Fiz um chá. Acendi
um incenso. Coloquei a vela pra queimar, aguei as samambaias, a
guiné, a árvore da felicidade, aquela que não sei o nome, a espada
de São Jorge, o manjericão e a arruda, todas lindas brotando vida.
Tem um grilo na minha sala. Dizem por ai que esse bicho significa
felicidade. Eu nem sei se eu tô feliz, mas acho que a gente nunca
sabe, é uma coisa que passa pelo corpo vez ou outra, depois
escorrega e vai embora. Comprei uma rede e morar sozinha tem sido a
paz necessária depois de dias corridos e conturbados. Eu acredito no
amor. Desejo só amor hoje e o céu da minha rede brilha. Não espero
mais muita coisa, vivo como quem adormece e goza. Minha cabeça
desequilibrada, meus ataques de ansiedade e meu medo do futuro estão
guardados dentro do baú do meio, tem dias que o grilo canta la
dentro, abro e deixo a dor tomar respiro... um dia como hoje. Pensei
em dormir na rede, ouvindo Wagner e vendo aqueles pontos de história
no céu. A felicidade é um suspiro que exige fôlego. Não acredito
em gente feliz pra sempre, bom humor diário e alegrias que não
acabam. É preciso se acostumar à dor. Meus pés perderam a agonia
de quem espera, em troca ganhei uma terra fofa onde acomodo os calos
e a fé. Meu amor agarrado em mim. Meu suspiro. Preciso criar.
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