Nesse instante, depois de todos esses vinte nove anos, a melhor coisa a se fazer é ficar em silêncio. É melhor correr todos os dias de manhã, parar cinco minutos e observar o sol quente. Manter o ritmo, diminuir a dor. Comprar flores e velas pra casa, acender incensos. Escutar na miúda de quem tenta uma vida o barulho denso do coração. Manter o foco, o chá e a esperança. Depois de morrer um pouco algumas coisas secam, mas aquilo que nasce na brutalidade de uma terra ferida é firme e intenso - dessas intensidades doces e felpudas - firmado em chão de quem tenta se tatear no escuro. Todos os dias dói um pouco, mas a cada dia dói menos.... É só uma certa saudade, um vapor que sopra a nuca, uma lembrança que, rememorada, modifica a memória que lhe deu origem.
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