Foi lá atrás, quando ainda era esperança esse aperto de medo no meu peito. Lá onde as utopias ainda não haviam sido corrompidas pelo desejo universal do sucesso. Foi ali, naquele instante, nasci! O céu era mais azul e a família, pedaços de segurança na estrada. Morri logo depois, na mentira da mãe e na falta do pai. Morri de longe, me olhando de olhos fechados, esperando a vida no desejo de ser. Distraida comecei a ser, morrendo e nascendo não largava a alma, o amor pelo sangue correndo quente naquele corpo meio meu. Meu céu, que já não era mais azul, encontrou outros instantes, apagou resquícios e armazenou lembranças. Enlouqueci de amor, me afundei em ruas e becos, gozei tanto que perdi os braços, as pernas, o balanço. Hoje, sem saber, sigo errando, mas comi a maçã e guardei o caroço no bolso esquerdo e o cigarro na outra mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário