Não sei dizer sobre as coisas que ficam. Não sei dizer sobre muitas coisas. Hoje acho que senti falta da família, desses almoços conturbados de domingo, dos meninos correndo, meu pai bebendo cachaça e meu irmão zuando o caçula. Senti saudade de casa, de colo, de carinho. Acho que ta passando da hora de ter uma família por aqui. A primeira que tentei construir não deu certo, os ratos não deixaram. A segunda era confusa em excesso e eu...ah, menina demais! A terceira ficou pelas bandas do Rio, e de lá fica a brisa e uma certa saudade no coração. E agora? Agora uma dorzinha no peito e uma decepção na garganta, mas nada que não tenha cura, eu acho! As coisas costumam me doer sem querer, eu sempre lembro da Nicole Kidman fazendo a Virginia Woolf, naquela parte que ela foge de casa e o marido vai atrás, ela diz o seguinte:
- Se estivesse pensando direito te diria que luto sozinha, no escuro, na escuridão, e só eu posso saber, somente eu posso entender a minha condição. Você me diz que vive com uma ameaça. Você vive com a ameaça da minha extinção. Leonard, eu também convivo com isso. É o meu direito. É o direito de qualquer ser humano. Eu não escolhi a insensibilidade sufocante dos subúrbios, mas sim a energia da capital, essa é a minha escolha!Mesmo o pior, sim, mesmo o mais baixo dos pacientes, deve poder dizer qualquer coisa sobre o assunto do seu próprio tratamento.Assim ele define sua humanidade.
Meu pedaço de dor. Minha condição. Minha humanidade! Acho que as coisas se resumem nesse ponto, é assim que defino minha humanidade. As escolhas que fiz nasceram da necessidade de me sentir viva. De me sentir humana. Talvez não seja uma escolha, mas a condição de ser.
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