Preocupo-me. Não sei viver sem essa possibilidade de ser, ser aquilo que me atormenta, ser aquilo que, continuamente me faz respirar. Preciso escrever, preciso representar, preciso pintar, preciso me expressar, preciso colocar pra fora, preciso gritar, preciso chorar, preciso cair, preciso saltar, preciso ficar sozinha, preciso ler, preciso de toque, preciso de mãos, ouvidos, bocas, almas. Preciso da merda, preciso da lama, preciso do amor intenso, da paixão enlouquecedora. Preciso cagar, preciso comer, preciso fazer fazer fazer fazer, e em outros, pensar pensar pensar pensar.... Não sei mais do que preciso. Mas sem ser, eu me mato. Ser tudo aquilo que é de mais fiel a mim mesma, ser o que sou nas vísceras, na raiz do útero, no fundo da alma. Ver a veia que pulsa o sangue que ferve o olho esbugalhado saltitando da cara. Nascer todos os dias, porque na noite envelheço, na madrugada morro com o cansaço de ter existido tão completamente que meu corpo desfalece nas horas finais. Recuso-me há dias rasos, recuso-me viver uma vida que não parta do sangue, da alma, da bosta, do cú, da coluna, dos nervos, da troca. Recuso-me não ser! Recuso-me não olhar dentro, não estar dentro... me recuso gozar fora. Quero ser, quero ser porque preciso, porque sem isso eu enlouqueço, sem ser eu me desestabilizo, sem ser eu não sou nada, sem ser eu me torno um objeto da terra, me recuso ser um objeto da terra, eu quero comer a terra, ser a terra, estar na terra, me sujar, me borrar, me deteriorar. Quero comer o verme que me move, quero vomitar e depois absorver meu vomito pelos pés, quero perder pedaços, engolir histórias pelo ouvido, dizer paixões pelo silêncio, exalar vida pelos poros da nuca, enxergar o outro pela sensibilidade da alma. Ser! É só isso.! Ser ser ser ser ser ser.... milhões de vezes ser, mais nada!
Tirou as palavras no meu pensamento...
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