segunda-feira, 23 de julho de 2012

Trinta mil minutos de....



Me desfiz por você
Agarrei-me em ventos
Acreditei em espumas
Inventei verdades.

Bebi tanto que já não me lembrava mais se era aqui ou ali o lugar certo de depositar o coração. Quanta confusão mental, meu corpo se desfazendo em pequenas melancolias pueris. Minha alma se desfazendo em outra alma. Eu me perdendo, depois de um copo já não sei mais. 

Mudei a cor do cabelo
acordei de cara limpa
caminhei uma hora inteira
comi pão integral no café da manhã.

Segui um dia tão saudável que deixei de perceber o lado de dentro. A saúde física e mental precisam de aceleradores artificiais, ou não?!

Um comprimido pela manhã
Dois comprimidos antes de dormir
Insônia aguda
Você me veio como um monstro.

Inventei uma menina de uns 8 anos que acorda comigo ou me acompanha nas madrugadas. Ela prefere dias escuros e manhãs mais claras, dorme sempre de pijama e adora bolo de fubá. Quando perco o sono ela me conta histórias infinitas, quando choro escondido ela para em silêncio ao meu lado e canta até que eu consiga dormir.

Alucinações recorrentes
Detesto cotidiano
Percorro labirintos imaginários
Fujo da realidade que tanto me atormenta

Sozinha. Mas uma vez sozinha. Não me bastasse o som ensurdecedor da máquina de lavar a vizinha saiu cedo e bateu o portão, acordei assustada e passei o dia em pânico. Reli todas as cartas, abri os pacotes e me perdi nos cômodos de uma casa sem família, de um jardim sem árvores, de um corpo sem gosto e uma dor de dente que não suporta doce. 

Não sei gozar
é verdade, não me permito o gozo
talvez pela violação da infância
ou pelo simples fato daquele ferro enfiado fundo na noite de São João.

Fumei mais um cigarro. Parei com a maconha. Continuo no álcool. Alcoólatra?! Talvez! Não aguento as responsabilidades e começo a afundar docemente nesse mundo amargo que criei pra mim. 

Sociedade capitalista de merda
Mundo egoísta de merda
Pessoas cegas de merda
Merda maquiada demais, povo de menos.

Um comprimido pra dormir
Dois comprimidos pra suportar o dia
Três comprimidos pra anestesiar a dor
Meio comprimido pra diminuir a líbido.

Joguei as receitas no lixo e abstive da medicação. Detesto alienação, prefiro a dor de compreender que dois e dois são cinco que a certeza de que dois e dois são quatro.

Duas horas rindo
30 minutos chorando
mais 28 minutos deprimida
... Bipolaridade no ápice. Quem decidiu?! Dr. Daniele Rodrigues de Souza.

Cinco
Quarenta
Trezentos e Sessenta
Mil e trinta e três flores no papel de parede.

Espero.
Te espero.
Espero que.
O quê?

Desisto, enchi a agenda de compromissos. Cumpri os combinados, me guardei na gaveta e fui.








