sexta-feira, 29 de junho de 2012

DESABAFO SEM SENTIDO


Sinceramente o mundo me assusta, é impressionante perceber a bola ensimesmada que cada um cria seu umbigo. As pessoas vivem como zumbis, gelados, sem brilho no olho, seguindo um som de TV ou uma propaganda colorida de um outdoor. Não sei mais o que é teatro, não sei o que é arte, não sei o que é educação, não sei o que é saúde, não sei o que é justiça, não sei o que é consumismo, não sei o que é generosidade, não sei o que é ser, o que é merda e o que é diamante, muito menos qual vale mais e qual vale menos. Existe um crime sendo cometido contra a humanidade e parece que ninguém percebe. Minha garganta fecha e eu seguro o choro e o pavor, para parecer menos ET e mais gente. GALERA TEM GENTE COMPRANDO UMA CALÇA DE R$300, ENQUANTO UMA PESSOA VIVE O MÊS COM R$200. TEM GENTE GASTANDO DINHEIRO COM BRINCO DE OURO E GENTE CONTANDO AS MOEDAS PRA COMPRAR O ALMOÇO. TEM GENTE QUE DORME EM LENÇOL DE PENA DE GANSO E OUTRA PORRADA DORMINDO EM PAPELÃO. Ok! Uns são privilegiados e outros não, ok! Uns estudaram mais e outros estudaram menos. Ok! Uns morrem de amor e outros morrem de fome. Ok! Uns adoram falar sobre Paris e outros adoram falar de como são desgraçados-perdidos-melancólicos-depressivos-desprivilegiados. Ok! Uns tem liberdade e outros abusam dela. Ok!é preciso não ser radical e compreender o paroxismo da vida. Ok! Eu não faço absolutamente nada, como bem, tenho casa, comida, maquina de lavar roupa, cachaça e cigarro. Ok! Tem pobre que mais parece rico e rico que mais parece pobre. Ok! Conheço gente com o coração imenso que tem tudo, mas também conheço gente com o coração imenso que não tem nada. Conheço gente medíocre que adora se vangloriar da esmola dada na esquina, mas conheço gente que da em silêncio aquilo que não tem, aquilo que falta, aquilo que o outro grita sentir tanta falta que os tímpanos estouram como balões imensos cheios de vazio e ar. Detesto julgar as pessoas, cada um sabe o tamanho do que tem, o tamanho do que pode, o tamanho do que é.  Não quero dizer o que aquele ou outro deve ou não fazer, porra... A vida é sua, o dinheiro é seu, ninguém sabe da minha dor e eu não sei da dor de ninguém. Meu grito é mudo, um grito para dentro, o grito em silêncio, uma voz rouca carregando um corpo que simplesmente não sabe mais. Tenho pânico, é disso que tô falando. Tenho pânico de ver essa injustiça floreada, esses discursos maquiados de falsas dificuldades que impedem o mundo de tentar mudar alguma coisa. Tenho medo, muito medo de ver as coisas indo por um caminho que assassina o amor. Tenho medo de ver tantos artistas sem personalidade cuspindo Che Guevara, Roberto Freire, consumismo, Clarice, amor, politica, democracia e justiça, como se tudo não passasse de um discurso simples, que morre em contato com o oxigênio.  Coloco-me nesse bolo, e tenho medo desse” eu” que eu gostaria que fosse diferente, mas pela impotência que me algema sem saber de onde e por onde, me amordaçam na tentativa de fazer diferente.  Não sei o que fazer. Na verdade, não sei se consigo fazer aquilo que sinto vontade de fazer, sinto como se explodir causasse tanto dano que o melhor é permanecer nesse buraco pequeno e medíocre que criei pra mim. Sinto-me medíocre, me sinto uma merda qualquer que não consegue fazer absolutamente nada pra mudar qualquer coisa. Não me amo, porque me amar seria uma afronta ao lixo que sou. Sou um lixo porque me mantenho matriculada em uma universidade injusta, morando em uma casa com um aluguel injusto, recebendo um salario injusto, fazendo um teatro injusto-pseudo-intelectual-julgo-cult-sem-sentido-a-tudo-e-todos-que-não-sabem-o-que-fazer-para-obter-uma-vida-mais-digna-e-limpa. Sinto-me um lixo porque tenho medo de falar, medo de fazer, medo de não conseguir. MEDO! MEDO! MEDO! Medo de uma coisa sem nome, uma grade imaginária, um sistema que não existe, um país que me grita que está tudo certo e eu preciso VENCER! Tenho medo de pessoas que não sei se existem, das leis de “incentivo”, do dinheiro eletrônico, da educação e seus alunos que jantam e almoçam nas escolas, porque em casa só encontram ratos e na cama um irmão doente que não consegue atendimento no SUS. Tenho medo do que aconteceu em Pinheirinho, tenho medo do que acontece da câmara de deputados, tenho medo de Deus, tenho medo do prefeito, das prefeituras, do senado, dos chefes, dos donos, dos empresários, da coca-cola, da poluição, do aquecimento global, das empresas de alimentos, dos shoppings, da rede Globo, dos jornais, do fecebook, dos milionários, dos “artistas”, do capitalismo, da pobreza, da miséria, das indústrias farmacêuticas, dos patrocinadores, do lixo, do Mc Donald, da Adidas, dos mentirosos, da solidão, da dor... Medo do medo. Medo do que eu sou e medo daquilo que eu gostaria de ser....

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