Sabe um soco? Um soco no plexo solar. Bem dado, de direita, aí você cai. Logo depois alguém vem e te dá um chute, na boca do estômago. Você nem levanta mais, fica ali....quieta. Sentindo aquele cheiro pobre saindo da calçada. Lembrei do início de ninfomaníaca, do Lars Von Trie, e depois aquele rock ensurdecedor. Lembrei do Van Gogh quando ele corta a orelha depois que Gauguin vai embora, e da crise da Camille Claudel, quando ela destrói todas as suas esculturas depois do abandono de Rodin. Abandono é uma palavra que nos pega de surpresa, e ela crava lá dentro do peito uma estaca. Dói a carne, o osso, dói é o corpo todo. Dói tudo! Rasga dentro da gente uma porrada de certezas e aí vem aquela sensação de abismo, de perda, de solidão. E é meus eternos 15 anos. Minha esperança tola na humanidade. Tenho até vergonha de dizer o que tem acontecido por aqui nesse país, nessa nação, nessa memória coletiva encrustada de café com leite. Meu mundinho medíocre me pede pra não continuar, mas desistir é mais difícil, é cruel com as batalhas. O que a gente faz depois que é feliz? Preciso reler Água Viva da Clarice e depois voltar a assistir Piaf, um hino ao amor. Que amor? Amor é só utopia, e barbárie é a desesperança estampada no fundo da cara. Cansei de mentiras, cansei de ser enganada, cansei de ser abandonada, cansei de acreditar, cansei de esperar, cansei de sentir esse tanto. Cansei. E agora Caio? Onde é que eu encontro o fim do ciclo seco? Meu desespero precisa ser discreto, soletrado em uma pequena esquina.... Aiaiaiaiaiaaiaaaaa Ana, você devia existir ainda, pra gente tomar um café e falar mal da vida. Dói tudo, até o dente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário