava sentindo era felicidade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Uma tarde

Ainda tem me apertado, e às vezes doído muito. O coração fica pequeno e o corpo não sai da cama. Marisa e Gal embalam o sufoco de instantes. Não que eu esteja triste, verdadeiramente não sei o que é isso. Fiz uma bolsa, lavei o banheiro e arrumei o quarto. Hoje não choveu. Bebi um pouco de vinho, recolhi as roupas da mari, e depois apaguei. Joguei Play3, achei até divertido, li um pouco e fumei alguns cigarros. Sei lá...não nasci pra essas coisas. Deu saudade das tardes na casa da Mari, onde a gente compartilhava tudo e ria um pouco mais, às vezes a gente até chorava. Deu saudade de nós duas na casa do Samuca, trocando livros, trocando colo, trocando amor. Deu saudade de uma porção de coisas, talvez porque semana que vem seja natal e eu não gosto do natal. As lojas ficam cheias e as pessoas querem comprar qualquer coisa que encontram pelo caminho, detesto isso. Detesto esse falso espirito de amor, onde aquelas pessoas que desapareceram o ano todo reaparecem com um presente e um cartão de natal. Não gosto de ninguém que some. Não goste quando as pessoas vão embora. Não gosto de inimizades. Não gosto de quem não pede desculpas. Não gosto de nada que não seja humano de mais. Eu si eu sei, tô sendo chata e errada, tô sendo pessimista e até mesmo categórica de mais. Tô sendo egoísta, sempre fui!Saudade, saudade de muita coisa. Saudade da Amanda, saudade do Nildo, saudade da minha turma de Ituiutaba e dos amigos do Rio. Saudade do Palácio, do Lenine, da Ione, da Maricota aqui comigo. Saudade dos meus irmãos, dos meus pais, da minha avó. Essa coisa de saudade machuca, até saudade do Marcelo deu, olha isso?!toda errada!No fundo acho que eu tô feliz, porque eu tô bem, tenho trabalhado, escrito, estudado. As coisas começaram a dar certo. Meus amigos tem sido maravilhas diárias, meus livros companheiros constantes, minhas plantas meus cuidados, meu altar minha fé, minha crença minha pilastra. Willian e Carol tem sido irmãos, Rafa alavanca pra criação, Mari minha realidade, Zuza meu confidente. Camila, Pri e Ana minha alma. Luiza minha fé, Marcelo minha ferida, Amanda minha nostalgia, Tocinho meu amigo-amante-inspiração. Samuca meu guia, Fernandinha e Gabi minha alegria, Moniquete minha mãe, Taís meu anjo da guarda, Luana minhas muitas risadas, Sarinha minha amiga que preenche tudo, Raquel minha esperança no amor. Tô seguindo, cambaleando mas tô. Buscando acreditar em tudo de novo, em tudo outra vez. Ando acedendo vela, rezando antes de dormir, andando com terço e São Jorge no pescoço. Tomo banho com manjericão, rezo pra Iansã, Exu, Ogum...Rezo pra minha protetora amiga guia luz. Leio Alan Kardec e Jesus Cristo. Coloco uva pra minha bruxa, rosa pra minha santa. Bebo água quando lembro, tenho ido ao médico por medo de ter sido enganada, comprei um gaveteiro e arrumei o guarda-roupa.  É, anda tudo nos conformes, tudo da melhor maneira possível. Reclamar de quê?! Chorar pra quê?! Acho que eu tô feliz, mesmo doendo de saudade e apertando de amor. 

Para você:

Depois de sonhar tantos anos,
De fazer tantos planos
De um futuro pra nós
Depois de tantos desenganos,
Nós nos abandonamos como tantos casais
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois de varar madrugada
Esperando por nada
De arrastar-me no chão
Em vão
Tu viraste-me as costas
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar
Quero que você seja melhor
Hei de ser melhor também
Nós dois
Já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar
Foi bom
Nós fizemos histórias
Pra ficar na memória
E nos acompanhar
Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também
Depois de aceitarmos os fatos
Vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém
Meu bem
Vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois

Recanto....

"Um amor que já me fez chorar agora não fará, 
não sofro mais assim 
Pois está tudo onde deve estar, 
nada será ruim 
Mansidão, luminosa paz, 
minha voz e aquela estrela 
Vasto chão, sensação feliz, seda, linho, lã, cetim "

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Meu pequeno/imenso Mar

Sabe, eu poderia ter casado com você, e a gente poderia ter sido feliz pra sempre, como a Branca de Neve e seu príncipe encantado, ou até mesmo Romeu e Julieta. Sei lá, a gente podia ter vivido uma história linda, eu poderia ter tido uma filha sua e você chegaria em casa do trabalho enquanto eu preparava os óleos e as velas pra massagear seus pés. Você iria chorar no meu colo e eu no seu. Riríamos juntos da chuva que tomamos voltando pra casa. Brigaríamos porque você esqueceu a janela aberta. Eu viveria dos meus sonhos que ainda não conheci e te daria a possibilidade dos seus. Se você aparecesse hoje com uma rosa na mão(mesmo sem plástico) me pedindo desculpa, eu juro que tentaria de novo, que continuaria acreditando na nossa história linda. Sei que errei quando acreditei naquele êxtase no final da peça, quando o que mais me valia eram os silêncios preenchidos de amor, era o roteiro que encenava escondida, era meu palco de plateia vazia e minha atriz acenando ao longe a possibilidade de adeus, era o amor, esse amor de filme, esse peito cheio e olho brilhando no escuro. É, o que é o sexo diante do prazer quando a cortina se fecha?! O que são as feridas que você deixou em mim diante do sonho que criei pra gente?! Tenho confundido a realidade com minhas caixinhas cheias de novas histórias mirabolantes. Criei-me de novo e no meu sonho novo eu quero um novo amor, mesmo que esse amor seja eu, um novo eu novo. Eu não sei fazer outra coisa, eu não nasci pra viver de outra maneira, se não essa. Eu ainda choro no final dos filmes de amor, eu ainda me sinto viva quando um encontro me faz renascer, eu ainda amo as pessoas tolas, bobas, simples, oleosas e suspirosas...intensas e inteiras. Eu ainda tenho coragem, eu ainda acredito nisso que o teatro faz de mim, olha que coisa mais tola? Boba...démodée? Eu ainda vivo pelo que faço, e o que faço enlaça tudo isso que sou, o que sou ainda me faz ser e querer continuar sendo e fazendo e tentando e acreditando e lutando e amando e atuando e criando e sendo e bláblábláblá.... Essa bobagem toda que de tão simples me enche os olhos disso que chamamos de lágrimas, mas que eu ainda prefiro acreditar que o meu mar transbordando os excessos que me afogam. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Camila e Mariana...Morais e Teixeira!

Fui e continuo indo. Portas abertas e janelas escancaradas. Camila e Mariana...A vida não é colorida e tudo dói, dói tudo, tudo, dói. O que se há de fazer?!Matemos-nos nas entrelinhas e nessa corda que insiste em balancear os acontecimentos. Acreditamos e seguimos adiante, sem grandes promessas ou grandes pretensões. É só um amor enorme saindo de dentro e gritando para o mundo que nós escolhemos o oposto.  Escolhemos o encontro entre corpos enlouquecidos e desesperados. É só isso. “Não é amor de menos, pelo contrário, é amor de mais.”  Um amor que sobra, e a sobra vira alimento pra vida. Vinhos e conversas. Fazemos musica na escuridão do quarto e mantemos a fé. Seguimos no escuro e a escuridão nos fortalece, não que sejamos malucas suicidas sem sentido, a gente simplesmente acredita na vida, a gente simplesmente segue, caminha, continua. Abraçando com o corpo as árvores que encontramos pelo caminho. Abraçando com a alma a arte que nos alimenta e o outro  que inspira vida e vontade.  Eu preciso dizer que amo vocês, e que nessas grandes mulheres eu descobri a minha, eu me descobri, é nisso que sou, é nisso que me pertenço. Sem grandes caminhos ou grande sucesso, é só um encontro, simples assim. Ah!Como é difícil ser simples!!!!Evoé Baco!Evoé a tudo e todos que seguem rasgando prisões, rompendo paredes, abrindo fechaduras e acreditando instantaneamente e genuinamente no amor. 

Amiga...


ENLOUQUECIDA-CIDA

Tu não é mais mulher que eu...
É!ela apareceu assim, simples e única.Limpa e linda. Olhos quase claros,um cabelo liso e uma pele tão serena que mais parecia um ser que não existia. Conversa ia e conversa vinha, sentia dela a esperança correndo no meu corpo, que às vezes se mantinha frio de mais. ELA ERA LINDA. Uma menina simples que me apresentou as melhores coisas dessa vida. Com ela eu me entregava e me buscava, como nunca. Nas noites sem princípio ela me fez acreditar em qualquer coisa. Eu acreditei. Acreditei com uma fé enorme. Kundera, Menina Má, Marilyn Monroe. Foi lindo. Maravilhosas as trocas pela madrugada adentro. Todos os filmes e livros nos fazendo mais intensas e melhores. O desaniversário quebrando garrafas na cozinha. Eu a amava. Eu a amo. Hoje a vi em um estado tão fora de si...como nunca vi ninguém. ELA ENLOUQUECEU. Roupas coloridas de mais, malucas de mais, intensas de mais. Projetos mirabolantes e aquele olho que eu não reconhecia, aquelas palavras enroladas e o discurso banhado de remédios e tratamentos. Meu deus, me assustei de tal maneira que não soube seguir sem feridas. Vinho e cigarros. Tu não é mais mulher que eu... Não é? Porque? O que é ser mulher assim nesse mundo de hoje que machuca sem descobrir onde? Esse mundo que maltrata e cada dia mais o amor se torna a doença que deveria curar o espírito. Não não não. Não sei mais falar a sua língua e nisso que seu corpo se enquadra. Tem doído, tem doído de mais, tem apertado a realidade que me sufoca. Essa é a sequência do parafuso....tem afundado e perfurado. Uma novela mexicana onde não me enquadro, mas participo. Vou e vou e vou e sem interesse tudo isso me acrescenta de um jeito  que perco o lugar em tudo. Essa loucura de agora regida por Iansã é faca furando o espirito minha filha, e não sei mais. Vem viver comigo nesse mundo que acaba logo em 2012, mesmo que não acabe. Tenho me transformando, e tem me doído te ver assim, tão espontaneamente morta, tão espontaneamente fora de si. Pare com esse remédio que te amassa, pare com isso que te sufoca. Pare com tudo que te leva pra longe de si. Me encontro nas flores que tem morrido em minhas mãos, em todas as sementes me preenchendo inteira...não, não esquece de mim! Eu cuido de você! Mesmo distante...mesmo assustada, mesmo doída. Acredita? Seguro sua mão!

Meus pequenos cristais

O dia amanheceu nublado...Chuva, muita chuva!O coração ainda aperta um pouco, mas o corpo insiste em continuar. Ligo o som e fumo um cigarro. Elis Regina cantando “Atrás da Porta” e aquele choro engasgado molhando meu rosto junto a chuva que derrama melancolia la fora.  Tentei, tentei muito. Me arrastei no chão da sala em prantos e te pedi pra ficar. Te disse que o melhor pra mim era nós dois. Embaixo da lua eu chorei e te dei um beijo, e disse que tava indo, e que aquela história estava acabando porque você não queria mais, talvez pelas alunas, por outras bundas, bucetas, caretas, pedaços, estados, trabalhos, vontades e medos.  Hoje eu acordei bem. Olhando pra trás eu fechei uma porta, na minha frente aparecem tantas novas coisas que me sinto a mulher mais abençoada desse mundo. Agradeço a Deus tudo que vive. Finalizando o outro com uma certeza absoluta de mim, e agora eu sei que não me entrego mais pra qualquer um, que não fingirei pequenas admirações somente pelo medo de ficar sozinha. Não esconderei mais de mim mesma a frustação por temer a solidão. Chorando ainda eu caminho até a praça, canto pra mim “Dei pra mal dizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar.” Não me sinto menor ou humilhada por ser aquela que apesar de, ainda chora, ainda lembra, ainda sente saudade. Não me interessa o que todas essas pessoas que passam pensam de mim. Não me interessa o mundo me chamando de idiota e dizendo que tô chorando por um pedaço de merda que só me fez mal. Me sinto privilegiada por ser alguém que ainda chora por amor. Por ser alguém que ainda ama, ama, ama, ama. Em cada pedaço do dia é o amor que me levanta. É o amor que faz bem, que me faz mal, que me faz. Não me arrependo de todo choro histérico, de todas as insônias que tive e das certezas que criei. Como disse um amigo “Sonhos! Sonhei que os nossos eram taças de cristais, daquelas caríssimas, mas por descuidado deixamos a maioria cair no chão. Despedaçou. É, muitas coisas se despedaçaram nos últimos dias, muitos amigos que se foram, muitos amores que perdi, muitas pessoas que ganhei. Como pode o mundo enlouquecer a vida de alguém minha amiga?!como pode?! Nem é tudo que damos conta de suportar, isso sei, isso eu aprendi. Ainda chove muito, Elis ainda canta e o cigarro não sai da mão. Mas é isso, e a maravilha mora nesses pequenos cristais que equilibramos todos os dias. Mesmo que alguns já tenham se despedaçado, quero hoje sair cuidando desses que reluzem na palma da mão e na ponta do meu nariz. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Uma coisa qualquer

Aos 9 anos foi quando decidi que derramaria, CONSTANTEMENTE, gelados, deliciosos e vermelhos sucos de morango na minha saia. Um domingo ensolarado. Saí de casa com meus sapatos vermelhos de salto alto, minha saia preta e uma blusa, velha e quente, com um enorme rasgado na manga, que ganhei de minha avó, já falecida, Dona Iraci. Gostava de sair de casa cedo, me dava sono aquela casa de paredes brancas cheia de monitores e tetos azul celeste.Descia a escada feliz, carregando na mão esquerda minhas moedas restantes do suco da semana passada.Era um domingo ensolarado, um domingo nublado, um domingo com chuva, tanto faz, podia nem ser domingo, o importante é que nada tinha importância, gostava de acordar e vestir minha saia preta e minha blusa velha, recolher as moedas do suco anterior e caminhar excitantemente para “A VENDA DOS SUCOS ESPECIAIS” podia ser que os sucos não fossem especiais e que a minha casa não me desse tanto sono assim, o que me importava eram os sapatos, a saia e a blusa velha.A blusa de tão velha pode ter perdido um pouquinho a importância, mas me restavam os sapatos e a saia.Sai de uma casa qualquer, em um dia qualquer, com um tempo qualquer,um sentimento qualquer, para tomar um suco qualquer, com algumas moedas do dia anterior...Não sei se são várias as moedas, talvez me restasse apenas uma única moeda brilhante de um real.Então saí de uma casa qualquer, em um dia qualquer, com um tempo qualquer, com uma moeda qualquer, coloquei meu sapato vermelho, minha saia preta e uma blusa qualquer...Os sapatos, o grande problema de tudo são os sapatos, não combinam com um dia qualquer.Saí de uma casa qualquer em um dia qualquer com um tempo qualquer ,um humor qualquer, com uma moeda qualquer, um sapato qualquer e uma saia, uma saia preta de renda, cheia de bolinhas de tanto bater na máquina de lavar roupa, a minha saia preta, cheia de lembranças, de acompanhamentos, desci as escadas e fui até a venda de um suco qualquer.Não dava para ser um suco qualquer, se não eu não teria saído de casa...Um suco de morango, um vermelho e delicioso suco de morango.Com minha saia preta cheia de bolinhas de máquina e com minha moeda qualquer pedi o meu suco vermelho e delicioso, meu suco de morango.Foi aí que tudo aconteceu, um homem qualquer esbarrou no meu vermelho e delicioso suco de morango, e ele caiu TODO E COMPLETAMENTE sobre minha saia cheia de bolinhas de máquina, infiltrando entre os fios, molhando toda minha calcinha e tocando entre as minhas pernas.Aquele gelado, delicioso e vermelho suco de morango, tocava toda minha saia, se infiltrava entre todos os meus fios e tocava entre todas as minhas pernas, entre todos os meus braços, todos os meus pés, todo o meu corpo.Aquele homem qualquer despertou em mim um prazer por uma coisa qualquer. Foi quando eu decidi.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DOIS!

Um carinho,
Um amor novo.
Uma nova fé.
Um novo encontro.
E daqueles pedaços de corpos eu vejo a beleza nascendo....
Acredito.
Acredito em dois
é só isso.
08 de dezembro de 2011, finalizando da maneira mais pura e apaixonada....
Fotos cortando o vidro
Mãos grudadas e suas almas desfilando na Lapa
Me deseja uma fé enorme?!


