Sabe, de verdade... O tempo tem passado e eu não sei se tenho mais a mesma energia de antes. Antigamente existiam certas coisas que eu pensava que eram passageiras, mas elas ficaram...
Elas permanecem....
Quando eu saí de casa, a dez anos atrás, achava que a falta da família e o vazio eram passageiros, mas não são. Ou aquele meu jeito de sempre me emocionar demais com todas as coisas, aquela mania de chorar antes de dormir, de não ver muito sentido no mundo, de ter insonias desesperadoras e chegar em casa bêbada de muito choro e vodka.... Não passa, é... Isso também não passa. Ou até mesmo aquela coisa enorme de injustiça social, de gente má, de solidão, de medo. Essas coisas não passaram, e acho que elas não vão passar nunca, no fundo no fundo essa sou eu de verdade. E tem também as partes ruins, não que essas sejam boas, mas as outras.... (rs). Minha insegurança é enorme, sempre vou me achar a mulher mais gorda e mais feia do mundo. Sempre vou olhar pro futuro e vou sentir um medo gigantesco de não conseguir, de não dar conta. Sempre vou ser egoísta quando se trata da entrega alheia, da história particular de cada um. Faz uns cinco anos que eu tive um namorado que hoje mora comigo, ele é meu amigo, eu sempre reclamava com ele dessas dores da vida, e mesmo depois de cinco anos, ainda reclamo. Os dias são como a dez anos atrás, os mesmos medos e as mesmas inseguranças. A mesma sensação de solidão corroendo essas noites acalentadas de muito cigarro e Amy. Esse mesmo cansaço no corpo, aquelas utopias que não deram certo, aqueles sonhos que perderam o sentido, aquela vida feliz que não existe e não vai existir absolutamente de jeito nenhum. Antigamente, quando esse tipo de estado emocional chegava, eu enfiava a cara na vodka, muitos cigarros e todas as drogas disponíveis .. Não que eu fosse pesada, não era isso, era só uma dor insuportável demais, doída demais. Hoje eu nem aguento tanta bebedeira e viradas de noites na rua, na esquina, na casa de um amigo, na praça... Hoje essas coisas perderam um pouco o sentido. Faço um chá e fumo um cigarro quieta aqui em casa. Coloco uma música, leio um pouco, choro na varanda e escrevo. É mais fácil, melhor e mais barato... (rs). Se eu fiquei mais leve? Acho que não...
Fico pensando se desistir é a melhor coisa, mas é preciso continuar, de qualquer jeito, de qualquer maneira, é preciso seguir adiante. Perdendo noites, soluçando, amando, doendo, rindo, sofrendo.... É preciso continuar, se não?! Não faz sentido algum esses dez anos longe de casa....
Fico pensando se desistir é a melhor coisa, mas é preciso continuar, de qualquer jeito, de qualquer maneira, é preciso seguir adiante. Perdendo noites, soluçando, amando, doendo, rindo, sofrendo.... É preciso continuar, se não?! Não faz sentido algum esses dez anos longe de casa....
A gente inventa esperanças, sonha acordada, esconde uma porrada de tristeza dentro de uma caixinha e tranca na última gaveta, do último degrau, da última escada que a gente inventou semana passada.
É assim que tem que ser. De um jeito ou de outro sou eu, meus cacos, meus pedaços, minhas pequenas histórias....
Um pouco de fé, coragem e Elis Regina cantando "Estrada de Santos" no radinho da sala.
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