quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fotografia de hoje...




(Para Paula Marcia Lacerda)

Existe uma parte do nosso peito que sai guardando as fotos dos dias de nossas vidas. Fotos envelhecidas, outras em preto e branco, aquelas que ainda doem tanto e outras que deixam feridas no fundo da alma. O tempo passa e as pessoas ficam, elas sempre ficam. Nosso álbum de fotos é como uma melodia que toca sempre que o dia amanhece. Existem lembranças que rememoram certos passados, é ai que a gente ri, ou chora um pouco pra lavar o peso de ter vivido tanto. Tem uma foto bonita que eu não esqueço, o dia que deitei no colo de minha mãe, eu devia ter uns 9 ou 10 anos, naquele exato momento o mundo inteiro poderia pegar fogo, mas eu tinha um colo e uma mão que acariciava meus cabelos e fazia de mim a criança mais feliz do mundo. Essa foto eu guardei na gaveta das dores que mexo só vezenquando, vezenquando ela vem, vezenquando ela dói de novo, vezenquando eu só queria dizer pra ela que sinto saudades e que tanta coisa podia ser tão diferente. Já levei porrada em lugares que não cicatrizam, nos dias em que resolvo abrir o álbum de fotos, resolvo também fazer um curativo ou outro naquele soco que doeu tanto. E é ai que a gente ama novamente, compra uma renda e coloca na capa das memórias, fazemos delas um pedaço do que somos hoje, uma parte linda, de composições poéticas e eternas. Meu peito parece veludo com as beiradas arrancadas a mão, minha melodia é incerta, minha música não é a mesma de ontem e o tema foi e será sempre o amor. Só sei falar de amor e meus veludos são minha alma, minha alma é meu álbum antigo, cheio de flores secas, outras de crepom, mas tantas outras vermelhas e vivas, que arrebentam o asfalto pra nascer outra vez.  Hoje eu comprei um embrulho lindo, selecionei as melhores fotos, embebi das melhores lembranças, dos melhores momentos, do melhor amor do mundo.. Embrulhei, coloquei no correio e enviei pra minha mãe no lugar onde comíamos pizza no final da noite e acreditávamos que amanhã tudo seria melhor e mais bonito.
- Mãe, eu to amando uma menina linda, queria te contar os dias e dividir os medos. Hoje eu só queria deitar no seu colo e dizer que vezenquando ainda acredito na gente mãe, ainda acredito naquele amor da senhora fazendo tranças no meu cabelo antes de ir pra escola. Ainda acredito que erros são só fotografias... No futuro a gente tira uma fotografia diferente, ai eu te conto sobre a saudade, o medo, a revolta, as dores, as desilusões, as conquistas e os amores que tive. Te conto todas às vezes que dormi chorando, porque senti sua falta. Todas às vezes que acordei rindo, porque te encontrava sonhando. Te conto que eu cresci e que te amo, mesmo que vezanquando a nossa fotografia ficasse encoberta pela distancia. 

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