A madeira continua lá fora, 100kg deitados confortavelmente na varanda. Ouvi Amy e Bjork com o Vitor, ele me apresentou Varg ( acho que é esse o nome), bebemos vodka, saquê e cigarros. 5/pontos e 10. Chegamos em casa tranquilos, felizes pela viagem e a visita. Comemos picanha! Vamos no bolão? Comecei a ler o novo livro do Damásio, mas o medo me interrompia inesperadamente. Tive febre, vômito e dores de cabeça, uma diarreia insuportável. Faz bem sentir o mundo em família, vez ou outra faz bem, senti que faz. Muito sangue. Coloquei o pão de queijo no forno. Preciso começar a estudar para o mestrado, minha mãe é insuportável e minha madrasta sente ciúmes de mim. Viajamos 12 horas, chegamos ansiosos e apreensivos. Decidi não tomar banho, voltei pra varanda. No dia 31 chorei feito criança lembrando da noite anterior, tive medo que meu irmão morresse. O médico disse: minha querida, claro, estou vendo seu osso. Fizemos um drink, festejamos nossa união e nos contamos do passado. Bebemos ate tarde da noite, todos dormiam, em Ituiutaba se dorme cedo. Rimos tanto de nossas bobagens, viramos a vodka, o saquê e a cerveja importada de tangerina.... Encorpada. Sentei na rede e ela caiu, a madeira de 100kg atingiu em cheio minha cabeça e a do meu irmão. Sangue, muito sangue! 10 pontos na minha, 5 na dele, ele é novo, forte, faz muay thai, se esquivou pro fundo. Fomos no MC Donald e ele disse: magnífico, magnífico esse sanduíche! Bebemos suco de maracujá antes do almoço, fiz macarrão no forno. Chegando no hospital eu perguntei ao médico: tem que dar ponto? Ele me respondeu: minha querida! De perto sentimos o cheiro da girafa e do mico, gastamos R$6 no aquário, chinfro! Meu irmão detesta boné, mas não se pode tomar sol nos pontos, eles doem de tal maneira que, apesar da vida, o desejo é sentir o azar daquela pancada. Chorei deitada na cama, disse que tinha medo de ter ficado com a cabeça doente, qual não é? Dormi de um lado só, pra não abrir os pontos. O médico disse: encontrei farpas de madeira na sua cabeça. Serena. Tranquila. Calma na anestesia, a limpeza do machucado doeu tanto. Lacei as roupas de cama, arrumei a casa, sempre sinto que renova as energias. Pânico do telhado, sempre sonho com a madeira cedendo. Me sinto fraca demais pra aceitar o milagre da vida, dramática demais pra aceitar que estou bem. No desespero chegamos no pronto socorro sem chinelos, a enfermeira limpou meu sangue seco. Os pontos doem? Ouvimos velhas virgens, pink floyd, criolo e um tanto mais. Meu irmão cresceu. Sentei tranquila na varanda, mas a madeira deitada no chão trouxe aquele fiapo de vida. Estou viva. O que faço com ela? Sinceramente não sei. Discutimos teatro, planos, grupos. Sempre acho que vai cair mais madeiras, mais pesos, outras telhas e fiapos de madeira rompendo o fluxo tranquilo do cotidiano. Li o blog da Cida e pensei: será?
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