O problema é que com a falta de tempo a gente perde a
conexão com a terra. É difícil sustentar aquela sensação tão a flor da pele,
acho que aí nasce o desejo, de uma certa falta. Eu ainda acredito no amor, e
naquele poder absoluto que ele tem de botar as coisas em seus devidos lugares,
um carinho a flor da pele, um suspiro doce de que a vida tem, de um jeito ou de
outro, um certo sentindo de ser. Me emociono com esse amor que me cerca, com
essa disponibilidade e frequência com a qual me esbarro com ele, assim, do
nada. Hoje, por exemplo, eu senti um amor tão imenso pela parede do canto onde
deixo as coisas. Cheia de bilhetes, cheia de pedacinhos coloridos, um Van Gogh,
Berlim, borboletas e todas aquelas lembranças de pessoas tão incríveis. Me
apaixonei pela parede e gostaria de acariciá-la com a ponta dos dedos, e eu
fiz. Ela é tão fria! Mas me acolhe. Tem dias que eu sinto amor pela sensação
dos meus cabelos raspados, me sinto tão empoderada. Vez ou outra o amor vai até
as músicas, depois os sapatos, as plantas. Aquela música do Belchior, “Sujeito
de sorte”.... não sai do meu desejo. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não
morro! Tão real! Tão de verdade! Tão intenso! Se dependesse só de mim eu queria
viver amando....
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