domingo, 26 de agosto de 2012

Uma firmeza involuntária



 Foi assim que, desdobrando sentimentos, suas emoções cresceram dentro dela. O sol batia forte na cara, cegando um pouco a realidade, mas vivia abaixando as pálpebras e descobrindo, após aquela cegueira momentânea, que era lindo viver. Não bastasse a vida o amor começava a valer a pena e quando doía, quase que paralelamente, tornava-se menor os buracos vazios, crescendo a certeza de alguém, no fundo... ela mesma talvez. No fundo, um certo alguém. No fundo, um sonho. Um buraco, antes vazio, transbordava de amor, na rebarba outros vazios eram preenchidos... Sem dor. Sem dor era falta de costume, apreendendo a se acostumar. Foi mais ou menos nessa época que ela aprendeu a ganhar. Acostumada a perder perdeu o costume, logo que as plantas ficaram verdes e o sol abaixou-se um pouco e escondeu atrás de uma nuvem, ela viu! Viu que ganhar poderia fazer da dor um impulso feliz. E foi. Foi como quem vê,  escolheu a estrada e pisou firme na terra ainda úmida, seguiu na claridade ainda meio cega, acreditando em um simples impulso, tomando de guia uma emoção que por fim se tornava a paisagem de um corpo vivo de memórias aparentes e desejos absolutos. Nascida outra vez, estava pronta para cair e tinha as pernas firmes para se levantar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário