Bem, eu tive insônia, mas não foi uma insônia qualquer, tomei um porre, fumei um maço de malboro e chorei pra caralho, desengasguei. Descarreguei tudo em cima dele, toda essa dor esmagada na minha garganta, todo esse medo engolido diariamente, esse cheiro podre de carne velha saindo das minhas entranhas. Esse gosto azedo na língua, essa “dor maior que o corpo”(Z.Z).
Eu sou forte, puta que pariu, eu preciso ser forte. Já dormi com rato, antes dos 10 eu comi porra que não queria, ajoelhei no milho, senti falta, comi macarrão por duas semanas, amei, desamei, depois dos 20 dei pra chorar de medo e abandono, pedi dinheiro emprestado, não tive dinheiro, não tive cama, fui despedida, saí de casa aos 16, enfrentei mãe, enfrentei pai, roubei, me cortei, trepei com mulher, fingi pra caralho que gozava com homem, casei, trabalhei que nem uma louca, estudei, comprei computador, geladeira, cama, fogão, mesa, panela, copo, faca, tapete....tudo sozinha, tudo sem ninguém. E ele com essa cara sofrida e esse jeito acadêmico-poético-sofredor de coração partido me negando verdade, me negado amor, me negando uma gota de alegria sincera que eu jurava que era verdade, VAI TOMAR NO CÚ!Eu não sou uma alternativa-burra, eu não sou do tipo mulher-pronta, eu não faço a linha equilibrada-feliz. Já quis me matar milhões de vezes...e hoje não foi diferente. Envolvida pelo álcool e por essa dor imensa que não passa nunca, eu quis me jogar da varanda do apartamento, desejei ir embora silenciosamente, pensei em tomar todos os remédios da casa, acordei, dormi, inventei, imaginei, perdi a força das pernas, escorreguei, tomei banho, tive dor de barriga, li, bebi, bebi, bebi, pensei, Meu Deus!como eu pensei!!!!!E depois ainda tive culpa, porque a idiota aqui ainda sente culpa, ainda pede colo, ainda espera um abraço inesperado no fim de tudo. E se não vem, e se não ganho, e se não aparece, a culpa é de quem?MINHA!
Sempre levei comigo a culpa de tudo, me estrepei, carreguei sozinha, engoli calada, e depois.... pedi desculpa, levei na cara, na bunda, no cú. Sei que estou meio velha, meio puta, meio desequilibrada, meio louca, meio gorda, meio burra, meio triste, meio chata, meio histérica, meio feia, meio sem rumo, eu sei disso, sei disso tudo que carrego naquela porra de imagem que vejo todos os dias no espelho. Mas não esfrega na minha cara minhas fraquezas, não arranca de mim minhas conquistas, não deposita nas minhas costas suas inseguranças. Eu não te pedi nada além de carinho, sinceridade e lealdade. E com você começou diferente, eu fui de cabeça, acreditei em tudo, confiei nessa sua cara lavada-mentirosa-filha-da-puta. Você dizia: não, não, não, não, não, não, pra depois eu descobrir a farsa, o engano malicioso e pérfido escondido dentro de tudo. Detestei você.
Mas depois eu tentei de novo, e venho tentando apesar de. Mas hoje eu descobri o segredo, eu nunca mais te amei de novo. Fiquei por orgulho, raiva, medo, insegurança, sei lá..... ainda tinha um carinho, ainda restava aquela crença fudida de que poderia dar certo. Infelizmente não deu e felizmente nunca vai dar. Você matou cada filhotinho de amor em mim, você matou cada esperança nova que nascia, você matou cada brilho novo que surgia, você matou minha fraqueza e junto com ela meu amor. Eu nunca mais confiei em você, eu nunca mais acreditei em uma mísera palavra que você disse, eu duvidei de tudo, eu sofri com tudo. Hoje na minha insônia eu decidi desistir da gente, eu decide desistir da forma mais pobre podre e desgostosa que existe. Eu resolvi desistir sem, simplesmente, executar. Não te cobro mais nada, apago com água fria esse brilho no meu olhar, não pergunto, não duvido, não acredito, não luto, não faço nada, absolutamente nada. Não faço nada até que você desista, até que saía da sua boca a palavra fim, porque não fui eu que matei tudo, foi você. Não é justo que eu carregue nas costas mais essa culpa.
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