terça-feira, 20 de agosto de 2013

Machuca

O tempo....
O tempo passa e algumas coisas ficam, elas ficam dentro de uma caixa que às vezes fecha, tem dia que não. Tudo uma bagunça, todas as lembranças, todas as mentiras. Ai você descobre que tava tudo tão claro e seu corpo dizendo onde e quando. Depois você desaba!Depois de tudo desaparece as tentativas e aquela esperança que segurava um pedaço do que restava. Você reve o tempo, os dias e mais uma vez um acumulo de mentiras. Minha mãe mentia muito e eu detestava aquilo, porque eu sabia! Da pra ver, em uma parte do olho, um brilho que muda, um corpo que cai. Meu corpo acaba de ser assassinado. Meu amor, essa coisa de corpo e carinho vale tanto! Por que? Fiz papel de boba durante anos, só mudou o título da peça. Sou especialista em dissabores e desamores. Uma coisa sagrada é o amor! Eu acredito! eu acredito! Eu acredito! Acredito e espero... espero o luto, espero a dor, espero o tempo. Depois eu vivo tudo outra vez, errando aqui e ali, mas com aquela utopia ridícula "Um dia deve ser que dure pra sempre". Um dia... 

Tem as contas, os estudos, o peso, os remédios, a faca, a mesa, os bilhetes, a cama, o dia do ensaio e aquela coisa, aquela coisa que fica dentro do peito esperando um lugar seguro pra descansar da correria de quem desmorona o amor. Minhas ruínas estão escondidas dentro de mim. Hoje eu fiz um chá e chorei deitada na cozinha, rezei enquanto chorava e pedi força pra não ver o que Oxum gritava pra mim. Vejo e sinto, sinto e choro. Escorreguei. Cai. Esfolei os braços e a esclerodermia grita nos meus olhos. Medo. Vontade de voltar pra casa, com o rabo entre as pernas e dizer pra vida que eu não dei conta dela. Desmoronei. Pensei em me atirar pro outro mundo, se é que ele existe, Allan Kardec. Será que existe uma coisa que seja mais.... menos talvez. Desisti quando lembrei que ainda falta criar, criar tanto, criar pra fora essa pele rasgando aqui dentro. Meu Deus, é isso mesmo? esse fim cheio de mágoa e cheio de dor? é assim que os contos de fada terminam! 

Meu corpo secou, minha perna dói feito infecção urinária. Meus dentes podres de cigarro. Minha vida escondida dentro de outra vida. Meu desespero solitário chegando pertinho e dizendo "é, não foi dessa vez". Mas eu não vou desistir!Ouviu meu Deus? eu não vou desistir!!!!! Meu fracasso! Me acostumei aos silêncios escuros do vazio. Meu peito parece queimar pra dentro, dizendo pra alma expulsar esse corpo estranho. Morro outra vez. Desfaço das peles, das fotos, dos sonhos. Só consigo ser, sendo crua me refaço outra vez, só preciso esperar o tempo e...

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