É AMOR!

Rio

Ahhhhhhh nem é fácil, nem é sem dor...Mas acho tudo sempre tão bonito!

Sem amor....O que se há de fazer?

Ela se desfez em poucos segundos. E tudo que parecia concreto arrefeceu-se em questões inusitadas do tempo. Lembranças enigmáticas, lembranças insistentes e doentias. Não acredito nela, uma certeza absoluta de você deitado em cima de alguém. Aquilo a entorpeceu de tal maneira que compareceu sozinha ao abismo. Ela, menina de olhos inchados e coração encharcado de sangue, procurava recompor-se a medida que o tempo corria em novas experiências. Nossa pequena, por minutos, ou horas, talvez. Encheu-se daquelas lembranças boas, coração apertado e os olhinhos doídos de lágrimas... Às vezes, as lágrimas ardem dentro do peito, nela chegava a queimar. Não desejava mais, importunamente o bicho da doença acompanhava seu sutil deslize pela imperfeição humana. Não que ela quisesse, absolutamente não, mas dessas coisas de lembrança somente o espírito entende. Regozijava feito abelha na poça de lama, uma lua imperfeita a entorpecia de medos nocivos e apaixonados. Nossa pequena menina alerta, se desfazia. Sem que ninguém percebesse ala se aproximava da peste, em instantes além do tempo, ou de qualquer contagem cronológica-espacial.  E lá estava ela, doendo por dentro de algo tão distante que qualquer palavra seria uma mísera explicação do inexplicável. Uma ligação mitológica e atemporal. Pudesse ela se recompor... Como desejava,  Meu Santo Deus! Mas impossível seria qualquer tentativa falida de distanciamento daquilo que a possuía inteira. Chorava por dentro e escondia, por vergonha, as lágrimas que corroíam seu peito fraco e insolente. Sozinha na noite ela fumava seu último cigarro antes de entregar-se ao sono, já que agora apercebia-se assim...sonolenta e cheia de fé.
Gritava:
- Que você seja feliz da maneira mais intensa e dolorida possível. Desejo que minha alma adentre em seus sonhos tolos, e que daqui em diante eu faça parte da melhor carnificina dos Santos. Em você e por você... Eu continuo flor, continuo sem forças mas entupida de fé. Te desejo isso que sinto e mais um pouco, além das distorções terrestres, o que resta é nosso espirito clamando por amor...Só isso!
Ela fecha a noite. Ouvindo Caetano cantando “Sonhos” . Assim deixa de sonhar um pouco. Vive menina, vive!
Na dureza realidade que existir compõe.
- Sem amor... O que se há de fazer?!

"Esquece nosso amor
Vê se esquece
Porque tudo no mundo
Acontece
E acontece
Que já não sei mais amar
Vai chorar, vai sofrer
E você não merece
Mas isso acontece
Acontece que meu coração
Ficou frio
E o nosso ninho de amor
Está vazio
Se eu ainda pudesse fingir
Que te amo
Ah
Se eu pudesse
Mas
Não quero
Não devo fazê-lo"

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Amanhecendo

Doeu um pouco amanhecer hoje...
Uma dorzinha que quase não coube em mim, a vontade que tive foi de abraçar uma árvore....

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Nasci!