domingo, 22 de julho de 2012

Para uma nova realidade doce que vejo nascer



Vive muito tempo cultivando minha solidão. Compreendendo essa condição de contar moedas e almoçar sozinha no domingo. Desde muito nova eu entendi que era impossível agregar meus sonhos a casa e a família. Então fiz as malas e abusei dessa liberdade meio presa na carência, amarrada na insegurança e na dúvida. Não voltei, nunca voltei… segui adiante, acreditando que um dia a coisa toda faria sentido. Não fez. Não naquela minha compreensão ignorante de sentido, mas uma outra, uma qualquer que ainda não sei explicar. É difícil pensar que já deu certo, que ta tudo aqui, recebendo e colhendo o que meu coração resolveu acolher. Mesmo que não seja só flores, porque eu ainda choro sozinha sentindo saudade de um amor que deixei em casa, porque ainda doí a falta da família e dos amigos de infância. Será por que que eu já fumei maconha ou já bebi tanto até cair?! Por que eu pulo?! Por que eu já pensei em me matar?! Por que peso tanto?! Sofro tanto e grito até ficar rouca quando tô feliz?! Não sei …  A vida fez um pouco de cada coisa comigo, em dias de esperanças nulas e futuro incerto o melhor é ficar doidona e rir da própria cara. Quando o amor não da certo, a desilusão de uma pessoa carente é tão profunda, que ela pula em um buraco escuro e resolve por vezes permanecer apagada, é mais fácil que enchergar o fracasso no espelho. O que ninguém percebe é que pessoas assim esperam sempre uma mãozinha no escuro, um pouco de amor e um olhar atento. Às vezes, ou melhor, no meu caso, essa coisa de droga entra um pouco pra encobrir a solidão, esconder o medo, afirmar uma outra realidade que não seja essa… vezenquando tão amarga e tão cruel. Não tenho problemas profundos, mas tenho realidade demais, e isso machuca. Carregar na cabeça essa história é coisa de macho, só que eu nasci muito mulherzinha e tem dias que não dou conta, ai desabo a chorar porque fulano ta sem grana, porque aquele outro não entendeu nada do que eu disse, porque com aquela amiga não me sinto bem, com aquele amigo sinto demais e com aquele outro me acho um lixo. Me sinto culpada por pensar na própria dor enquanto tem uma porrada de gente apanhando, passando frio, fome, embaixo do viaduto cheirando craque e desistindo aos poucos dessa coisa de sobrevivência. Me sinto culpada e entrego os pontos. Desisto do jogo, faço as malas mais uma vez e finjo acreditar nessa liberdade prisioneira. O bom desse meu monólogo é que a coisa tem mudado, voltando a falar daquele sentido outro, a coisa tem sido feita em uma fé que antes parecia não existir. Minha maior crença é no amor, parece piegas… eu sei, mas é dessa coisa pueril e quase sempre derrapante que vem uma força incalculável. Em dias de muito amor eu penso que posso. Que dou conta. Que consigo. Um dia desses encontrei um ex namorado com sua atual namorada, no meio de tanto nervosismo e aquela confusão e ansiedade de quem não sabe mais como agir, porque por ele meu coração já se machucou, já sentiu raiva, ódio, pavor… A única coisa que consegui sentir de verdade foi amor. Amor pelo amor deles. Amor pelo meu amor por ela. Amor pelo amor. Segurei forte na mão do meu Furacãozinho e agradeci a Deus por poder sentir e receber amor outra vez. Desejei do fundo da minha alma que meu ex e sua atual namorada sintam o que tô sentindo, tirei a alma e o coração do jogo e me entreguei a esse filme romântico que vivo com ela. Falando dela eu dou uma pausa, acendo um cigarro e coloco Caetano Veloso de fundo. Ganhei um presente! Ganhei um sentido! Ganhei um amor!
De… “Quero dizer que te amo só de amor. Sem idéias, palavras, pensamentos. Quero fazer que te amo só de amor. Com sentimentos, sentidos, emoções. Quero curtir que te amo só de amor. Olho no olho, cara na cara, corpo a corpo. Quero querer que te amo só de amor.”
Tenho medo de sofrer! Eu também…
Mas acredito tanto em você que fecho os olhos e vou. Vou do seu lado e pra dentro de mim. Remexo nas feridas antigas, revisito fantasmas e me prometo ser melhor e mais. Me permito ser feliz… o engraçado é que essa é a parte mais difícil, ser feliz parece um insulto a esse mundo injusto, mas com você eu posso, com você sinto que posso. Não quero absolutamente nada de você, quero só te dar sorrisos e manhãs melhores, te dar um pouco que seja dessa felicidade imensa que tenho sentido todos os dias. Tudo que vivi até hoje parece ser a história necessária pra viver esse agora, pra poder te amar de amor. Sinceramente eu viveria tudo outra vez só pra poder estar nesse exato momento que me encontro, colhendo o que meu coração resolveu acolher.
Agradeço a Deus as feridas, a solidão, os medos, os amores que tive, a felicidade que ignorei, o tanto que chorei, que acreditei, me joguei, o muito que errei, o pouco que reconheci, a família que deixei, a falta de grana, a gana, o cansaço, a força, os amigos, as perdas, as conquistas, e esse amor… esse amor imenso que cresce e abre janelas, arreganha portas e me faz sentir a vida na sua realidade mais sublime, maravilhosa e bela.
Tô feliz!
Tô amando!
Ta tudo ok por aqui!
Palavra de escoteiro! O maior protege o menor!!!
IIIII

sábado, 21 de julho de 2012

Um dia de chuva


Em dias de chuva. Em dias de chuva seus sapatos ficavam sempre molhados. Em dias de chuva as árvores choravam tanto que as pontas das folhas pingavam. Em dias de chuva ela nunca lia, porque os livros se desfaziam com tanta velocidade que os olhos não acompanhavam a leitura. Em dias de chuva seus pés doíam. Em dias de chuva permanecia em casa. Em dias de chuva o silêncio cutucava a solidão. Nem sempre chovia em dias de chuva, mas era tudo tão cinza que a chuva vinha fina e invisível, esbarrando em peles e derretendo-se nas mãos. Em dias de chuva que choviam as gotas eram grossas e finas, atravessavam em um longo jato os tecidos, arrepiando a alma de frio e o corpo de lembranças. Em dias de chuva era preferível não ouvir músicas, pra secar um pouco a dor de dentro. Em dias de chuva tomava capuccino com nutela e fumava mais, muito mais que o de costume. Em dias de chuva as lembranças atormentavam e o silêncio de ouvir a própria voz fazia dos olhos um vazio triste. Em dias de chuva era preciso ter paciência, esperar o caminhar da madrugada como quem revela céu aberto e muito sol para a previsão do tempo. Esperar sempre que a chuva cesse, que o portão bata e ela apareça.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Uma certa quase possivel e única Felicidade

Meu Deus, eu to muito feliz, se já senti isso na vida faz tanto tempo que nem me lembrava.
O amor pode ser isso, uma fé enorme, uma esperança leve, uma necessidade gostosa, um brilho correspondido, uma mão enlaçada na outra, sonhos, planos, vontades compartilhadas.

Tô feliz de um jeito bonito e simples.
Tô indo, pulando, acariciando a alma, dando presentes ao coração.
Tô correndo, tomando sol, me apaixonando por plantas, revendo amigos novos e tomando um porre com os velhos.
Tô passando creme no corpo, arrumando a casa, dando faxina nos papeis, derretendo o passado amargo.
Tô cheia de coragem, transbordando de vontade, entupida de amor.
Tô cuidando do hoje, hoje... esse hoje doce, azul, macio e com margaridas na ponta dos pés.

Andei rindo sozinha, acordando cedo pra escrever coisas de amor, tomando chá relendo Florbela, acendo um cigarro já pensando em parar de fumar, tentando dar mais carinho pra saúde, menos atenção pro futuro, mais presente pra felicidade.

Tem feito sol. Tenho sentido paz. Tenho acreditado. Tenho confiado. Tenho sido cuidada. Tenho estado com os dedos dos pés fincados na terra e a mão la no alto encostando no vento... Tenho sentido vida, uma vida crua e sublime.

Eu sabia que era possivel, eu sentia que um dia encontrava... ENCONTREI!



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mundos possiveis em troca

(para: um certo alguém IIIII)


É melhor amar ou doer de amor?

Ela seguiu amanhecendo.

Ela perdeu.

Perder sempre dói tanto.

Mas quando se perde a possibilidade de ganhar é grande.

Ela deteve-se e foi!

É mesmo possível?

É sempre possível!

Ela acreditou.

Ela entregou.

Deu-se.

Dores anestesiadas pela vontade.

Vontade de amar.

Vontade de continuar.

Vontade de reconhecer-se, reconhecer-se capaz, reconhecer-se parte.

Vontade de acreditar no impossível e recriar mundos possíveis em troca.

Sonhar sem estradas e deixar-se guiar por caminhos.

Ela amou.

Ela amava

Ela tinha medo, mas ia.

Ia se esbarrando...

Ia de cara

Cabeça

Braços abertos e coração entre os dedos

Ela pensou que era possível

Do seu pensamento surgiram dias

Dos seus dias surgiram meses

Dos seus meses surgiram flores

Perfumes

E Dragões imensos

E la estava ela, mais uma vez amando, com toda potência de uma nascimento

Um incêndio sem vento, um fogo sem forma.

O mundo girando e ela vivendo tudo outra vez

Tanta beleza em um único momento

Morrer não dói.

Doer não mata.

Desconhecidos não amam

Amantes se reconhecem

Ela.

Ela.

Elas.

... Com você, o que em mim era noite, amanheceu.




quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fotografia de hoje...




(Para Paula Marcia Lacerda)

Existe uma parte do nosso peito que sai guardando as fotos dos dias de nossas vidas. Fotos envelhecidas, outras em preto e branco, aquelas que ainda doem tanto e outras que deixam feridas no fundo da alma. O tempo passa e as pessoas ficam, elas sempre ficam. Nosso álbum de fotos é como uma melodia que toca sempre que o dia amanhece. Existem lembranças que rememoram certos passados, é ai que a gente ri, ou chora um pouco pra lavar o peso de ter vivido tanto. Tem uma foto bonita que eu não esqueço, o dia que deitei no colo de minha mãe, eu devia ter uns 9 ou 10 anos, naquele exato momento o mundo inteiro poderia pegar fogo, mas eu tinha um colo e uma mão que acariciava meus cabelos e fazia de mim a criança mais feliz do mundo. Essa foto eu guardei na gaveta das dores que mexo só vezenquando, vezenquando ela vem, vezenquando ela dói de novo, vezenquando eu só queria dizer pra ela que sinto saudades e que tanta coisa podia ser tão diferente. Já levei porrada em lugares que não cicatrizam, nos dias em que resolvo abrir o álbum de fotos, resolvo também fazer um curativo ou outro naquele soco que doeu tanto. E é ai que a gente ama novamente, compra uma renda e coloca na capa das memórias, fazemos delas um pedaço do que somos hoje, uma parte linda, de composições poéticas e eternas. Meu peito parece veludo com as beiradas arrancadas a mão, minha melodia é incerta, minha música não é a mesma de ontem e o tema foi e será sempre o amor. Só sei falar de amor e meus veludos são minha alma, minha alma é meu álbum antigo, cheio de flores secas, outras de crepom, mas tantas outras vermelhas e vivas, que arrebentam o asfalto pra nascer outra vez.  Hoje eu comprei um embrulho lindo, selecionei as melhores fotos, embebi das melhores lembranças, dos melhores momentos, do melhor amor do mundo.. Embrulhei, coloquei no correio e enviei pra minha mãe no lugar onde comíamos pizza no final da noite e acreditávamos que amanhã tudo seria melhor e mais bonito.
- Mãe, eu to amando uma menina linda, queria te contar os dias e dividir os medos. Hoje eu só queria deitar no seu colo e dizer que vezenquando ainda acredito na gente mãe, ainda acredito naquele amor da senhora fazendo tranças no meu cabelo antes de ir pra escola. Ainda acredito que erros são só fotografias... No futuro a gente tira uma fotografia diferente, ai eu te conto sobre a saudade, o medo, a revolta, as dores, as desilusões, as conquistas e os amores que tive. Te conto todas às vezes que dormi chorando, porque senti sua falta. Todas às vezes que acordei rindo, porque te encontrava sonhando. Te conto que eu cresci e que te amo, mesmo que vezanquando a nossa fotografia ficasse encoberta pela distancia. 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma embriaguez....


Bebâda, bebâda como a muito não ficava. Sinto-me tão privilegiada e tão feliz. Acho que nunca me senti assim, e foram tantas às vezes que amei tanto, mas desse jeito nunca foi. O presente possuí  sempre seus privilégios. Aqueles de modificar o coração profundamente e parecer sempre ouro e pérola. Amo-te De, te amo em tudo que nunca consegui e pude ser. Em mim já doeu muito o amor, já doeu tanto que o melhor era enlouquecer e acabar com a vida em uma overdose qualquer. Já cheirei cocaína pra caralho, já fumei maconha e bebi tanto que me deixaram em casa inconsciente e carregada. Mas com você meu desejo é aquilo que nunca vive. Um desejo que não existe, aquele que aprendo todos os dias a experimentar uma única vez. Amo-te na minha forma que se desfez com o tempo, te amo na minha esperança de ser melhor. Amo-te no que foi e em tudo que sinto a esperança de ser. Peço a deus encarecidamente que proteja o amor que sinto, em cada hora, em cada dia.... Como se ali restasse a salvação da humanidade. Tanta pretensão possuindo um ser amado.... 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Por um certo presente....


(...Ela é tudo que um dia eu sonhei pra mim)





Que seja doce, digo e repito todas as manhãs.”
Tô bem, tô feliz! As coisas correm depressa, sinto um vento bom batendo na cara. O lance agora é tentar não cometer os mesmos erros, manter o peito aberto e a alma em chamas. Beber muita água e fumar menos, ter dias de horas cheias, ter tempo de espaços alargados. Tenho amado, e ser amada em troca é um presente. Gosto de ficar olhando pra ela e perceber que não precisamos de mais nada além de olhos sinceros e coração na mão. É gostosa a certeza de uma coisa incerta, é bonito sentir segurança na insegurança, é delicioso os dias leves, cheios de carinho e amor.  
Acredito.
"Meu Deus, só agora lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim."
Tempo. Um tempo de sol, um tempo de renovar os móveis, arejar o quarto, aguar as plantas. Tempo de acreditar, pular e dar. Tempo de fruta, de cores e sabores. Tempo de acordar cedo e deixar a roupa pra lavar depois do tempo seguinte. Tempo de ir, destrancar as portas, botar o medo no baú e deixar que seja.. Que seja doce.
Acredito e vou....