sábado, 3 de março de 2012

Onda de amor

Eu fui muito feliz. Nos dias que tive e naqueles que tenho. Encontrei Deus uma porrada de vezes, naquelas situações mais inesperadas. Me entreguei pra tudo e em tudo estive até o limite, sempre. Carreguei meu corpo nos braços e minha cabeça nas pernas. Já paguei paixão, chorei e pedi “Pelo amor de Deus fica comigo”. Já fiquei até às 5h da madrugada segurando no colo um amigo que chorava de dor. Entrei em casas onde eu não conhecia ninguém, fiz grandes amigos e amei pra caralho.  Encho a boca pra dizer que nunca corri daquilo que eu não conhecia, e como disse uma amiga “Medo a gente tem, a questão é ter coragem pra ir, mesmo com medo.” Eu fui!Eu vim! Quebrei a cara e ganhei presentes maravilhosos. Seres humanos me encantam, e não a nada que me faça mais inteira que olhar nos olhos e reconhecer alguém. Tenho respeito pelas pessoas, mas principalmente, aprendi a me respeitar. Não caio mais em armadilhas bem vestidas e com um discurso intelectualizado que não casa com a prática. Não escorrego na casca da banana que joguei no lixo. Não entrego a alma pra quem esconde a sua, não mais. Cansei de discursos bem elaborados, frases prontas e justificativas apoiadas em Stendhal, Schopenhauer ou Nietzsche, prefiro a moça que me apresentou Stela do Patrocínio, o Joãozinho da esquina, a Maria da rua de baixo, e a Lilian. Quero gente que tenha coragem de ir ao encontro do amor, que chore pela pessoa amada, que ligue, inesperadamente, às 3h de uma madrugada calorenta pra recitar Fernando Pessoa.  Quero gente que tem sangue correndo, que perde o controle, que não se entrega fácil porque sabe que a luta é permanente. Tenho muita preguiça dessa galera que valoriza mais a morte que a vida, que consegue dizer “Eu te amo” quando o fim já tá batendo na porta.  Não gosto de quem não pede desculpa , não abaixa a cabeça, achando que o mais importante é seu silêncio seguro e “honesto” ao invés de uma pérola que se tem nas mãos. Odeio quem não corre, não liga, não busca, simplesmente por egoísmo e orgulho imbecil. É preciso pagar mico, lamber a sola do sapato daquele que enfureceu-se desesperadamente, abraçar quem cruza os braços, pular sem saber o fundo, tirar a roupa na festa do coleguinha, pular na piscina gelada, beber coca-cola no café da manhã, se jogar nos braços daquilo que você acredita ser sua grande história de amor.... é preciso fazer com amor, tudo e qualquer coisa, com muito muito muito muito amor, até que tudo se torne uma grande onda de amor que abasteça aqueles que já estão sem combustível.

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