Pedaços no meio de tudo. Algumas flores espalhadas pelo caminho, meus pés enlameados de pétalas secas. Cresci, e como tudo de novo que entra na vida, crescer dói. Não que eu esperasse crescer assim, a base de socos e manteiga quente deformando a cara. Não! Mas cresci. E quando se cresce o mundo parece outro, temos de recomeçar, mudar os hábitos. Acordar e escorvar os dentes com os dedos, dois copos de água antes da primeira refeição, creme na pele, óleo nos dedos, aguar as plantas, tomar 10 minutos de sol e verificar como andam as formigas da parte de fora da casa. Colocar o lixo na calçada, limpar a pia, fazer café, fumar um cigarro, escrever um pouco, estudar, trabalhar, andar na rua sem destino nenhum simplesmente pelo prazer do cansaço. Voltar, beber chá, estudar mais um pouco, fazer algumas bolsas, cuidar do amigo, ver o céu que cobre a noite, rezar, dormir e sonhar. Na parte esquerda do meu quarto tem uma bíblia, algumas velas e a imagem de São Jorge me mostrando que a fé faz parte dessa nova fase. Nem sempre acredito, mas na maioria das vezes é isso que me salva. Meu corpo também mudou um pouco, pés maiores e coluna doendo. A bacia transborda em formosura mal feita, e os seios se derretem com o passar dos anos. Olheiras e dentes amarelos de cigarro. Meus cabelos cobrem os ombros e se escurecem com o envelhecer dos fios. Minha mão carrega milhares de outras mãos, pesando com o passar dos dias, minhas unhas vermelhas escondem os cortes provocados pela dor do abandono.  E assim, quando me deparo nua em frente ao espelho velho, que ganhei em uma vidraçaria qualquer, me assusto, mas gosto do que vejo. Meu corpo carregando as marcas do que vivi. Um corpo marcado ilustrando o crescimento que vejo nascer, um novo corpo, uma cara velha, uma alma recém construída em partes, recém apartada em outras, eu. Na parte de dentro o sangue corre apertado, uma felicidade ainda sem nome movimenta a engrenagem e lubrifica os nervos. Uma pulsão desconhecida me impulsiona a continuar, a acreditar. Cresci sem saber pra onde, envelheci uns anos enquanto se passaram dois, amadureci como os abacates da minha avó, enfiados na lata de arroz. Sinto-me como nunca, me vejo e me quero, dói, mas sinto. Crescer faz parte de tudo, raízes se aprofundam para baixo, e nessa nova estação os galhos antes secos, ganham brotos de novos frutos, cores intensas rasgam os olhos que utilizei para identifica-los, não importa, na cegueira vejo aquilo que antes me matava, e transformo em energia vital pra esse novo corpo e essa nova alma que me habitam. Meu Deus, nasci!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Medo de amar

"Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor"
...eu espero conseguir pensar em outro motivo e em outra pessoa pra escrever, quem sabe um dia?!
EU CONTINUO....e tem sido bonita a fé de todos os dias, o sono tranquilo e os amigos por perto. Tem sido bonito pensar na sua paz e no meu amor por mim. Tem sido bonito trabalhar e ligar para as pessoas antigas e saber que elas ainda estão ali. Tem sido bonito criar, fazer e ouvir. 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Já vou

Não adianta, vociferei, gritei, disse aos sete ventos que você não prestava, que você havia mentido e me traído, me machucado...mas não adianta, eu ainda amo você.
Fui sua flor, fui sua com o melhor e a pior de mim. Fui sua porque me encontrei em seus braços, fui sua porque nos silêncios vivi as horas mais bem preenchidas da minha vida.
E agora, depois de tudo, só consigo sentir falta.
Te perdoo, te perdoo por tudo que deixou ferido em mim, por tudo que me escondeu, por todas as traições e mentiras.
Te perdoo porque sei de tua confusão e revolta. Sei de teu egoísmo que te protege. E sobretudo, sei do teu ser humano.
E você sabe de mim.                            
Você já deve estar a muito tempo se curando em outros braços, se refazendo em outras pernas, se construindo em novos corpos. Mas de você, só eu e meus sonhos sabem. Só eu e meus santos guardados, minhas intuições felinas e ferinas. Minhas velas e meu niilismo contestável e já a dias perdidos na nova luz que vejo nascer.
Te perdoo por te trair, por te mentir, por te aceitar, por te ferir, por te mal dizer, por te abandonar dentro do meu passado.
 Te deixo ir de dentro de mim meu amor, e passo um tempo solitária curando meu corpo que não aguenta mais o peso de outro corpo. Minha vagina machucada e meu útero sangrando, que não aguentam mais outros homens nem outras mulheres de mãos grossas e frias. Minha alma em cacos e meus olhos molhados de saudade.
Te deixo partir por amor. E te peço desculpas se não fui forte o suficiente. Se não estive sobrea, se não me mantive controlada. Se gritei em e-mails a dor que me partia, a sensação de objeto que me consumia. Se te bati no  meio da rua suja quando vi meu amor escorrendo como o sangue das minhas regras mensais. Com coágulos imensos encobrindo a calçada da Lapa e meu ódio machucando seu corpo. Me perdoa se chorei, se implorei, se me abandonei. Me perdoa se amei mais a você do que a mim.
Rezo pra você todas as noites, e peço a Deus que cubra sua vida de perfeiçoes humanas/imperfeitas. Peço luz e paz para seu coração. Que você tenha um lindo aniversário, natal e ano novo. Que sua vida seja coberta de amor, muito amor. Que você cuide de seus novos amores, e dos antigos também. Que você ame de mais as pessoas, como a si mesmo. Que derramar um copo cheio de água doce pese mais que entornar meu sangue. Que Iansã te encha de graça e Ogum de cubra de forças. Que São Jorge seja mais que o santo de suas poesias e se torne o anjo protetor dos seus caminhos. Que seu anjo da guarda te visite quando sua cabeça tombar sobre o banco da praça, e seu corpo perder a beleza da tenra idade ameaçada.
Te agradeço por tudo que aprendi e cresci com essa história. Por todas as feridas que me marcaram eternamente, e farão de mim uma criadora de pequenos corpos humanos-imaginários-artistas, esses corpos que sou eu e serão sempre um aparte a mim.
A dor é o melhor caminho pra se transformar um pouco mais....
Resta em mim muita luz e amor por tudo que agora sei do que sou, do que é, do que em mim é rosa vermelha de coração aberto despejando amor sobre uma manhã quente e uma noite ensolarada de velas e alecrim. Já ando cuidando de mim, como minhas premonições, o Tarot, a cigana e as entidades pediram. Sigo me curando.
Obrigada Marcelo, obrigada por tudo.
Segue com Deus meu amor. Segue com Deus que por um longo tempo ainda dedicarei minhas orações a você.
Te quero bem, e com muito amor, mas não te quero mais.
Um beijo na alma, na face e no coração.
Te amo.

Nesta casa de guerreiro
Vim de longe pra rezar
Rogo a Deus pelos doentes
Na fé de Obatalá
Ogum salve a casa santa
Os presentes e os ausentes
Salve nossas esperanças
Salve velhos e crianças
Nego velho ensinou
Na cartilha de aruanda
E Ogum não esqueceu
Como vencer a demanda
A tristeza foi embora
Na espada de um guerreiro
E a luz do romper da aurora
Vai brilhar neste terreiro”

Flores de amores

  • queria te dar flores

  • muitas flores

  • pq vc é uma flor

  • e flores merecem 
    flores....


PARA:

Para você Marcelo Atahualpa:

As palavras saem quase sem querer,
Rezam por nós dois.
Tome conta do que vai dizer.
Elas estão dentro dos meus olhos
Da minha boca, dos meus ombros
Se quiser ouvir
É fácil perceber
Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu mal
Reabilite o meu coração
Tentei
Rasguei sua alma e pus no fogo
Não assoprei
Não relutei
Os buracos que eu cavei
Não quis rever
Mas o amargo delas resvalou em mim
Não me deu direito de viver em paz
Estou aqui para te pedir perdão
Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu mal
Reabilite o meu coração
As palavras fogem
Se você deixar
O impacto é grande demais
Cidades inteiras nascem a partir daí
Violentam, enlouquecem ou me fazem dormir
Adoecem, curam ou me dão limites
Vá com carinho no que vai dizer
Não me acerte
Não me cerque
Me dê absolvição
Faça luz onde há involução
Escolha os versos para ser meu bem e não ser meu mal
Reabilite o meu coração
TE DESEJO AS MELHORES COISAS DESSE MUNDO!
SIGA BEM!SIGA FELIZ!CUIDE DE QUEM VOCÊ AMA!
LUZ E PAZ NA SUA VIDA!

para vocês todos

http://www.youtube.com/watch?v=q6rYOTeptPs

Querer me querer de novo

Não, não existe dor maior que sentir sua feminilidade rompida, ferida, violada. Não existe sentimento pior que a falta de tesão em si mesmo. É ruim, ruim de mais quando você não se olha no espelho. Quando chora depois de tentar se tocar e nem pra isso você serve mais. O pior dessa dor são os sentimentos verdadeiros de feiura, de fracasso, de se sentir a pessoa mais gorda e terrível do mundo. Mas não para ai, dói porque você foi mal comigo, porque você mentiu pra mim, porque você me usou pra ter trepadas garantidas e paralelo a isso trepadas com sua amiga Karina. Dói porque hoje vi um pote cheio de mentiras e meu corpo ali no meio, pra você ter papo com os amigos de quem trepava melhor, eu ou ela. Dói porque eu sonhei, porque fiz planos, porque perdoei e acreditei. Mas não adiantou absolutamente nada. É....me sinto estuprada. Como quando eu tinha cinco anos de idade e vivia cheia de pesadelos por não entender o que se passava. Dói, mas eu arranco forças das vísceras pra continuar lutando, e mesmo que demore meses eu volto a me querer de novo. Prometo!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não sabemos...

Eu não sei. Juro que depois de tudo ainda resta saudade, uma sobra pingando do corpo, tristeza fria e leve. Te deixo em paz, tenha certeza disso. Tenho tomado banho, acordado cedo, rezado antes de dormir, arrumado o quarto, chorado um pouco quando a chuva é muita e o céu fica cinza de mais. Hoje eu chorei um pouquinho, e fazia dias que isso não acontecia. Mesmo depois de saber, eu ainda não sei. A decepção apaga um pouco a beleza de tudo, o buraco que criei pra jogar fora nossa parte falsa da história, ainda fede. Já joguei terra, cimento, farinha, suco de uva e feijão. Mas do lado tá nascendo uma roseira linda, e uma folha de São Jorge, tem suas belezas o fim do amor. Cresci e aprendi, aprendi pra caralho, mesmo quando soube dos espinhos escondidos por detrás das palavras doces, ainda prefiro o doce. O doce amargo daquele sexo com o gozo que veio depois de ouvir “Eu amo você”. Dos planos embaixo do sol, das bobagens leves ditas antes de dormir. Sim, sim, sim eu sei que te amei em excesso. Que culpa tenho disso?!Que erro enorme entregar um pedaço da alma e se perder na tempestade dessa solidão que escorre pelos dedos!Sou tão carente...
Tenho rezado pra você antes de dormir, tô pedindo pra você ser feliz, tô pedindo pra você não machucar mais ninguém. Tô pedindo pra ele cuidar do seu coração e não deixar que você se perca mais e que não perca mais ninguém, por que as pessoas são preciosas. Ai é que vem a parte mais triste, perder você como homem é a primeira parte da dor, a segunda, terceira e quarta, vem do fato de perder seu ser humano. Não gosto de perder seres humanos pra vida, e nunca havia perdido ninguém que me fosse tão caro.
Acendo um cigarro e choro mais um pouco. Vivo a nostalgia das boas lembranças e a revolta de me sentir usada e enganada. Mas continuo construindo minha base que já andava enfraquecida. Te agradeço por tudo, absolutamente tudo. Obrigada por me fazer criar, por me fazer ler tanto, por me fazer pintar e escrever em cima da dor. Você deixou feridas profundas, mulher sem pernas, feminilidade sufocada, menina medrosa e Dayane apagada. Mas quem cai sustenta-se em alguma coisa pra se reerguer novamente, e graças aos Deuses, a Bruxa, os anjos e o universo uma força gigantesca e brilhante me puxa pra cima. Aprendi que sei amar de verdade, e acho isso tão lindo. Aprendi!Aprendi muito. Ganhei um grande amigo, ganhei uma enorme força, e fiz uma cena linda hoje na faculdade pra matar mais um pouco você dentro de mim. Nossa enorme diferença estabeleceu-se ai: enquanto eu, nos momentos de dor e dúvida, criava cenas, fumava um cigarro, bebia um pouco,  pintava, escrevia meus textos. Você comia mulheres, você flertava com alunas e se contaminava pelo “vírus do mal”, você mentia pra mim e me traía. Me usava e me enganava mais um pouco. É, nós temos princípios e sobrevivências extremamente diferentes, essa história não daria mesmo muito certo. Segue bem Atahualpa, segue bem que a vida lhe abre as portas que você escolhe, que a vida põe em suas mãos os frutos que você plantou. Que você seja feliz, feliz pra caralho, mesmo sabendo...talvez no fundo, você também não saiba.