Agora eu vou pra onde? Os trens não funcionam mais, as rodoviárias estão fechadas, o ônibus parou às 22h. Meus amigos estão com seus amigos, minha família com a sua família, meu amor com seu amor. Eu fico aqui, sempre fiquei e talvez eu goste disso, não da pra saber. Qual o caminho da história? onde começa? onde termina? quem é o primeiro da fila? Pode desistir? Como é que faz? Alguém me segura? Me da um abraço? Um carinho antes de dormir? me segura por horas e depois me aperta e me coloca no colo e me enche de beijos e aperta meu braço acaricia meus cabelos passa a mão nas minhas costas faz massagem nos meus pés beija minha barriga faz carinho na minha orelha aperta minha bochecha minha mão meus dedos segura firme e vê se não solta porque eu to indo embora e não queria mas minha cabeça maluca não me deixa querer menos que um sol brilhando la em cima e um calor na cama de abraços infinitos por noites infinitas sem pressa sem cobrança sem choro sem espaço pra solidão só sorvetes e doces e risos atrás de outros risos eu to enlouquecendo de boca fechada e minha cabeça ainda vai explodir de tanta merda espalhada pelo quarto e eu querendo aquilo que nunca tive uma família um amor um beijo longo e um abraço perfeito que morreu na primeira mentira e depois de tudo parece que vivo em um eterno funeral esperando aquele vulcão quente cobrindo tudo de cinza e começando outra vez nesse desespero eterno e nessa maldita solidão de todos os domingos que não acabam bem eu to tão cansada tão cansada tão cansada que eu só queria sumir.
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