Se olho pra mim com distanciamento a arte sempre foi um processo de cura da doença que é estar no mundo sem pertencer a classe privilegiada. E quando digo "classe privilegiada" exerço minha autonomia do pensamento. É uma certa classe que não percebe que ter dinheiro muda tudo. Uma classe que exerce seu poder em silêncio, e todos os proletariados fálicos de Marx, resistem na dor de serem também massacrados. Sucumbimos. É necessário repensar todos os conceitos que fundam nossa normatividade violenta e adestradora de subjetividades. Uma política fundada a partir do afeto, uma cultura que é fruto do exercício político do cuidado.
Rever áudios do whatsapp não altera o desejo de imaginar, a ação de sentir concretamente o afeto. Vamos adoecer nossos corpos se substituirmos, em nossos sonhos, nossa imagem de carne e osso por avatares embranquecidos, pálidos, limpos e saudáveis. A normatização da saúde adoecida corroe qualquer possibilidade de invenção de existências distintas da massa.
Precisamos resistir. Cotidianamente. Micropolítica é fundante de afeto saudável, livre e pertencente.
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