“Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor importância.”
A Erva do Diabo - Carlos Castañeda
A Erva do Diabo - Carlos Castañeda
Fiz-me essa pergunta, não foi fácil respondê-la, não dessa vez. Desde muita nova eu sempre gostei de encontrar o fundo das coisas, ver até onde dava o fundo do guarda-roupa, ver pra que fundo ia à água do vaso, se eu irritasse alguém até onde aquilo iria, se eu quisesse muito, apesar de qualquer coisa, onde isso me levaria, se eu amasse... Amasse até o fundo, onde chegaria?! Cheguei, cheguei a um lugar dentro de mim mesmo, um lugar onde só eu alcanço. Depois descobri que a gente ama, e que não precisa do outro pra isso, a gente ama e ponto. Nunca tive a sensação de estar perdendo ou perdido tempo, porque o “fundo” que escolho me proporciona tocar no amor. A paz mora ai, entende?! Paz a gente encontra dentro da gente, se você não está em paz no seu trabalho, na sua casa, em um relacionamento...O problema não é da pessoa, nem do lugar, é alguma peça que desencaixou ai dentro. Já passei por situações aparentemente terríveis e de grande descontrole, mas a paz dentro de mim existia, também já vivi o contrário, fases boas, onde tudo estava no seu devido lugar, mas algo parecia escurecer e tornar o ambiente uma grande nuvem de nebulosidade. Acho que o meu problema é romantismo em excesso, e as Barbies que ganhei da minha mãe quando era pequena, ou talvez as histórias extraordinárias que eu criava na minha cabeça quando a realidade era dura demais pra ser aceitável. Foi assim que sai de casa, construindo um sonho grande e o plano de “Feliz pra sempre”. Eu seria a atriz mais famosa do mundo e me casaria com o homem mais lindo e apaixonado. Teríamos filhos e uma casa com um jardim imenso. Sempre acreditei e acredito nas minhas grandes histórias, quando a coisa termina mal, como no meu último relacionamento, eu prefiro inventar pra mim mesma que vivi a maior história de amor de todos os tempos, e que nós, como bons amantes de filmes hollywoodianos, nos perdemos, mas esperaremos toda eternidade um pelo outro. Assim como os romances de Tolstói eu sofro pela história que nunca existiu, pelo homem que ele nunca foi e pela grande história de amor que nunca tivemos. Cada um acredita na realidade que lhe apetece, e hoje, eu prefiro acreditar que encontrei o artista dos meus sonhos, o Salvador Dali do século XXI, o homem mais charmoso e sincero ao invés do cara carente, fraco, que se perde em muitas drogas e antipsicotrópicos. O homem que tá com um tumor no peito esquerdo e que dói uma dor que não compreendo, o homem que apesar te tudo me enche os olhos de lágrimas e o coração de amor....se estou certa ou não, não me importa. É muito melhor ver as coisas dessa maneira. No meio de tudo isso, quando vou olhando minhas estradas e minhas escolhas, vejo que sempre escolhi o caminho do coração. Sempre deu certo, porque dar certo não é só sorriso, dar certo é sentir no peito que valeu a pena, e que você agiu com muita sinceridade, lealdade e honestidade com você e com o outro. Esse caminho que pensei em seguir não tem coração, eu sei disso, por isso fui abandonando o corpo e a fé dentro do ônibus que me levaria pra lá. Esse caminho me faz mal, esse caminho não acredita no meu melhor e não busca o amor sincero acima de qualquer coisa. Esse caminho chama-se “sossego infiel”, e eu não quero mais ele. Por isso bati o carro na primeira esquina e não houve um mecânico que não dissesse: PERDA TOTAL!
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