Hoje eu olhei no espelho e vi uma mulher de 30 anos. Me assustei com a deformação do corpo, a deformação que eu criei nos olhos. Mas me agradou a face, os cabelos com o peso do óleo da gravidez escorrendo nos ombros. Os olhos fundos, as marcas na pele, uma jovialidade dentro das pálpebras e um sorriso velho derretendo a pele das bochechas.
Envelheci.
Deixei muita coisa pra década passada.
Meu cais. Inventei meu cais.
Nós reverberamos o que somos, o que somos no inconsciente... Hoje eu acredito nisso. Meio brega, piegas... mas acho que é isso.
A coisa vai, a onda acontece, a vida vive.
Ser mãe é viver muitos e muitos dias consigo mesma. Muitos e muitos dias com o que se é no inconsciente. O desejo é vibrar só no amor e em uma certa paz. Mas a vida não deixa. A cidade e o capitalismo corrompem tudo, até nossos desejos. Isso dói um pouco, e faz pesar ainda mais as peles das bochechas, e o canto dos olhos... As costas.
O olhar da minha filha é incrível, é lindo, é uma coisa que eu nem sei dizer. Eu ficaria horas ali, mas as costas doem e os braços tbm.
Talvez família seja isso, o desejo de permanecer, mesmo com as dores nas costas.
Piegas também, mas é o que tenho sentido. Uma certa breguice da bobagem que é isso tudo, e no fundo no fundo é só ficar ali, olhando...
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Intervalo
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