sábado, 26 de maio de 2012

Meu telhado


De uma história de amor restam vibradores e um gozo silencioso no fim da tarde. Os pequenos momentos voltam como monstros enquanto fumamos um cigarro na varanda. É assim que se define o amor, resquícios e lembranças. Nossas vidas caminham em silêncio, anestesiada olho... não sei pra onde. Um amor por dia, uma paixão por horas e o sofrimento quase alegre de sentir, preciso sentir, preciso sentir. Assim percebo que ainda tenho vida.  Guardei os vibradores e não fechei os olhos depois de gozar, apenas acendi um cigarro, ouvindo as batidas do relógio na parede senti a vida. Teto branco e uma chuva que não cessa. Os passarinhos fazem amor no meu telhado, a fêmea cuida dos ovos enquanto eu mato meus bebês. Assassinei o meu amor. Lúcida como um dragão, abandonei a casa com uma mão coberta de sangue, na outra uma sacola onde carreguei os vibradores, as fotos, a certeza e a dor. Segui ereta e constante, como quem escolhe um caminho e não consegue (nem pode) se desviar dele. 

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