sábado, 19 de outubro de 2013

Entre amores

Todo amor é recíproco, porque cria-se entre um e outro e nunca sozinho. Na solidão se ama o amor e na falta a invenção do objeto desejado. O amor acontece entre, um tipo de alma recriada. Mesmo que o entre esteja terminado o amor permanece. Ele nao pertence aos indivíduos, mas a uma espécie de simulacro invisível construído no tempo. A morte é uma passagem do amor e ele continua para além de uma racionalidade da presença e do presente,  ele perdura-se em si. Quando fala-se de amor exila-se o tempo, ele torna-se permanente a partir do momento que acontece,  enquanto existir memória ele nao perde a vida e em cada lembrança ele reaparece no universo feito a sombra de um eremita unipresente. A dor do amor é eterna até o momento de persistência da sensação única de uma lembrança.  Por isso não deve se temer o amor, ele é a criação mais intensa de um encontro e aos encontros deve-se a continuidade da vida e insistência de prosseguir adiante.  Prosseguir pra que se crie,  o máximo de vezes possível, o amor. A isso eu devo minhas manhãs,  minhas utopias,  meus sonhos e minha fé:

-  Uma esperança diária de amor. Objetos,  coisas e pessoas que me permitam reviver, criar e recriar o entre. Entre amores eu perduro, continuo,  morro e recomeço outra vez,  administrando lembranças e organizando as gavetas da memória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário