sábado, 23 de maio de 2015
Pequenas árvores
Descobriram os muros da minha garganta. Chafurdada no lodo grosso do dia a dia, esperando que caia do céu uma nuvem, lhe carregue pra bem longe dos pedaços gosmentos do verde musgo. Estarrecida. Pensei que seria. Me sinto tao velha pra tudo. Preciso parar de fumar. Diminuir os cigarros e as gotas. Meus cabelos andam raivosos, as pernas gordas e flácidas arrastam a coluna torta e seu cupim. Meu peto pesa, ele é grande demais, 46 o sutiã. As vezes compro os de mulheres grávidas, são mais firmes. Eu só quero deitar um poucos. Ficar quieta dentro das minhas subjetivações, meus traumas, minhas varizes. Me deixe quieta que eu morro aos poucos. Quero voltar a desenhar. Tenho 46 personagens, cada dia eu sou um deles, as vezes aparecem até 5 no mesmo dia, é uma festa! Eles me ajudam a me imaginar quem sou, quem sabe um dia aparece alguém, olhe dentro dos meus olhos e diga: Eu sou você! Que coisa mais brega. Prefiro os 46 brigando pra ocupar seu lugar, todos merecem. Eles são tão diferentes uns dos outros, estrangeiros do mesmo corpo. Eu criei cidades pra eles, imensas cidades vivendo dentro de mundos enormes, galáxias infinitas. Eu sou tão pequenas, as vezes me acho gorda. Irresponsável. O problema é a monotonia. Eu preciso criar uma peça, com meus 46 personagens, todos em cena ao mesmo tempo, seria psicodélico se isso acontecesse. Imagina só?! Um estouro! Meu corpo não aguenta. Plantei minhas pequenas árvores.
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