Alguém me disse que daria certo, alguém me disse que valia a pena, alguém me disse que era possível. Cadê?Onde?
Em cada pedaço da casa uma solidão.
É tudo um pouco sem sentido, não existe lógica pra nada, o buraco está e pronto. As janelas não mudam de lugar, só de pintura, ou pelo mofo ou desgastada pelo tempo. O quarto no mesmo lugar, a cama, as roupas, ou livros... eu continuo na mesma, essa inconstância tão constante, nem mofo, nem lodo, nem pedra. Um mesmo corpo pedindo arrego, uma mesma alma pedindo silêncio.
Nem sei mais do que foi que me cansei, muito menos pra onde seguir sem que acabe a gasolina ou esgote o motor. São lindos os encontros, as palavras e a escuta. Tudo que vem desse outro meio torto, esse outro meio louco, um outro meio triste, me puxa, me agrada, me prioriza. Detesto banalidades fúteis e pouco sinceras, detesto sapato novo fazendo barulho, e açucareiro vazio na hora de tomar meu chá. Odeio gente que é pouco, que gosta de pouco, que vive pouco. Tenho pavor de quem segue todas as regras e não se deixa enlouquecer por uma paixão. Tenho asco de superficialidades humanas, burrices agudas, e surdez momentânea. Não sabe, procura. Não entende, não julga. Não viu, se joga. Não entende, respeite. Não sabe o que dizer, fica calado ou fale porcarias. Mas como as janelas mudamos com o tempo... e o tempo toca tudo, revela, esconde, simplifica. Se você ama vai fundo, se ele te ama te entende, se não entende ou fica cansado de suas mesmas crises e de suas mesmas reclamações, cai fora. Ninguém é obrigado a dar as mãos, obrigado a amar, a querer ter e ser de verdade, nem todo mundo consegue, nem todo mundo da conta. Mude, exercite a possibilidade de agir diferente, mas sobretudo ame incondicionalmente o outro. Ame porque de todos os verbos e de todas as ações essa é a mais bonita, a mais poética, a mais gentil e perturbadora. É preciso deixar-se perturbar, perder o chão e encontrá-lo de novo, desistir e encontrar novos motivos, perder a lógica e a sensatez. Colocar a cama no banheiro e o travesseiro na cozinha. Mudar a casa, de casa, para casa. Talvez assim, bem talvez, não se sabe, encontre-se o verdadeiro “dar certo”, o verdadeiro “valer a pena” as improváveis e maleáveis respostas. Em cada pedaço da casa uma solidão, mas uma solidão viva e sincera.
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