Escrevo-te ainda não sei por que e não sei pra onde. Talvez pela data, pela nostalgia, pela saudade. Ainda não sei, e me confundo com tanta coisa borbulhando dentro de mim, mas apesar de, te escrevo. E de tudo que ficou, e de tudo que tem sido, resta uma ausência contínua. Não sei se boa, não sei se ruim... Mas ainda grita a incredulidade do “incompatível” . Talvez essa palavrinha boba, pequena, de doze letras incorrigíveis, tenha sido observada no momento certo, na hora exata, e isso por si só já basta. Hoje é um dia importante, me lembrei de você quase o dia todo. Talvez pela falta, ou simplesmente pelo vazio de um domingo quente, não importa. Estávamos indo na felicidade de um bem comum, bonito de se ver, e por mim, digo de coração aberto... Bonito de se sentir. Mas no inesperado de um dia, que não era domingo, de um dia que não fazia sol, nos dissolvemos. Algo foi queimado e destruído com tanta frieza, que minhas pernas enfraqueceram, minha alma chorava de dor, e meu peito mal cabia dentro de mim. Aquilo que já havia sido desfeito, mas apesar de, havia sido reconstruído, com muita força, muita fé e muita vontade, foi novamente evaporado com a quentura do fogão. Não a coração que aguente a inconstância da certeza e o borbulhar da água fria. Pela primeira vez eu consegui me firmar em uma decisão mental, em uma decisão gelada e racional. Não te quero mais. Não existe em mim uma gota sequer de qualquer força, acabaram-se as armas, derramaram-se as vontades, arrefeceram-se os sonhos compartilhados. Você foi em mim algo de muito bonito do limite no qual eu posso chegar. No limite que, agora sei, consigo sentir. Com você eu construí flores de papel, mares de tinta e sorrisos de dor. Agradeço-te pela troca e pela certeza de mim. O que dorme aqui é o susto do talvez, a espera da procura, a incerteza da luta, o medo das marcas, a felicidade das novas portas, o amor pela intensidade e a beleza da sinceridade. Aquilo que fica é tão lindo e tão novo, como quando eu pedi que você nunca largasse minha mão. Obrigada por me oferecer a alma, mesmo que confusa, incrédula, inacreditável e distante de muitas coisas que já tive como certeza... Ganhei tantas novas certezas depois disso. Não me esquecerei das promessas existidas sob a luz fria de um hospital doente, dos sucrilhos comprados pra agradar e adoçar o amor, dos planos doces e certos, do bombom na rodoviária, das mãos dadas na Lapa, dos pés juntos na cama do Trapiche, dos olhos cheios d’agua com você tocando e cantando pra mim, de tudo que um dia foi bom, de tudo que um dia me preencheu completamente... Da alma tranquila de ter dado tudo, e de ter tentado até o fim. Eu fui sincera! Amei-te da forma mais intensa e leve, te amei como se ama o broto de uma flor prestes a conhecer o mundo, te amei como uma criança descobrindo o choro, te amei como um velho ama seu diário cheio de recordações , te amei no novo, te amei na fé, te amei na dúvida, te amei na dor, te amei com a força de um deserto quente, com o brilho de um olhar cheio de esperança, com o medo da sua nova desistência . Que você siga feliz e que encontre tudo aquilo que não encontramos juntos, mas saiba que com você eu encontrei o que precisava, mesmo na incompatibilidade de nossas teorias eu tive uma fé enorme na compatibilidade do nosso amor. Desejo que você ame uma alma como eu amei a sua, que você ame apesar de. Que você queira, apesar de. Que você se entregue, verdadeiramente, apesar de. Que você escolha, apesar de. E que depois de escolher, não duvide. Que você sinta!Que você seja!Que você encontre!Obrigada por me fazer acreditar na mudança, por me fazer acreditar que folhas secas podem servir de adorno, que bons perfumes aparecem do nada, que eu consigo continuar, que eu consigo sobreviver, que eu consigo ser forte, que eu consigo!Romantica ou não, nostálgica...talvez!Incompleta, em construção, mas certa da sorte e certa de mim... eu sigo!Intensamente e muito verdadeiramente eu sigo...sem você, mas com a marca do que ficou de nós. Siga.... e ame!!!
19/06/11
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