segunda-feira, 18 de junho de 2012

Um edifício chamado espera




Espero....
Como quem aguarda, em silêncio, em frente ao edifício pomposo e cheio de forma. Espero o que não sei, guiada pelas utopias arrasto caminhos e esbanjo esperança. Permaneço seguindo adiante, controlando a ansiedade e confortando o coração. Dizendo pra mim mesma que amanhã será melhor e todos os dias melhores, mesmo que não seja tão melhor assim. Espero em frente ao edifício o que se esconde por de traz das paredes de concreto. Espero que depois de tanta construção tudo se desfaça e o sol nasça e outro dia chegue e outro edifício cresça e se desmorone e o sol brilhe e um novo dia apareça para que depois mais um edifício se erga e depois dele a demolição que irá revelar um sol tão maravilhoso que chame incansavelmente um dia maravilhoso outro edifício maravilhoso outra destruição maravilhosa e um sol... Um sol imenso e eterno de um ciclo que compõe essa minha espera constante.
Espero e não me queixo. Espero que seja como aquela criança que olha e ninguém sabe o que ela vê. Ela não se queixa, mas também não sorri, ela simplesmente olha e espera. Espera o tempo e os dias, os meses e os anos de uma vida que ela ainda não sabe que é vida. Quem foi que disse o que é? Quem definiu a vida e suas composições? Não existe resposta. Não existe certeza. A criança vai sendo e se tornando mais os outros do que ela mesma, até o momento em que ela percebe que existe ali alguma coisa que nunca existiu... ELA!Espera tentando existir, mesmo que existir não se explique e nem se ensine, mas ela tenta, e busca continuamente o que é, o que foi enquanto olhava e esperava... Em silêncio, pois é no silêncio que se reconhece a própria imagem e descobre até onde é você e não os outros.
Ela espera. Eu espero.
Mesmo que ela seja eu ou eu seja ela, em conjunto construímos a mesma ação de pertencer-se a uma só vontade e um único desejo, aquele de amar, amar o concreto que esconde o sol, o sol que esconde o dia, o dia que esconde o edifício e o edifício que esconde a desconstrução. Ninguém nunca me contou o segredo, engulo a ansiedade de saber a resposta e vivo digerindo minha curiosidade amarga de todos os doces que já comi.

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