domingo, 27 de janeiro de 2013

Pique estrondo

Achei uma harpia plantada embaixo da minha cama, ela possuía seios enormes e rosnava feito um leão. Deslizava suas patas nas minhas, dizia doçuras incuráveis e pestanejava uma certa falta de sentido. Chorei feito criança desaparecida na multidão, vociferei com raiva uma asa de irritação mitológica e tardia. A Harpia observa quieta meu ataque eufórico-histérico-sem-sentido, minha impaciência brutal arrancou-me pra fora do eixo, deslizei irrequieta pelas bandas de uma espada de São Jorge, arranhei os braços, perdi a palma dos dedos e cortei as unhas até o talo. O sentimento mais verde do mundo se apossou dos meus ossos, afoguei a harpia dentro da borra de café... Depois bebi, me acalmei, enfaixei os livros dependurados perto do pulmão e continuei.

Hoje senti falta da harpia, procurei tanto que perdi os dados.

Doeu.

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