domingo, 15 de setembro de 2019

Início

...uma vida inteira tem me doído os nervos das costas. doem também as escapulas, o calo no meio do pé, o dente careado. por uma fração de tempo me sinto estarrecida. sem início. não sei quase nada sobre mim, desconheço a existência de equilíbrios. meu maior medo é anestesiar as injustiças. é não me deixar impressionar pelas belezas da vida. faz tempo que não paro um pouco pra escrever, a vida correu em apressar as mudanças. agora estamos aqui, eu e ela, aprendendo a ser só.  voltando as origens. resolvi adentrar nas cavernas,


eu vejo um campo de girassóis, uma alegria imensa, crianças correndo em um verde que se perde no horizonte, ruas floridas, pessoas felizes. então eu fecho os olhos e escuto o silêncio. Agudo. Muita Gente Chora. muita coisa não faz mais sentindo. como em um espelho, existem pessoas que trabalham demais esperando que seus reflexos atualizem a realidade. que modifiquem suas escolhas. do lado daqueles que já desistiram dos reflexos, a vida parece mais leve, e a paz mais constante.


Dentro da caverna. Perdi meus cabelos, se juntaram aos meus.

agora eu penso que a melhor forma de prosseguir é amando os detalhes. amar os desajustes, acolher os desajustados. meu processo de criação é a própria vida. não parar nunca de fazer perguntas e de seguir os desejos. parar pra respirar. ouvir o silêncio.