sexta-feira, 14 de novembro de 2014

MAL SECRETO

As coisas me dizem coisas, elas seguem sendo, sem saber. As coisas, são tantas... Existe um tipo de alegria tão funda que chega a doer, mas a gente nem sabe o que é a dor, ou quando esse nome veio ao mundo. Perdemos o controle das coisas. Envelheci, mas agradeço a Deus a coragem de cheirar toda aquela cocaína, e vomitar depois. Não estou velha porque vomitei, estou velha porque assentou-se em mim uma certa dor. Estou tão velha que me basto, não me aguento, sou insuportável demais pra mim mesma. Eu que pensei nunca ter inimigos. Meu pensamento fragmentado corrige certas coisas. Mas, eu não deixo de ter inimigos. Duas coisas me tocam: a filosofia e as plantas. O ser humano me cansa e me suga. Por isso, hoje, as coisas me dizem coisas, amanhã eu já não sei. Nesse instante eu basto em gasto, acelero ruídos, esmoreço a esperança, fico calada e quieta, não choro não converso.


(as pessoas continuam falando do lado de fora)

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