terça-feira, 18 de outubro de 2016

Meus escuros matos

Dentro se descobre uma rocha incrível. Forte, ela segue altiva no seu equilíbrio entre o caráter e a genius. Coluna ereta. Corpo aceito. Vislumbres de belezas inconcebíveis. Seu "eu" se despedaça e do silêncio da não existência se descobre algo de genuíno. Não dói mais. A angústia se assentou na porta e olha absurdada seu abandono. Dias de sol, cachoeira, barraca, pedra, sonhos doces, sonhos com cor de cobre. Não se esqueça do pôr do sol. Revelar fotos. Comprar filme. Instalar o fotômetro. Luzes artificiais tem me cansado demais, ja bastam os refletores do teatro, mais que isso é pretensão inútil, um certo nada. Breu. Dentro do breu foi q eu vi com mais clareza, perdida na imensidão de um escuro assustador me deparei com certa força essencial, desejo a escuridão da lua amarelada de aquário. Nossos dias estão contados, o desejo de presença há de nos reaver nossos corpos, nossos desejos, nosso si-mesmo. Quando o pessoal se abre ao desconhecido ele se permite espaços de presença pura. O amor ainda me parece ser um certo tipo de salvação, enquanto se ama é possível reagir, sem o amor restam sementes que nao germinam, corpos que nao estão..... Lapsos de ausência. Nao se ausenta mais ao desconhecido, somente à pertinência de hábitos cotidianos inconscientes. Uma pena! Mas é preciso estar de um modo ou de outro, só assim se consegue resistir a despresença hipnotizante de uma tela brilhante. É preciso desobedecer certas regras, colocar o corpo de frente ao precipício do não saber, arriscar os pés na mata noturna e escutar o ruído do mato da alma.  É necessário abandonar-se para que a neblina se desfaleça e a terra se incorpore novamente aos poros de todas as peles. Desejar utopias. Enriquecer os delírios criativos. Anoitecer os olhos. Dar brilho de sol quente aos afetos.

Enfim....
O mato da mata me matou, depois de morta a mata o mato voltou.
Mata morta.
Morto mato de mim.
Em mim há mata.

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